The Honey Badger – Love & Affection (parte 2)
ATENÇÃO! Essa fanfic é indicada para pessoas maiores de 18 anos. Não recomendamos a leitura, se você for menor de idade.
Sinopse: Precisando de uma mudança na vida, ela decide finalmente deixar o medo de lado e acompanhar uma temporada completa de Fórmula 1 ao lado de seu melhor amigo, o número 3 da Red Bull Racing. Depois de 24 anos de amizade, é esperado que nada mude entre eles, mas o destino tinha uma ideia diferente sobre o assunto. Agora eles vão precisar aprender a lidar com esses novos sentimentos sem acabar com a amizade e ainda competir pelo campeonato.
Capítulo 24
Perth, Austrália, 2007
Harper puxou as tranças para frente, respirando fundo e pressionou o polegar na campainha, ouvindo o som caricato que não ouvia há anos. A menina passou as mãos na camiseta, por tempo o suficiente para que a porta fosse aberta. Ela desviou o rosto rapidamente, vendo tia Grace do outro lado e ambas sorriram antes de Harper abraçar a mais baixa fortemente.
– Ah, que saudades de você! – Grace falou próximo ao ouvido da menina, fazendo a risada delas ecoarem pela entrada de casa. – Deixa eu olhar para você… – Grace segurou o rosto da menina com as mãos. – Você está tão crescida.
– Ah, tia! – Harper disse encabulada. – Até parece que não me vê há anos.
– Ver sim, conviver não! – Grace riu, fazendo a menina sorrir com ela. – Nunca mais se afaste de nós, ok?!
– Isso nunca mais vai acontecer, mãe. – A voz de Daniel se ouviu atrás das duas e eles se afastaram para olhar o menino aparecendo no pé da escada.
– Espero que nunca mais mesmo, o Danny ficou maior chato depois que vocês se afastaram. – Michelle disse rindo, bagunçando os cabelos do irmão mais novo e correu em direção à Harper, abraçando-a. – Eu preciso de uma amiga para lidar com esse chato. Nunca mais suma daqui, ok?!
– Pode deixar. – Harper disse rindo, sentindo Michelle finalmente soltá-la.
– Bom te ter aqui de novo, querida! – Tio Joe disse e Harper o abraçou fortemente.
– É bom voltar… – Ela disse com um sorriso no rosto e Daniel acabou com a distância entre eles e abraçou a amiga fortemente.
– Amigos para sempre, certo? – Ele sussurrou e ela assentiu com a cabeça, apoiando a cabeça no ombro do garoto.
– Sim, para sempre. – Eles suspiraram juntos antes de se afastar.
– Vem! Preparei algo legal para nós. – Ele disse. – Estaremos no meu quarto.
– Ok, chamamos vocês para jantar! – Grace falou e Daniel segurou a mão de Harper e os dedos deles entrelaçaram automaticamente, fazendo ambos rirem.
Eles seguiram para o andar de cima e Harper nem sabia que existia um segundo andar. Parece que as coisas na empresa de engenharia de tio Joe estavam melhores do que Harper esperava. Daniel entrou em uma das portas à sua frente e a menina logo atrás, se surpreendendo com a mudança na decoração do Daniel criança para o Daniel quase jovem adulto. O foco era completamente corrida agora. Medalhas, capacetes, troféus e macacões ocupavam as paredes, prateleiras e tudo que não fosse a cama dele e a escrivaninha.
– Uau. – Ela disse. – Muito mudou.
– Você também. – Daniel disse e ela assentiu com a cabeça. – Foi muito tempo longe, Harp.
– Eu sei… – Ela suspirou, deixando a bolsa tiracolo na cadeira do computador do menino e suspirou. – Nunca mais, tá? A gente vai aprender a lidar com as coisas juntos.
– Juntos. – Ele disse, esticando a mão e ambos tocaram os punhos, rindo fracamente.
– Eu soube sobre a Formula Ford. – Ela disse.
– Esse ano eu corri a Formula Renault. – Ele comentou e a menina arregalou os olhos.
– Onde? – Ela perguntou surpresa.
– Itália, Bélgica e Espanha.
– Você foi para Itália, para Bélgica e para Espanha? – Sua voz ficou mais alta e ele assentiu com a cabeça. – Oh, meu Deus! Que posição?
– Sexto. – Ele deu de ombros. – Não perfeito, nenhum pódio, mas está bom para a primeira vez.
– Não acredito que eu perdi isso. – Ela suspirou. – Uau! Você foi para Espanha. – Ela disse rindo.
– Você ia gostar. – Ele suspirou. – Itália não foi novidade pelo meu pai, mas os outros dois foi bem legal. Na Bélgica foi em SPA. E o último na Itália foi em Monza…
– Circuito tradicionalíssimo. – Ela disse e ele assentiu com a cabeça. – Uau, Danny. – Ela disse rindo. – Eu estou feliz por você. Com uma leve inveja por sair do país, mas tudo bem, terei minha chance. – Ele riu fracamente.
– Eu soube da faculdade… – Ele mencionou e ela ergueu o olhar para ele. – Gastronomia, hum?
– É… – Ela suspirou.
– Não sabia que gostava de cozinhar…
– Surgiu tem pouco tempo… – Ela deu de ombros. – Não achei outra coisa que eu gostasse tanto e deu certo…
– DEU CERTO? Harper, você passou na Le Cordon Bleu! – Ele falou, rindo. – Até eu sei o peso disso. – Ela riu, sentindo o rosto esquentar.
– É… – Ela riu. – Só tem um problema nisso tudo… A faculdade é em Sydney. – Ela suspirou. – Vamos ficar afastados mais um pouco.
– Talvez mais do que só Sydney. – Ele mordiscou o lábio inferior.
– Como assim? – Ela perguntou.
– Acho que vou morar na Itália ano que vem. – Ele suspirou, se sentando na cama. – Tentar uma entrada na Fórmula Um…
– Uau… – Ela tentou não parecer tão surpresa e se sentou na beirada da cama para suspirar. – Eu não sei o que dizer…
– Nada vai mudar, Harp. – Ele disse. – Ainda poderemos nos encontrar nas férias… Você pode me visitar nos feriados e…
– Eu sei, eu sei… – Ela suspirou. – É só… Parece que mesmo longe, nossas vidas seguiram, né?!
– Sim… – Ele pressionou os lábios. – Mas podemos aproveitar juntos… Nos conhecermos de novo… Continuar nossa amizade. – Ele segurou as mãos dela.
– Sim, claro! – Ela riu sem graça. – É só… – Ela deu de ombros. – Pensei que as coisas seriam como antes…
– Acho que isso é impossível, Harp. – Ele deslizou o corpo pelo colchão, se aproximando dela. – Somos diferentes de três anos atrás… Vamos ter que nos conhecer de novo… – Ela assentiu com a cabeça.
– Quando você vai? – Ela perguntou.
– Não sei ainda, preciso arranjar mais dinheiro. Vou ficar as férias focado nisso, vendendo coisas, sei lá…
– Eu posso te ajudar. – Ela disse. – Agora eu realmente sei fazer uma torta gostosa. – Eles riram juntos.
– Ei! É isso! – Ele riu. – Com suas tortas e com meu senso de beleza e simpatia…
– Ai, meu pai. – Harper suspirou, fazendo ambos rirem. – Vemos que seu narcisismo continua…
– Só piorou, talvez. – Ele riu.
– Ao menos temos as férias para aproveitar. – Ela disse.
– É. – Ele sorriu. – E quero começar me redimindo contigo… – Ele se levantou, pegando um embrulho de presente na gaveta da escrivaninha e esticou para ela.
– Um presente para mim?
– Para nós… – Ele deu de ombros, se sentando ao lado dela de novo e a menina abriu o embrulho devagar, encontrando um DVD ali e viu a capa de Shrek 2. – Eu te devo um pedido de desculpas sobre aquele dia…
– Danny, isso… – Ela resmungou.
– Eu devo, Harper. – Ele suspirou. – Uma coisa não tira a outra. Eu não deveria ter dado o bolo em você… Não deveria ter feito nada do que eu fiz, na verdade. – Ele suspirou. – E não quero que você marque esse filme incrível por algo que eu fiz…
– Eu vi… – Ela falou, suspirando. – Minha mãe entrou comigo quando você não apareceu… – Ele pressionou os lábios.
– E você gostou do filme? – Ele perguntou, receoso.
– Sim… – Ela disse rindo. – É muito bom.
– É sim… – Ele riu com ela. – Quer ver? Eu não vou ser um grande chef de cozinha como você, mas ainda sei fazer pipoca com chocolate. – Ela riu, assentindo com a cabeça, fazendo-o abrir um largo sorriso.
Não demorou para ambos estarem deitados na cama do menino, com as pernas embaixo da coberta, comendo pipocas com chocolate enquanto cantavam a plenos pulmões Accidentally in Love, começavam a decorar as falas dos personagens e Daniel soltasse um pum na cena do pântano.
Eles fariam a mesma coisa no dia seguinte, e depois, e depois…
Londres, Inglaterra,2016
Harper
– Eu só fui bem por causa de você! – Ri fracamente.
– Não, Danny! Você deu sorte! – Virei o rosto para ele. – Eu nunca te dei aulinha sobre pratos britânicos. – Rimos juntos e ele desviou o olhar para rua novamente.
– Eu sou bom, baby! Eu sou bom! – Rimos juntos.
– Você é metido, isso sim, senhor Daniel! – Me inclinei no carro e dei um beijo em sua bochecha. – Mas fiquei orgulhosa de você, se eu precisar de uma ajuda no meu restaurante, eu te chamo.
– Eu presto atenção no que você faz, baby. E o que você fala. – Ele esticou a mão até minha perna e sorri. – Mas, por favor, não me pede para ajudar no Black Pudding… – Ri fracamente.
– É, eu vi que te deu ânsia só de pensar. – Entrelacei nossos dedos, ouvindo-o rir.
– Como vocês conseguem trabalhar com isso? Digo… Limpar carnes e…
– Sei lá, baby. Eu só fiz isso algumas vezes na faculdade, mas em grandes restaurantes a carne já vem praticamente pronta para uso. – Dei de ombros. – É a mesma pergunta de como você consegue dirigir a quase 400 quilômetros por hora. – Ele virou o rosto para mim.
– Touché! – Rimos juntos.
Nossas mãos acabaram se soltando quando ele encontrou uma vaga para estacionar na rua. Ele desligou a nova Aston Martin AM-RB 001 que a RedBull deu para ele brincar depois do lançamento de ontem e saímos de lados contrários. Ele deu a volta no carro, se encontrando ao meu lado e nossas mãos se juntaram para atravessar a rua.
Apesar de eu ter chegado depois do Natal na casa de Danny, eles tinham presentes para mim e um dos vários que ele havia me trazido, era uns óculos escuros de uma marca independente inglesa chamada Eye Respect. Ele e Danny trabalharam em uma coleção juntos e hoje veríamos os resultados. E se fossem tão lindos como os que ele me deu e o que eu roubava dele, seria incrível. O local era uma cafeteria no bairro de Putney, em Londres, que funcionava como um showroom para a empresa.
– Daniel! – Um homem corpulento o recebeu quando entramos na cafeteria e nossas mãos se soltaram.
– Greg! Bom te ver! – Eles se cumprimentaram com um aperto de mãos.
– Pronto para ver os resultados? – O homem falou.
– Sim, claro! – Danny disse rindo e me abraçou pelos ombros. – Essa é Harper, achei que precisariam de uma modelo.
– Ah, Danny! – Falei rindo.
– O quê? Você usa óculos, tudo fica bem em você! – Ri fracamente.
– É um prazer te conhecer. – O tal Greg disse e trocamos um rápido cumprimento. – Venham comigo, por favor.
Danny entrelaçou nossas mãos novamente e passamos para o fundo da cafeteria. O local era pequeno e claramente não era aberto ao público. Tinha um balcão de cafeteria do lado esquerdo, algumas mesas do lado direito e um espaço maior para trabalho ao fundo. Ali tinha vários óculos expostos, vários desenhos, projetos de divulgação e espelhos nas paredes.
– Aqui estão suas criações… – O homem disse e Danny se aproximou da mesa, sentando na mesa e observei os diversos óculos escuros e algumas armações de grau.
Tinha vários estilos, alguns mais simples, outros mais chamativos, mas meus favoritos foram os mais simples e escuros. Danny falava de mim, mas também ficavam bem com qualquer coisa. Ou talvez fosse a parte apaixonada de mim dizendo.
– O que acha? – Ele sorriu para mim e ri fracamente.
– Eu adorei! – Falei rindo e ele tirou de seu rosto, colocando no meu logo em seguida.
– Viu? Tudo fica bem em você! – Ri fracamente e desviei o rosto para me olhar no espelho e passei as mãos nos cabelos soltos nos ombros. – Eu adorei tudo! – Danny disse rindo.
– O projeto de divulgação também já está pronto, falta só realmente sua aprovação e mandar para produção. – Greg disse e voltei para a mesa e peguei uns óculos de grau, colocando no rosto e me olhando no espelho novamente.
– Vamos fazer isso! – Danny disse sorrindo.
– Eu vou pegar os papéis. – O homem disse e virei meu rosto novamente para a mesa, vendo Danny agora com uns óculos de grau no rosto.
– Não, baby! – Falei rindo. – Não está legal! – Puxei os óculos com armações claras de seu rosto.
– Pareço você! – Rimos juntos e abracei-o pelos ombros.
– Não! – Ele sorriu e nossos lábios se tocaram rapidamente.
– O que achou? – Ele perguntou e me sentei na cadeira ao seu lado.
– Eu adorei, Danny. Já estava apaixonada antes de ver sua coleção, agora eu quero um de cada. – Ele riu, pressionando os lábios em minha bochecha.
– Eu te dou a primeira caixa. – Ri fracamente, sorrindo.
– Eu posso roubar os seus! – Falei, observando as folhas com os projetos na mesa. – O que é isso? – Apontei para um símbolo ao lado do logotipo da empresa.
– Essa é a minha marca. – Ele indicou e franzi a testa.
– Seu logo?
– É! – Ele disse rindo. – Acabou sendo necessário para desvincular do piloto… O que acha?
– O que é para ser? – Parecia um desenho de tetris.
– Um D e um R de uma forma estilizada. – Ele indicou e demorei para ver de cara. – Muito ruim?
– Não! – Falei, rindo. – É perfeito, baby. – Sorri para ele e senti um beijo em minha testa. – Você está ficando importante…
– Eu sou o mesmo Danny. – Ele disse e ri fracamente.
– Não mesmo! – Apoiei as mãos em seus ombros. – Você deixou de ser o mesmo Danny depois daquela noite no iate. – Falei sugestivamente, ouvindo-o rir alto. – Você é meu Danny agora.
– Nem nego! – Ele brincou, me fazendo rir.
– Vocês gostariam de um café ou de algo para comer? – Greg voltou e me afastei devagar de Danny, ajeitando os óculos na mesa.
– É, claro… – Danny disse. – Quer algo, baby? Você não comeu…
– Um cappuccino, por favor. – Falei e Danny piscou para mim.
– Vamos conversar aqui… – O homem disse e nos levantamos. Danny fez questão de colocar os óculos de graus que não gostei novamente, me fazendo rir.
Seguimos o homem até o balcão e me sentei em uma das banquetas enquanto ambos conversavam sobre as partes contratuais e de marketing. Me serviram um capuccino que a Harper chef colocaria defeitos, mas a Harper no frio de Londres achou suficientemente agradável para esquentar por dentro.
Depois da conversa, Danny foi fazer algumas imagens e tirar algumas rápidas fotos. Só quando tudo acabou que ele se juntou ao meu lado. Ele começou a conversar com o barista e logo Danny estava do lado de dentro fazendo cafés.
– Devagar, Danny. Com carinho! – Falei ao vê-lo pressionar o café na máquina.
– Ele disse para pressionar! – Danny disse sobre o barista e ri fracamente.
– Pressiona com carinho! – Falei, vendo-o rir.
– Ela é chef de cozinha! – Ele explicou e ri fracamente.
– Mesmo? Você deveria estar aqui, então. – Sorri.
– Ah, não, obrigada! – Ri fracamente.
– Ela está de férias! – Danny brincou, piscando para mim e sorri.
– Aprende a fazer algo aí. Quem sabe não me dá uma folga? – Brinquei, ouvindo-o rir.
– O que você quer? – Ele brincou e pensei por um momento.
– Um latte macchiato. – Falei e ele fez uma careta.
– Pô, Harper. Ajuda aí! – Ri fracamente.
– Coloca seu lado italiano para jogo, vai! – Pisquei, vendo-o rir.
Silverstone, Inglaterra – Quinta-feira
Daniel
Me olhei no espelho, bagunçando os cabelos e saí do banheiro. Harper estava sentada no sofá do motorhome e peguei o moletom da Red Bull, colocando-o e passei o crachá pelo pescoço antes de fechar o casaco.
– Vamos? – Perguntei, vendo Harper se virar para mim.
– Vamos, eu só… – Ela suspirou. – Eu sei que você não consegue me prometer, mas… – Franzi o rosto, vendo-a mexer as mãos fortemente e soube que ela está nervosa.
– O que aconteceu? – Me aproximei dela, passando a mão em seu rosto. – Você está suando, Harp.
– Eu… – Ela se levantou. – Foi aqui, Danny. – Ela engoliu em seco e segurei suas mãos. – Meu primeiro surto.
– Ah, baby… – Passei os braços em seus ombros, puxando-a para um abraço e ela me apertou pelas costas, apoiando as mãos em meus ombros. – Não vai acontecer nada, baby. – Dei um beijo em sua cabeça.
– Você não consegue garantir nada… – Ela pressionou o rosto em meu ombro.
– Não… – Me afastei devagar, segurando seu rosto. – Mas eu não sou mais aquele piloto que estava começando a carreira. – Ela suspirou e passei a mão em uma lágrima que escorria em seu rosto. – Eu não vou deixar ninguém me empurrar para fora da pista na primeira curva…
– E nem nas outras, eu espero. – Ela falou e ri fracamente.
– Mais fácil a rinite me atingir do que um carro. – Colei minha testa na dela. – Eu vou ficar bem, baby. Nós vamos ficar bem…
– Sua rinite ataca aqui? – Ela perguntou, soltando meu corpo devagar.
– Muito pólen. – Falei, vendo-a dar um curto sorriso e pressionei meus lábios em sua bochecha. – Mas o tempo está úmido, espero que não. – Ela assentiu com a cabeça. – E nada vai acontecer comigo, baby. E nem contigo.
– DANIEL, VAMOS! – Ouvi a voz de Michael e suspirei.
– JÁ VAI! – Gritei de volta, virando para Harper. – Eu te prometo, baby. Nada vai acontecer comigo. – Acariciei seu rosto. – Ok? – Ela assentiu com a cabeça.
– Ok… – Ela falou fracamente, me abraçando novamente e passei os braços em sua cintura.
– Eu estou aqui, baby… – Beijei sua cabeça. – Vamos nos divertir, ok?!
– Ok… – Ela suspirou, se afastando um pouco e passou as mãos nos olhos, secando-os levemente.
– DANIEL! – Ouvi Maria agora.
– JÁ VAI! – Gritei de novo.
– Vamos antes que eles entrem aqui. – Harp disse.
– Vem cá antes… – Segurei seu rosto e ela riu fracamente.
Ela apoiou as mãos em meu peito e nossos lábios se tocaram. Nossas línguas se encontraram e suas mãos subiram para minha nuca. Minhas mãos desceram para seu corpo, entrando no bolso de sua calça e rimos juntos.
– ‘BORA, DANIEL! – Me assustei com algumas batidas na porta e me afastei, vendo Harper rir.
– Vamos lá. – Ela disse e trocamos um rápido selinho. – Espera! – Ela passou o polegar em meus lábios. – Tem brilho nos seus lábios.
– DANIEL! – A porta se abriu e virei o rosto, vendo Michael e Maria na porta.
– JÁ VAI! – Eu e Harper falamos juntos, rindo em seguida e ela se afastou.
– Estavam namorando, é?! – Maria perguntou e Harper riu.
– É… Antes de você me atrapalhar. – Peguei minha mochila, colocando nas costas, enquanto Harper renovava o batom em seus lábios.
– Precisamos ir! – Maria disse firme e desci os degraus até a grama.
– Então vamos!
– Vamos, vamos! – Harper desceu também, ajeitando sua mochila nas costas.
– Está tudo bem? – Michael perguntou.
– Sim, sim! – Falei, piscando para ele que assentiu com a cabeça.
– Pegue uma bicicleta e vamos, você tem entrevista as 10 horas. – Maria disse.
Fui até o bicicletário e peguei uma, ajeitando o banco e subi nela. Maria e Harper seguiram à frente e fui logo atrás. Harper inclinou o corpo para frente, me dando uma ótima visão de sua bunda na calça jeans justa e ri fracamente.
– Está tudo bem? – Michael perguntei e me impulsionei, andando ao seu lado.
– Sim, sim. Harper só está com algumas lembranças por Silverstone. – Falei, suspirando.
– Por quê? O que aconteceu? – Ele perguntou.
– Minha primeira corrida na Fórmula Um foi aqui em 2011…
– Sim, eu lembro.
– E foi meu primeiro acidente, foi quando a gente descobriu o trauma dela. – Suspirei.
– Ela está com medo de que aconteça algo de novo. – Michael disse.
– Exato. – Suspirei. – Fica de olho nela, pode ser? Não quero que nada aconteça, mas…
– Sim, sim, claro! – Ele disse e assenti com a cabeça.
Impulsionei meu corpo para frente, acelerando um pouco e passei por Harper, dando um pequeno chute em sua bunda e saí gargalhando.
– DANIEL! – Ela gritou, me fazendo rir e a vi pedalar mais forte e fiz o mesmo.
– NÃO CORRE! – Maria gritou, me fazendo rir.
Não demorou muito para brincadeira acabar, pois chegamos na entrada do circuito. Desci da bicicleta para falar com alguns fãs e depois precisei compensar de bicicleta para chegar no motorhome da Red Bull, encontrando Harper e Michael ali.
– Ganhei! – Ela disse, mostrando a língua.
– Há, há, há, engraçadinha! – Falei e Maria pegou minha bicicleta.
– Vá para a garagem agora. – Ela disse firme.
– Estou indo! – Falei.
– Vamos trabalhar, baby…
– Daniel! – Franzi o rosto, virando para os lados e encontrei Charles* ali.
– Ei, Charles! – Falei, rindo. – O que está fazendo aqui, cara? – O abracei apertado.
– Vamos participar dos treinos amanhã, quem sabe ter uma chance de cortar caminho? – Ele disse rindo.
– Ah, cara! Que bom te ver aqui! E como estão as coisas?
– Entrei na academia da Ferrari, estou aqui pela Haas, vou pilotar no GP3… As coisas estão indo bem. – Sorri.
– Que bom, cara! Fico feliz demais. E como estão as coisas com sua tia? Depois de…
– Ah… – Ele suspirou. – Um dia de cada vez, né?! As coisas vão ficando melhores com o tempo, mas minha tia não quer que eu corra por medo, o Arthur tá começando no kart, enfim, o de sempre.
– Ela vai perder o medo eventualmente, sei bem o que é ter alguém com medo ao meu lado. – Falei e procurei Harper. – Harp! – Chamei-a e ela veio em minha direção. – Charles, essa é Harper, minha melhor amiga e um pouco mais. – Abracei-a pela cintura, ouvindo Charles rir. – Ela era a minha medrosa, as coisas estão melhorando com o tempo. – Harper riu.
– Oi, tudo bem? – Ambos se cumprimentaram.
– Esse é Charles Lecrerc, ele era sobrinho do Jules. – Falei.
– Ah, uau! Do Jules? – Harper falou, surpresa. – Eu sinto muito pela sua perda, eu conheci seu padrinho e o encontrei algumas vezes por causa do Danny.
– Obrigado, significa muito. – Charles disse.
– Charles disse que a mãe do Jules não está muito confortável com ele correndo e, bom, eu tenho você… – Falei e Harper deu um sorriso.
– O medo ainda existe, mas aprendi que o que conta é como nós lidamos com isso. – Harper disse. – Só precisa ter alguém para confiar nela por ela, eu tive. – Pressionei um beijo em sua bochecha e ri quando ela me afastou pelo peito.
– Obrigado. – Charles disse. – Vamos fazer isso. – Ele sorriu.
– Danie-e-el! – Ouvi Maria e suspirei.
– Você tem que ir, nos falamos depois. – Charles disse.
– Sim, claro! Vamos jantar juntos. – Falei, abraçando-o novamente.
– É! Você tem meu número! – Ele disse e confirmei com um positivo.
– Claro! Eu estou no acampamento, a gente se vê!
– Fechado! – Ele disse e dei mais um aceno, vendo-o se afastar.
– Não acredito que o sobrinho do Jules está correndo. – Harper suspirou e virei para ela.
– Viu?! Mais um motivo para eu te fazer vir comigo. – Falei e ela suspirou.
– Mas é diferente, Danny, é o padrinho dele… – Ela suspirou.
– Foram seus pais. – Virei para ela. – Eram praticamente meus padrinhos. – Ela suspirou. – Mas é bom ver o Charles aqui, principalmente porque semana que vem faz um ano.
– E como você está com isso? – Ela apoiou as mãos em meus ombros.
– Eu estou bem, baby. – Dei um beijo em sua bochecha. – Preciso de um pódio, mas estou bem.
– Vamos tentar conseguir e apagar minhas memórias ruins dessa pista, ok?! – Assenti com a cabeça.
– Vamos! – Dei um selinho nela, me afastando.
– Daniel! – Ela me repreendeu.
– O quê? – Falei, rindo. – Não reclama que eu beijo de novo.
– É, claro, no meio do paddock com vários fotógrafos. – Ela disse e ri fracamente.
– Será que eles viram? Posso dar outro. – Ela me empurrou para trás, e ri fracamente. – Que mal tem? Minha mãe ligar lá da Austrália para tirar satisfações? – Falei rindo. – Que comecem os jogos. – Falei, rindo.
– Daniel! – Ela me repreendeu em meio às risadas.
– Vem, reclamona! – Abracei-a pelos ombros e a puxei rampa acima.
*Charles Leclerc, 25 anos hoje, é piloto principal da Ferrari atualmente e afilhado do Jules Bianchi, piloto que faleceu em 2014. Como é citado na história, em 2016 ele estava começando seu percurso na Fórmula 1.
Sábado
Harper
– Muito obrigada, você é incrível! – Falei, rindo.
– Eu que agradeço. – Rupert falou e deu um aceno de cabeça antes de seguir correndo pelos corredores da garagem, rindo para minha foto com o convidado da Red Bull de hoje e esbarrei em alguém na saída.
– Me desculpe… – Encontrei a esposa de Christian ali. – Geri! – Falei, rindo.
– Harper, querida! – A mais baixa me abraçou e inclinei para alcançá-la.
– Não te vi lá dentro. – Falei.
– Ah, não, estou chegando agora, as crianças tiveram aulas, acabei perdendo a classificatória. – Ela disse. – Como foi?
– Max em terceiro, Danny em quarto, coisa de nem meio segundo atrás. – Suspirei. – Lewis na pole, Nico logo atrás. As duas Ferraris em quinto e sexto, daí para trás eu já não sei. – Ela riu fracamente.
– Ao menos estaremos na segunda fila amanhã e isso nos deixa muito empolgados. – Sorri.
– Sim, com certeza! – Ri fracamente.
– E como você está? Você e seu “amigo”? – Ela fez aspas com as mãos, me fazendo rir.
– Estão indo bem, é uma mudança muito gostosa. – Ri fracamente, sentindo meu rosto esquentar.
– Seu sorriso diz tudo. – Ri fracamente.
– Eu estou feliz, não posso negar.
– Aposto que ele também. – Ela disse. – Você estava indo atrás dele, não estava? Te atrapalhei?
– Ah, não se preocupe. O Rupert Grint estava lá na garagem, aproveitei para tietar um pouco. – Ela riu fracamente.
– Estou achando melhor o Daniel tomar cuidado, acho que você gosta de ruivos! – Rimos juntos e sorri com a sua larga risada clássica de Wannabe.
– Você é um amor, Geri! Impossível não gostar de você! – Abracei-a de lado e ela riu.
– Precisamos tomar café um dia desses, hein?! – Sorri.
– Combinado! – Falei, vendo uma mensagem chegar em meu celular.
“Onde está? Vamos na fã-fest!” – Era de Daniel.
– Eu tenho que ir. Nos vemos amanhã? – Falei.
– Claro! – Ela sorriu. – Prazer em te ver!
– O prazer é meu. – Sorri, me afastando enquanto acenava.
– Ah, Harper! – Virei para ela. – Emma estará aqui amanhã. – Ela disse e franzi o rosto.
– Emma em…
– Emma Bunton. – Geri riu.
– BABY SPICE? – Falei surpresa e ela riu.
– Sim!
– Ah, meu Deus! – Falei, animada.
– E a Mel C estava lá no palco da fã-fest. – Arregalei os olhos.
– Ah, meu Deus! Ginger, Baby e Sporty Spice no mesmo lugar! Ah! – Abracei novamente. – Eu vou correr lá!
– Até mais! – Ela disse rindo e atravessei para fora do paddock, prestando atenção por onde andava agora para não esbarrar em mais ninguém.
Estava gostando desse GP em Silverstone, apesar do que aconteceu aqui há cinco anos. Além do que acontecia na pista, tinha muito para ver em volta. Ontem Danny e Max junto de Pascal Wehrlein fizeram uma pequena banda e acabaram cantando parabéns para não sei quem. Pascal na bateria – o único que realmente tocava – Danny no teclado – se apertar uma nota contar – e Max no pandeiro. Queria ver o que eles inventariam hoje.
Sobre a classificatória, acabou sendo bom. Melhor para Max, mas Danny teve facilidade em passar pelas etapas. O tempo estava perfeito, mas segundo os engenheiros, amanhã estava programando chuva e sabia que tudo iria mudar.
Precisei mostrar o crachá algumas vezes para chegar ao fã-fest pela área externa e nem foi preciso chegar no palco para ouvir a voz de Danny, Max e Christian em cima do palco.
– Vocês têm duas opções: ou me ouvem cantar terrivelmente, ou eu jogo meu boné para vocês. – Ouvi a voz de Danny, ouvindo os gritos da plateia e me ajeitei em um canto que conseguisse ver os três no palco junto do apresentador.
– Antes de eu deixar vocês irem, vocês souberam sobre Silverstone possivelmente sair do calendário…
– UH! – A plateia reagiu e um ritmo conhecido e calmo começou a ser tocado e franzi a testa. Eu conheço essa música.
– DANIEL! DANIEL! DANIEL! – O pessoal começou a gritar e ele ameaçou sair do palco, voltando em seguida e a música Wagon Wheel do Darius Rucker começou a tocar. Danny voltou para o palco ao lado de Christian e Max e parecia envergonhado por algo.
– Eu vou colocar nas redes sociais do mesmo jeito, você fazendo ou não. – Christian disse e franzi a testa.
– Ah.. – Ele pensou um pouco, rindo em seguida. – Deixa quieto!
– CANTA! CANTA! CANTA! – A plateia começou a animar.
– Eu te odeio! – Danny disse para Christian.
– Ele vai cantar! Ele vai cantar! – Christian disse, animando a plateia.
– Ninguém conhece a música. – Danny riu.
– Eu conheço. E não importa, vai ser incrível! – Christian o animou e ri fracamente. Danny sempre aparecido agora estava com vergonha? Apesar que parecia que tinha muita gente no fã-fest, à perder de vista.
– Você quer se colocar ali? Como um verdadeiro artista? – Max falou, fazendo Danny rir.
– Do que estávamos falando? – Danny tentou desconversar.
– Não enrola! Canta! – Christian disse rindo. – Um, dois, um, dois, três…
– Ah, Deus! – Danny disse, me fazendo rir. – Ok, aparentemente eu estava… Headin’ down south to the land of the pines, I’m thumbin’ my way into North Caroline, starin’ up the road and pray to God I see headlights. – Danny começou a cantar, me fazendo sorrir e o aplaudi junto com a plateia.
– Mais uma estrofe? – Christian tentou empolgá-lo.
– I made it down the coast in… – Ele tentou continuar, rindo em seguida. – So… Yo, I’ll tell you what I want, what I really, really want… – Ele mudou para Wannabe, me fazendo rir e os outros dois gargalharam com ele. – I wanna! I wanna!
– Eu quero dirigir pela Red Bull! – Christian entrou na dele, me fazendo rir.
– Zig a zig, ah! – Ri junto com a plateia.
– Isso foi bom! – O apresentador disse rindo. – Red Bull Racing, galera! – Aplaudi junto com eles, vendo-os se viraram para a saída do palco e acenei para Danny que passou a mão no rosto ao me ver.
– Ah, cara! – Ele desceu os degraus e ri com ele. – Você viu isso.
– Sim! – Falei rindo, abraçando-o e nossas risadas se misturaram. – Meu aparecido com vergonha, é?! – Ele riu fracamente.
– Ah, cara! Não isso. Tinha muita gente! – Ri fracamente, dando um beijo em seu rosto.
– Talvez você possa ser a Funny Spice! – Christian gargalhou alto.
– FUNNY SPICE! – Ele até se apoiou em Daniel. – Muito boa, Harper! – Ele esticou a mão na minha e tocamos juntos.
– Ah, vamos sair desse buraco. – Danny disse rindo.
– Você poderia cantar mais para mim. – Sussurrei, vendo-o sorrir e suas mãos seguraram meu rosto, colando os lábios nos meus.
– Accidentally in Love? – Ele perguntou e dei de ombros.
– E outras… – Sussurrei para ele.
– Combinado. – Ele disse e nossos lábios se tocaram rapidamente de novo.
– Harper, vou pegar seu número depois. – Christian disse e eu e Danny nos afastamos. – Se algo acontecer para ele ficar irritadinho, vou ligar direto para você. – Rimos juntos.
– Pode ligar, faz 24 anos que eu sei lidar com a fera. – Dei um tapinha no peito de Danny e senti um beijo seu em minha têmpora.
– Vamos fazer nossa reunião? – Christian perguntou e nós três assentimos.
Domingo
Daniel
Bufei, esfregando a toalha com força nos cabelos e a pendurei no box antes de ir até a boxer em cima da pia e a vesti antes da bermuda de tactel. Calcei os chinelos novamente e abri a porta do banheiro, sentindo a diferença de temperatura mais quente do lado de fora. Olhei para o sofá e vi Harper sentada nele ainda com a roupa da Red Bull.
– Ei. – Ela disse.
– Ei, baby. – Falei, vendo-a sorrir e ela esticou a mão em minha direção.
– Desculpe a demora. – Ela disse e neguei com a cabeça, andando até ela.
– Não se preocupe. – Falei, segurando sua mão e me sentei ao seu lado.
– Como você está? Eu não deveria ter ido, né?! – Ela apoiou a mão em meu rosto.
– Não, baby. Está tudo bem. Nem eu negaria um jantar com as Spice Girls. – Ela riu fracamente, virando a perna para dentro do sofá.
– Três de cinco, mas é… – Ela deu de ombros, sorrindo. – Como você está? – Ela suspirou.
– Eu estou bem, eu… – Suspirei. – Está tudo bem, aproveite sua noite…
– Eu aproveitei minha noite. – Ela se levantou antes de colocar os joelhos ao redor de meu corpo e se sentar em meu colo. – Eu quero saber de você… Eu sei o que está pensando. – Ela apoiou as mãos em minha nuca.
– O que eu estou pensando? – Minhas mãos desceram para sua bunda e ela suspirou.
– Eu não quero dizer… – Ela fez um pequeno bico e ri fracamente.
– Eu estou pensando demais, eu sei. – Falei. – Eu não sei, eu…
– Ao menos você aumentou uma posição. – Ela disse brincalhona e sorri. – Quinto na Áustria, quarto aqui, quem sabe a gente não chegue em um pódio na próxima corrida? – Rimos juntos.
– É… Quem sabe? – Suspirei.
– Fala comigo, vai. – Ela pressionou os braços, apertando seu corpo no meu.
– Você sabe no que eu estou pensando, não preciso falar… – Ri fracamente e ela deu curtos beijos em minha bochecha.
– Então fala para eu confirmar… – Ela disse baixo, deslizando os lábios pelo meu rosto.
– Eu gosto dessa Harper… – Falei e ela se afastou.
– É estranho? – Ela perguntou baixo.
– O quê? Você sentada no meu colo, me beijando e minhas mãos na sua bunda? – Rimos juntos.
– É…
– Nenhum pouco. – Colei nossos lábios por alguns segundos. – A antiga Harper morreu para mim, agora só tem essa. – Ela riu fracamente. – É só perfeito, baby. Você pode continuar fazer o que estava fazendo… – Ela riu fracamente, dando um beijo em minha bochecha.
– Eu quero saber de você. – Ela falou.
– Sim, eu estou pensando se eu perdi a mão. – Falei e ela suspirou. – Se o problema sou eu, ou se o Max está melhor, ou se a equipe está priorizando-o…
– Ele acabou de entrar na equipe, Danny… Ele é só uma criança… – Ri fracamente. – Não faz isso. – Ela se afastou. – Não dá essa risada sarcástica. – Suspirei. – Eu sei que desde Mônaco as coisas não estiveram bem, mas ainda temos a outra metade da temporada. – Ela forçou meu olhar para o seu.
– Eu corri metade da corrida sozinho, Harp. Um videogame é mais legal do que hoje. – Bufei.
– Pelo menos não tivemos acidentes. – Ela deu um curto sorriso e ri fracamente, ouvindo-a suspirar. – Você ficou em quarto, Danny! E voltou para quatro no campeonato! Isso é muito bom! – Ela apertou as mãos com meu rosto.
– É, mas agora tem o Kimi na minha frente…
– Seis pontos. – Ela disse firme. – Faltam 11 corridas. – Ela apertou meu pescoço. – Vai, baby… – Ela deu um beijo em meu rosto. – A corrida foi chata? Foi! – Ela riu fracamente. – Eu estava mais interessada nas Spice Girls? Estava! – Ri com ela. – Mas você foi bem, baby. – Ela deu um beijo em meu rosto. – E sobre Max… – Ela suspirou. – Ele é bom, Kvyat também era, mas o Max parece que está com mais sorte atualmente…
– O que eu preciso fazer para eu ter sorte? – Ela deu um sorriso.
– Cantar para mim? – Ri fracamente e ela me abraçou apertado. – Só continue trabalhando duro, baby, a sorte vai chegar eventualmente. – Subi minhas mãos pelas suas costas.
– Eu te amo. – Falei. – E agora eu digo sobre tudo o que fez para mim…
– Eu também te amo, Danny. Desde sempre. – Ela deu um beijo perto de minha orelha. – Baby…
– O quê? – Ela se afastou de mim.
– Você ainda tem o furo na orelha. – Ela disse rindo em seguida.
– É, eu sei… – Falei, rindo e sua gargalhada aumentou.
– Será que ainda entra um brinco? – Ela se levantou.
– Harper! – A chamei.
– O quê? Eu vou pegar um brinco! – Ela disse rindo.
– Harper! – A chamei novamente. – Não! – Falei, rindo.
– Você que colocou aquele brinco ridículo, agora deixa eu me divertir, pelo menos. – Ela foi até sua necessaire e fui até ela, abraçando-a pela cintura. – Danny… – Ela disse rindo e puxei-a para trás. – DANIEL! – Ela gritou quando a tirei do chão.
– Eu tenho outra forma para gente se divertir. – Voltei até o sofá com ela e segurei-a pelas pernas, jogando-a no sofá.
– O quê? Guerra de travesseiros? – Ela tirou os cabelos do rosto.
– É… – Falei aleatoriamente. – Eu, você e muitos travesseiros. – Inclinei meu corpo em cima do seu.
– Ah, é?! – Ela disse rindo e me coloquei em cima dela, sentindo suas pernas nas minhas.
– É… – Apoiei as mãos embaixo de sua cabeça, vendo-a rir.
– E você quer ficar aqui? – Senti suas mãos em minhas costas.
– É, não tem como eu te levar até o quarto sem nós dois cairmos… – Ela riu fracamente.
– Ainda bem que aqui tem bastante espaço. – Ela sorriu e nossos lábios se tocaram levemente.
– Uhum… – Sussurrei, colando nossos lábios novamente.
Londres, Inglaterra
Harper
– Eu nunca vi… – Dei de ombros.
– Eu já! É muito bom! – Blake disse rindo.
– Espero que seja divertido. Estou cansada. – Suspirei, ajeitando os cabelos na frente do espelho.
– Também, depois da noite passada… – Tom cochichou, fazendo os meninos rirem e virei o rosto para eles.
– Vocês ouviram? – Perguntei, sentindo meu rosto esquentar.
– Ah, que isso, só uma coisa ou outra. – Tom disse.
– “Hum, ah, Dan… Dan.” – Alex imitou um gemido e apertei as mãos no rosto.
– Ah, cara! – Eles gargalharam. – Eu virei uma Jemma da vida? – Gemi de nervoso, ouvindo as gargalhadas.
– Ah, não tá lá, mas se subir algumas notas, talvez chegue…
– Para de irritá-la! – Michael bateu com a almofada em Alex. – Eles abaixaram o som da TV de propósito quando vocês foram para dentro.
– Ah, que nojo! Seu filho da mãe! – Peguei a outra almofada e dei um tapa em Tom e outra em Alex. – Eu odeio vocês! – Eles gargalharam.
– O que acha? – Virei o rosto para Danny saindo do banheiro. – O que houve?
– Esses idiotas fizeram questão de ouvir a gente ontem. – Falei, jogando a almofada de volta no sofá.
– Ficaram com inveja? – Revirei os olhos, ouvindo os caras rirem.
– Às vezes eu esqueço que 27 anos é na certidão, na cabeça são sete. – Ele veio até mim, me abraçando pela cintura.
– Deixa eles! A gente se diverte e eles chupam o dedo. – Ele pressionou os lábios em minha bochecha e sorri, passando a mão na camisa social roxo que ele usava.
– Está lindo. – Falei, ajeitando a gola da camisa.
– Estou apresentável? – Ele perguntou e assenti com a cabeça, colando nossos lábios por curtos segundos.
– Vai arrasar. – Cochichei.
– AINDA É ESTRANHO! – Blake gritou, me fazendo rir e me afastei de Danny.
– Se acostume! – Danny falou, se ajeitando no espelho e ouvi dois toques na porta. – Entra! – Danny falou e James Corden apareceu na porta.
– Ei, posso entrar? – Ele falou e tentei me manter calma, para quem tinha jantado com três Spice Girls há cinco dias, dava para aguentar tudo.
– Claro! Por favor! – Danny disse.
– Prazer te conhecer, eu sou James. – Ele esticou a mão e Danny a apertou.
– Prazer é meu, Daniel. – Ele disse e sorri.
– Esses são seus amigos? – Ele perguntou.
– Sim, Michael, Tom, Blake, Alex e Harper. – Acenamos conforme ele falava. – Vão ver vocês me zoarem. – Ri fracamente.
– Ah, isso é normal! – James disse rindo. – As piadas podem acontecer… – Ele disse. – Não de mim, a maioria do Jack, aposto, mas eu cuido de você. – Ele foi dizendo. – Muitas pessoas te tratam com amor e carinho por ser um herói nacional, um dos maiores do esporte, mas pelas próximas duas horas será como voltar para escola. – Rimos juntos.
– Ah, então vai ser como no dia a dia. – Falei, ouvindo as risadas.
– Amigos de infância? – James perguntou.
– Sim, eu conheço a Harper desde meus três anos e os outros desde os 12, 13. – Danny falou.
– Ah, coragem sua trazê-los, então. – James falou, me fazendo rir.
– Eu não tive escolha! – Danny brincou, nos fazendo rir.
– Vai ser divertido, está pronto? – Ele perguntou.
– Sim, sim! – Ele disse.
– Vamos lá, então! Vamos levá-lo para o palco e seus amigos para os bastidores. – Nos levantamos e Daniel saiu logo atrás de James e logo fui com os meninos. – O jogo segue o que a equipe falou contigo… – James foi explicando enquanto andávamos pelo corredor do estúdio.
Não conhecia o A League Of Their Own, mas é basicamente um jogo de comédias focado em esportes. James é o apresentador e tem duas equipes com dois comediantes e um convidado. Os de hoje são Danny e a tenista Judy Murray. Danny está na equipe de Rob Beckett e James Redknapp, já Judy está com Freddie Flintoff – ex-jogador de cricket – e Jack Whitehall – único comediante que eu realmente conheço.
– É aqui que vocês se separam. – James disse. – Vocês podem acompanhá-la para a plateia e o Daniel vai se divertir um pouco.
– A gente se vê depois. – Michael disse e Danny assentiu com a cabeça.
– Não faça nenhuma besteira! – Falei, ouvindo-o rir e ele me puxou pela mão.
– Só contigo. – Ele sussurrou.
– OH! – Os caras disseram e revirei os olhos.
– A gente se fala depois. – Ele pressionou os lábios nos meus e ri fracamente, empurrando-o pelo peito. – Daniel! – Ele riu, me dando uma piscadela.
– Só amigos, hum?! – James riu e senti meu rosto esquentar.
– É! Era! Até esse ano! – Blake gargalhou, chamando atenção de outros.
– Ah, fica quieto vocês quatro, vamos! – Falei, empurrando os ombros deles para se virarem.
– Eu quero só ver quando a tia Grace descobrir! – Michael gargalhou enquanto andávamos pelos corredores.
– Vocês ainda não contaram? – Ouvi três vozes perguntando juntas.
– Ainda não. – Dei um sorriso torto. – E ainda não sei quando vamos contar, nem falamos sobre isso. – Dei de ombros. – E a última vez que eles vieram era tudo novo…
– Eles vão surtar! – Blake gargalhou alto e revirei os olhos.
– Exato! Por que se irritar antes da hora? – Dei de ombros.
– Se vocês não querem seu relacionamento aberto para o público, indico reduzirem a voz agora. – A mulher, que imaginei que fosse contrarregra, nos falou.
– Desculpe! – Falamos no automático e logo seguimos quietos.
Parecia realmente a escola à partir de agora, a diferença é que fazia quase 10 anos que todos nos formamos. Apesar das brincadeirinhas, fico feliz que esse clima com os meninos ficou. Algumas coisas mudaram ao longo dos anos, mas o espírito entre nós permaneceu.
– Vocês podem ficar aqui. Logo começa! – A contrarregra falou e vimos os cinco lugares vagos e nos ajeitamos, os meninos me deixaram no meio.
O estúdio estava verdadeiramente lotado. Eu nunca tinha visto esse programa na vida, mas estava empolgada com o que fariam com Danny. Game show de comédia é totalmente a cara dele!
– Bem-vindos à A League of Their Own! – Um apresentador falou quando as luzes do palco se acenderam. – Hoje o programa está sensacional e temos convidados especiais! – Ele falava perto da plateia, andando por trás das câmeras. – Vamos chamá-los? – A plateia gritou animada e fomos nas deles quando os letreiros de “aplausos” se acenderam. – Com vocês, Judy Murray, Freddie Flintoff e Jack Whitehall! – O pessoal gritou mais alto, me fazendo rir. – No time vermelho: Rob Beckett, James Redknapp e Daniel Ricciardo. – Os gritos entre nós ficaram mais altos, mas a plateia respondeu de acordo. – E o apresentador dessa noite, James Corden! – Os gritos aumentaram e sorri quando Danny se sentou em um dos lados do estúdio. Os convidados cumprimentaram a plateia rapidamente e logo James se colocou entre todos.
– Bem-vindos à A League of Their Own, eu sou James Corden! – Ele disse rapidamente. – Vamos conhecer os times de hoje. Se juntando a Freddie Flintoff e Jack Whitehall, está a rainha mãe do tênis britânico, sim! A única Judy Murray! – Ele disse rapidamente!
– JUDY! JUDY! – A plateia começou a gritar, fazendo James rir.
– Eu adorei isso! – James riu. – Do lado direito com James Redknapp e o premiado comediante Rob Beckett, o homem que faz isso… – Ele disse e um vídeo da vitória de Danny no Canadá em 2014 apareceu na tela. – É! Ele pilota como um trovão e vem lá de baixo, é o piloto principal da Red Bull Racing, Daniel Ricciardo. – Nós gritamos, aplaudindo-o junto com a plateia e o sorriso de Danny não enganava, ele estava com vergonha. – Agora, antes de começar… – James disse. – Jack, o que…
– O quê? – Jack disse perdido e a plateia gritou. – Ok, ok! Eu estou com uma roupa parecida do outro programa. – Ele disse brincando.
– Por que você veio como Freddie Mercury? – Freddie ao seu lado perguntou e imaginei que fosse o bigode.
– Por que o bigode, então? – James disse.
– Da última vez que a Judy estava no show, eu estava flertando com ela e ela disse que eu tinha uma feição muito infantil, então pensei que usar um bigode me faria parecer mais velho. – Jack explicou.
– Mas não ajudou! – Judy disse, me fazendo rir.
– Eu estou fazendo uma novela e preciso usar isso. – Ele disse.
– E quem está interpretando? Luigi? – James falou e minha gargalhada ficou mais alta.
– Eu fiquei confuso… – Rob falou do outro lado. – Quando falaram que teríamos um piloto de Fórmula Um, eu achei que fosse Nigel Mansell! – Minha risada ficou mais alta.
– Bem, vamos começar! – James disse.
Daniel
– FOI INCRÍVEL! – Blake gargalhou alto.
– Quando ele te chamou de Mark Webber! – Harper tirou a colher da boca e neguei com a cabeça.
– Foi incrível, cara! – Michael disse rindo.
– Eu adorei quando ele falou que achava que o Hamilton era o maior arrogante da Fórmula 1. – Fechei a porta, vendo os cinco se ajeitaram pela antessala.
– O Jack ficou magoado de verdade quando você falou que não o conhecia. – Harper disse rindo e me sentei na poltrona.
– Ficou! – Tom falou, gargalhando. – Ele se doeu de verdade essa hora, cara! – Rimos juntos e Harper se sentou no braço da minha poltrona.
– A Harper perdeu a linha quando ele falou do boato do pênis! – Michael indicou Harper e ela negou com a cabeça, colocando mais uma colherada de sorvete na boca.
– Eu não conseguia parar de rir! – Ela deu de ombros e abracei-a pela cintura.
– Não, foi boa! – Falei, rindo. – Se o pênis for grande, pode deixar o boato rolar! – Falei, ouvindo as gargalhadas.
– Mas eu quero saber algo! – Harper disse, se virando para mim. – Você ficou envergonhado quando mostraram aquele vídeo seu, não? – Ela inclinou o corpo para o meu, apoiando o braço na poltrona.
– Ah, cara! – Falei, rindo, puxando-a para se sentar em meu colo e ela riu, me entregando o pote do sorvete para se ajeitar em minha perna. – Eu gosto da atenção, mas dentro do paddock, hoje eu estava em uma realidade totalmente diferente!
– Mas é bom para divulgação e você foi ótimo! – Harper disse, tirando o potinho da minha mão de novo. – Poderiam ter feito só mais coisas focadas em você.
– Gostaria muito que tivessem colocado você naquela luta de óleo! – Alex falou alto, fazendo Harper gargalhar ao meu lado e ela negou com a cabeça, colocando uma colher na boca.
– O cara do seu time estava quase morrendo! – Ela disse rindo.
– Torturaram o Beckett, cara! – Alex falou, gargalhando.
– Eu não vi, cara! Eu fiquei respondendo às perguntas e nem percebi. – Falei.
– Foi perfeito! – Harper gargalhou.
– É um programa legal, eu gostei! – Michael disse.
– Foi bom! – Tom disse rindo.
– Eles vão me mandar depois que for para o ar, não sei se consigo ver na Hungria. – Falei.
– Falando nisso, vocês vão conosco? – Harper perguntou.
– Ah, cara, eu preciso trabalhar. – Tom disse rindo.
– Cara, você precisa do seu computador para trabalhar! – Falei, ouvindo o pessoal rir.
– É perto de Londres, dá para fazer algo, vai! – Alex disse. – Até eu venho!
– Você é outro que não pode falar nada! Você aperta um botão e compra as ações e investimentos! – Harper disse, nos fazendo rir.
– Mesmo assim, não dá para ficar tanto tempo fora! A gente vai para os Estados Unidos nas férias? – Tom perguntou e virei o rosto para Harper, vendo-a fazer o mesmo.
– Ei, não olhe para mim! – Ela ergueu os braços, se levantando. – Se você tinha algo combinado com os meninos, pode ir.
– Você pode ir também! – Falei.
– Já falamos sobre isso, Danny! A gente vai precisar diferenciar nossa amizade do nosso relacionamento. Não quero ser aquela chata grudada em você! – Ela disse. – Ainda mais se vocês começarem a falar sobre mim! – Rimos juntos.
– Vai ser interessante! – Blake disse, fazendo-a revirar os olhos.
– Eu tenho três semanas de férias depois da Alemanha antes de precisar voltar para o simulador. – Falei. – O que você quer fazer? – Perguntei.
– Eu não sei! – Ela deu de ombros. – Eu ainda preciso continuar meu trabalho, nem pensei sobre férias.
– Você quer ir para casa? – Perguntei, ouvindo-a suspirar.
– Se eu for para casa, eu preciso passar em Sydney. – Ela disse suspirando.
– Podemos fazer funcionar.
– Eu posso ir para casa e vocês curtirem umas férias. Estamos colados há seis meses, vai ser bom dar uma separada. – Ela disse.
– Mas quero que conheça a casa de L.A. – Falei e ela suspirou. – Tem muitos restaurantes na cidade. – Ela riu fracamente, suspirando e seus olhos no alto me diziam que ela estava pensando.
– Por que a gente não divide, então? – Ela disse. – Vamos para Sydney para ver minha avó, depois passamos em casa e você vai com os meninos para os Estados Unidos.
– E você? – Perguntei e ela fez uma careta.
– Eu vou precisar ir na Michelin, meu desempenho está péssimo, preciso me explicar. Depois encontro vocês lá se não tiverem comido meu couro. – Ela deu um sorriso sarcástico, me fazendo rir. – Vocês podem falar de mim à vontade e depois nos encontramos antes de ir para… Onde mesmo?
– Bélgica. – Falei. – SPA! – Ela riu fracamente.
– É isso aí! – Ri fracamente. – Mas vamos conversando, temos duas corridas seguidas antes das férias. E você precisa voltar para o pódio! – Ela se aproximou de mim.
– Lesgo, baby! – Falei e ela piscou para mim.
– Eu vou escrever a revisão do restaurante, ok?! Divirtam-se! – Ela se inclinou e minha mão foi para sua nuca.
– Tem certeza?
– Sim, eu tenho. Não quero o Blake escutando a gente de novo. – Ela disse e ri, sentindo um selinho em meus lábios. – Nos vemos depois!
– Logo vou. – Cochichei e ela assentiu com a cabeça, se levantando.
– Boa noite, meninos! Não queimem muito minhas orelhas! – Ela disse, nos fazendo rir.
– Boa noite, Harper! – Eles disseram e ela acenou com a mão, sumindo pelo corredor com o restante do seu sorvete e ri sozinho.
– Podemos começar agora ou querer que espere? – Tom disse e ri fracamente.
– Vocês querer falar algo sobre isso? – Perguntei, ouvindo-os rirem.
– Vocês estão felizes, cara. Não tem nada para falar. – Blake disse e sorri.
– Eu estou. – Ri fracamente. – Nunca achei que me apaixonaria por Harper, muito menos que seria bom. – Eles sorriram.
– Estamos felizes por vocês, cara! – Michael disse e vi os sorrisos deles para mim.
– Agora entendo o que a Harper fala de vocês! Parem de me olhar assim! – Falei, ouvindo suas risadas. – Alguém quer uma cerveja?
– Sim! – Eles falaram e me levantei da poltrona.
Capítulo 25
Perth, Austrália, 2007
– Ninguém me perguntou nada, mas…
– Então essa hora que você fica quieto, pai! – Daniel disse acima de Joe, fazendo o mais velho olhá-lo feio.
– Respeito comigo, moleque! – Ele indicou o garoto, mostrando-o com o indicador. – Te falar quem está bancando essas suas férias na Itália.
– Eu te amo? – O garoto disse com um sorriso sarcástico e Joe revirou os olhos.
– O que ia falar, Joe? – Helena perguntou, agora as atenções já estavam nele.
– Com o valor que vocês vão gastar nessas tatuagens, dava para você trocar por mais alguns euros. – Ele disse.
– É um presente meu, tio! – Harper disse. – E vai ser bom para gente registrar tudo o que passamos. – Ela deu um sorriso e Danny a puxou pelo ombro, dando um beijo em sua cabeça.
– Só não precisava vir todo mundo, né?! Nem cabe! – Jason, namorado de Michelle, falou.
– É, vocês não tinham sido muito convidados para isso… – Foi a vez de Michelle, fazendo os jovens rirem.
– Meus filhos vão ser espetados por agulhas, eu preciso ter certeza de que o lugar é higiênico. – Grace disse firme.
– Olha, senhora, espetados é uma forma muito dramática de dizer. – O tatuador apareceu na sala de espera do estúdio. – A agulha não penetra na pele, é bem superficial.
– Viu, mãe? – Daniel disse. – E aí, Mac?
– Fala aí, Danny? – Daniel abraçou o mais velho. – Finalmente criou coragem?
– Ah, comigo foi fácil, o problema foi com ela. – Ele indicou Harper com a cabeça.
– Você é a famosa Harper, então? Daniel comentou bastante sobre você. – A menina sorriu envergonhada para o homem mais velho.
– Prazer te conhecer. – A menina disse delicada.
– Não vou ser aquela pessoa que fala que tatuagem não dói, tem uma ardência sim, mas você vai notar como é viciante. – Ele disse e a menina deu um sorriso nervoso. – E o restante do pessoal?
– Nossos pais e minha irmã com o namorado. Eles também vão fazer. – Daniel indicou.
– Prazer em conhecê-los! – O tatuador disse. – Vamos entrar? Quem vai começar?
– Posso? – Harper falou rapidamente. – Assim eu faço logo, não tenho tempo de desistir.
– Claro! Vamos lá! – Mac disse, fazendo um sinal e todos entraram.
A primeira coisa que Grace e Helena notaram foi a limpeza do local. Mac havia sido indicação de Tom da escola e Danny ficou praticamente as férias inteiras conversando com o cara sobre fazer uma tatuagem que o lembrasse de casa, já que estava abandonando tudo para tentar a carreira de corredor. Harper acabou gostando da ideia e o acompanharia. Sydney não era exatamente uma Itália, ainda poderia vir para casa em férias ou feriados longos, mas os voos tinham cinco horas de duração, além do fuso-horário de duas horas e o valor das passagens, não seria uma viagem fácil. Sua família tinha uma vida confortável, mas não para esbanjar.
Entre várias conversas nesses dois meses que se antecederam a viagem de Daniel e a mudança de Harper para Sydney, eles chegaram em acordo de fazer três tatuagens. A primeira era a principal, a frase “no regrets, only memories” para que eles sempre se lembrassem que mesmo se tudo desse errado, eles não se arrependeriam de tentar. Daniel queria algo mais rebuscado com um barco nas águas e pintura colorida que ocupasse a coxa direita inteira. Já Harper optou pela frase escrita em uma linha só em letra cursiva bem acima na sua coxa, a ponto que ficasse bem escondida ao usar shorts.
A segunda era uma rosa dos ventos. Na verdade, Harper optou por uma rosa dos ventos completa na parte de trás de sua coxa esquerda com pintura preta somente, agora Daniel optou por duas setas e os pontos cardeais. Essa era para lembrar de que, por mais longe que eles fossem, eles sempre teriam para onde e para quem voltar.
Já a terceira foi uma grande discussão. Depois de ouvir muito de seus pais que eles poderiam se arrepender das profissões escolhidas, eles decidiram fazer algo que o lembrasse deles. A amizade que já durava 15 anos, apesar dos altos e baixos. As corridas de Fórmula Um e a gastronomia não tinham nenhuma semelhança, mas elas se encontravam no meio do caminho, então eles tentaram pensar em uma forma de incluir a amizade e as futuras profissões em um desenho simples e acabaram chegando em um coração, parte preenchido como um fouet e parte com o número 3.
Joe foi o primeiro a falar que ele não deveria ser apegar ao número 3, pois, caso chegasse na Fórmula Um, outro piloto já poderia estar usando, mas Daniel disse que era o número que estava com ele desde o kart e que fazia parte da vida de ambos. Joe desistiu de argumentar. Na verdade, alguém tentava argumentar com esses dois quando colocavam algo na cabeça? É claro que não. Harper optou por fazer a dela na linha do sutiã, também do lado esquerdo do corpo, já Daniel colocou como detalhe no barco.
Aquele dia foi estranho para Grace, Helena, Joe e Alex, porque eles ficaram das nove da manhã até oito da noite no estúdio. A tatuagem na coxa de Daniel demorava mais tempo do que todas, isso porque ele só fez o contorno, voltaria na semana que vem para pintar. As reações foram as mais engraçadas possíveis.
Harper quase comeu a mão na hora de fazer a tatuagem atrás da coxa e na costela. Todos acharam que Daniel reclamaria na coxa, mas não teve problema, o problema maior foi quando a agulha tocou seu tornozelo, o garoto tinha uma sensibilidade fora do comum na área e Jason precisou ajudar o tatuador a manter o pé dele firme. Michelle queria uma borboleta detalhada nas costas e dormiu durante o processo, já Jason desistiu quando viu Harper. Ainda bem que o casal não tinha pensado em fazer algo juntos, ou Michelle teria que fazer sozinha.
Os pais ficaram entre idas e vindas o dia inteiro enquanto andavam pelo centro da cidade, traziam comida para eles e até o tatuador acabou entrando na diversão. Foi como se o final de 2004, 2005 e 2006 simplesmente não tivessem acontecido. A amizade de ambos estava mais forte do que antes e era como se os três Addams, quatro Ricciardo e Jason, fossem uma grande família agora.
– Acho que eu estou meio mole. – Daniel disse quando Harper entrou no quarto novamente.
– Mac disse que você pode ficar mole ou com febre pelo tamanho da tatuagem, tomou o remédio que ele deu?
– Ainda não. – Ele suspirou e Harper pendurou a toalha na cadeira da escrivaninha dele.
– Vai tomar banho e depois descansa. – Ela se sentou na cama ao seu lado e ele apoiou a cabeça no ombro dela dramaticamente. – Estou cega! – Ela brincou, abaixando os cachos compridos de Daniel, tirando de seu rosto.
– Engraçadinha. – Ele disse e a menina apoiou sua cabeça na cabeça dele. – Hoje foi legal, não? – Ele disse.
– Foi sim! – Ela disse rindo fracamente e as mãos de ambos se entrelaçaram e foram apoiadas no meio deles. As coxas de ambos tinham plástico-filme enrolados, além de outras partes do corpo. Aquilo no calor de fevereiro não era ideal, mas não se importavam.
– A gente vai fazer isso dar certo, né?! – Ele perguntou e ela ergueu o rosto para ele.
– É claro, Danny! – Ela sorriu. – Eu vou tentar te visitar, você vem me visitar e Perth sempre vai estar no meio do caminho. – Ele assentiu com a cabeça.
– Amigos para sempre? – Ele disse e a menina abriu um sorriso.
– Amigos para sempre, Danny. – Ele pressionou os lábios na bochecha dela e logo ela o abraçou, deitando a cabeça em seu peito.
Dessa forma, assim como todas as vezes, ela sabia que estava em casa.
Mogyorod, Hungria, 2016 – Quinta-feira
Harper
Puxei os cabelos para frente e os prendi com os dedos. Passei as mãos no gel, passando um pouco na parte de cima dos cabelos até onde os fios estavam soltos. Juntei as duas mãos novamente e finalizei a trança, colocando-a para frente. Peguei um elástico, amarrando o final dela e passei mais um pouco de gel nos fios espetados.
Peguei a escova, passando na parte dos cabelos soltos e refiz o mesmo processo no lado esquerdo do cabelo. Não era nada fácil fazer uma trança embutida sozinha, mas eu já tinha bastante experiência. Quando terminei, dei algumas voltas pelo corpo, tentando ver se alguma parte havia ficado levantada, mas nada que um pouco de gel não abaixasse tudo.
– Ok, podemos ir! – Daniel saiu do banheiro e olhei para ele.
– Ah, reduziu a barba, é?! – Falei, vendo-o finalmente erguer o rosto.
– Ei! Você fez sua trança! – Ele disse rindo. – Uau! Faz tempo!
– O que acha? – Dei uma volta ao redor do corpo, mas suas mãos me encontraram antes de eu dar uma volta completa.
– Está linda, como sempre. – Ele estalou um beijo em minha nuca, me fazendo rir. – E agora posso fazer isso. – Ele deixou outro.
– Faz cócegas! – Falei rindo e ele apertou a mão em minha barriga.
– Eu sei! – Ele deslizou os beijos pelo meu pescoço.
– Daniel! – Falei rindo, virando meu corpo para ele e minhas mãos foram para seu peito e senti seus lábios em minha bochecha. – Danny…
– O quê? Você está incrível…
– Você já me viu assim um milhão de vezes. – Apertei meus braços em seus ombros e suas mãos foram para minhas costas.
– E ainda assim. – Ele deslizou o nariz em minha bochecha, me fazendo rir. – Eu te via todo dia desde fevereiro de 92 e me apaixonei por você só esse ano. – Ri fracamente, acariciando seu rosto, sentindo a barba mais rala.
– Danny… – Gemi fracamente.
– O quê? – Ele disse e ri fracamente, virando o rosto para ele, sentindo nossos lábios se tocarem.
– Estávamos na cama até agora… Temos que ir… – Ele deu alguns beijos em meus lábios.
– Você deveria ter pensado nisso antes de fazer suas tranças e colocar essa saia curta. – Ri fracamente, acariciando seus cabelos e nossos lábios se pressionaram por alguns segundos.
– Isso é para você…
– Viu?! – Nossos lábios se colaram de novo, me fazendo rir e afastei nossos rostos de novo.
– As tranças me davam sorte nos meus jogos. Vai que te dá uma sorte? – Ele desceu os lábios pelo meu pescoço, me fazendo rir. – Danie-e-el… – Cantarolei seu nome.
– Estou ocupado! – Ele disse, subindo os lábios e ri fracamente.
– Eu te amo por isso. – Acariciei seu rosto. – Você sempre me viu como a mulher mais linda do mundo…
– Sempre foi e sempre vai ser. – Ele disse. – Agora mais ainda. – Ri fracamente, pressionando nossos lábios.
Minhas mãos apertaram em sua nuca e nossas línguas se encontraram. Suas mãos logo deslizaram pelo meu corpo e encontraram minha bunda, apertando-a com firmeza. Minhas mãos apertaram sua nuca, acariciando seu rosto com os polegares e foi preciso mais do que alguns selinhos para nos separarem.
– Pronto para ir? – Sussurrei.
– Ainda não completou toda minha energia, mas… – Ri fracamente.
– Fomos dormir tarde ontem por isso, ficamos na cama até mais do que devíamos por isso e ainda não completou sua energia? – Ele riu fracamente, colando os lábios em meu rosto.
– Você bem disse que eu estava dependente… Aí está. – Sorri, acariciando seu rosto.
– As coisas estão ficando sérias, Danny…
– Eu sei. – Ele disse sério. – E eu estou bem com isso. – Sorri.
– Eu estou bem também, mas… Eu penso na sua família…
– Bem, sua família já sabe, eles vão contar para minha eventualmente. – Ri fracamente, escondendo meu rosto em seu pescoço.
– Eu não deveria rir disso… – Falei e ele sorriu.
– Eu sei e sei também que precisamos contar para eles, mas o segredo é tão excitante. – Rimos juntos.
– É, eu sei… – Suspirei. – Pensa, ok?! As férias estão chegando e eu quero ver nosso afilhado. – Ele assentiu com a cabeça.
– Vamos pensar juntos, ok?! – Confirmei com a cabeça, sentindo outro beijo em minha bochecha. – Você está pronta para ir?
– Há uns 10 minutos. – Falei, ouvindo-o rir.
– Vamos! Preciso treinar com Michael ainda.
– E eu preciso arranjar uns lugares para visitar ainda. – Me afastei, pegando minha mochila no sofá e logo estávamos fora do motorhome em direção ao paddock.
Daniel
– Obrigado, até mais! – Falei para o jornalista, trocando um rápido cumprimento de mão e segui com Maria pelo paddock.
– Essa foi a última. – Ela disse e tirei o boné da cabeça, passando a mão na testa suada.
– Ah, cara, está quente! – Suspirei.
– Vá para o motorhome, relaxa. – Ela disse. – Eu preciso ir para a garagem ainda.
– Tenho algo para fazer ainda? – Perguntei, ajeitando o boné.
– Não, não! O Max está em hot lap com um cantor húngaro ou sei lá quem! – Ela abanou a mão e ponderei com a cabeça.
– O carro do hot lap tá aí? – Perguntei.
– Sim! Uma Aston Martin preta novinha para vocês arrebentarem os pneus antes da primeira volta! – Ela disse, me fazendo rir.
– Deixa ela na pista! – Falei rindo.
– O que você quer fazer? – Ela franziu a testa.
– Deixa comigo. – Falei rindo, dando a volta e segui a passos rápidos até o motorhome de apoio da Red Bull, entrando nele. – Boa tarde, galera!
– Ei, Daniel! – Eles falaram.
– Cadê minha galera? – Passei pelos corredores, encontrando Harper e Michael do lado de lá do refeitório.
– Sua galera? – Harper disse sarcástica. – Mais um pouco a gente vira seu gueto.
– Ya know, babe! – Fiz um sinal com as mãos e ela revirou os olhos.
– Ah, meu Deus! – Ela suspirou, abaixando a tela do notebook.
– O que está fazendo? – Perguntei.
– Terminei uma revisão há pouco. Sabia que o Paddock Club tem um restaurante com um chef famoso por circuito? – Ela deu um sorriso.
– Ela comeu uns seis pratos lá. – Michael disse rindo.
– Consegui dividir em duas avaliações! – Ela deu de ombros.
– E já fez a digestão de tudo isso? – Perguntei.
– Já são quase cinco da tarde. Não está na hora de ir, não? Estou entediada! – Ela perguntou, fazendo uma careta.
– Quero te levar em um lugar antes. – Falei e ela franziu a testa, se levantando. – Não me olha assim.
– Eu não estou fazendo nada! – Ela disse.
– Está sim. – Puxei-a pela mão.
– Tenho medo quando você faz essa cara empolgada demais. – Ela disse e ri fracamente.
– Ah, que isso, que mal pode ter? – Falei, seguindo para fora do motorhome da Red Bull.
– Hum, pensando que estamos em um circuito de Fórmula Um, você pode querer me colocar em um carro e andar a 250 quilômetros por hora ou mais. – Ela falou e parei no meio do paddock.
– Como sabe? – Perguntei, ouvindo-a rir.
– Eu sei que o Max está em hot lap. E sei que você quer me levar. – Ela disse, suspirando.
– Vamos? – Dei um sorriso animado.
– Danny… – Gemi, suspirando.
– Vamos! Você está melhor! Prometo que vai ser como uma volta no parque. – Ela suspirou.
– Você não vai fazer isso que eu sei. – Ela falou.
– Eu vou abaixo de 200. – Ela suspirou.
– Você está tentando me matar antes de contar para sua mãe sobre nós, é isso? – Ri fracamente.
– Não! Só quero levar minha gata para dar uma volta. – Ela riu fracamente.
– Já falei o quão brega você é?! – Ela disse rindo.
– Acho que já, mas não seria novidade! – Rimos juntos. – Vamos… Eu prometo que eu me comporto… – Ela suspirou. – Vamos… Ou eu vou te beijar aqui no meio do paddock. – Ela riu fracamente.
– Abaixo dos 180! – Ela disse firme.
– Posso tentar! – Falei, ouvindo-a rir.
– Eu te odeio! – Ela disse e ri animado, puxando-a pela mão até a garagem da Red Bull. Max e o tal cantor, ou sei lá o que, húngaro já tinham terminado e a Aston Martin estava parada no pit lane praticamente brilhando para nós.
– Vai encarar? – Christian perguntou.
– Posso levar a Harper para uma volta? – Dei um sorriso, vendo-a revirar os olhos.
– Podemos filmar? – Maria perguntou e Harper deu sua gargalhada sarcástica.
– Isso vai ser dramático, Maria! Melhor não. – Harper disse, me fazendo rir.
– Vamos ficar bem! – Falei e Maria deu de ombros.
– Você sabe como funciona! – Ela disse e virei para Harper.
– Vamos? – Perguntei e ela suspirou.
– Já falei que te odeio? – Ela disse, seguindo para fora da garagem, me fazendo rir.
– Já, há cinco minutos! – Falei, pegando meu capacete em uma das bancadas e fui até o carro enquanto o colocava.
– Não quero acidentes, Daniel! – Maria disse.
– Nem eu! – Harper disse enquanto Nigel ajeitava o capacete em sua cabeça.
– Relaxa, baby! Sou eu! – Falei, apoiando a mão no carro.
– Esse é meu medo! – Ela falou e ri fracamente.
Entrei no carro, ajeitando a distância do banco, depois coloquei o cinto. Nigel ajeitou o cinto de Harper e fez um sinal positivo para mim o que eu confirmei. Harper respirou fundo algumas vezes e soltou devagar.
– Só uma volta no parque, baby. – Falei.
– Eu preferiria. – Ela fez um sinal da cruz e se segurou no apoio, ri fracamente e liguei o carro, rindo com o barulho do motor.
– Ah, cara! Eu adoro esse som. – Falei rindo e esperei Damian indicar o caminho e logo saí pelo pit lane antes de cair no circuito de Hungaroring.
– Eu te odeio! Eu te odeio! Eu te odeio! – Harper sussurrou, me fazendo rir e passei a mão em sua coxa antes de encontrar sua mão.
– Eu te amo, ok?! – Falei firme e ela assentiu com a cabeça. – Vamos acelerar um pouco.
No momento em que minha mão foi para o volante de novo, ela apertou minha perna conforme o carro aumentava a velocidade. Harper teve um avanço muito bom desde a batida do Alonso lá em casa, mas não queria dar um ataque cardíaco nela, só queria que ela se divertisse um pouco. Não era perfeito ainda, mas ela já entrava no carro por livre e espontânea vontade.
Dei duas voltas antes de ela conseguir se soltar um pouco. Tentei não aumentar muito dos 200 para ela não surtar. O carro acabaria saindo de traseira e sabia que ela surtaria. Sua mão me soltou devagar, mas a outra se manteve firme no apoio. Depois da terceira volta, decidi ir de volta para o pit lane, parando na frente da garagem de novo.
– Como está? – Perguntei, virando para ela.
– Sem vomitar. – Ela disse, me fazendo rir e apertei sua perna novamente.
– Aceita outra volta? – Perguntei e ela suspirou.
– Só mais uma. – Ela disse, me fazendo sorrir. – O coração estava melhor nessa terceira volta. – Sorri.
– Posso ir mais rápido?
– Não! – Ela disse firme, me fazendo rir.
– Ok, vamos lá… – Falei, mantendo o pé no freio e acelerei com força, fazendo o motor gritar.
– Daniel! – Ela falou firme.
– Relaxa, só brincando contigo! – Falei, antes de soltar o pé e deixar o carro caminhar devagar pelo pit lane para mais algumas voltas.
Sexta-feira
Harper
As gotas grossas caíam à minha frente e apertei o casaco no corpo, suspirando. O lindo dia de ontem havia se transformado nessa bagunça. A segunda sessão de treino já estava atrasada há mais de 15 minutos e o pessoal da telemetria falou que demorar ainda pelo menos 25 para as nuvens saírem de cima do circuito.
Entrei de volta na garagem, desviando do carro de Danny e vi Max conversando com seu engenheiro na divisão entre as duas garagens. Ele ergueu o olhar para mim e demos um curto aceno de cabeça. Passei pelo corredor de dentro, seguindo pela sala de telemetria e ouvi o barulho de bola antes de realmente entrar na estufa dos pneus. Danny e Michael estavam lá com uma bola de futebol americano.
– Ei, baby! – Danny disse, recebendo a bola.
– Ei! – Falei, apoiando em uma pilha de pneus ali.
– Parou de chover? – Ele perguntou.
– Não, nada ainda. – Suspirei. – Estão falando uns 25 minutos ainda.
– Vão acabar cancelando. – Danny disse, jogando a bola novamente para Michael.
– Eu só consigo pensar no acampamento, vai estar tudo enlameado quando chegarmos lá. – Falei, vendo-o rir.
– Lama é bom para pele. – Michael disse e revirei os olhos.
– Me lembre de te jogar na primeira poça que eu ver, então. – Dei um sorriso sarcástico e ele revirou os olhos.
– Vocês vão sair para jantar hoje? – Michael perguntou e eu e Danny nos entreolhamos.
– Eu não sei. Honestamente só queria que isso acabasse para eu tomar um banho quente e deitar embaixo das cobertas. – Danny riu, deixando a bola de lado enquanto se aproximava de mim.
– Quer que eu peça para alguém te levar? – Ele passou as mãos em minha cintura.
– Não, baby, eu vou te esperar. – Falei, apertando minhas mãos em seu corpo e apoiei a cabeça em seu ombro, sentindo-o me abraçar apertado. – É só entediante. – Ele riu fracamente.
– É, não dá para negar isso. – Ele deu um beijo em minha cabeça. – Posso preparar algo para nós mais tarde. Um fondue, talvez?
– Você vai fazer fondue? – Perguntei, erguendo o rosto e ele riu fracamente.
– Ei, não deve ser difícil derreter chocolate e queijo. – Sorri, colando nossos lábios por alguns segundos.
– É mais do que acha. – Ri fracamente. – Mas eu te dou uma folga. – Ele passou a mão em meu rosto.
– Eu compro congelado. – Sorri.
– Hum, você está me deixando com fome… – Falei, suspirando.
– Tem a máquina de salgadinhos lá atrás. – Ele disse e ri fracamente.
– Eu sei… – Gemi fracamente, ouvindo-o rir.
– Está manhosa? – Ele beijou minha cabeça.
– Frio? Sempre! – Ele riu fracamente e ergui meu rosto para ele. – Nunca soube lidar com frio.
– Sei bem! – Ele sorriu. – E é só chuva. – Sorri.
– Espero que melhore para amanhã. – Suspirei.
– Eu gosto dessa Harper. – Ele disse e ri fracamente. – Me lembra minha melhor amiga. – Sorri.
– É… Ela está aqui ainda. – Suspirei, soltando as mãos dele devagar. – Foca aí, a gente termina depois… – Dei um beijo em sua bochecha, ouvindo-o rir.
– Ah, eu não preciso ouvir isso. – Michael disse.
– Você que pensou besteira. – Dei de ombros. – Eu te espero lá na frente. – Ele assentiu com a cabeça e deu um beijo em meu rosto. – Continue o bom trabalho, Michael! – Falei, vendo-o revirar os olhos e dei um tapinha em sua barriga, ouvindo-o rir.
– Cai fora daqui! – Ele me empurrou, me fazendo rir.
Passei pelos corredores da garagem de novo e a chuva ainda caía forte lá fora. Fui até as máquinas no fundo da garagem e tirei um saco de Doritos dela. Voltei para a garagem, vendo a mesma movimentação de antes e sentei no meu canto. Abri o saco de Doritos e esperei que tudo finalmente começasse. Até aconteceu, mas logo teve a primeira bandeira vermelha por um deslize na pista e acabaram por cancelar a sessão.
Sábado
Daniel
A música forte tocava em meu ouvido. Sentia como se estivesse em outra realidade. As pessoas andavam pela minha frente, mas o clima ainda era tenso, seja pela bandeira vermelha, ou pela quantidade de pilotos que não conseguiu fazer 107%* do tempo de Rosberg. Eu incluso. A sessão estava parada desde o final e ninguém sabia o que aconteceria, mas me preparar por uma possível Q2 era o ideal.
Senti um carinho em minha cabeça e abri os olhos, encontrando Harper se sentando em minha frente e cruzando as pernas. Ela acariciou meu tornozelo, me fazendo arrepiar e tirei os fones da orelha antes de pausar a música.
– Ei… – Ela disse.
– Ei, baby! – Falei, vendo-a sorrir. – Alguma novidade?
– Ainda não. A FIA está analisando. – Ela disse e suspirei. – Massa está bem.
– Você falou com ele? – Perguntei e ela assentiu com a cabeça.
– Sim, ele passou na frente da garagem. – Ela suspirou.
– Eu te disse. – Ela abanou a mão.
– Não adianta, você sabe que eu me preocupo. – Ela disse e dei um curto sorriso, procurando pelas suas mãos em seu colo.
– Eu faço algo legal para você hoje à noite. – Falei e ela riu fracamente.
– Como ontem? Que eu ia ganhar um fondue e acabei com você babando no meu colo? – Rimos juntos.
– É, eu falhei nessa. – Sorri.
– Bastante! – Rimos juntos e ela virou o rosto para o lado e fiz o mesmo, a chuva forte fazia com que o som dentro da garagem ficasse abafado. – Só toma cuidado se te liberarem na pista, tá? – Ela falou.
– Eu vou, baby. Eu sempre tomo. – Ela assentiu com a cabeça, suspirando.
– De pensar que quinta-feira estava um Sol lindíssimo. – Ela riu fracamente.
– Você sabe por que esse tempo? – Deslizei meu corpo pelo chão, me colocando ao seu lado.
– Como assim? – Ela franziu a testa.
– O motivo de estar esse tempo todo. – Falei.
– Hum… Não tenho ideia. – Ela disse rindo.
– Para gente recriar a cena do beijo do Shrek e da Fiona. – Ela riu fracamente, tombando a cabeça para meu ombro.
– Está bem perto disso. Só falta te segurar pelo pé. – Ela disse e ri fracamente.
– É uma boa fantasia. – Segurei sua mão, entrelaçando nossos dedos.
– Você sabe que está cheio de fotógrafos aqui, não sabe? – Ela disse e assenti com a cabeça.
– Sim, eu sei. Eu não ligo. – Suspirei. – É cansativo esconder sempre.
– As coisas estão ficando sérias, Danny… – Ela falou e virei meu rosto para ela.
– As coisas estão sérias, Harp! – Falei e ela ergueu o rosto para mim. – Qual é… – Ri fracamente. – Nos beijamos, nos vimos nus, transamos… – Ela riu fracamente. – Você chupou meu…
– Daniel! – Ri fracamente.
– Eu chupei sua… – Ela riu fracamente. – Estamos vivendo juntos de uma forma gostosa, nenhum dos dois lados quer fugir… – Ela sorriu. – Eu não quero ficar com mais ninguém, imagino que você também não porque não desgruda de mim. – Ela me mostrou a língua, me fazendo rir. – Isso é sério.
– Faz um tempo que eu fiquei com alguém… – Ela disse.
– Eu sei. – Sorri. – E faz tempo que eu me senti leve assim.
– Você sabe que eu só estou aqui porque…
– Eu sei! – Falei firme. – Você está tentando se encontrar, está pensando na Michelle, Jason, Isaac, eu me lembro de tudo isso… – Ela pressionou os lábios. – Eu não sei o que vai ser daqui 10 minutos, quiçá o resto da vida, mas eu quero ficar contigo, Harp. – Ela sorriu. – Somos jovens para pensar em filhos e talvez esteja um pouco cedo ainda… – Ela riu fracamente. – Mas te garanto que o que eu te falei lá atrás de te dar um sobrinho, já mudou.
– Talvez você me dê um enteado, vai saber! – Ela deu de ombros, me fazendo rir.
– Não tem graça! – Ela deu de ombros, sorrindo.
– Bem, estamos chegando no México. Imagina se aparece uma mexicana com um bebê no colo? O que você faria, Daniel? – Ri de nervoso.
– Oh, meu Deus! – Falei alto. – Não faz isso comigo. – Ela sorriu.
– Eu estou brincando… – Ela suspirou.
– O que eu estou dizendo é que meus planos contigo mudaram… – Ela sorriu. – Na minha visão, eu não sou mais o tio legal, eu sou o pai. – Fiz uma careta. – Ok, isso foi estranho. – Ela riu comigo. – Vamos devagar.
– É, melhor! – Ela sorriu. – Você precisa criar maturidade para si mesmo antes de tentar dar para outra pessoa. – Sorri.
– É, melhor… – Ri fracamente, sentindo uma sombra em meu rosto e vi Michael em pé. – Alguma novidade?
– Eles liberaram! A Q2 começa em 10 minutos. – Ele disse e sorri, assentindo com a cabeça.
– Quais as explicações deles? – Perguntei, enquanto me levantava.
– Como foram 11 pilotos e a culpa foi inteiramente da chuva, eles vão liberar mesmo com o tempo abaixo. – Assenti com a cabeça e estiquei as mãos para Harper levantar também.
– Vamos arrasar, ok?! – Ela apertou minha mão. – Não estou com essa trança apertando minha cabeça para gente morrer na praia, tá?! – Ri fracamente.
– Lesgo, baby! – Falei, dando um beijo em sua bochecha antes de voltar para a garagem.
Depois de um péssimo 1:39:968 na Q1 por causa da chuva, o tempo magicamente abriu e consegui reduzir para 1:23:234, ficando atrás de Nico e Max, depois consegui 1:20:108, ficando atrás das Mercedes e segurando um terceiro lugar na largada com Max em quarto. Tinha tudo para ser um bom fim de semana.
*Durante a primeira fase da qualificação, qualquer piloto que não efetue uma volta dentro de 107% do tempo mais rápido na primeira sessão de qualificação (Q1) não poderá começar a corrida.
Domingo
Harper
– Comporte-se, ok?! – Falei, subindo o zíper de seu macacão e depois bati a mão perto de seu pescoço para colar o velcro.
– Sempre. – Ele disse e rimos juntos.
– Arrasa, tigrão. – Ele piscou para mim e trocamos um rápido abraço antes de ele se virar para o carro novamente.
Suspirei, me afastado para o gramado e o vi fazer seu tradicional ritual de entrada no cockpit. Fiz um discreto sinal da cruz e subi o headphone para as orelhas novamente antes de cruzar os braços acima do peito. O calor fazia com que suor escorresse pela minha barriga e nuca, ao menos as tranças tiravam o cabelo do pescoço.
– 30 segundos, Daniel! – Ouvi a voz de Simon e as capas saíram dos pneus e vi o positivo de Danny em minha direção e retribuí.
Esses segundos sempre passavam com uma lentidão incrível, mas logo as luzes se acenderam e os carros saíram para a volta de apresentação. Fui com os mecânicos e Simon de volta para a garagem e Christian e Adrian deram acenos de cabeça para nós.
– Lesgo! – Falei e Christian assentiu com a cabeça, esticando o punho para mim.
Dei um toquinho antes de seguir para dentro da garagem, seguindo até meu canto e encontrei Michael de braços cruzados e Maria ao seu lado. Demos o mesmo toquinho que dei em Christian e me sentei no canto, apoiando os pés na parte alta do banco.
Assim que os carros voltaram, a bandeira verde passou atrás deles e as luzes se acenderam uma a uma antes de se apagarem. Por um momento as duas Mercedes e as duas Red Bulls vieram enfileiradas como na largada, mas Danny e Max abriram quase como um leque para tentar passar antes da primeira curva.
– VAI! VAI! VAI!
Os gritos dentro da garagem ficaram mais altos quando Danny conseguiu vir pela esquerda e ficar à frente das duas Mercedes por alguns segundos, mas ele estava do lado de fora da pista, então precisou fazer uma curva maior, mas conseguiu ficar à frente de Rosberg em segundo lugar.
– VAI, DANIEL! – O pessoal gritou novamente.
Já na segunda curva, Rosberg conseguiu o lugar mais seguro da pista e ultrapassou Danny novamente, me fazendo grunhir de raiva. Caralho! A corrida estava igual a largada ainda, com Max pressionando atrás de Daniel com menos de um segundo de distância e Vettel atrás de Max com menos de dois segundos.
Não tivemos nenhuma mudança na posição ou nenhuma investida de Danny, somente na décima sexta volta que ele veio para pit stop, conseguindo sair em terceiro lugar novamente. Max veio na volta seguinte, mas saiu em sexto, atrás de Kimi. Na décima oitava volta, Danny cravou a volta mais rápida com 1:25:433.
– Ei, Daniel, bom trabalho, cara! – Simon falou. – As duas Mercedes fizeram 26,9, você está agora um segundo mais rápido do que eles e seis segundos atrás de Rosberg.
A corrida não estava empolgante, mas a estagnação das posições me deixava confortável, pena que isso parecia aumentar meu nervosismo. Nada acontecia. Danny agora tinha distanciado três segundos de Rosberg no segundo Lugar e Vettel estava há quase três de Danny. Estava até que confortável, mas faltava 40 voltas para o fim ainda.
Na trigésima quarta volta, Danny veio fazer seu segundo pit stop do dia, saindo em quarto lugar, atrás das Mercedes e de Vettel, mas o ex-companheiro de equipe dele só tinha feito um pit stop, além de Max que veio para o pit stop na trigésima nona volta.
Na quadragésima, foi a vez de Hamilton e Vettel irem para o pit stop. Hamilton saiu à frente de Danny, mas Vettel ficou atrás de Kimi que ocupava a quarta posição, atrás de Danny. Na quadragésima nona volta, Palmer da Renault rodou, causando uma rápida bandeira amarela, mas ele conseguiu se recuperar sem bater e voltar para a corrida. Na quinquagésima terceira volta, Kimi melhorou a melhor volta da corrida de Danny com 1:23:086.
Faltava 15 voltas para o final quando aquela empolgação parecia crescer no peito. Danny estava há quase 10 segundos de Rosberg, difícil de se aproximar, eu sei, mas Vettel estava a 15 segundos dele, é quase como a última corrida, Danny estava correndo praticamente sozinho. Talvez fosse entediante, mas o terceiro lugar estava quase garantido. Ao menos esperava.
Faltando nove voltas para o fim, Danny se distanciou mais de Rosberg com 14 segundos, mas Vettel começou a se aproximar com pouco mais de dois segundos e meu coração começou a bater forte dessa aproximação repentina, me deixando incomodada no banco. Enquanto isso Max tentava se afastar de Kimi com menos de meio segundo de distância.
– Quatro voltas. – Michael sussurrou e assenti com a cabeça.
Sabe aquela vontade de vomitar que vem lá de dentro? Era assim que eu me sentia. Era uma situação incrível, ainda mais depois de uma corrida muito calma. Ontem caiu o mundo aqui e tivemos dificuldade na classificatória, hoje o dia amanheceu lindamente ensolarado e se manteve assim até agora. Era o pódio mais calmo que eu já vi.
Depois do segundo lugar com gosto de derrota em Mônaco, Hungria nos presenteou com esse pódio incrível e completamente inesperado.
– Última volta. – Michael disse e os mecânicos começaram a se levantar e a mexer as cadeiras antes de invadir o pit lane. – Vamos!
Michael disse após Hamilton e Rosberg passarem pela bandeira, mas Danny ainda estava a 25 segundos atrás. Deixei que ele saísse correndo com os mecânicos e só consegui dar um sorriso, sentindo as lágrimas se acumularem em meus lábios, meus pés ficaram travados no chão por alguns segundos. Quando Danny passou pela linha de chegada novamente, a voz dos mecânicos ficou mais alta mesmo lá de dentro. Me aproximei da entrada da garagem devagar e vi a bagunça dos mecânicos e do pit wall e sorri quando Christian abriu os braços para mim.
– Deu certo! – Ele falou, me fazendo rir e abracei-o apertado.
– Deu certo! – Gargalhei com ele antes de abraçar Adrian e Simon. – Bom trabalho, caras!
– Um pódio, Harper! – Simon disse rindo ao me abraçar.
– Um pódio! – Sorri.
– São as tranças! – Ele brincou, me fazendo rir.
– Nunca mais vou tirar! – Rimos juntos.
– Vem, Harper! – Michael disse à alguns passos de mim e segui correndo com ele e com os mecânicos a frente.
A Mercedes e os fotógrafos já tinham tomado conta da grade, então foi difícil chegar perto dele, mas consegui ver Danny sair de seu carro do outro lado e se aproximar. Ele se aproximou da grade, ainda de capacete, procurando por nós e conseguiu bater na mão de Michael e de alguns mecânicos antes de ser chamado pelos organizadores da FIA.
– Ele conseguiu. – Suspirei, sentindo Michael me abraçar de lado.
– Ele conseguiu. – Ele disse.
– Ah, meu Deus. – Suspirei, respirando fundo. – É tão bom estar aqui.
– Eu disse. – Ele disse, me fazendo rir.
Daniel
A PORRA DE UM PÓDIO!
Cara! Parece uma eternidade poder falar isso.
Mônaco era para ser lembrado como um dia incrível, mas aquele segundo lugar por um erro de equipe trouxe um péssimo amargor à boca. Agora, Hungria, quase dois meses depois, um pódio que eu nem esperava. Depois de várias vezes na temporada largando em terceiro e caindo de posição, conseguir finalmente finalizar a corrida em terceiro havia sido incrível!
A corrida havia sido relativamente entediante. A estratégia de fazer o pit stop mais cedo para pressionar as Mercedes não adiantou, especialmente no fim da corrida que Nico foi se distanciando cada vez mais de mim, mas conseguir manter as Ferrari e Max atrás de mim foi o ponto alto do dia.
– BOM TRABALHO, DANIEL! ISSO FOI INCRÍVEL! – A voz de Christian estourou em meu fone, se misturando com os gritos de dentro da garagem. – Fantástico, cara!
– Obrigado, Christian. – Falei, acenando para as arquibancadas enquanto dava a volta da vitória.
– Interrompendo a festa, Daniel, você vai para a garagem da FIA, chegando lá você desliga o motor, espera cinco segundos, depois desliga o carro completamente antes de sair. – Simon disse.
– Entendido!
– Parabéns, cara! – Simon disse rindo. – Foi perfeito!
Gargalhei sozinho a caminho do pit lane e desviei das duas Mercedes para parar o carro na frente da placa de terceiro lugar. Tirei o volante, colocando em cima do carro, depois soltei o capacete do headrest e os cintos antes de tirar a proteção de braços, apoiando-a em cima do carro. Uma câmera estava ao meu lado e eu só consegui fazer sinais positivos.
Os organizadores já estavam ao meu lado e estava difícil encontrar os rostos da Red Bull com a massa de Mercedes ali. Estiquei a mão para eles, cumprimentando alguns, mas o rosto de Harper não me apareceu entre eles. Cara, como eu quero beijá-la. Essas benditas tranças!
Gargalhei sozinho com esse pensamento antes de entrar na garagem da FIA e subir na balança. O organizador do lado me cumprimentou antes de eu entrar no prédio, seguindo para o segundo andar. Tirei o capacete antes de chegar lá em cima e acenei com a cabeça para as grid girls, rindo sozinho, lembrando do ciúme de Harper com elas.
Lá em cima já estava Nico, Lewis e o engenheiro da Mercedes. Deixei meu capacete, headrest, balaclava e luvas na mesa quando Lewis esticou a mão para mim.
– Parabéns, cara! – Ele disse e sorri.
– Parabéns para você também! – Cumprimentei o engenheiro da Mercedes e dei um toquinho nas costas de Nico que terminava de tirar suas coisas.
Peguei uma garrafa de água na mesa e me sentei no sofá, virando-a quase inteira na boca.
– Você tentou, hein?! – Nico disse, esticando a mão e deu um tapa na mesma. – Mais sorte da próxima vez.
– Filho da mãe! – Falei gargalhando, lhe mostrando o dedo do meio, fazendo-o rir.
– E aí, garoto? – Virei o rosto para porta, vendo Maria ali.
– Ei, Mary! – Falei rindo.
– Parabéns! – Ela sorriu e trocamos um toquinho. – Foi bom!
– Foi! – Falei rindo, virando mais um gole de água.
– Seus amigos estão felizes. – Ela disse e ri fracamente.
– Deu certo! – Ri fracamente.
– Ela nunca mais vai tirar aquelas tranças. – Gargalhamos juntos.
– Ela me mata! – Falei rindo.
– Vamos, senhores? – O organizador da FIA falou e me levantei.
– Te vejo depois! – Maria disse e ri fracamente.
– Em terceiro lugar, da Austrália… – Peguei o boné da Pirelli, colocando apressado na cabeça. – Daniel Ricciardo! – Saí para o pódio, vendo o mar de gente lá embaixo e cumprimentei o pessoal antes de subir no terceiro lugar.
Tentei espiar lá embaixo enquanto Lewis e Nico faziam suas entradas. O hino da Inglaterra começou a tocar e éramos países irmãos, acabava sendo empolgante também. Ri quando vi Harper no meio do pessoal no ombro de alguém e aposto que Michael a segurava! Indiquei-a, rindo sozinho, mas me distraí com os prêmios começando a serem entregues.
Lewis recebeu o dele, depois seu engenheiro, então Nico e depois eu. O cara até falou algo, mas eu só consegui agradecer. Beijei o prêmio, antes de erguer pelos ares, recebendo os gritos do pessoal da Red Bull e Harper logo sumiu da minha visão quando foi abaixada.
– Hora do champanhe! – Ouvi o grito antes de bater a garrafa no chão e espirrar a bebida em Lewis.
Espirrei a bebida para todos os lugares, depois Nico espirrou em minhas costas, fazendo o líquido deslizar pelo meu corpo, dando uma sensação de alívio. A diversão acabou quando as grid girls subiram no palco e aproveitei para oficialmente beber um gole do champanhe antes de colocar o boné da Red Bull.
O apresentador veio fazer algumas perguntas para Lewis e Nico que acabaram falando sobre a dificuldade que eu ofereci para eles, especialmente nas três primeiras curvas. Ao menos foi uma corrida que competi de verdade, diferente de outras dessa temporada em que tudo começou devagar.
– Chegando aqui temos Danny Ric! – Ele me chamou e passei Lewis e Nico para me aproximar. – Você está familiarizado com esse pódio aqui… – O público gritou, me fazendo sorrir. – É, o pessoal te ama! Você já esteve aqui algumas vezes, isso é o suficiente para o sorriso voltar ao seu rosto? – Ele perguntou, me fazendo rir.
– Sim, definitivamente. – Falei rindo. – Se esse barulho não faz, imagino o que faria. É! Obrigado, galera, é incrível ter outro pódio esse ano, o primeiro foi meio amargo, mas esse eu posso realmente aproveitar. Com certeza o sorriso voltou, muito feliz em estar aqui de volta ao pódio. E como Lewis disse, os fãs são incríveis, obrigado a todos. Obrigado a equipe, continuamos melhorando e isso é incrível! – Falei, indicando a equipe lá embaixo.
A pergunta voltou para Lewis e aproveitei para cumprimentar os fotógrafos que ficavam ali em cima e voltei a acenar para os macacões azuis ali embaixo, indicando o prêmio para eles. Ainda quero um primeiro lugar, mas é bom voltar para aqui depois de seis corridas.
Capítulo 26
Perth, Austrália, 2007
– Eu te amo, mãe! – Harper disse enquanto Helena a apertava.
– Se você precisar de qualquer coisa, a menor que seja, peça para sua tia! – Helena disse. – E se você precisar de um abraço, um beijo ou um colo, eu chego em Sydney em quatro horas e compro a passagem mais cara para você.
– Mãe… – Harper gemeu entre os braços de sua mãe.
– Helena, ela já entendeu! – Alex disse, fazendo Harper rir por cima do ombro de sua mãe.
– Que seja tudo o que você imaginou, meu amor. – Helena segurou o rosto de Harper com as mãos. – Que você se torne uma chef incrível e vá atrás dos seus sonhos.
– Ela vai se você a soltar, amor! – Alex disse e Helena lhe deu um tapa, fazendo Harper rir.
– Eu vou ficar bem, mamãe! – Harper disse, segurando o rosto da mãe. – Sydney é ali do lado. – A menina deu de ombros e Helena afagou os cabelos da menina.
– Eu te amo, querida. Se nada mudar, eu venho na Páscoa, tá?! – A menina disse e Helena assentiu com a cabeça, sentindo sua mãe apertá-la fortemente de novo.
Enquanto isso, do outro lado do salão, outra pessoa também era espremida nos braços da mãe, mas a distância não era só quatro mil quilômetros como era Perth e Sydney, era quase 13.500 quilômetros.
Daniel estava de mudança para Faenza, uma pequena cidade no centro da Itália, perto de Bolonha. Lá era perto de alguns programas juniores como Red Bull e Ferrari e ótimos centros de treinamentos para ele tentar subir para alguma categoria mais importante. Começaria na Fórmula Renault 2.0 e esperava um patrocínio para ajudá-lo nos gastos.
Depois de muita discussão dos dois lados e combinação das horas, Harper concordou com um voo noturno e sua tia de Sydney a pegaria no aeroporto após quatro horas de voo. Já Daniel tinha longas horas de voo, pararia em Singapura, depois Zurique, chegaria em Milão e ainda precisaria pegar um trem para Bolonha e um ônibus para a pequena cidade.
– Se cuida, mocinho! – Helena disse para Daniel, acariciando seu rosto. – E sucesso para você. Estaremos torcendo por você!
– Obrigada, tia! – Daniel a abraçou apertado.
– Te vemos nas férias. – Tio Alex disse, puxando o menino para um abraço.
– Obrigada, tia Grace! – Harper disse rindo. – Eu estarei em casa no mês que vem!
– É muito tempo! – Grace disse apertando a menina.
– Grace, eles precisam ir! – Joe disse e a mulher a soltou. – Sucesso, criança! Vá ser uma chef de sucesso.
– Eu vou tentar! – Harper disse rindo.
– Aprenda a fazer coisas gostosas para gente comer, tá?! – Michelle disse e Harper riu, já não aguentando as lágrimas dentro dos olhos quando abraçou a irmã de Danny. – Eu te amo.
– Eu também te amo! – Harper sussurrou.
– Se você precisar de qualquer coisa, eu chego em dois minutos. – Michelle disse dramaticamente.
– Eu sei! – Harper suspirou. Michelle era quase sua irmã mais velha também.
– Se cuida, ok?!
– Vocês também! – Harper sorriu, se virando para Jason e abraçou-o apertado.
– Se cuida, garota! – Ele disse.
– Obrigada, Jay! – Ela disse, soltando-o devagar.
A menina se afastou, vendo Daniel olhando para ela e ele lhe estendeu a mão. O garoto a abraçou pelos ombros e seus pais, irmã e cunhado os olhavam com lágrimas nos olhos. Depois de três anos sem praticamente se falar, ambos seguiriam para lados completamente diferentes para lutar pelos seus sonhos.
– É melhor vocês irem… – Joe disse, sentindo as palavras azedas em sua boca.
– A gente se vê… – Harper disse com uma incerteza na voz, vendo as lágrimas deslizando pelas bochechas de sua mãe.
– Eu amo vocês. – Danny disse, fazendo sua mãe respirar fundo. – Você está pronta? – Ele se virou para Harper.
– Não, mas não temos escolha. – Ela disse e o garoto assentiu com a cabeça.
– Eu te amo. – Ele disse e ela assentiu com a cabeça, pulando nos braços dele e o abraçou apertado.
– Eu também te amo! – Ela disse com a voz embargada.
Se alguém conseguiu segurar as lágrimas, acabou naquele momento. A forma que os braços de Danny a apertaram pelas costas e como as mãos dela apertaram a camiseta dele, era quase um desespero. Eles queriam ir, sabiam que não poderiam ir juntos, mas a dor falava mais alto. O garoto beijou sua cabeça e ela suspirou ao afastar o rosto, passando as mãos no rosto.
– Toda vez! – Ele disse, passando as mãos nos olhos, fazendo-a rir.
– Vamos… – Ela disse com mais firmeza na voz.
– Vamos. – Ele disse.
A menina virou para os pais mais uma vez, dando um curto sorriso antes que as lágrimas voltassem a escorrer de seus olhos e recebeu o mesmo sorriso triste deles. Seu rosto desviou quando sentiu a mão de Danny na sua e ela puxou a respiração fundo. Os olhos cor de mel do garoto a olharam e ela assentiu com a cabeça.
As mãos entrelaçaram e eles viraram o rosto para o longo corredor onde vários passageiros e acompanhantes andavam. Os pais vinham logo atrás, mas agora era um momento deles, eles precisavam fazer isso sozinhos.
O salão de embarque internacional apareceu do lado esquerdo e o nacional do lado direito. Uma forma até poética de separar os caminhos de ambos, mas eles tinham planos e, se esses planos dessem certo, estariam juntos quando menos esperassem.
Eles se olharam quando chegaram no meio da movimentação e Danny deu um sorriso para Harper, assentindo com a cabeça. Ela fez o mesmo, abraçando-o e eles ficaram alguns minutos quietos. Não tinha mais o que falar, as palavras já tinham se perdido há muito tempo.
– Eu te amo. – Eles sussurraram juntos.
– Eu sei! – Riram quando falaram juntos novamente.
– Boa sorte. – Ela disse fracamente.
– Você também! – Ele disse. – Faça algo bom para eu comer, ok?!
– Fica rico para me deixar metida com motivo, tá?! – Riram juntos.
– Pode deixar! – Ele riu.
Os olhos se focaram por mais alguns segundos, antes da menina desviar para os pais novamente. Os oito já choraram muito, agora era hora de encarar. Alguns acenos de mãos foram dados antes de eles viraram de costas mais uma vez. Eles caminharam de mãos dadas pelo caminho que faltava e as mãos naturalmente se separaram quando precisaram ir para lados diferentes.
O olhar para trás foi inevitável, era como se uma parte de cada ficasse para trás. Ao menos sabiam que, caso se sentissem sozinhos, era só olhar para dentro de si que veriam uma marca enorme do outro aquecida dentro deles.
Os rostos precisaram se virar para frente quando chegaram suas vezes de entrar em seus salões de embarque, mas dessa vez não tinha mais lágrimas deslizando pelas bochechas, curtos sorrisos de orgulho apareceram em seus rostos. Estavam indo atrás de seus sonhos e tinham o apoio do outro. Itália e Sydney eram distantes, mas sempre teriam Perth.
E, mais importante, sempre teriam o outro.
Mogyorod, Hungria, 2016 – Domingo
Harper
– Você nunca mais vai poder tirar isso na sua vida! – Michael disse rindo.
– Meu Deus! Aposto que foi só coincidência! – Falei, rindo.
– Eu não o tipo supersticioso, mas foi uma coincidência enorme! – Christian disse, me fazendo rir.
– Ah, cara! Vocês não têm ideia de como isso aperta a cabeça. – Passei a mão nas tranças embutidas.
– Bem, você pode tirar até semana que vem, depois tem um mês para relaxar. – Adrian disse, me fazendo rir.
– Mas eu cantei a bola! – Falei firme. – Quinto, quarto, falei que podia acontecer e aconteceu! – Dei de ombros.
– Acho que temos um lugar vago no nosso restaurante, sabe… Só por precaução. – Helmut disse, me fazendo rir.
– Ah, não! Eu e Danny estamos nos dando bem, mas a longo prazo pode virar uma bomba atômica. – Falei rindo.
– O que estão falando? – Virei o rosto na pressa, vendo Danny entrar com Maria no motorhome da Red Bull.
– AH! – Meu grito saiu mais alto que o esperado e pulei nos braços de Danny, sentindo-o me pegar no colo pelas pernas e enrolei-as em sua cintura. – Um pódio, baby!
– Ah, baby! – Ele sussurrou em meu ouvido.
– Eu estou tão feliz por você! – Ele girou meu corpo e ri fracamente, colocando os pés no chão.
– Você me deu sorte. – Ele disse, apertando minha cintura. – Essas tranças estão com uma fama boa. – Ri fracamente.
– Não… – Acariciei seu rosto. – Foi tudo você e os meninos! – Ele sorriu e nossos lábios se colaram por alguns segundos.
– Eu te amo. – Ele disse e pisquei para ele.
– Aproveita! – Falei, me afastando dele e suas mãos deslizaram pelo meu corpo antes de ele dar um beijo em minha testa.
– FALA, GAROTO! – Christian falou alto e ri fracamente, notando minha camiseta com pontos de manchado e o cheiro de champanhe denunciou que Danny ainda estava molhado da comemoração do pódio.
Ri fracamente, vendo Danny passar por todo mundo que estava no motorhome, inclusive Max e sua equipe. Peguei as últimas batatas fritas do meu prato, colocando na boca e apoiei o corpo na mesa para terminar com o suco. Danny ficou muito tempo preso na comemoração, depois coletiva e entrevista com a imprensa, eu precisei comer algo e terminei com um hamburger delicioso.
– Obrigado, caras! Foi incrível! Espero que possamos ir atrás de mais! – Danny disse e ri fracamente, aplaudindo-o com o restante do pessoal. – Você precisa de mim, Maria?
– Não, não. Você pode dar uma respirada até a reunião dos engenheiros. – Ela disse.
– Ok, eu vou tomar banho e depois falar com os caras lá na garagem! – Danny disse.
– Combinado! – Maria disse e Danny se aproximou de mim de novo.
– Você sobe comigo? – Ele perguntou e ri fracamente.
– Claro. Preciso me trocar também. – Falei, ouvindo-o rir.
– Eu te molhei, né?! – Ele disse e sorri, passando as mãos em seus ombros.
– E não de uma forma boa. – Rimos juntos e nossos lábios se tocaram mais uma vez.
– Hum, isso me lembra de uma coisa… – Ele sussurrou.
– Pode ser falado em público? – Perguntei, sentindo-o deslizar o nariz em meu rosto.
– Algo que eu diga pode ser dito em público? – Ele brincou e ri fracamente, pressionando nossos lábios por alguns segundos.
– Nunca! – Falei, ouvindo-o rir.
Nos separamos e vi Michael rir de nós quando nos afastamos. Segui na frente de Danny até o segundo andar e empurrei a porta de seu vestiário. Senti sua mão em minhas costas e virei meu corpo para ele quando parei no meio do cômodo.
– Ah, cara. Um pódio. – Ele disse, fechando a porta e ri fracamente.
– Eu te disse que você estava perto! – Ele me abraçou pela cintura, inclinando meu corpo para trás, me fazendo rir.
– Foram suas tranças! – Ri fracamente, sentindo-o beijar meu pescoço.
– Eu perdi jogos de cricket quando estava com elas, ok?! – Sua risada ficou abafada em minha pele.
– Não acaba com minha diversão. – Ele disse e segurei seu rosto, dando um beijo em seus lábios.
– Nunca. Eu estou feliz por você. – Ele sorriu, puxando meu corpo para si e endireitei as costas.
– Eu estou feliz que esteja aqui comigo. – Sorri. – Eu te vi do pódio. – Ri fracamente.
– O Nigel me pegou! – Falei rindo. – Quase caiu eu, ele, Michael e todo mundo, mas… – Ele riu gostoso.
– Eu estou feliz que eles estão gostando de você. Eles nunca fariam isso com a…
– Você não vai falar dela hoje. – Falei, acariciando seu rosto.
– Só comparando como você é mais perfeita. – Ri fracamente.
– Só nos seus olhos. – Dei um beijo em seus lábios, vendo-o sorrir.
– Minha Wandinha. – Ele sussurrou, me fazendo sorrir.
– Não é estranho você usar meu apelido infantil quando está com outras intenções? – Ele riu fracamente.
– O quê? Eu só quero brincar contigo… – Ri fracamente.
– Ah, você é muito brega! – Nossos lábios se tocaram novamente.
– A culpa é toda sua! Você assim está me dando várias ideias. – Ri fracamente.
– Termine o que precisa fazer que eu deixo você testar suas ideias comigo. – Falei, ouvindo-o rir e nossos lábios se tocaram por alguns segundos antes de suas mãos se afastarem de seu corpo.
– Essa é uma das coisas que nunca pensei em ouvir minha Wandinha falando. – Ele disse, seguindo até sua mochila.
– Acredite, eu nunca pensei que diríamos ou faríamos várias coisas um com o outro, mas aqui estamos. – Pisquei para ele, ouvindo-o rir.
– Como: me acompanha no banho? – Ri fracamente.
– É, como isso. – Me aproximei dele, pegando minha mochila. – E não. Finaliza isso logo para gente curtir em outro lugar.
– Você é má! – Danny disse, me fazendo rir.
– Não, só prática. – Falei sorrindo. – Agora vá! – Indiquei a porta do banheiro. – Eu vou me trocar e te espero lá embaixo.
– Logo saio. – Ele piscou, seguindo até o banheiro, me fazendo rir com esses papos com várias intenções erradas.
Daniel
– Você já tem um desse, não tem? – Harper comentou enquanto eu abria a porta.
– Sim, ano passado. – Falei, empurrando a porta do motorhome e deixei Harper entrar na frente com o troféu em mãos.
– Eu vi em Mônaco, agora você tem dois iguais! – Ela riu fracamente.
– É, queria um primeiro lugar. – Falei, fechando a porta.
– Ah, você nunca está satisfeito! – Ela bufou, colocando o troféu na bancada.
– O dia que eu ficar satisfeito, eu me aposento! – Falei, tirando a mochila das costas e colocando-a no sofá.
– Mesmo assim, não faz nem 24 horas! Nem cinco, na verdade! – Ela disse, também jogando a mochila no sofá. – Aproveita isso, depois você corre atrás do próximo! Já é na semana que vem, quem sabe não vem um segundo lugar agora? – Ela disse, se aproximando de mim e suspirei.
– Vai continuar com as tranças? – Perguntei, andando até ela, vendo-a rir.
– Eu vou tirar, porque eu preciso lavar os cabelos, mas na sexta-feira eu faço de novo. – Passei as mãos em sua cintura.
– Você fica linda assim, sabe? – Comentei.
– Você sempre me achou linda, Danny. – Ela disse, fazendo um bico nos lábios. – Aposto que você era apaixonado por mim desde antes. – Ri fracamente.
– Talvez sim… Você é facilmente apaixonável. – Ela riu fracamente e segurei a ponta de sua trança
– E você é muito brega! – Ela apoiou as mãos em meu peito.
– Eu sei. – Acariciei seu rosto. – Acho que me tornei pior contigo. – Ela riu fracamente.
– Eu gosto… – Ela sorriu, roçando nossos narizes.
– Pronta para aproveitar comigo agora? – Perguntei, sentindo suas mãos em minha nuca.
– O quê? Nem dois meses juntos e já estamos transando com hora marcada? – Ri fracamente, colando meus lábios em seu rosto.
– Você que não quis transar comigo no vestiário. – Falei, ouvindo-a rir.
– Não querer é uma expressão forte, eu só não acho que era o ideal quando você tinha muito o que fazer. – Ela disse e minhas mãos foram para dentro de sua blusa.
– Agora é o momento ideal? – Perguntei, descendo meus lábios para seu pescoço e ela ergueu o queixo.
– Adoro como ficamos dependentes um do outro muito fácil. – Ela disse e ri fracamente. Deslizei meu nariz em seu pescoço até roçar em seu nariz novamente.
– Sempre fomos, mas o sexo… – Ela riu fracamente. – Torna tudo melhor, vai.
– É… Torna! – Ela riu fracamente. – Sempre achei que seu lado metido fosse papinho…
– Ah, é?! – Falei, rindo.
– Você sempre foi egocêntrico, vai ver era só conversa…
– Não… – Mordisquei seu lábio inferior. – Eu me garanto nessa parte. – Ela riu fracamente.
– Ah, cara! – Ela segurou meu queixo. – Eu nunca quis ficar com alguém metido como você…
– Mas… – Ergui o rosto, dando um sorriso presunçoso.
– Mas talvez isso só dê certo porque eu sei lidar contigo desde sempre.
– É… Talvez sim! – Falei, rindo. – Ou porque eu sou incrível… – Ela riu fracamente.
– Apesar de tudo, não consigo negar. – Ela disse séria.
– Eu te amo, baby. – Falei e ela sorriu.
– Eu também te amo. – Ela disse.
– Vem cá… – Puxei-a pelo cós da calça jeans e ela riu fracamente antes de nossos lábios se tocarem.
Minhas mãos deslizaram para sua cintura, colando seu quadril no meu e seus braços foram para meus ombros. Dei alguns passos em direção à bancada, colando-a nela e ela virou o rosto apressada para o lado e virei com Harper, vendo o troféu ali.
– É melhor tirarmos isso daqui. – Ela disse rindo.
– Se quebrar eu tenho outro. – Falei, distribuindo beijos pelo seu rosto.
– Daniel… – Ela disse rindo.
– Ah, ok, ok! – Deslizei minhas mãos de seu corpo, pegando o prêmio e o levei até o sofá antes de voltar para Harper. – Satisfeita?
– Sim, só não invente de me levar para o sofá! – Ela disse e ri fracamente, pressionando meu quadril no seu novamente.
– Precisamos treinar como chegar naquele quarto sem eu te derrubar. – Ela negou com a cabeça e colou nossos lábios novamente.
Minhas mãos apertaram seu corpo novamente e nossas línguas se encontraram em seguida. Suas mãos acariciaram minha nuca, puxando alguns fios dos cabelos. Inclinei meu corpo para frente, colando meu peito no seu e minhas mãos desceram pelas suas pernas, segurando firme em sua coxa. A ergui, sentindo-a apertar meus ombros e a coloquei sentada na bancada onde antes estava o troféu. Harper riu, fazendo nossas bocas se afastarem por alguns segundos.
– Você está com pressa… – Ela sussurrou.
– Uhum… – Falei, passando as mãos em sua cintura, endireitando as costas novamente.
– Temos tempo… – Ela disse, me puxando pelo queixo novamente e ela distribuiu curtos selinhos antes de deslizar sua língua pelos meus lábios.
Suguei sua língua para minha boca e apertei as mãos em suas coxas, deslizando para dentro de seu short. Nossos lábios se movimentaram com urgência e suas mãos deslizaram pelas minhas costas, puxando minha blusa e mordisquei seu lábio inferior antes de nos afastar. Puxei minha camiseta pela gola, tirando-a com pressa e joguei-a para o lado antes de me colocar entre suas pernas novamente.
Ela apoiou a mão na base das minhas costas, fazendo meu corpo se arrepiar e segurei em sua nuca novamente, pressionando nossos lábios. O ar começou a faltar conforme o beijo ficava mais rápido, fazendo nossos narizes roçarem com pressa. Minhas mãos foram para a barra de sua blusa e puxei-a para cima, fazendo nossos lábios se afastarem com o movimento e joguei-a para o lado.
Trocamos um rápido sorriso antes de nossos lábios se tocarem novamente e dessa vez aproveitei mais o gosto de seus lábios enquanto suas mãos em minha cintura faziam meu corpo se arrepiar com o deslizar de seus dedos. Finalizei o beijo com alguns selinhos antes de descer os lábios pelo seu maxilar até chegar em seu pescoço.
Deslizei o nariz pelo local, depois distribuí curtos beijos por ele até chegar na base de seu pescoço. Dei uma mordiscada de leve na pele antes de sugar por alguns segundos, ouvindo os lábios estalarem quando me afastei.
– Ah, Daniel… – Ela suspirou e segurei firme em sua cintura, deslizando meus lábios pelo seu pescoço.
Suas mãos apertaram meus braços e distribuí curtos beijos pelo seu pescoço antes de deslizar meu rosto para o seu novamente, roçando nossos narizes. Suas mãos foram para meu rosto, negando com a cabeça e sorri.
– Você vai deixar marcado… – Ri fracamente.
– É a intenção. – Falei, dando um sorriso e ela negou com a cabeça.
– Já temos muitas tatuagens juntos…
– Essa é mais especial. – Falei, descendo as mãos até seu short.
– Metido! – Ela sussurrou e ri fracamente.
Abri o botão de seus shorts, puxando os lados pelo cós e ela apoiou as mãos na lateral da bancada para que eu conseguisse puxá-lo, vendo a calcinha vir junto e puxei-a também. Ela riu fracamente e deixei as peças de roupas cair entre nós e chutei-as para o lado. Minhas mãos foram para suas pernas novamente e me coloquei entre elas.
Nossos lábios tocaram novamente, ficando em um curto roçar e pressionei meu corpo no seu. Minha mão procurou pela sua virilha, encontrando-a e deslizei os dedos em sua vagina, ouvindo-a suspirar.
– Dan…
– Relaxa, baby. – Falei, ouvindo-a rir fracamente.
Dei curtos beijos em sua bochecha, ouvindo-a sua respiração perto de meu ouvido e comecei a circular meus dedos em seu clitóris de forma devagar e contínua. Suas mãos deslizaram pelo meu corpo, me segurando pela cintura. Nossos lábios se roçaram e procurei pelos seus olhos, recebendo um sorriso em seguida.
Harper soltou um suspiro que fez meu pênis começar a apertar dentro da calça e soltei um suspiro com ela. Meus dedos deslizaram com mais facilidade em sua vagina pela lubrificação e deslizei o dedo médio para dentro dela, ouvindo-a suspirar e sua respiração saiu com força em meu rosto.
Ela se ajeitou na bancada, entreabrindo mais as pernas e sorri quando ela facilitou meu trabalho. Beijei seu rosto e me coloquei um pouco mais para o lado e abracei uma perna sua colada em meu corpo. Meus dedos trabalharam um pouco mais em seu clitóris antes de deslizar pela sua entrada. No momento em que meus dedos entraram nela, senti meu pênis apertar mais forte.
Ela soltou um suspiro mais forte, apertando as mãos em meu corpo e ergui meu rosto para ela, vendo os seus olhos pressionados. Ela mordiscava o lábio inferior e rocei meu nariz no seu, vendo-a erguer o rosto e nossos lábios se tocaram em um curto beijo.
– Me ajuda com isso… – Falei, ouvindo-a rir fracamente, mas suas mãos foram para minha calça, abrindo o botão com pressa.
Meus movimentos desaceleraram, porque ela continuou os movimentos. Ela abaixou um pouco da calça e depois puxou a boxer junto. Minha força acabou quando senti sua mão em meu pênis e soltei um longo suspiro, ouvindo sua risada perto de meus lábios.
– Já? – Ela sussurrou e ergui meu rosto para ela.
– Isso é malvado. – Falei e ela mordiscou meu lábio inferior.
– Pega uma camisinha para gente aproveitar juntos… – Ela ordenou, me fazendo rir.
– Quer ficar aqui? – Sussurrei e ela assentiu com a cabeça em um roçar de narizes.
Terminei de tirar a calça e a boxer, chutando-as para o lado e procurei minha mochila, puxando mais de uma, vendo-as caírem pelo chão e voltei para Harper, ouvindo-a rir. Fui para o meio de suas pernas novamente e lhe estiquei o pacote entre meus dedos.
– Nisso dá para você desacelerar, baby… – Ela sussurrou, pegando a camisinha e ri fracamente.
– Não dá. – Ela sorriu.
– Tenta segurar um pouco mais. – Ela abriu a embalagem, se livrando dela para o lado e Harper me abraçou pelas pernas.
Prendi a respiração quando suas mãos foram para meu pênis novamente e ela deslizou a camisinha devagar, me fazendo suspirar. Ela deu um beijo em minha bochecha quando terminou e olhei em seus olhos novamente. Colei nossos lábios novamente e suas mãos foram para minha nuca.
Minhas mãos foram para suas pernas, puxando-a um pouco para frente e suas pernas se fecharam com mais força em minha cintura. Segurei meu pênis com a outra mão e guiei até sua entrada, sentindo nossos lábios se afastarem quase imediatamente. Ela mordiscou meu lábio e deslizei para dentro dela devagar.
Ela soltou um suspiro lento e fechei minhas mãos em sua cintura, colando nossos corpos. Nossos lábios se encontraram em leve roçadas e fechei minhas mãos em suas costas, sentindo-a fazer o mesmo.
Mantive nossos corpos parados por alguns segundos antes de começar a deslizar meu quadril em sua direção em movimentos de vai e vem. Suas mãos apertaram em minhas costas, deslizando as unhas pelo local. As minhas se mantiveram com firmeza entre suas coxas e o começo de sua bunda conforme os movimentos ficavam cada vez mais rápidos.
Meus suspiros e de Harper começaram a se misturar e ela apertou as mãos em minha nuca. Nossos lábios roçaram em beijos desajeitados conforme nossos sexos se batiam com força. Os gemidos de Harper começaram a ficar mais altos, me fazendo suspirar. Apertei suas coxas com mais força, puxando-a mais para beirada da bancada e a pressão em meu pênis começou a aumentar.
– Porra. – Suspirei, apoiando meu rosto em seu pescoço. Não foi mais do que três estocadas para eu gozar. – Ah!
– Um pouco mais, baby… – Ela suspirou e levei o polegar da mão direita até seu clitóris, deslizando com força enquanto movimentava o quadril mais lentamente dentro dela. – Só um pouco mais… – Ela suspirou, apertando meus cabelos da nuca. – Isso… Isso… Ah! – Ela suspirou, tombando a cabeça para trás. – Merda! – Ri fracamente, erguendo o rosto para ela.
– Merda. – Repeti, ouvindo-a rir e ela segurou meu rosto, puxando-o para colar os lábios.
Dessa vez o beijo foi mais rápido, fazendo nossos lábios se afastarem e entreabrirem para respiração sair com mais facilidade. Ela passou a mão em minha testa, depois em meus cabelos e sorri quando ela tentou arrumá-lo.
– Você está bem, baby? – Perguntei, acariciando seu rosto.
– Eu sempre estou bem contigo, baby. – Ela disse e pressionei meus lábios em seu rosto.
– Já volto. – Falei e ela assentiu com a cabeça.
Deslizei meu pênis para fora dela, ouvindo-a suspirar e fui até o banheiro.
Me livrei da camisinha e aproveitei para mijar e me limpar antes de sair. Harper continuava no mesmo lugar, com o corpo tombado para trás e sorri, me aproximando dela novamente. Passei a mão em suas pernas, vendo-a abrir os olhos sonolentos e sorri.
– Vem, vou te levar para cama. – Ela riu fracamente e me coloquei entre suas pernas novamente, pegando-a no colo e ela me abraçou pelos ombros e fechou as pernas em minha cintura.
Andei pelo motorhome, tomando cuidado para não tropeçar ao subir pelos degraus finos e curtos até o quarto. Harper bateu suas costas, depois bati minha cabeça e acabei colocando-a na cama entre risadas.
– Ai, essa doeu! – Falei ouvindo-a rir e ela rolou pela cama, tirando o edredom de cima dela para se ajeitar melhor.
– Liga o ar? – Ela pediu e assenti com a cabeça, apertando o botão da climatização do motorhome.
– Você está com fome? – Perguntei, me sentando na beirada da cama e ela suspirou, passando a mão na ponta da trança.
– Eu sempre estou com fome, baby. – Ela disse, me fazendo rir. – Mas acho que preciso de uns cinco minutos. – Sorri, vendo-a desfazer o laço na ponta da trança.
– Quer ajuda? – Ofereci e ela ponderou com a cabeça antes de se sentar.
Me sentei mais para dentro da cama e deixei-a entre minhas pernas. Ela começou a desfazer a trança que estava mexendo e estourei o elástico da outra ponta antes de começar a desfazer a trança de baixo. Meus lábios foram para sua nuca algumas vezes, ouvindo-a rir e após várias voltas, seus cabelos estavam soltos lado a lado com as tradicionais marcas de frisado pelos três dias preso.
– Até relaxou agora. – Ela disse e ri fracamente, abraçando-a pela cintura.
– Dá dor de cabeça, né?!
– No dia a dia não, mas depois de muito tempo sim. Especialmente para dormir com ele. – Apoiei meu rosto em seu pescoço.
– Você não precisa usar isso para me dar sorte, eu não sou supersticioso. – Ela riu fracamente, apertando meus braços.
– Eu sei, baby, mas até eu fiquei intrigada agora. – Ri fracamente.
– Você fica linda de qualquer forma, baby. Faça o que achar melhor. O pessoal vai implicar, mas vai saber… – Ela riu fracamente.
– Talvez só mais uma semana? – Ela virou o rosto para mim e sorri, dando um curto selinho em seus lábios.
– Depois temos as férias. – Ela riu fracamente.
– É… Até eu estou empolgada por isso. Ficar longe do paddock um tempo. – Ri fracamente.
– Mas você está gostando, certo?
– Eu estou, baby, eu estou contigo… – Ela virou o corpo um pouco para mim. – A falta de privacidade me incomoda um pouco… – Ri fracamente. – Por mim a gente ficava escondido aqui para sempre. – Ri fracamente.
– Por isso precisamos aproveitar as férias juntos. – Ela riu fracamente.
– Vamos pensar na próxima corrida, depois vemos sobre isso, ok?! Os caras querem você, sei que você tem alguns compromissos comerciais em L.A… Não vamos apressar as coisas…
– Disse a garota que adora apressar tudo. – Ela riu fracamente.
– É… É isso. – Rimos juntos.
– Te amo, minha Wandinha. – Ela sorriu.
– Também te amo, Danny. – Apertei-a em meus braços, colando nossos lábios por alguns segundos.
Mônaco
Harper
– Baby! – Falei rindo, sentindo Danny me puxar pela mão e peguei meu celular na bancada antes de me virar para ele.
– A gente pode ir e voltar rapidinho, né?! – Ele apertou minha cintura e passei os braços pelos seus ombros.
– Você que marcou isso. – Falei, passando a mão em seu cabelo bagunçado.
– Eu não penso que estaremos sozinhos aqui no apê quando eu marco as coisas. – Ri fracamente, sentindo um beijo em minha bochecha.
– É só um almoço, baby. – Acariciei sua nuca. – Logo voltamos para cá e continuamos o que estamos fazendo desde que chegamos. – Ele assentiu com a cabeça, deslizando o nariz no meu e sua mão apertou minha bunda, me fazendo rir quando ela subiu o vestido.
– Amo você nesses vestidos curtos. – Ri fracamente e apertei meus braços em seus ombros antes de pressionar nossos lábios.
Suas mãos apertaram minha bunda, me forçando a ficar na ponta dos pés e rimos juntos com o movimento. Nossos lábios se movimentaram devagar pelo do outro e nos separei com uma mordiscada neles.
– Vamos, baby. Voltamos depois. – Sussurrei, deslizando as mãos pelos seus braços descobertos.
– Podemos ir para o iate depois… – Ele disse e ri fracamente, assentindo com a cabeça.
– Podemos. – Sorri. – Temos mais dois dias aqui.
– Depois férias. – Ele deslizou os lábios pela minha bochecha. – Precisamos decidir sobre isso.
– Nós vamos… – Acariciei seu rosto. – Vamos. – Falei firme e ele assentiu com a cabeça.
– Vou pegar o capacete. – Ele disse e estalou mais um beijo em minha bochecha antes de se afastar.
Me olhei no espelho perto da porta e passei as mãos nos cabelos, jogando-os para trás, e deslizei a mão pelo arroxeado que Danny deixou em minha pele ontem, rindo sozinha. O vestido curto regata e a rasteirinha estava bem mais simples do que a última vez que fui até o apartamento dos Massa. Mas Daniel estava com uma regata cortada, shorts e chinelos, não é como se desse para acompanhar.
– Pronto. – Ele disse, voltando com o capacete da corrida de ontem e passei mais uma vez a mão em seus cabelos, ajeitando os cachos no topo da sua cabeça. – Está mal?
– Não, eu gosto dos meus cachinhos. – Ele sorriu, me abraçando pela cintura de novo.
– Isso me lembra quando éramos mais novos. – Ri fracamente.
– Na banheira…
– Na banheira! – Ele disse rindo e nossos lábios se colaram levemente. – Precisamos de uma banheira. – Sorri.
– Aposto que agora vai ser muito mais interessante. – Falei, ouvindo-o rir.
– Eu tenho uma banheira enorme nos Estados Unidos. – Ele disse, me fazendo rir.
– Acho que vou precisar fazer um esforço para te encontrar lá. – Falei.
– Bom mesmo. – Ele disse, colando nossos lábios novamente.
Nos separamos dando curtos risos e ele abriu a porta, indicando a cabeça para eu passar. Apertei sua barriga, ouvindo-o rir e chamei o elevador. Ele me abraçou, apoiando o queixo em meu ombro enquanto esperávamos e depois enquanto descíamos até o térreo. Nossas mãos entrelaçaram lá embaixo até chegar na porta da casa de Felipe.
– Vamos nos divertir um pouco. – Danny disse e assenti com a cabeça pouco antes de ver a porta se abrir.
– Ah, vocês chegaram! – Sorri com a esposa de Felipe. – Entrem! Entrem! – Ri fracamente, soltando da mão de Danny e abracei-a fortemente. – Ah, meu Deus! Eu estou tão feliz por vocês!
– Como vocês estão? – Vi Felipe logo atrás e abracei-a.
– Ei, e essa marca no pescoço? – Gargalhei.
– Cara, sabia que eu tropecei e minha boca caiu direto ali? – Danny disse e bati a mão na testa, gargalhando alto.
– Você é uma ameaça, Daniel! – Felipe disse, me fazendo rir.
– Eu sei disso há 24 anos e ainda me envolvi! Vai entender! – Falei e Danny passou o braço livre em meus ombros, me puxando para perto e dando um beijo em minha cabeça.
– Quem não gosta de um pouco de tortura, não é?! – Anna disse, me fazendo rir.
– Pelo menos agora dá para gente se divertir um pouco no meio da tortura! – Danny disse e apertei sua barriga, vendo-o se contorcer.
– Cala a boca! – Falei, sentindo-o me abraçar mais apertado.
– Daniel! – Virei o rosto, vendo Felipinho atrás do sofá.
– Cuidado com o que fala! – Cochichei para ele.
– Ei, não vem cumprimentar? – Felipe disse e tirei o capacete de sua mão.
– Fala aí, carinha! – Danny foi até Felipinho, se abaixando para ficar da altura dele. – Que saudades de você!
– Também senti! – Ele disse tímido, me fazendo sorrir.
– Bom ver vocês dois juntos. – Anna sussurrou para mim e sorri. – Parece que tudo deu certo depois da nossa última conversa aqui.
– Sim, parece que sim. – Falei, rindo fracamente.
– Vem almoçar, gente! Preparamos algo lá fora. – Felipe disse e Danny pegou Felipinho pelas pernas, virando-o de cabeça para baixo, fazendo o mais novo gargalhar.
– Vamos dar uma volta! – Danny disse, levando Felipinho para fora.
– Claro! – Falei sorrindo, seguindo Anna e Felipe para fora, vendo a mesma mesa redonda da última vez que estive aqui, mas dessa vez só estava nós cinco aqui.
– Vocês querem beber algo? – Felipe ofereceu.
– Eu bebo o que vocês beberem. – Falei, observando Danny.
– Uma garrafa de tinto? – Felipe perguntou.
– Sim, claro! – Falei, rindo com as gargalhadas de Felipinho. – Danny, vinho? – Ele virou o rosto para mim.
– É, claro! Não vou dirigir hoje! – Ele disse rindo e sorri, negando com a cabeça.
– Eu quero suco! – Felipinho disse, arrumando os cabelos quando Danny o colocou no chão.
– Ok, suco de laranja para você e de uva para os adultos! – Felipe disse e Danny veio em minha direção, pegando o capacete de novo.
– Espero que você dirija até o iate hoje. – Falei baixo para Danny, vendo-o piscar para mim.
– Só uma taça. – Ele disse e sorri, abraçando-o pela cintura.
– Já disse que te amo hoje? – Ele ergueu o olhar para mim.
– Já sim, mas por que agora? – Ele encostou a testa na minha.
– Por ser o homem que eu sempre pedi nos meus sonhos. – Ele sorriu, colando nossos lábios em um curto selinho.
– E eu sempre estive ao seu lado. – Assenti com a cabeça.
– Agora mais do que nunca. – Falei, vendo-o sorrir e desviei meu rosto para as outras três pessoas.
– Vocês querem um minuto a sós? – Felipe brincou, me fazendo rir.
– Não pergunte ou ele aceita. – Falei.
– Vamos trocar isso, cara? – Danny indicou o capacete.
– Claro! Eu vou pegar o meu! – Felipe disse e Anna me esticou a taça de vinho e dei um curto gole.
– Hum, gostoso. – Falei.
– É um rótulo brasileiro, gostamos muito. – Anna disse.
– Me passa o nome depois. – Pedi, vendo Danny piscar para mim.
– Claro! Deixa eu te mostrar… – Ela disse, pegando a garrafa.
Maiz, Alemanha
Daniel
– Você vai jogar? – Harper disse antes de dar uma gargalhada alta.
– Ah, qual é, baby! Eu jogo bem! – Falei, apertando sua perna, ouvindo-a rir.
– Ah, baby! – Ela negou com a cabeça. – Você é muito fominha!
– É um jogo beneficente, não importa o resultado! – Falei e ela apertou minha mão.
– Então deixe as outras pessoas jogarem, ok?! – Ela disse e ri fracamente.
– Eu vou! – Falei entre risadas e ela negou com a cabeça.
– A família dele estará lá? – Ela deixou o tom de voz mais sério ao perguntar.
– Sim, o Mick* vai jogar no time dos pilotos. – Falei, dirigindo pelas ruas de Mainz.
– Com quantos anos ele está?
– 17, acho. – Falei, suspirando.
– Parece que já faz tanto tempo o que aconteceu com o Schumacher. – Suspirei.
– Três anos já e sem nenhuma novidade… – Harper apertou minha mão e entrelacei nossos dedos.
– Ainda bem que você não gosta de neve. – Ela disse e sorri, virando o rosto rapidamente para ela.
– Não estamos livres de nada, amor. – Falei. – Michael, Jules, seus pais… – Ela pressionou os lábios. – O que importa é o agora e que estamos juntos. – Ela assentiu com a cabeça. – Eu te amo, baby.
– Também te amo. – Ela suspirou com um bico entre os lábios e dei um sorriso.
Nossas mãos se afastaram somente quando chegamos na Opel Arena, lugar onde seria a partida de futebol beneficente. Vários pilotos e ex-pilotos, em sua maioria que correram com Michael Schumacher foram convidados. Foi um prazer ser chamado para isso, mesmo que eu tenha corrido somente por um ano e meio com Schumacher, e ainda enquanto estava na HRT e Toro Rosso. Conversar com ele e receber algumas dicas dele em meus anos iniciais foi um sonho.
Estacionei na parte de dentro do estádio e vários fotógrafos estavam lá. Dei a volta no carro, vendo Nico e Seb do outro lado do estacionamento com suas namoradas e esposas e vi Harper vir ao meu lado. Minha mão foi até a dela, entrelaçando os dedos e ela ergueu os olhos para mim.
– Daniel… – Ela me repreendeu baixo. – O que está fazendo?
– Chegando com minha garota. – Falei, virando o olhar para ela, vendo-a pressionar os lábios. – Vamos?
Ela assentiu com a cabeça, ajeitando a bolsa no ombro antes de seguir ao meu lado até a entrada do estádio. Honestamente, eu não tinha ideia do que estava fazendo, mas estamos juntos há quase dois meses, sei que ainda precisava contar para meus pais, mas queria andar de mãos dadas a ela e não tinha motivos para ser impedido disso.
– Você é louco! – Ela disse quando entramos e dei de ombros.
– Só estou feliz, baby. – Falei, dando um beijo em sua testa e ela fez um pequeno bico. – O quê? Não deveria?
– Você é louco, sabe disso, não? – Ri fracamente. – Mas é meu louco fofo que me faz feliz. – Sorri. – E se seus pais virem isso?
– Para de se preocupar com meus pais! – Falei, rindo. – Se eles virem, a gente manda a real ou ignora, a gente sempre andava de mãos dadas. – Ela negou com a cabeça. – Relaxa, baby e aproveita o jogador de futebol aqui. – Ela gargalhou alto.
– É, esse é meu amigo! – Ela disse sorrindo e seguimos pelos corredores de dentro do estádio, vendo os organizadores nos indicando o caminho.
Acabei parando algumas vezes para encontrar alguns velhos conhecidos como Mika Hakkinen, Nico, Coulthard, Massa, Seb e Charles, mas acabei encontrando alguns do time rival que eram grandes estrelas do basquete americano.
– Contra quem vão jogar? – Harper cochichou para mim.
– Estrelas da NBA.
– O quê? Os baixinhos da Fórmula Um contra os altões da NBA? – Ela perguntou preocupado. – Baby, eles vão matar vocês! – Rimos juntos.
– Não somos tão baixinhos, ok?! – Falei.
– Mas eles são muito altos! – Ela disse rindo. – Baby!
– Vamos ficar bem, baby! – Falei e ela negou com a cabeça.
– Ah, meu Deus! Vou pedir para o Michael preparar o gelo. – Ela suspirou.
– Eles já devem ter chegado! – Falei.
– Eu vou deixar você se arrumar e encontro com eles. Preciso ver de camarote isso. – Rimos juntos.
– Só vem cá antes, quero que conheça o Mini Schumi. – Falei, indicando a cabeça para o menino loiro em que muitas pessoas estavam em cima.
– Tem certeza? – Ela perguntou receosa.
– É! Vem! Vai ser bom encontrar alguém de dentro. – Falei, puxando-a pela mão e precisei de alguns minutos até me aproximar de Mick.
– Ei, Daniel! – Mick disse.
– E aí, garoto?! – Abracei-o. Mick estava na Fórmula 4, seguindo os passos de seu pai, mas boatos na mídia já diziam que ele poderia chegar na Fórmula 3 até o fim do ano.
– Obrigado por vir! – Ele pediu.
– Que isso! É um prazer ser convidado. – Sorri. – Como estão as coisas?
– Tudo indo, em vários sentidos. – Assenti com a cabeça. – Vejo que está acompanhado.
– É, essa é Harper! – Falei, apoiando a mão na cintura de Harper. – Harper esse é Mick.
– Oi, prazer te conhecer! – Harper disse e ambos deram um aperto de mão.
– O prazer é meu! – Ele disse e o sorriso nervoso de Harper me indicou que ela realmente não tinha o que falar.
– Nos falamos depois? – Falei para Mick.
– Claro! Quero que faça uns gols! – Rimos juntos.
– Você também! – Falei, cumprimentando-o novamente antes de seguir para fora da roda de pilotos e imprensa com Harper. – Você travou! – Cochichei para ela.
– Eu sei! – Ela falou em um gemido. – Não sabia o que dizer, não queria mencionar o pai dele. – Ela suspirou. – Ah, eu sou péssima nisso.
– Está tudo bem, baby. Quer que eu te leve nas arquibancadas?
– Relaxa, baby, vai ser fácil encontrar os quatro patetas. – Ela disse, me fazendo rir. – Tente não se machucar, ok?!
– Pode deixar! – Pisquei para ela, vendo seu sorriso e nossas mãos se soltaram quando ela se afastou.
– Vamos jogar, love bird? – Seb bateu em minhas costas, me fazendo rir.
– Sim, lesgo!
*Mick Schumacher, 24 anos, filho do heptacampeão Michael Schumacher que está em estado vegetativo depois de um acidente de esqui em dezembro de 2013. Mick já pilotou na Haas, mas hoje é piloto reserva da Mercedes.
Hockenheim, Alemanha – Quarta-feira
Harper
– Ah, não! Tem mais! – Falei, erguendo meus pés na cama. – “Apesar do decepcionante 4×3 para os pilotos, tivemos um show à parte deles e de suas WAGs. O apoio de suas esposas e namoradas não é novidade dentro do paddock, mas parece que Daniel Ricciardo tem escondido algo de nós durante vários anos”. – Revirei os olhos, ouvindo a risada dele. – “Depois de um término conturbado no ano passado com sua namorada de infância Jemma…” Foda-se! “Ricciardo, 27 anos, chegou ao evento acompanhado de sua amiga de infância Harper Addams.” Eles sabem meu nome!
– Não que seja difícil! – Ele disse, passando a camiseta pela camisa.
– “A ‘amizade de longa data’, sempre divulgada por ambos, parece que trouxe novos rumos quando a bela jovem começou a acompanhar o ‘melhor amigo’ no paddock. Nenhuma declaração pública foi feita da parte de ambos, mas é inegável a química do novo casal. Pelo jeito o sempre casal de melhores amigos se tornaram muito mais do que isso em 2016”. – Falei firme, jogando o celular na cama logo em seguida. – Ah, eu odeio fofocas. – Falei, ouvindo Danny rir. – Não tem graça!
– Ah, qual é, baby! Tem sim, vai! Eles acertaram tudo! – Ele se aproximou de mim, erguendo minhas pernas para se sentar.
– Ah, mas a forma que eles falam é horrível! – Fiz um bico e ele me puxou pelas pernas, fazendo a cadeira andar com o movimento.
– Eles pegaram leve ainda. – Ele comentou e suspirei. – Mas pode se preparar que eles vão ficar mais em cima de você e de mim.
– E você vai para coletiva hoje. – Falei.
– Eles não perguntam coisas pessoais na coletiva, talvez depois, mas está tudo bem, baby. Eu sei o que eu estou fazendo. – Ele disse.
– E o que você está fazendo? – Perguntei, erguendo os olhos para ele e ele pareceu pensar um pouco, movimentando os olhos.
– Evitando precisar contar para minha mãe por que ela vai saber pelas notícias? – Revirei os olhos.
– Daniel! – Ele riu, se levantando da cama e passou as pernas pelas minhas, sentando em meu colo.
– Eu te amo, Harper. – Ele segurou meu rosto. – Eu estou apaixonado por você. – Ele riu fracamente. – Nunca pensei em dizer isso para você dessa forma, mas aconteceu e estou feliz para caramba. – Ri fracamente. – Eu quero ficar contigo e te ajudar a realizar todos seus sonhos…
– Você sabe que são muitos, não sabe? – Falei e ele assentiu com a cabeça.
– Sim! – Sorri. – Se você esperar eu amadurecer um pouco mais, posso te ajudar com todos. – Ri fracamente.
– Eu não tenho 20 anos, baby. – Ele riu comigo.
– Ah, não 20… Só uns 10! – Ri fracamente.
– Eu não tenho nenhuma intenção de realizar meus sonhos e vontades do começo do ano agora, Daniel. Isso é novo para nós, em vários sentidos. – Falei, sentindo-o deixar curtos selinhos em meus lábios. – Vamos ver se isso sobrevive até o fim do ano sem se matar… – Ele riu fracamente. – Depois as coisas acabam vindo de forma natural.
– Combinado, baby. – Ele disse. – Mas eu estou aqui por você, ok?! Como sempre estive. Mas dessa vez algumas questões serão mais íntimas… – Ele acariciou meu rosto devagar.
– É o que eu mais quero. – Falei, erguendo os olhos para ele. – O homem da minha vida estava comigo todo esse tempo… Mal vejo a hora de descobrir a bagunça que isso vai dar.
– Sempre fui a bagunça na sua vida, amor. – Ele disse. – Eu vou continuar sendo… – Ri fracamente. – Mas dessa vez vou te deixar cuidar dela. – Sorri.
– Ah, vocês são muito melosos! – Virei o rosto para porta, vendo os meninos ali.
– Dá para dar licença? – Pedi.
– Não, a Maria está te chamando. – Blake disse e suspirei.
– Hora de trabalhar, senhor 100 GPs. – Falei e ele riu fracamente.
– 100 GPs, caramba! – Ele disse, se levantando e ri fracamente.
– Você está ficando velho, baby! – Falei, me levantando com ele, ouvindo-o rir. – Um ano mais velho do que eu.
– Ah, só por mais alguns meses. – Rimos juntos.
– Ainda é! – Dei um curto selinho em seus lábios. – Eu quero bolo.
– Não acho que vai ter bolo. – Ele disse e pressionei os lábios.
– Decepcionante. – Falei, ouvindo-o rir.
– Vamos? – Ele estendeu a mão e suspirei.
– Eu te odeio. – Falei.
– Eles vão comentar e te seguir de qualquer forma, melhor que esteja comigo, não? – Suspirei.
– No que eu fui me meter? – Ele riu fracamente.
– Ainda pensando se deveria ter acabado essa amizade quando te chamei de Wandinha? – Ri fracamente.
– Talvez… – Fiz um bico.
– Se você fizesse isso, não saberia que o sexo é delicioso. – Ponderei com a cabeça.
– Ok, você venceu! – Falei, ouvindo-o rir e nossos lábios se colaram rapidamente.
– Vamos! – Ele disse e suas mãos me puxaram.
Saímos de seu vestiário no motorhome e descemos as escadas para chegar no térreo. Maria revirou os olhos quando chegamos e virou para porta. A quase divulgação de nosso relacionamento sem que ela soubesse a pegou desprevenida e pelo visto todo tipo de fofoca era igual, fazendo que vários jornalistas fossem atrás dela.
Honestamente não sabia como agir nessa situação. Danny também me pegou desprevenida ao segurar minha mão bem na frente dos fotógrafos ontem. Mas era bem da cara dele surtar e do nada cansar de esconder as coisas, só podia ter sido avisada antes.
Saímos do motorhome de apoio da Red Bull e ele apertou minha mão enquanto seguia os meninos pelo paddock. Engoli em seco ao ver os fotógrafos nas laterais e alguns até andaram apressados em nossa direção e tentei manter minha feição relaxada enquanto seguíamos até a garagem.
– Viu? Tudo bem! – Danny disse e suspirei.
– Vamos aproveitar isso, baby! – Falei, dando um beijo em sua bochecha e ele riu antes de me puxar para o paddock.
Daniel
– Eu não sei, para valer! – Blake disse. – Quando você quer ir?
– Sei lá, caras! Se vocês quiserem ir logo no domingo, a gente pode desenrolar isso. Eu chego só uns dias depois! – Dei de ombros, mordendo mais um pedaço do hamburguer.
– Ah, dá para te esperar, não precisa fazer nada na pressa, não. – Michael disse.
– A questão maior é quantos dias vamos ficar lá, Harper quer ir para casa e eu vou com ela. – Dei de ombros.
– Vão contar para a tia Grace finalmente? – Tom perguntou gargalhando.
– Ainda não falamos sobre isso… – Ergui as mãos. – Mas Harper quer, certo, baby? – Virei para ela, vendo-a com os olhos focados em seu hamburguer. – Baby? – Chamei-a novamente e ela não deu nenhum sinal de movimento. – Harper!
– Oi! – Ela ergueu o rosto, sacudindo a cabeça.
– Você está bem? – Alex foi mais rápido do que eu.
– É! É… O que vocês estavam falando? – Ela deu um curto sorriso nervoso e suspirei.
– O que houve, baby? – Perguntei, apoiando a mão em sua perna e a ouvi suspirar, levando as mãos aos cabelos soltos.
– Eu não tenho ideia do que estou fazendo. – Ela assumiu, soltando aquilo com força.
– O que você quer dizer? – Perguntei e ela suspirou forte e vi uma lágrima deslizar pela bochecha, fazendo-a limpar de forma apressada. – Baby…
– Não, não, é nada! – Ela suspirou forte novamente. – Isso é…
– Baby… – Virei a cadeira em sua direção e levei uma mão até seu rosto. – O que aconteceu?
– Eu deveria estar trabalhando… – Ela suspirou. – Eu deveria estar revisando isso… Mas eu estou perdida! Como se eu nunca tivesse feito isso antes.
– Ah, baby… – Acariciei seu rosto, passando o polegar em sua bochecha. – Você não está bem com isso…
– Eu sei! – Ela suspirou forte. – Eu não entrego uma revisão decente há meses… – Ela engoliu em seco.
– Não quero ser o chato que dita o que você deve fazer ou não, mas isso não está te fazendo bem, baby. – Ela assentiu com a cabeça.
– Eu sei… – Ela puxou o ar novamente.
– Você quer um esforço para largar? Eu posso te dar! – Ela deu um sorriso em meio a uma risada.
– Eu vou largar, baby, mas preciso esperar o fim do ano. – Ela suspirou.
– Por quê? Qual é, ainda tem meio ano. – Michael disse.
– É por contrato. Eu fechei um novo contrato que ficaria com eles por mais um ano. As coisas são sérias lá, não dá simplesmente para sair.
– Não tem uma forma de você sair? Nenhuma? – Perguntei.
– Tem uma multa, mas…
– Paga a multa e sai! – Falei firme. – Isso está acabando contigo, baby.
– São 48 mil euros, Danny. – Ela disse suspirando. – É o equivalente ao restante do meu ano. Dá para eu usar esse dinheiro para investir no restaurante…
– Eu pago para você! Não tem dinheiro no mundo que eu não gaste para te deixar bem…
– É muito dinheiro, Danny.
– Não é! – Falei firme. – Só me fale quando que eu deposito para você! – Ela suspirou, passando as mãos nos cabelos. – Baby, só diga…
– Eu não posso aceitar, Danny.
– Não estou pedindo para aceitar. Você vai aceitar e não tem mais conversa. – Ela suspirou. – O que você precisa fazer para finalizar isso?
– Preciso ir a Saint-Ettiénne. – Ela disse. – Falar com alguém e… Sei lá, nunca precisei pensar nisso.
– As férias estão aí! Vamos resolver isso, ok?! – Falei firme. – Você pode pensar mais um pouco, se preferir, mas eu não quero ver você assim. Não é nem de perto aquela mulher que só faltou anunciar para o restaurante quem era na primeira vez… – Ela riu fracamente, dando um curto sorriso.
– Eu só estou perdida, baby… – Segurei sua mão com firmeza.
– Vamos nos encontrar, então. – Falei firme e ela suspirou. – Você tem amigos, você tem a mim… Você não está sozinha, baby.
– Eu sei, eu só… – Ela puxou a respiração fortemente.
– “Só”, nada. – Falei firme e peguei o papel com suas anotações, amassando-o. – Danny…
– Isso acaba hoje, ok?! – Falei firme e ouvi seu suspiro.
– Ok… – Ela disse após um tempo, e dei um sorriso.
– Eu estarei ao seu lado durante todo o caminho, ok?! – Falei e ela assentiu com a cabeça antes de deitar a cabeça em meu ombro.
– Obrigada… – Ela sussurrou.
– Você não precisa agradecer, baby. – Falei, dando um beijo em sua cabeça.
– Isso quer dizer que agora a gente pode comer em uns lugares mais trash? – Tom perguntou e rimos juntos.
– Que sejam aprovados pela vigilância sanitária, por favor. – Harper disse, me fazendo sorrir.
– Podemos continuar indo em uns melhores sem eles. – Falei, vendo-a sorrir.
– Combinado. – Ela sorriu e pressionei meus lábios em sua bochecha.
– Eu estou aqui, ok?! – Sussurrei e ela assentiu com a cabeça em um leve sorriso.
Capítulo 27
Liège, Bélgica, 2008
– ISSO É INCRIVELMENTE DEMAIS! – A voz de Harper foi animada demais para o local vazio.
Joe e Grace riram, tentando acompanhar a animação da menina, mas era só a Fórmula Renault, não a Fórmula 3, 2, quiçá a 1. O local estava vazio, as categorias automotivas mais baixas era onde tudo começava, mas não tinha o mesmo glamour da categoria mais importante do automobilismo.
– Se você está animada assim, imagina se ele chegar na Fórmula Um. – Joe disse, fazendo a menina rir.
– Ah, tio, a gente precisa se empolgar, né?! – Harper deu de ombros. – E é a Bélgica, é a primeira vez que eu saio do país… Bom, tirando aquela viagem para Nova Zelândia na excursão escolar e as duas conexões. – Ela disse dando de ombros, fazendo Grace rir.
– Mantenho a empolgação da Harper. – Grace disse, abraçando a menina de lado. – O Daniel precisa do nosso apoio. – Harper sorriu.
– E é bom ele continuar vencendo, vou perder uma semana de aulas para isso. – Harper disse.
– Não vai dar problema para você, querida? – Grace perguntou enquanto eles andavam por entre o gramado do circuito, onde estacionaram o carro.
– Ah, já estamos no fim do ano, minha média é a melhor da minha sala e eu já tenho 93% da parte prática feita, mais um trabalho e eu estouro essa média.
– Ah, quem diria que alguém nos daria orgulho? – Grace falou dramática, fazendo Harper rir.
– É fácil se dar bem em coisas que a gente gosta, tia Grace. – Harper deu de ombros. – O Danny por exemplo. Ganhou seis corridas de 10, seis poles, cinco voltas mais rápidas, é líder do campeonato… A gente se encontrou. – Harper deu de ombros.
– Estamos orgulhosos de vocês. – Joe disse e a menina sorriu. – Teremos um piloto e uma chef de cozinha. Quem diria? – Harper riu.
– Quem diria… – Ela deixou a pergunta no ar, sorrindo.
Ela não tinha ideia que o ensino médio de ambos seria conturbado a ponto de decidirem as carreiras da vida sem o outro. Agora que as coisas estavam dando sinais de realmente acontecerem, parecia que isso tudo e a vida de ambos juntos simplesmente encaixava. Danny estava na liderança da Fórmula Renault e ainda faltava seis corridas para o final. Já Harper era de longe a melhor da sua sala. Ela estava apurando seus sentidos e deixando até os professores surpresos com uma aluna do primeiro ano. Loucura para quem não fazia nada até seus 15 anos.
– Vem, o paddock é por aqui! – Joe disse.
Harper talvez estivesse com muitas expectativas quanto ao famoso “paddock”, mas não se mostrou decepcionada quando percebeu que eram só várias tendas brancas com alguns patrocínios bem tradicionais de pneus, óleos automotivos e afins.
– Aqui é dele! – Joe disse pouco à frente das mulheres, procurando por Daniel dentro da tenda.
– Ali ele! – Harper foi mais rápida do que os pais do menino, vendo Daniel com mais um garoto, se aquecendo. Na verdade, primeiro viu os cabelos de Daniel, depois o corpo do garoto. – Xi! – Ela pediu, colocando a mão na boca e Grace riu com Joe.
A menina se aproximou na ponta dos pés, pedindo também silêncio para o garoto que Danny conversava, já que esse percebeu sua presença e a menina desviou dos braços de Daniel antes de colocar as mãos em seus olhos.
– Oh, quem é?! – Danny falou surpreso e Harper pressionou os lábios para não rir. – Jules?
– Não tenho ideia, cara! – O outro garoto disse e Harper respirou fundo.
– Eu conheço esse cheiro… – Ele pensou pouco. – HARPER? – Ele se virou rapidamente, abraçando a menina pela cintura antes de ela abaixar as mãos. – VOCÊ VEIO!
– DANIEL! – Ela gritou quando ele a girou pelo local, fazendo a menina rir e se agarrar nos ombros do garoto. – Danny, me coloca no chão! – Ela disse rindo.
– Não acredito que você veio! – Ele disse, colocando-a no chão, fazendo-a rir.
– Não ia perder a oportunidade, né?! – Ela disse rindo, segurando nos ombros do garoto enquanto a zonzeira passasse. – E eu sou a melhor da minha sala…
– Não que fosse surpresa! – Ele disse e ambos se olharam antes de se abraçarem direito dessa vez. – É tão bom te ver…
– É bom te ver também. – Ela sussurrou, fechando os olhos e sentia algo estranho em Danny, não sabia se era a camiseta regata ou o que fosse, mas Danny estava mais forte do que na última vez em que se viram no começo do ano. – Deus, Danny, você está forte!
– Viu?! Agora eu estou bonitão! – Ele disse, fazendo-a rir.
– Você é tonto! – Ela bagunçou os cabelos dele.
– Senti saudades! – Ele a abraçou novamente e ela sorriu.
– Também senti. – Ela suspirou, reparando no amigo dele e no outro cara que se juntou a eles. – Melhor você explicar para esse pessoal o que tá rolando. – Ela disse e ambos se afastaram rapidamente.
– Ah, gente, essa é a Harper, ela é minha melhor amiga da vida. – Ele disse. – Harper esse é Jules Bianchi, meu amigo, e Stu, meu treinador. – A menina acenou.
– Prazer em conhecer vocês! – Ela disse, cumprimentando ambos com sorrisos tímidos. – Espero não estar atrapalhando.
– Não se preocupe! – O treinador disse. – Sua amiga está aqui, honey badger, mas continue se exercitando! – Ele disse. – Vem comigo, Jules. – Ele chamou o outro menino antes de se afastar.
– A gente se fala depois. – Jules disse com um aceno e assenti com a mão.
– Do que ele te chamou? – Harper perguntou, virando o rosto para Daniel.
– Honey badger, é um apelido… – Ele disse rindo.
– Texugo do mel? – Harper franziu a testa. – Por quê?
– Stu gosta de documentários do National Geographic, ele disse que eu pareço esse animal. Tenho essa cara fofa, mas posso ser mais agressivo na pista. – Ele disse imitando um rosnado e Harper gargalhou.
– Assustou meu ursinho de pelúcia agora. – Harper disse e Daniel revirou os olhos.
– Para, vai! – Eles riram juntos. – É para pegar.
– Espero que sim. Você é fofo demais para esse esporte. – Ela disse e eles sorriram juntos. – Agora vai, você tem que se exercitar.
– Tem tempo para falar com os pais? – Grace os interrompeu, fazendo-os rirem.
– Mãe! – Danny disse antes de abraçar sua mãe e Harper riu.
Hockenheim, Alemanha, 2016 – Quinta-feira
Harper
– Sim, eu estou perto da França, estava pensando em conversar com vocês sobre isso… – Falei enquanto segurava as três pontas da trança com os dedos de uma mão e a ajeitava no topo de minha cabeça.
– Vou adorar receber sua visita, senhorita Addams. Adoraria entender o que está acontecendo com você. – Suspirei, pressionando os lábios.
– Sim, claro, senhor Bernard. Esse ano tem sido desafiador de várias formas, as oportunidades acabaram vindo e eu acabei me confundindo um pouco.
– Não podemos ter confusões em nossas revisões, senhorita…
– Eu quis sobre mim, senhor Bernard… – Peguei um elástico, puxando-o com a ajuda dos dentes. – Mas acho que é o tipo de assunto que deve ser abordado pessoalmente… Creio que o senhor entenda.
– Claro, com toda certeza! Discrição é o fundamental dentro de nossa fundação. – Prendi a ponta da trança novamente.
– Quando podemos combinar nossa reunião, então? – Perguntei, olhando os fios arrepiados da trança.
– Quando a senhorita achar melhor.
– Na semana que vem? – Perguntei com uma empolgação forte na voz.
– Claro! Só me dizer sua disponibilidade que adorarei recebê-la para um café. – Sorri.
– Está combinado, então. Verei minha disponibilidade e lhe envio um e-mail… – Peguei um pouco do gel, passando em volta da trança inteira, esfregando as mãos no final dela.
– Fico no aguardo, senhorita Addams. E no aguardo de mais de suas revisões… – Fiz uma careta.
– É, com toda certeza! Até a próxima! – Falei.
– Até, tenha uma boa noit… – Apertei o botão antes de finalizar e suspirei, olhando a ligação em meu celular.
– Então, se demitiu? – Virei o rosto para o lado, vendo Danny deitado no sofá com o macacão, os pés para cima e o boné escondendo o rosto.
– Se eu tivesse, eu estaria dançando nua agora. – Ele ergueu o boné. – Pareço que estou fazendo isso?
– Decepcionantemente não. – Ele disse e me aproximei do sofá, vendo-o dar espaço para mim. – Vai com as tranças mesmo? – Apoiei a mão em sua barriga.
– Vou fazer o teste mais uma vez. – Falei e ele sorriu.
– Você está linda, baby. – Ele apoiou a mão em minha perna e me inclinei até encontrar seus lábios.
– Você também, mas deveria se trocar. – Meus lábios pressionaram nos dele por alguns segundos. – Você está suado e o tempo está estranho…
– Está tudo bem, baby, eu logo volto para pista. – Sua mão apertou meu corpo.
– Você vai tomar cuidado, não vai? – Ele sorriu.
– Sempre, baby. – Suspirei.
– Eu te amo. – Falei e ele ergueu o corpo até se sentar e suas mãos foram para meu colo.
– O que aconteceu, baby? – Neguei com a cabeça. – Carência? – Ri fracamente.
– Só cansada mesmo. – Suspirei, apertando suas mãos.
– Serão duas semanas de folga, depois uma semana na fábrica antes de voltar… Dá para descansar. – Puxei a respiração, soltando-a fortemente.
– É pouco… – Sorri.
– Eu sei. Você pode ficar um pouco mais se quiser… Ficar em Mônaco… – Neguei com a cabeça.
– Não, prometi que passaria a temporada contigo, já foi metade, falta a outra.
– A segunda metade é menor, tem só nove corridas. – Ele disse.
– Quantas já foram? – Franzi a testa.
– Essa é a décima segunda. – Assenti com a cabeça. – E teremos duas double header em outubro, vai ser mais pesado, mas passa mais rápido. – Confirmei.
– Vamos encarar, né?! – Ele sorriu.
– Vamos e aproveitar as férias também. – Ele apertou minhas mãos e nossos rostos se aproximaram antes de nossos lábios se unirem. – Só você e eu… – Fiz uma careta. – E mais um monte de gente!
– É… Detalhes. – Ele disse e ri fracamente.
– Vamos trabalhar? – Perguntei.
– Me dá um minutinho. – Ele segurou meu rosto e logo nossos lábios se juntaram novamente, fazendo nossos corpos se apertarem rapidamente no sofá.
– Não faça isso… – Pedi, nos afastando devagar. – Você não precisa de muito para me convencer a dormir o restante do dia. – Ele riu fracamente.
– Você quer dormir? – Ele acariciou meu rosto e assenti com a cabeça. – Dorme, baby. Só tem mais uma sessão e depois a coletiva… Quer ir para o motorhome? – Ele sugeriu.
– Eu preciso te dar sorte… – Ele sorriu.
– Você me dá sorte onde estiver. – Ele apoiou a testa na minha. – Quer? Eu te consigo uma carona rapidamente… – Rimos juntos.
– Acho que não vai ser nada mal tirar uma soneca… – Falei rindo.
– Te encontro assim que acabar aqui, só não garanto que te deixem dormir… – Ele disse, me fazendo sorrir.
– Bobo! – Deixei um beijo em seu rosto. – Faça seu trabalho… Sem gracinhas! – Frisei. – E nos encontramos para jantar.
– Combinado. – Ele sorriu, me fazendo rir com ele. – Você é linda demais…
– Para, Daniel! – Falei rindo.
– Não menti! – Ele ergueu as mãos em rendição.
– Você está apaixonado por mim, senhor Ricciardo. – Segurei sua nuca. – Eu sempre vou ser linda para você.
– Não posso negar. – Ele disse rindo e suas mãos foram para minha cintura.
– Por que você não me beija logo para eu ir dormir? – Ele abriu seu largo sorriso.
– É para já! – Ele riu, colando nossos lábios e deslizando as mãos pelo meu corpo.
Sexta-feira
Daniel
– Você precisa parar. – Ri fracamente, deixando mais um beijo em sua bochecha.
– Por quê? Não estou fazendo nada! – Apertei minhas mãos em sua cintura, ouvindo-a rir.
– Você está me distraindo! E se distraindo! A gente já deveria ter ido para o paddock, Daniel. – Harper disse e ri fracamente, dando um beijo em deu pescoço.
– Eu já treinei e já estou pronto para sair, você que está nua ainda, se divertindo sem mim… – Ela negou com a cabeça.
– Eu não estou! – Ela disse firme. – Cara de pau! – Ela girou o corpo na cama, ficando de barriga para cima.
– Adoraria brincar um pouco mais, baby, mas… – Ela segurou meu rosto, pressionando minhas bochechas.
– Você não vale nada, Daniel Ricciardo. E eu caí na sua. – Ri fracamente.
– Eu sei, demorou um pouco, mas… – Ela revirou os olhos. – Ah, baby, não sou nada sem você! – Me inclinei e colei nossos lábios novamente.
– Bobo! – Ela disse com um riso entre os lábios.
– A gente precisa sair para jantar hoje. – Falei rapidamente.
– É? – Ela se espreguiçou. – Só nós ou todo mundo? – Ela perguntou.
– Só nós dois. Algo bom e romântico. – Ela passou as mãos nos olhos antes de me encarar.
– Hum? Algum motivo especial? – Acariciei sua barriga.
– Uhum… – Dei um beijo em seu rosto. – Hoje faz dois meses que eu conheci esse corpinho gostoso aqui… – Ela gargalhou.
– Daniel! – Ela apertou meus ombros rindo. – Já faz tudo isso? – Ela suspirou.
– Do sexo sim, do beijo foi ontem… – Ela sorriu.
– Odeio como você é ótimo com datas e eu sou péssima. – Ri fracamente.
– Cada um com seu talento, baby. – Ela puxou minha nuca, colando nossos lábios lentamente.
– Às vezes parece que faz tanto mais tempo…
– Dois meses, baby… Mas sete que não nos separamos… – Ela sorriu.
– Por isso que eu estou dependente de você. – Ela suspirou.
– E vamos ficar muito mais. – Falei e ela sorriu.
– Imagina a gente ano que vem? Eu fazendo meus cursos, você nas suas corridas…? Ah, droga! – Sorri.
– A gente dá um jeito, baby, como demos nesses anos todos. – Ela assentiu com a cabeça.
– Te amo…
– Também te amo, baby. – Sorri e pressionei nossos lábios mais uma vez.
– Eu preciso me arrumar… – Ela suspirou.
– Quer ajuda? – Perguntei e ela riu.
– Aí sim que eu não me arrumo. – Ela se sentou na cama e ri fracamente.
– Só oferecendo ajuda. – Ergui as mãos antes de me levantar e ela riu.
Ela enrolou mais alguns minutos na cama para se espreguiçar até que finalmente se levantou. Passei minhas mãos em sua cintura e ela inclinou o corpo para colar nossos lábios. Ela se afastou segundos depois quando apertei sua bunda e dei um tapa nela antes de ela correr para o banheiro, me fazendo sorrir.
– Ah, você é ridículo, Daniel. – Ri fracamente.
Fui para a sala terminar de arrumar minhas coisas e logo Harper saiu enrolada na toalha e aproveitei a vista por mais alguns minutos enquanto ela se secava e se trocava, empinando aquela bunda deliciosa em minha direção. Ela colocou o tradicional uniforme da Red Bull, ajeitou os cabelos arrepiados na trança e fez sua maquiagem antes de Maria vir tocar no motorhome novamente.
– Ok, pronta! – Ela disse, ajeitando a mochila nas costas.
– Linda! – Falei e ela piscou para mim. – Vamos sair desse buraco! – Me levantei.
– Vamos! – Ela riu fracamente e ajeitei minha mochila nas costas antes de esticar minha mão para ela.
Nossas mãos entrelaçaram e puxei-a para perto de mim, dando um curto beijo em seus lábios. Saímos do motorhome e ainda esperamos alguns minutos até Michael e Maria aparecerem. Alguns minutos de bicicleta e outros dando atenção aos fãs, estávamos entrando no paddock.
– Te espero lá embaixo. – Harper disse cantarolando.
– Ei, nem vem! – Falei, desviando a bicicleta de algumas pessoas.
– NÃO VAI ATROPELAR ALGUÉM! – Maria gritou, mas sua voz ficou mais baixa rapidamente conforme a bicicleta corria no paddock desviando das pessoas.
– CUIDADO, DANIEL! – Harper falou quando a ultrapassei e precisei frear com força na frente do motorhome da McLaren.
– Isso, parabéns! Vamos me atropelar no dia do meu aniversário! – Nando falou, me fazendo rir.
– Opa, desculpe, cara! – Falei, descendo da bicicleta. – Quantas velas?
– 35. – Ele disse, revirando os olhos.
– Pelo jeito alguém não gosta de fazer aniversários. – Falei rindo e Harper apareceu do meu lado.
– Você está louco? – Ela falou descendo da bicicleta. – Ainda atropela alguém…
– Foi quase! – Nando disse e Harper me beliscou.
– Ai! – Reclamei. – Você não ouviu? Foi quase! – Falei firme.
– Oi, Nando. É seu aniversário hoje, não? – Harper falou.
– Como você sabe disso? – Perguntei rindo.
– Curiosidades inúteis do mundo dos famosos? – Ela disse, fazendo uma careta.
– Que estamos completando dois meses você não sabe, mas sabe o aniversário dele? – Falei chocado.
– Uh! Essa dói! – Nando disse.
– Não dramatiza, Daniel! – Ela disse. – Feliz aniversário, Nando! Tudo de bom! – Ela o abraçou e revirei os olhos.
– Não acredito nisso. – Nando riu fracamente.
– Ah, vocês dois! – Ele disse e o abracei.
– Parabéns, cara! Tudo de bom! – Falei, dando tapinhas em suas costas com uma mão por causa da bicicleta.
– Obrigado, gente! – Ele riu fracamente. – Só tenta não me atropelar da próxima vez.
– Prometo! – Falei rindo e Harper revirou os olhos.
– Ei, o que vão fazer hoje? Vão celebrar seus dois meses? – Nando perguntou.
– É, talvez algo calmo, longe desse caos. – Falei e ele assentiu com a cabeça.
– Sim, entendo! Estou pensando em ir numa balada à noite, curtir com o pessoal, estão convidados! – Ele disse e virei para Harper.
– Ah, a gente pode ver, né, Danny? – Ela disse, ponderando com a cabeça.
– Sem querer ser chato, mas a última vez que você convidou não acabou muito bem para gente. – Falei, fazendo ambos gargalharem.
– Ele está certo. – Harper riu, apoiando a mão em meu braço. – Quem sabe numa próxima?
– Claro! Com toda certeza! – Fernando disse rindo. – Pelo menos passem na garagem depois para pegar um pedaço de bolo.
– Sim, claro! – Harper disse rindo.
– A gente se vê depois, cara! – Falei, dando um tapinha em suas costas.
– Até mais! – Ele disse rindo e segui empurrando a bicicleta com Harper ao meu lado.
– Não que eu não prefira algo mais calminho, mas você ficou realmente traumatizado com o que houve em Barcelona, né?! – Ela comentou ao meu lado e suspirei.
– Eu pensei que tinha te perdido aquele dia, Harper. – Falei. – E não queria só perder a chance de ficar contigo, seria perder minha amiga. – Neguei com a cabeça. – Não estava pronto para isso.
– E nem precisa ficar. – Ela deu um sorriso.
– Eu estou aqui, ok?! – Sorri e ela foi à frente até entrar no motorhome da Red Bull.
Sábado
Harper
– Vamos ver se essas tranças dão sorte, Harper? – Nigel perguntou, me fazendo rir.
– Não estou com a cara repuxada à toa! – Falei e os mecânicos mais próximos riram.
– Eu não sou supersticioso, mas se funcionar esse fim de semana de novo, até eu faço trancinhas. – Christian disse passando por nós, me fazendo rir.
– Vai ficar incrível, Christian! – Adrian falou sarcasticamente enquanto o seguia e segurei a risada até eles saírem da garagem.
– É impressão minha ou o Adrian está falando mais do que antes? – Brad perguntou ao meu lado.
– É… Senti isso. – Nigel falou e desviei enquanto ele puxava o carrinho de pneus com Raymond.
– Se você trouxer comida, garanto que ele vai se soltar mais ainda! – Virei para trás, vendo Daniel ali e sorri.
– Já falei minhas condições… – Cruzei os braços.
– Já consegui um pódio! – Ele disse
– Primeiro lugar! – Falei firme e ele segurou meus braços.
– Se depender dessas suas tranças, vem em breve. – Ele disse e descruzei os braços, apoiando as mãos nos seus.
– Espero que esteja certo. Do contrário os mecânicos vão ficar sem comida. – Falei, ouvindo-o rir e algumas vaias foram ouvidas atrás de nós.
– Eu estou ferrado. – Ele disse.
– Espero que não. – Fiquei levemente na ponta dos pés e dei um beijo em sua bochecha. – Pronto?
– Sempre! – Ele disse firme e assenti com a cabeça.
– Eu estarei lá atrás… – Ele inclinou o corpo para subir o macacão para os ombros.
– Vamos sair hoje? – Ele perguntou. – De verdade! – Ri fracamente.
– Eu estava cansada, baby. – Falei manhosa. – E ontem a culpa foi sua… – Ele fez uma careta.
– Ok, culpado! – Ajudei-o a desenrolar o macacão nos ombros e subi o zíper.
– Toma cuidado, ok?! – Pedi e ele segurou meu rosto.
– Sempre. – Suspirei com sua repetição frequente e ele inclinou meu rosto e deixou um beijo em minha testa.
– Arrasa, tigrão. – Falei e ele assentiu com a cabeça.
Fechei o velcro do topo de seu macacão e dei alguns passos para trás, abrindo espaço para ele e o restante dos mecânicos e engenheiros trabalharem. Segui até o fundo da garagem onde os meninos se acumulavam atrás do bar e Blake tinha um sorriso fofo nos lábios.
– O quê? – Perguntei rindo.
– Vocês são fofos! – Ele deu de ombros e revirei os olhos.
– Vocês são terríveis! – Falei e me apoiei na bancada.
O cronômetro da classificação foi chegando perto do final enquanto Danny se arrumava e trocava umas últimas palavras com Simon. Também nunca fui supersticiosa, mas fiquei levemente incomodada com a coincidência das tranças. Se desse certo nessa semana novamente, sabia que não seria só culpa das tranças, Danny é um grande piloto, mas talvez eu venha mais com elas. Apesar de que elas realmente puxam meus cabelos e parte do rosto, é um alívio quando tiro.
Os barulhos dos carros dentro da garagem de RBR e das outras começou a me incomodar e ergui o headphone para as orelhas para abafar um pouco e entender as instruções de Christian e Simon.
Danny demorou um pouco para sair, eles ficaram fazendo vários ajustes antes de realmente liberar Danny. Max acabou saindo primeiro e cravou o terceiro melhor tempo logo na primeira volta. Mas quando Danny saiu, foi exatamente ali que ele entrou. Com uma volta, Danny cravou o terceiro melhor tempo da classificação com 1:15:591, atrás das duas Mercedes, e voltou para a garagem.
O outro lado da garagem precisou correr atrás do tempo perdido, mas não era necessário ficar se queimando borracha só para a Q1, os dois pilotos estavam dentro, e era o que importava. Ericsson, Nasr, Haryanto, Kvyat, Werlein e Magnussen ocuparam do vigésimo segundo ao décimo sétimo lugar do grid.
Na segunda parte da classificação, as Mercedes foram as primeiras a sair da garagem e se mantiveram no topo. Danny subiu para terceiro quando saiu, mas acabou caindo para quinto atrás de Kimi e Max, me fazendo pressionar as mãos uma na outra. Massa teve problemas em fazer sua volta, já que Sainz acabou atrasando-o um pouco, mas ele conseguiu finalizar entre o top 10.
Danny acabou ficando em sexto lugar, já que Checo ficou em quinto quando finalizou sua volta pouco depois da bandeirada. Isso deixava Danny dentro da Q3, mas esse número precisava melhorar para ficar pelo menos entre o top três. Palmer, Grosjean, Alonso, Sainz, Button e Gutiérrez ficaram de fora nessa próxima parte.
Danny não enrolou para sair da garagem para a última parte, mas Seb e Nico foram os primeiros a completarem suas voltas. Os alemães estavam competindo em quem ficaria com a pole em casa. Mas a volta de Nico foi descartada.
A primeira volta de Max o colocou em segundo lugar, somente seis centésimos atrás de Lewis. Mas quando Danny completou sua volta, ele ficou somente dois centésimos atrás da pole e um segundo lugar, largando no camarote, parecia perfeito.
Quando Nico finalmente conseguiu completar sua volta, ele deixou Lewis e Danny para trás, pegando a pole definitiva. Danny finalizou sua volta segundos depois da bandeirada, mas continuou atrás de Nico e Lewis, com 1:14:726. Max não tinha mais tempo e ficou logo atrás dele com 1:14:834.
Danny estava no top três!
– P3, Daniel! P3! – Simon disse em meu ouvido, me fazendo rir.
– Obrigado, caras! Foi bom! – Danny disse.
– ISSO! – Falei animada, me virando para receber um abraço de Michael.
– Vamos arrasar! – Ele disse rindo e virei para abraçar Blake.
– Vamos terminar isso com estilo! – Falei rindo.
– Eu vou encher aquela piscina de champanhe e ninguém vai me impedir disso. – Tom disse.
– Vamos ganhar antes de fazer planos, por favor! – Pedi rindo.
– Mas vamos fazer isso! – Michael disse firme e assenti com a cabeça.
– É… Vamos fazer isso. – Sorri.
Daniel
– Baby? – Ouvi a voz de Harper e inclinei meu corpo para o lado, vendo-a fazer sua maquiagem dentro do banheiro somente de jeans e sutiã.
– O quê? – Finalizei de fechar os botões da camisa e ela apoiou as mãos no batente da porta.
– Eu sei que dissemos que seria um jantar só nosso… – Ela mordiscou os lábios. – Mas acho que preciso trabalhar hoje… – Franzi o rosto. – Foram quase cinco anos com uma reputação impecável… – Ela suspirou. – Preciso terminar da mesma forma. – Assenti com a cabeça.
– Eu entendo, baby. – Passei os braços em sua cintura. – Você quer fazer isso sozinha?
– Não… – Ela me abraçou pelos ombros. – Acho que preciso de uma forcinha para fazer isso.
– Bom! – Falei. – Vamos terminar isso com estilo, ok?! – Ela riu fracamente e nossos lábios se tocaram por alguns segundos. – Termine de se arrumar, saímos em 15.
– Ok! – Ela disse rindo, se afastando para dentro do banheiro novamente.
Voltei para a sala do motorhome e peguei meu celular na bancada. Comecei enviando uma mensagem para o restaurante, cancelando a reserva. Tinha feito reserva em um restaurante chique, eu estava me sentindo romântico. Talvez fosse o lugar ideal para a última avaliação de Harper, mas ela não precisava da pressão de um lugar incrível.
Mudança de planos, a levaria para uma das feirinhas em volta do circuito. Talvez estivesse com alguns torcedores ou até pessoas das equipes, mas teria ajuda da galera para distrair. Abri na conversa de Michael e enviei uma para ele.
“Suspendam seus planos, se tiverem, venha para o motorhome, Harper precisa da gente”. – Enviei antes de continuar me arrumando.
Harper saiu do banheiro enquanto eu colocava os Vans nos pés e ela pegou uma camiseta branca antes de colocar um colete jeans por cima. Ela veio em minha direção e se sentou ao meu lado para colocar um sapato com salto baixo.
– Você está linda. – Falei e ela sorriu, pressionando seus lábios avermelhados.
– Você também. – Ela apertou a mão em minha perna, inclinando seu corpo para mim e nossos lábios se colaram por alguns segundos. – Essas camisas são chamativas demais… – Ri fracamente.
– Ei, todo mundo precisa de uma camisa brega de vez em quando. – Ela riu fracamente.
– Normalmente isso acontece na meia-idade, por volta dos 50 anos… Acho que está meio cedo, baby! – Ri fracamente.
– Me deixa! – Falei e ela sorriu.
– À vontade. Eu só vou julgar seus looks, não vou ditar o que você deve fazer. – Ela se levantou, me fazendo rir.
– Não mesmo? – Falei rindo.
– Não! Se você quer ficar feio, a culpa é sua! – Ela deu de ombros.
– Mas eu estarei ao seu lado…
– Eu finjo que não te conheço. – Ela deu de ombros e ouvi duas batidas na porta. – Está esperando alguém?
– Sim! – Falei, me levantando. – Lesgo, baby! – Ela franziu a testa.
– O que está aprontando? – Ela perguntou antes de abrir a porta do motorhome e coloquei a cabeça para fora para ver os caras com roupas bem mais básicas do que eu e Harper.
– Foi aqui que chamaram a cavalaria? – Tom perguntou e Harper virou para mim.
– Achei que precisasse de apoio. – Falei e ela pressionou os lábios antes de segurar meu rosto com as mãos.
– Você é incrível, Daniel Ricciardo. – Ela disse antes de colar os lábios nos meus.
– É… Eu sei disso! – Dei de ombros e peguei minha carteira, colocando no bolso de trás da calça.
– Então, aonde vamos? – Michael perguntou e saí do motorhome, puxando a porta.
– Harper quer fazer uma última avaliação. – Falei. – Vai ser legal.
– É, claro! – Blake disse e vi o taxista parado ali.
– Pode liberar o taxista, vamos a pé. – Anunciei e Harper franziu a testa.
– O restaurante é longe! – Ela disse.
– Não vamos no restaurante. – Estiquei a mão para ela. – Vamos! – Falei e o pessoal se entreolhou, enquanto ela entrelaçou nossos dedos.
Caminhamos por uns 15 minutos até sair da área de acampamento e mais uns 10 até chegar na feira próximo dali. As luzes do grande barracão chamaram atenção de longe. Apesar da distância, andar com a galera atrás de comida parecia a escola novamente. Faltava só Déborah e Aria para o grupo ficar completo.
– Por que aqui? – Harper perguntou.
– Eu quero que você se divirta. – Falei firme. – Sem pressão, ok?! – Ela assentiu com a cabeça.
– Ok. – Ela sorriu e dei um beijo em sua testa.
Entramos atrás dos caras no barracão e as opções eram infinitas, já tinha vindo aqui em outras corridas para procurar algo na hora da fome durante o fim de semana. Normalmente eu venho na pressa e volto também na correria, mas Harper sabia procurar por lugares inusitados e incríveis.
– Fiquem perto dela, ok?! – Falei para Michael. – Especialmente se tiver muitos fãs.
– Isso se ela não sair correndo antes de nós. – Tom disse sarcástico, me fazendo rir.
– Eu já volto! – Ouvi a voz de Harper antes de seguir para outro lado.
– Harper! – A chamei.
– Viu?! Eu falei! – Tom disse e rimos antes de sair correndo atrás dela.
Não demorou para que Harper tivesse algo de comer ou beber em suas mãos.
Apesar de ser completamente egocêntrico da minha parte, minha ideia acabou tendo um resultado melhor do que o esperado. Eu perdi a conta de quantas comidas Harper comeu, beliscou ou comprou para levar de volta para o motorhome. Em um momento ela estava com um cachorro-quente alemão do tamanho da minha cabeça com bacon, picles e chucrute, depois ela tinha um copão de vinho nas mãos e parava em todas as barracas para experimentar alguma coisa.
Harper nunca exagerava na comida em suas avaliações, mas sabia que ela estava se divertindo. Fazia tempo que eu não vi o brilho em seus olhos fazendo isso. Por um momento me perguntei se ela realmente queria sair, mas talvez fosse esse o motivo do ânimo em seu rosto, ela estava finalmente se livrando de algo que não pertencia mais à ela.
Eu acabei me afastando do pessoal um pouco, tinha alguns fãs ali em volta, mas ver Harper quase saltitando pelos lugares, conversando com os vendedores e pegando qualquer tipo de amostra, me deixou muito feliz. E não posso esquecer que os meninos corriam atrás dela para não perdê-la de vista.
– Obrigada por hoje. – Ela disse quando voltamos para o motorhome.
– Você não precisa me agradecer, baby. – Ela deu um sorriso e empurrei a porta do motorhome.
– Eu preciso… – Ela disse, entrando na minha frente e deixando algumas sacolas na bancada. – Fazia tempo que eu não me divertia fazendo isso. – Ela suspirou, se sentando no sofá, se livrando de seus sapatos.
– Eu percebi, os caras não paravam de correr atrás de você. – Ela sorriu e me sentei ao seu lado.
– É, eu percebi… – Ela riu fracamente.
– Você merece isso, baby. – Falei e ela apoiou a cabeça em meu ombro. – Você vai escrever a revisão agora?
– Eu não sei. – Ela disse rindo. – Eu comi demais!
– Bem percebi! – Falei rindo. – Nunca te vi comer tanto. – Ela riu fracamente, me abraçando pela barriga e fiz o mesmo em seus ombros.
– Eu adoro feirinhas. – Ela disse rindo. – E tentei ignorar a pressão do trabalho.
– Você sabe que eu vou te apoiar independente da sua escolha, não sabe? – Perguntei.
– Eu sei… Mas por que diz isso agora? – Ela perguntou.
– Você se divertiu hoje… – Falei. – Caso não queira sair e…
– Não, Danny! – Ela ergueu o rosto, virando o corpo para mim, erguendo uma perna para o sofá. – Acabou! – Ela negou com a cabeça. – Preciso seguir em frente. – Assenti com a cabeça, acariciando seu rosto.
– Eu estarei contigo no que decidir. – Ela sorriu.
– Eu também! – Ela disse, suspirando em seguida. – Ok, eu preciso deitar. – Ela disse rindo. – Estou pesada, estou cansada…
– Vamos dormir, baby, você faz isso amanhã. – Ela assentiu com a cabeça.
– É… Vai ter que ser! – Rimos juntos e ela suspirou. – Ok, agora estou com preguiça de levantar. – Ri fracamente e me levantei, esticando as mãos para ela.
– Vem, eu cuido de você! – Ela riu fracamente e segurou minhas mãos, se impulsionando para cima.
Domingo
Harper
– Eu não deveria dizer isso, mas meu Deus! – Suspirei, deslizando a mão pelo queixo.
– Ele é lindo, certo? – Maria sussurrou para mim e assenti com a cabeça.
– Qual a idade dele? – Anne, da equipe do Max, perguntou.
– Idade do Danny. – Sussurrei.
– Um pouco novo para mim, mas não jogo fora… – Maria disse, me fazendo rir e senti alguém me puxar pela gola da camiseta.
– Ah! – Virei para trás, vendo Danny antes de ele me empurrar para o corredor da garagem. – Danny! – O repreendi. – Isso dói! – Ele revirou os olhos.
– Vai ficar dando em cima desse ator aí na minha frente mesmo?
– Ah, baby! – Falei rindo. – Eu não estou dando em cima de ninguém… Só observando! – Falei, vendo-o bufar. – O quê? Está com ciúmes? – Passei os braços em seus ombros.
– Sim! – Ele disse firme, me fazendo rir.
– Ah, baby… – O puxei para mais perto. – Ele é gato, mas ele não é meu amigo há 24 anos. – Dei um beijo em sua bochecha, sentindo suas mãos em minha cintura. – Ele não é piloto… – Deslizei os lábios pelo seu rosto. – Ele não tem seus cachinhos… – Mordisquei sua orelha. – Ele não tem o melhor sexo da minha vida… – Ouvi sua risada e deslizei os lábios pelo seu rosto. – E eu não o amo. – Segurei sua nuca, olhando em seus olhos. – Entendido? – Mordisquei seu lábio inferior antes de dar um curto selinho.
– Ah, Harper… – Ele falou em um suspiro, me fazendo abrir um sorriso. – Não faça isso agora. Não posso me excitar agora. – Afrouxei minhas mãos em seus ombros.
– Não e você tem que ir. – Desci as mãos em seu peito. – Ganha e depois a gente finaliza isso. – Pisquei para ele e suas mãos fecharam em minha cintura, colando nossos corpos e nossos lábios rapidamente.
O riso ficou preso em minha garganta, já que sua língua encontrou a minha. Minhas mãos se fecharam na segunda pele a mostra e deixei que ele guiasse os movimentos. Suas mãos trabalharam com mais força em minhas costas e minha bunda do que seus lábios, mas quando ele se afastou, eu estava ofegante.
– Só para não perder o costume.
– Idiota. – Falei rindo, passando o polegar nos lábios. – Quanto você sujou meu batom? – Perguntei.
– O suficiente para o cara lá de fora saber que você tem dono. – Gargalhei alto.
– “Dono”? Uhum, tá! Continua achando, lindinho. Talvez ajude no seu ego! – Pressionei meus lábios nos seus. – Para de falar besteira e vamos correr!
– Pelo menos você não negou! – Ri fracamente.
– Vá! – Falei firme, empurrando seu rosto para o lado e desviei de seus braços antes de voltar para garagem. Maria, Annie e os garotos me olharam aos sorrisos e dei de ombros, voltando a me colocar no meu banco. – Vamos correr?
– É! Claro! – Os meninos falaram sarcásticos e ri fracamente.
Desviei o rosto para um espelho e passei as mãos nos lábios, feliz pelo batom vermelho ter saído há tempos. Apesar do drama desnecessário de Daniel, até Nicholas Hoult olhava para nós, mas talvez fosse só a zoação do restante do pessoal que chamou atenção dele, mas ele logo desviou o rosto.
Michael ajudou Danny a terminar a preparação pré-corrida e os protocolos de sempre começaram. Acompanhei Danny até o grid, vendo o caos de sempre e suspirei. Hoje tinha tudo para ser um dia especial. Largando em terceiro, centésimo Grand Prix… Mas normalmente esses dias eram os que mais davam errados. Esperava que as tranças, ou o que for, dessem sorte.
– Cuida para mim… – Danny me entregou seu iPod e coloquei no bolso, como sempre.
– Se cuida, ok?! – Falei e ele assentiu com a cabeça.
– Sempre, baby! – Suspirei. – Eu te amo. – Sorri.
– Também te amo. – Respondi e ele pressionou os lábios em minha testa antes de se afastar.
Acompanhei toda a preparação até a saída da volta de apresentação, voltando para meu lugar dentro da garagem junto do restante do pessoal. Não sei se era por ser a última corrida antes das férias, mas aqui estava mais lotado do que antes. Esperava que não acontecesse o mesmo que em Mônaco. As mudanças estavam dando certo.
Observei os carros voltarem para o grid e as cinco luzes se acenderam uma a uma, fiz um sinal da cruz antes de apagarem e prendi minha respiração.
Danny fez uma largada fenomenal e incrível, mas ele e Max acabaram competindo mais do que deviam e mergulharam juntos dentro da curva. O companheiro de equipe de Danny teve vantagem e acabou ficando em segundo lugar e Danny em terceiro. Lewis liderava a equipe e Nico ficou em quarto. Os três primeiros o ultrapassaram com muita facilidade.
– Droga! – Sussurrei, mordiscando a ponta do polegar.
Não era perfeito, mas ao menos a posição estava mantida.
Na segunda volta, Nico se aproximou demais de Danny e ambos batalharam por umas seis curvas antes de Danny finalmente ultrapassá-lo. Senti que Nico estava com dificuldades nesse começo. Talvez seu azar fosse nossa vantagem. Se continuasse assim, ao menos no pódio Danny já estava.
A competição ficou mais acirrada com a possível chuva que estava ameaçando cair, na décima terceira volta, Max veio para o pit stop, saindo em oitavo. E Danny veio uma volta depois, saindo em quinto, atrás de Lewis, Seb, Kimi e Max, que já havia recuperado algumas posições pela saída de outros pilotos para a troca de pneus.
Na décima sétima volta, a posição inicial voltou quando as duas Ferrari foram para o pit stop também. Lewis liderava com vantagem, Max vinha logo atrás, mas Danny estava mais colado nele.
– Daniel, Lewis está há nove segundos de você. Os tempos dele e de Max estão estáticos! – Ouvi Simon falando na vigésima segunda volta.
– Entendido! – Ouvi sua voz, me fazendo pressionar os lábios.
Já na vigésima quinta volta, tudo mudou novamente quando os tempos do pessoal com os supermacios começou a decair.
– Os pilotos em supermacios estão sofrendo um pouco, procure por esses intervalos. Provavelmente Plano B! – Simon falou.
Plano B, duas paradas.
– Entendido! – Danny disse.
Na vigésima nona volta, Max voltou para o pit stop e saiu em quinto. Danny estava em segundo e Max lutando para ultrapassar Nico. Ele e Max batalharam por quase uma volta inteira, até que Nico fez uma curva muito aberta em cima de Max, obrigando-o a sair da pista e isso foi para investigação.
Na trigésima quarta volta, o resultado veio. Nico recebeu cinco segundos de penalidade. Na mesma volta, Danny veio fazer seu segundo pit stop e trocou pelos supermacios, me deixando confusa.
Não eram os supermacios que estavam com problemas? O que Simons estava pensando?
Sem resposta, Danny saiu em quarto, atrás de Lewis, Nico e Max.
– Entendeu algo? – Michael perguntou ao meu lado e neguei com a cabeça.
– Não mesmo, mas eles sabem de algo no pit wall, certeza. – Suspirei.
Na trigésima sexta volta, Danny fez a volta mais rápida com 1:19:684. Na volta seguinte baixou para 1:19:681. A corrida estava ficando cada vez mais empolgante e eu sentia a excitação subir pela minha garganta. A última não havia sido assim.
Na trigésima oitava volta, Massa precisou abandonar a corrida por um problema de suspensão.
Na quadragésima volta, o que eu esperava acontecer desde o começo da corrida, aconteceu. Danny aproveitou o DRS e ultrapassou Max. Talvez não devesse, mas comecei a aplaudir isso junto do restante dos mecânicos e dos caras.
– Vai, Danny! Pega eles! – Falei em um sussurro.
Na quadragésima volta, Danny reduziu o tempo de volta mais rápida com 1:19:105, se ele continuasse assim, o primeiro lugar poderia vir. Na quadragésima terceira volta, Simon informou Danny sobre Nico mais uma vez.
– Rosberg está sofrendo um pouco, pega ele!
Não foi preciso que Danny fizesse muita coisa, Nico precisou parar na quadragésima volta, deixando o espaço para Danny chegar em segundo. A Red Bull aproveitou o tempo de vantagem e fez pit stop com Max na volta seguinte e com Danny na depois. Danny conseguiu sair em terceiro, atrás de Kimi, mas pegou o lugar dele assim que o finlandês foi para o pit stop.
– ISSO! – Os mecânicos comemoraram.
– Vai, Danny! – Sussurrei, já mordendo com mais força a ponta do meu dedo.
Na quadragésima oitava volta, Danny reduziu mais ainda a volta mais rápida com 1:18:442. Ele está literalmente pegando fogo, pena que Lewis estava correndo praticamente sozinho há quase oito segundos de Danny! Ele precisava reduzir bastante esse tempo para alcançá-lo. Tínhamos ainda 19 voltas, quem sabe?
A corrida se tornou mais estática pelas próximas voltas, mas mantendo a empolgação seja com os primeiros quatro lugares, seja com o restante dos pilotos. Alonso e Perez vinham batalhando entre si. Bottas e Hulkenberg, também e tinha muitas incertezas.
– Daniel, chuvisco fraco na curva um. – Simon avisou e não era possível ver nada ainda, o tempo parecia limpo.
Danny acabou atrás de Alonso e Perez ao ultrapassá-los de novo e ambos logo abriram espaço para ele. A distância de Danny para Lewis reduzia cada vez mais e agora estava abaixo de seis segundos. Faltava cinco voltas, mas era possível.
Na sexagésima primeira volta, foi a vez de Nasr abandonar a corrida por problema na unidade de energia.
As voltas foram passando e o top três foram lapeando o restante dos pilotos que ficavam uma ou duas voltas para trás e eu só conseguia olhar para o número de voltas faltantes. Segundo lugar, segundo lugar! Faltavam só duas voltas para completar garantir essa posição.
– Vai, baby. Vai! – Suspirei. A animação era crescente no restante da equipe também, seja do nosso lado ou do outro. Era segundo e terceiro lugar da Red Bull, isso nos colocava em segundo no campeonato de construtores e Danny ganhava vantagem de Kimi em terceiro lugar no campeonato individual.
A última volta começou e meu coração pareceu travar por um segundo, voltando a bater somente quando os mecânicos saíram correndo para a grade. Lewis viu a bandeira, depois Danny e Max em terceiro.
Era isso que eu estava falando.
– ISSO! – Comemorei animada e senti alguns abraços em volta de mim e já abraçava Maria e Michael.
– Conseguimos! – Michael disse rindo.
– Conseguimos! – Gargalhei, abraçando ele junto de Blake, Tom e Alex.
– Saúde, caras! Foi bom! – Ouvi Danny no rádio, me fazendo sorrir.
– Ótimo ritmo, ótima posição. – Simon disse.
– É! Obrigado, caras. – Danny disse. – Os supermacios deram um ótimo balanço! – Ri fracamente.
– Merda! Supermacios! – Neguei com a cabeça.
– VEM! – Tom gritou, seguindo para frente da garagem. Gargalhei, deixando meu headphone apoiado em qualquer lugar e corri com eles pelo pit lane, feliz pela garagem da Mercedes ser mais longe e conseguirmos nos acumular na grade antes deles.
Os três carros estacionavam ali e Danny e Max se abraçaram logo que saíram dos carros. Abri um largo sorriso quando Danny se virou em nossa direção. Seu sorriso era visível até embaixo do capacete, o que só fez o meu aumentar mais ainda.
– É, DANNY! – Os caras gritaram e ele passou os braços em volta de nós e só consegui puxar seu pescoço, dando um beijo no capacete, na direção de seu queixo.
– Terminamos depois! – Ele falou abafado, me fazendo sorrir e os caras o empurraram para longe.
Ri fracamente, vendo-o entrar na garagem da FIA e suspirei. Segundo lugar. Parece que as tranças realmente davam um pouco de sorte. Apoiei os braços na grade, inclinando o corpo um pouco para frente e percebi várias câmeras viradas para meu rosto e fiquei entre fazer uma careta, sorrir ou manter a cara séria. Esqueço que eles ficam a nossa volta agora.
Não sei o que eles tinham pego, mas esperava que tia Grace continuasse ignorando qualquer notícia nossa que sai na mídia. A regra geral sobre Danny é e sempre foi: ignorar boatos na mídia, mas não quando não estávamos sendo nada discretos na frente da mídia. Ao menos ele estava de capacete.
– Em terceiro lugar, da Holanda, Max Verstappen! – Ergui o rosto para o pódio, vendo Max entrar e os torcedores que se acumulavam atrás de nós, gritaram.
– Em segundo lugar, da Austrália, Daniel Ricciardo! – Abri um largo sorriso, aplaudindo-o em sua entrada calorosa.
– VAI, DANNY! – Os caras gritaram atrás de mim.
– Em primeiro lugar, da Grã-Bretanha, Lewis Hamilton! – Lewis entrou logo em seguida.
O hino da Inglaterra começou a tocar, fazendo aquele silêncio descomunal se instalar entre aquelas milhões de pessoas. A maioria das bandeiras eram da Inglaterra e da Holanda, mas era possível ver uma ou outra da Austrália.
Após o hino, Lewis foi o primeiro a receber seu prêmio, jogando-o para cima como sempre. Seu engenheiro recebeu o dele, depois foi a vez de Danny, ele beijou o prêmio e veio para perto da grade, fazendo os mecânicos comemoraram com ele. E Max recebeu o último, com uma comemoração bem mais contida.
– O CHAMPANHE!
Não deu tempo do apresentador falar e Danny estourou sua garrafa no chão, espirrando em Lewis e depois em Max. Não consegui ficar animada por dois segundos, pois Danny logo o espirrou pela marquise, fazendo alguns respingos caírem em nós. Ri fracamente, vendo Danny se sentar no pódio e tirar seu sapato antes de enchê-lo com champanhe.
– Ah não! – Falei.
– Ele vai fazer o que eu acho que ele vai? – Blake perguntou.
– Pelo jeito vai! – Michael disse e Danny se levantou antes de virar o champanhe do sapato.
– AH, DANIEL! – Falei rindo.
– Eca! – Os meninos falaram a minha volta.
– Danny está adepto ao shoey desde quando? – Alex perguntou e ri fracamente.
– A gente conversou sobre isso tem uns meses, mas não achei que ele fosse realmente fazer isso. – Falei rindo. – Eu comentei sobre, mas… – Ri sozinha.
– É! Ele fez! – Michael falou com uma visível careta em seu rosto e ri fracamente.
– Espero que ele não pense que eu vou beijá-lo depois disso. – Falei, ouvindo os caras rirem a minha volta.
– Imagina o gosto, cara! – Blake disse e fiz uma careta.
– Eu poderia pensar com um pouco de clareza e quatro anos de gastronomia e falar que não dá tempo de ficar com gosto, mas eu só estou com nojo agora. – Falei com uma careta em meu rosto e arrepiei meu corpo.
– É… – Os meninos falaram juntos. – Eca! – Eles falaram, me fazendo rir.
*Os pais do Danny estavam nessa corrida, mas alterei por motivos de enredo.
Daniel
– Ah, baby! – Falei rindo.
– Para, Daniel, você está suado! Você deveria ter tomado banho depois de tudo! – Harper me empurrou, me fazendo forçar as mãos em seu corpo.
– Ah, a gente estava comemorando, baby! – Pressionei meus lábios em seu pescoço.
– Para, Daniel! – Ela disse aos risos, empurrando meu rosto e gargalhei. – Ainda não acredito que você falou aquilo para o jornalista!
– Ah, eu só pensava que o cara era irlandês, eu ia adivinhar que era escocês? – Ela destravou a porta do motorhome.
– É por isso que você não assume nada das pessoas, baby! – Ela disse, puxando a porta em seguida.
– Ah, só cumprimentei o cara. – Tropecei nos pés no primeiro passo.
– Boa noite, gente!
– Boa noite! – Gritei para o restante da equipe que vinha logo atrás.
– Você cuida disso? – Maria perguntou.
– Há, há, há! Muito engraçado! – Falei e senti Harper me puxar para dentro.
– Tchau, gente! – Ela disse novamente e eu tropecei nos degraus. – Vem logo, Daniel! Você está bêbado!
– Eu não estou! – Falei firme, rindo em seguida e fechei a porta atrás de mim.
– Você está bêbado! – Ela disse firme. – E fedido! Vai para o banho agora! – Ela indicou o corredor.
– Ah, baby! Agora que eu estou livre? Dá para gente aproveitar um pouco… – Puxei-a pela cintura e ela me manteve afastado com o braço em meu peito.
– Vá para o banho, use bastante sabonete, faça bastante espuma, depois eu apareço lá! – Ela disse séria.
– Hum… Sexo no chuveiro? – Ela se afastou, sacudindo as tranças e deu de ombros.
– Talvez… – Ela sorriu e ri fracamente, vendo-a se apoiar na bancada e começar a desfazer um lado da trança.
– Você quer uma música? Acho que esse momento pede uma música! – Falei, seguindo até o som e procurei alguma música, escolhendo A Place Like This de Majid Jordan.
– Ah, Daniel… – Ela virou para mim e comecei a dançar no ritmo da música. – Você não vai fazer isso! – Ela disse rindo e puxei a camiseta para fora, vendo-a negar com a cabeça. – Daniel…
– O quê? Não quer me ver dançar? – Girei a blusa para cima, rebolando devagar enquanto esfregava as costas dela, vendo-a rir.
– Banho, Daniel! – Ela me empurrou e abri a calça jeans, dançando conforme a música. – Você é terrível! – Ela disse, terminando de desfazer uma trança.
– Você sabe quantas mulheres fariam de tudo para ver esse show? – Perguntei, abaixando as calças.
– Vai atrás delas, então! – Ela disse rindo, puxando a outra trança e fechei o sorriso.
– Seu coração parou de bater, né?! – Falei antes de tirar a calça e chutar em sua direção.
– Ah, dramático! – Ela disse rindo e segui para o banheiro.
Mostrei-lhe a língua, ouvindo sua risada ainda e tirei a cueca antes de entrar embaixo do chuveiro. A água gelada caiu mais rápido, fazendo meu corpo arrepiar antes da água quente cair. Eu estava bêbado na coletiva e um pouco mais cedo, mas agora eu só estava feliz demais! Terceiro lugar na semana passada, segundo nessa! A próxima metade da temporada tinha tudo para ser incrível!
Obedeci Harper e passei bastante sabonete pelo corpo. Dava para sentir o cheiro do champanhe impregnado no suor mesmo depois de quase seis horas do final da corrida. Me enxaguei e repeti o processo mais uma vez, demorando um pouco mais dessa vez. Larguei o sabonete e peguei o xampu, colocando um pouco na cabeça, esfregando o couro cabeludo, os cachos e até a barba antes de entrar embaixo da água novamente.
– Já voltou ao normal? – Saí de baixo do jato, vendo a cabeça de Harper para dentro do banheiro e passei a mão no vidro para desembaçar.
– Estou sempre no meu normal, baby! – Falei e ela riu fracamente, entrando e fechando a porta.
– Eu não gosto de você bêbado. – Vi seus cabelos frisados pelas marcas das tranças.
– E eu não gosto de você enfezada. – Falei e ela fez um bico, me fazendo sorrir. – Manhosa?
– Muita atenção em cima de você. – Ela cruzou os braços e sorri.
– Ciúmes? – Abri um sorriso.
– Cala a boca. – Ri fracamente.
– Vem cá… – Chamei-a, passando a mão pelo corpo, tirando o restante de sabonete.
– Precisamos conversar… – Ela disse fracamente, puxando a blusa para cima. – Sobre as férias… – Ela se livrou do sutiã antes de abaixar com suas calças.
– Podemos conversar depois… – Entreabri o box. – Vem… – Ela suspirou, com um curto sorriso nos lábios e abaixou a calcinha antes de deixá-la na pia. – Minha linda.
– Me cantando? – Ela perguntou, se aproximando de mim e ri fracamente.
– Sempre que eu puder… – Ela entrou no box e passei meus braços em sua cintura. – Eu te amo, minha enfezada. – Ela riu fracamente, passando as mãos em meus ombros e segurou minha nuca.
– Eu estou feliz por você. – Ela colou nossos corpos. – Foi uma corrida emocionante, de verdade. – Sorri, deslizando meu nariz no seu.
– Fazia tempos que isso não acontecia, foi bom. – Falei rindo. – E bom para a equipe também. – Ela sorriu.
– Eu estou ficando empolgada demais quando você fica na frente do Max, isso é mal? – Ela perguntou rindo.
– Não! – Sorri. – Se ele for melhor do que eu, eu posso perder meu emprego, então… É bom ficar feliz por isso. – Ela acariciou meu rosto.
– Ok, então seja melhor do que o Max sempre. – Assenti com a cabeça e ela deu um curto selinho em meus lábios.
– Eu vou tentar. – Falei rindo e ela me abraçou apertado, apoiando a cabeça em meu ombro. – Cansada?
– Um pouco, hoje foi pesado. – Ela ergueu o rosto e deslizei meu nariz em sua bochecha. – Um pesado bom, mas pesado.
– Temos duas semanas de folgas, baby…
– Querendo ir para três países, não é exatamente uma boa folga. – Rimos juntos e ela ergueu o rosto.
– Como quer fazer isso? – Perguntei, acariciando seu rosto, vendo o curto sorriso em seu rosto.
– Eu não sei, honestamente. Mas acho que preciso resolver as coisas da Michelin sozinha… – Ela pressionou os lábios.
– Tem certeza? – Ela assentiu com a cabeça.
– Você é culpado por parte do meu desleixo, não quero que falem, sabe? – Sorri.
– Não ligo de ter essa culpa. – Ela pressionou os lábios nos meus.
– Achei que não queria me beijar depois do shoey! – Falei e ela riu fracamente.
– Eu não deveria… – Ela mordiscou meu lábio. – Mas não resisto a você, baby.
– Vem cá… – Puxei-a mais para perto com a mão em sua cintura e colei meu peito no seu.
– Vai ficar bem alguns dias sem mim? – Perguntei, sentindo sua mão deslizar pelo meu corpo.
– Sim, eu vou. E você? Vai fazer muita bagunça? – Ri fracamente.
– Talvez… – Deslizei meus lábios pelo seu rosto. – Mas prometo me comportar.
– Sem mulheres… Sem strippers…
– Não. – Falei sério. – Eu tenho você, baby. – Sua mão desceu pelo meu peito. – Não preciso mais ninguém. – Ela sorriu.
– Bom. – Nossos rostos se alinharam. – E se os meninos quiserem, espero que saiba que eu vou ficar muito brava se você estiver envolvido. – Arrepiei quando sua mão chegou em meu pênis. – Você sabe o que eu posso fazer contigo. – Mordisquei meu lábio inferior. – Ou o que posso deixar de fazer contigo… – Ela começou a deslizar a mão devagar.
– É… Eu sei. – Suspirei, sentindo meu corpo se contrair com o toque. – Conheço minha gata. – Ela riu fracamente.
– Isso não é mais estranho, certo? – Ela perguntou fracamente.
– Como se nunca tivesse sido. – Falei em um sussurro.
– Me beija. – Ela disse no mesmo tom e passei as mãos em seus cabelos, colando nossos lábios.
Suas mãos se afastaram de meu pênis, pressionando o corpo no meu e encostei na parede atrás de mim. Ela apertou as mãos em minha cintura e seu pé deslizou em minha perna, encaixando-a em minha cintura. Ela deslizava sua vagina na minha, fazendo meu pênis pressionar cada vez mais forte.
Minhas mãos se perderam em seus cabelos enquanto nossas línguas se encontravam na boca do outro, tornando o beijo bagunçado. Ela afastou nossos rostos, dando um selinho em meus lábios e deslizando-os pela minha bochecha.
Soltei um suspiro para cima, sentindo-a descer os lábios para meu pescoço, depois para meu peito, deixando curtos beijos no local e pressionei uma mão em meus cabelos, sabendo já o que ela queria fazer.
Mordisquei o lábio inferior quando senti sua mão em meu pênis novamente e ela se ajoelhou no chão. Ela passou os lábios devagar nele, me fazendo prender com mais força a respiração e levei uma mão em sua cabeça, segurando seus cabelos no topo de sua cabeça. Ela ergueu o olhar para mim e só consegui sorrir.
Merda!
Soltei um gemido quando ela colocou meu pênis na boca e quase vi estrelas com o feito. Uma mão foi até a base, enquanto a outra apoiou em minha coxa, deslizando a mão devagar. Meu corpo se contraía cada vez mais, deixando minha respiração falhada, mas era abafado pelo barulho do chuveiro.
– Merda, Harp… – Sussurrei, sentindo-a dar curtos beijos na minha glande e ela o afastou, erguendo o rosto para mim. – Não para…
– Só aquecendo os pneus, baby. – Ri fracamente, vendo-a se aproximar.
– Ah, merda, eu te amo. – Falei rindo e ela colou seu corpo no meu novamente antes de nossos lábios se encontrarem.
Apertei minhas mãos em sua cintura, colando meu corpo no seu e suas mãos foram para minha nuca. Deslizei minhas mãos pela sua bunda, apertando-as com firmeza, ouvindo-a rir fracamente, separando nossos lábios por alguns segundos. Apertei minhas mãos em seu quadril e afastei meu corpo da parede antes de apoiá-la no mesmo.
Pressionei meu corpo no seu, deslizando minha mão para sua perna e a ergui até minha cintura. Ela respirava com os lábios entreabertos e olhei em seus olhos castanhos, vendo-a transformar seus lábios em um curto sorriso. Colei nossos lábios novamente por alguns segundos antes de guiar meu pênis até sua entrada. Ela deu uma mordiscada em meus lábios antes de eu penetrá-la devagar, ouvindo-a gemer devagar com o feito.
– Ah, baby… – Ela suspirou, apertando as mãos em meus ombros e tombando a cabeça para trás.
Levei os lábios para seu pescoço, dando fortes chupadas, sentindo-a puxar um pouco dos meus cabelos. Comecei a movimentar meu quadril devagar, fazendo movimentos de vai e vem, mantendo minha mão firme em seu corpo.
– Vai, baby… – Ela gemeu perto de meu ouvido, me fazendo suspirar.
Meus lábios se afastaram de meu corpo, mantendo-os em sua pele conforme eu movimentava meu quadril cada vez mais forte, tirando quase tudo e colocando rapidamente de novo, fazendo os suspiros de Harper ficarem mais fortes em meu ouvido e seus dedos apertaram meus cabelos.
– Baby, eu vou… – Suspirei, tirando meu pênis de dentro dela pouco antes de gozar.
– Ah, merda. – Ela suspirou, jogando a cabeça para trás. – Eu odeio quando você faz isso… – Ri fracamente, movimentando a mão em meu pênis.
– Esquecemos a camisinha, baby. – Dei um beijo em sua bochecha.
– Eu preciso de mais, baby. – Ela falou com a voz fraca.
– Eu te ajudo. – Dei um beijo em seus lábios antes de deslizar meu corpo para baixo, sendo minha vez de ajoelhar no chão.
Ergui a perna que estava em minha cintura para meu ombro e levei os dedos em sua vagina, entreabrindo os lábios antes de levar minha língua para sua entrada, ouvindo-a soltar um gritinho.
– Ah, merda! – Ela suspirou, apertando a mão em meus cabelos.
Deslizei a língua em sua entrada, sentindo-a úmida e chupei seu clitóris, ouvindo seus gemidos ficaram cada vez mais rápidos e sua mão puxar meus cabelos com mais força. Apertei minhas mãos em suas pernas, chupando cada vez mais forte seu clitóris, sentindo os lábios estalarem com o movimento.
– Dan… Dan… – Ela soltou um gemido alto, apertando meus cabelos com força antes de soltá-los devagar. – Ah, merda!
Abri um largo sorriso, deslizando minha língua mais uma vez em sua entrada, sentindo-a apertar meu rosto e abaixei sua perna devagar antes de me levantar. Segurei seu corpo com firmeza, vendo-a escorada na parede e segurei-a pela cintura novamente, sentindo-a me apertar pelos ombros.
– Estamos quites agora? – Perguntei e ela riu fracamente.
– Não. – Ela negou com a cabeça e dei um beijo em seus lábios. – Eu gosto quando você vai até o fim…
– Eu posso pegar uma camisinha e a gente começa de novo. – Ela riu fracamente, soltando a respiração em um riso.
– Eu preciso de um minuto. – Ela falou em um suspiro.
– Até dois. – Dei um beijo em sua bochecha e ela virou o rosto, colando nossos lábios por alguns segundos.
– Eu te amo. – Ela sussurrou e sorri.
– Também te amo, baby. – Ela suspirou.
Ela fechou os olhos por alguns segundos, me apertando pelos ombros e distribuí alguns beijos em seu rosto e lábios, vendo-a sorrir com cada beijo que eu deixava. Ela abriu os olhos novamente, acariciando meu rosto e colei nossos lábios em um curto selinho.
– Vamos fazer o seguinte… – Ela disse suspirando. – Eu vou para França resolver minhas coisas e você vai com os meninos para os Estados Unidos… – Assenti com a cabeça, ouvindo-a suspirar. – Depois eu encontro vocês lá, ficamos alguns dias e finalizamos nossas férias em casa. – Assenti com a cabeça.
– O que você decidir, baby. – Ela suspirou. – Já decidiu o que vai fazer com seu apartamento?
– Eu vou colocar para vender, vou falar com a imobiliária e desmonto quando vender. – Assenti com a cabeça.
– Não tem como a gente ficar com ele? É na França, é perto de Mônaco. – Ela riu fracamente.
– São 400 quilômetros, baby. Não é tão perto assim. – Assenti com a cabeça.
– Faça o que achar melhor. Eu vou te apoiar no que decidir. – Ela sorriu, acariciando meu rosto.
– Eu também! – Ela sorriu e nossos lábios se tocaram mais uma vez.
Capítulo 28
Perth, Austrália, 2008
– Para! Você tem que terminar de se arrumar! – Daniel reclamou, batendo nas mãos de sua irmã.
– Só estou tentando te ajudar! – Michelle disse.
– Filha, vai logo! – Grace falou para sua filha, ajeitando a cauda do seu vestido de noiva. – Eu te ajudo.
– Eu odeio esse cabelo! – Daniel disse, vendo a mãe mexer nos frios cacheados de Daniel que agora estavam duros de tanto laquê que Michelle usou neles.
– Só afofar agora! – Michelle falou, atravessando a casa da família e indo de encontro às suas madrinhas.
– Ela fala como se fosse fácil. – Daniel rosnou emburrado.
– Não fique assim, é o casamento da sua irmã! – Grace disse e o menino suspirou.
– Só queria que fosse mais fácil cuidar disso. – Daniel disse, se olhando no espelho.
– Está lindo, filho. – Grace disse, apesar de sempre ter achado difícil também cuidar de seus cabelos.
– Aceitam uma mão aí? – Uma terceira voz se fez presente no banheiro e ambos viraram para a porta, encontrando Harper ali.
A boca de Daniel foi imediatamente para o chão. Pelo visto a faculdade estava fazendo muito bem à Harper. Ela usava o vestido turquesa que Michelle havia escolhido para as madrinhas, e o seu era o que parecia um top e uma saia alta. Seus cabelos escuros estavam alisados e ela usava um rabo de cavalo junto de longos brincos e o colo nu.
Daniel sempre achou Harper a mulher mais linda do mundo, mas essa arrumação realçou mais ainda a beleza da menina, fazendo Daniel até se confundir sobre a relação que ambos tinham.
– Uau, Harper! – Grace falou animada, andando até a menina e a abraçou. – Você está linda!
– Ah, obrigada! – Harper sorriu para Daniel enquanto abraçava Grace. – Não é um pouco demais?
– Não! Você está linda! – Harper sorriu, observando Daniel com a gravata rosa exigida para os homens. Michelle não foi muito discreta na escolha.
– Ei, Danny. Dificuldades para lidar com a juba? – Ela perguntou e ele riu embasbacado ainda. – Daniel? – Ela o cutucou.
– Oi! Desculpa! Você tá linda, Harper! – Ele disse rindo, fazendo-a sorrir.
– Obrigada. – Ela deu um curto sorriso. – Não nos vemos desde outubro, não vai me dar um abraço?
– É claro que sim! – Ele riu envergonhado antes de abraçar a amiga. – Senti sua falta.
– Eu também. – Ela suspirou, tomando cuidado para sua maquiagem não manchar o paletó de Daniel. – Como estão as coisas?
– Estão muito bem. – Ele sorriu, observando sua amiga mais de perto e ela sorriu.
– Que bom! – Ela disse alheia à olhada exagerada.
– E você? E a faculdade? Sua família? – Ele perguntou quando finalmente destravou.
– Tudo certo. Continuo sendo a melhor da minha sala, nada de novo. – Ela deu de ombros, fazendo Grace rir.
– Pode ajudá-lo com os cabelos? – Grace perguntou. – Cadê seus pais?
– Ficaram presos com a nonna! – Harper se definiu aos pais de Joe, nativos italianos.
– Ah, droga! Ajuda ele, por favor! – Grace disse apressada, saindo correndo do banheiro.
– Vemos que o caos está instaurado? – Harper virou para Danny.
– Quando não? – Ele disse e Harper analisou os cabelos de Daniel.
– Pente? – Ela perguntou e Daniel lhe esticou um pente estilo garfo e a menina, devido ao salto, não teve dificuldades e ajeitar os cabelos no alto da cabeça de Daniel.
O menino ficou observando-a pelo reflexo no espelho enquanto ela erguia os braços e ajeitava os cabelos dele. Ele sabia que tinha algo de muito diferente em Harper, mas não somente a beleza. Tinha mais, muito mais.
– Cadê meu casal favorito? – Nonna Ricciardo apareceu na porta do banheiro, fazendo ambos a olharem. – Ah, como estão lindos!
– Nonna, quantas vezes já falei que não somos namorados? – Harper falou rindo e Daniel a acompanhou.
– Não sei por que, não! Vocês são lindos juntos! – Ela fez uma cara fofa que só fez os dois sorrirem com os gracejos da senhora. – Eu não erro, queridos! – Ela disse antes de seguir para o quarto em que a noiva estava.
– Há quantos anos ouvimos isso? – Harper perguntou.
– Hum… Uns 15? – Daniel disse rindo e Harper lhe devolveu o pente.
– Pronto! – Ela disse. – Dá para aguentar pela cerimônia, pelo menos.
– Até eu começar a suar. – Ele disse, fazendo-a rir.
– Ela podia ter aliviado pelo menos no paletó, né?! – Ele suspirou.
– Ela falando “eu aceito”, eu tiro isso na hora. – Ele disse rindo e ambos saíram do banheiro, seguindo para o quarto de Daniel.
– Bom, eu trouxe um chinelo. – Ela se sentou na cama dele. – E meus pés já estão doendo. – Eles riram juntos.
– Acredita que a Mi vai casar? – Ele falou em um suspiro.
– Não acredito que eles planejaram um casamento em seis meses. – Harper disse rindo.
– Nem eu! Achei que o Jason fosse fugir dessa! – Eles riram juntos.
– Eu só fico pensando na idade. – Harper riu. – Eles são meio novos, né?!
– Você não está sabendo? – Daniel virou para ela.
– Não, o quê? – Ela perguntou.
– Jason conseguiu um emprego em Adelaide, eles se mudam em fevereiro. – Daniel disse.
– Não! – Harper disse chocada. – Ah. – Ela fez um pequeno bico nos lábios. – Não acredito.
– É! É um trainee, algo assim. Eles vão se casar e vão juntos. A Mi vai tentar encontrar um emprego lá, mas o salário é muito bom para ele negar…
– Claro! – Harper disse. – Você foi embora, eu fui, agora a Mi…
– Pois é… – Ele suspirou. – Mas Perth sempre vai ser nosso ponto de encontro. – Ela assentiu com a cabeça, erguendo o olhar para ele.
– Sim. – Ela sorriu. – Mas vamos aproveitar as férias antes de falar em ir embora, pode ser?
– Sim, a começar com o casamento do ano! – Ele esticou as mãos para ela e ela as segurou, se levantando. – Vamos ser o melhor casal de padrinhos, Harp?
– Sim, vamos lá! – Ela disse rindo, puxando Daniel pela mão para a bagunça que acontecia na casa dos Ricciardo.
AGOSTO
Saint-Étienne, França, 2016
Harper
Tirei os óculos de sol ao me aproximar do prédio tradicional em Saint-Étienne e atravessei os portões. Apesar do verão europeu, eu tremia como se o sol não estivesse queimando minha nuca à mostra devido ao rabo de cavalo.
Apertei a pasta mais para perto do corpo antes de empurrar a aldrava com o desenho de um lobo e sentir o tempo mais frio lá dentro. A recepcionista sorriu para mim e, sem dizer uma palavra, ela se levantou, seguindo pelas escadas atrás de si.
Não me dei ao trabalho de sentar, dei uma olhada na larga estante próxima à porta e vi as novas conquistar da Michelin nos últimos meses. Meu nome aparecia com frequência ali, mas nada dentre as coisas novas. Não podia esperar também, fui uma péssima revisora nos últimos meses.
– Senhorita Addams! – Virei o rosto, erguendo o olhar para cima e vi senhor Bernard no topo da escada.
– Senhor Bernard! – Sorri.
– Venha, por favor! – Ele disse e acenei com a cabeça para a recepcionista antes de subir as escadas. – A senhorita está cada vez mais bela. – Lhe estiquei a mão.
– São seus olhos, Gustav! – Falei, recebendo um aperto de mão e um beijo.
– Venha, por favor… – Ele me indicou o caminho e segui com facilidade pelos corredores até entrar na sala do meu coordenador desde o primeiro dia e me sentei em um dos sofás dali. – Como estão as coisas, Harper? Não tenho recebido tantas avaliações suas quanto antes, mas fico surpreso com os lugares quando elas chegam. – Suspirei.
– Eu estou viajando com um amigo, ele precisa viajar bastante, por isso as diferenças de locais. – Falei.
– E qual o motivo da sua visita? – Suspirei.
– Direto ao ponto? – Falei com um sorriso, tentando quebrar o gelo.
– Eu percebo quando algo não está de acordo, senhorita Addams. Entendo que todos temos bons e maus momentos durante suas avaliações, mas você sempre foi impecável. – Ele disse. – E tem sido assim desde o ano passado. Suas avaliações de 10 caíram para nove, agora elas mal chegam…
– Muito aconteceu desde o ano passado, Gustav. – Falei, apertando minhas mãos no colo. – Nada de extremo, eu só sinto falta da minha família. – Pressionei os lábios. – E ficar um ano inteiro fora, não me parece a melhor forma de cuidar disso. – Ele assentiu com a cabeça. – As avaliações ficaram cada vez piores ou escassas, pois eu me encontrei, senhor Bernard. E eu não tenho mais vontade de seguir com esse trabalho. Sinto muito. – Ele assentiu com a cabeça e batucou os dedos no braço do sofá.
– Eu não me surpreendo, senhorita Addams. – Ele disse. – Você sempre foi impecável em seu trabalho, mais avaliações que todos meus revisores… Uma hora você se cansaria. Não é novidade nenhuma. – Ele disse. – Você sempre esteve procurando alguma coisa, e pelo visto encontrou. – Assenti com a cabeça.
– Sim, senhor. – Dei um curso sorriso.
– Não preciso saber dos detalhes, Harper. Só quero saber o que você pretende fazer após aqui.
– Eu vou voltar a estudar. – Falei. – Faz anos que não me aperfeiçoo… – Ele assentiu com a cabeça. – E pretendo abrir um restaurante. – Ele abriu um sorriso.
– Fico feliz em saber que suas aspirações não mudaram ainda. – Ele disse, me fazendo rir.
– Nunca! – Sorri. – Poderia ficar com vocês até o fim do ano, mas eu não tenho mais forças para isso, Gustav. Meus interesses são completamente diferentes agora. – Ele assentiu com a cabeça. – Eu estou ciente da multa por quebra de contrato e estou disposta a pagar, mas minhas avaliações da Alemanha foram as minhas últimas.
– E foram as suas melhores em anos. – Dei um aceno com a cabeça. – Mas, por favor, por toda sua credibilidade e anos impecáveis de serviço, guarde o valor da multa… – Franzi a testa. – Você vai precisar dele para abrir seu restaurante. – Sorri.
– Agradeço, senhor. – Falei.
– E use todos seus anos de experiência para que sua estrela chegue no momento em que o primeiro revisor for te visitar. – Ri fracamente.
– Com certeza, senhor! – Sorri, vendo-o retribuir.
Los Angeles, Estados Unidos
Daniel
– Hum… Caras? – Ergui o rosto, vendo Tom se sentar em sua espreguiçadeira. – Eu sei que viemos aqui para descansar, mas… Isso poderia estar um pouco mais animado.
– Pode ligar o som se quiser! – Falei.
– Eu não estava dizendo esse tipo de ânimo. – Ele disse e foi minha vez de erguer o rosto.
– Eu estou fora! – Falei rindo.
– Não estou falando para você participar, só… – Ri fracamente.
– Você quer que eu libere. – Falei rindo e neguei com a cabeça.
– É… Sabe! Uma festa no CEP mais famoso do mundo vai chamar a atenção de muitas mulheres! – Tom disse e neguei com a cabeça rindo.
– É, porque só assim você vai conseguir transar! – Alex disse gargalhando.
– Ah, seu filho da mãe! – Tom se levantou, correndo atrás de Alex e ri fracamente, vendo ambos correndo pela piscina.
– Você não precisa aceitar isso, Danny. – Blake disse.
– Eu sei, mas vocês não vieram para cá só para ficar tomando sol e aproveitando a vista. – Falei.
– Não… – Michel disse rindo, nos fazendo rir com ele. – Mas também não vamos permitir que você olhe para outra mulher que não seja a Harper. – Ri fracamente.
– Posso até olhar, mas não sou capaz de sentir o que eu estou sentindo agora. – Ri fracamente.
– Estamos felizes por você, Danny! – Blake disse. – Claro que ninguém esperava, mas… – Rimos juntos.
– É… Nem eu… – Ri fracamente e vi o celular se iluminar e a foto de Harper aparecer nele. – Falando nela… – Eles riram.
– Vai lá! – Michael e Blake falaram juntos e me levantei, aceitando a ligação antes de colocar o celular na orelha.
– Ei, baby! – Falei.
– Oi, baby! – Ela respondeu suspirando.
– Como foi lá? – Atravessei a área da piscina antes de entrar em uma das salas.
– Eu não sei… – Ela suspirou.
– O que aconteceu, baby? Está tudo bem? – Perguntei, me sentando no braço do sofá.
– Está tudo bem, na verdade. – Ela riu fracamente. – Foi perfeito.
– É? – Sorri.
– É… – Ela suspirou. – Eu não sei, esperava mais brigas, mais gritos… – Ela riu fracamente. – Ele liberou até a multa, Danny. – Sorri. – Me desejou sorte no restaurante e depois ainda me chamou para tomar um café. – Ri fracamente.
– Você repensou sua escolha? – Perguntei.
– Algumas vezes… – Ela riu sozinha. – Mas acho que fiz a melhor escolha, baby… Está na hora de seguir outros caminhos.
– E quando você vai seguir seu caminho para cá? – Perguntei e ela riu fracamente.
– Eu não sei ainda, estou encaixotando as coisas e separando o que mando para Perth e o que eu já deixo por aqui. – Ela disse.
– Muita coisa? – Perguntei.
– Mais roupas. O restante vou doar. – Ela disse. – Preciso avisar o John que algumas coisas vão chegar lá no apartamento.
– Manda lá na fazenda, alguém recebe. – Falei.
– Está tudo bem, Danny. Não se preocupe. – Ela disse e suspirei.
– Estou com saudades de você… – Falei.
– Também estou… Não sei mais dormir sozinha. – Ri fracamente. – Mas eu vou assim que possível, só mais um dia ou dois. Já avisei a imobiliária, eles vão colocar à venda, e eu pego o próximo avião para Los Angeles.
– Vou esperar ansiosamente. – Falei e ela riu fracamente.
– Como estão os caras? Fazendo festa? – Ri fracamente.
– Tom começou com o papo de fazer festa já. – Falei, deixando o corpo cair no sofá.
– Você pode fazer, sabe? Só pensa em mim… – Ri fracamente.
– Nunca faria nada para te prejudicar, meu amor.
– Você é um fofo apaixonado, Daniel, mas eu te conheço. – Ri fracamente.
– Você não me conhece apaixonado! – Olhei para o teto.
– Ah, conheço! Por uma idiota ainda! – Ri fracamente, suspirando em seguida.
– Eu vou esperar ansiosamente para calar essa boca. – Ela gargalhou alto.
– Até eu, baby. – Sorri.
– Venha logo para cá, ok?! – Falei em um suspiro.
– O mais rápido possível. Deixe minha cama pronta, ok?!
– Ela já está! – Ri fracamente.
– Ok, agora arrume ela do jeitinho que eu gosto e durma lá, assim fica o cheiro do seu perfume lá. – Ri fracamente.
– Reclamou tanto do La Baie, agora…
– Eu te amo, baby… Vou implicar contigo para sempre, mas amo tudo que me lembra de você. – Sorri.
– Eu sou ruim com memórias, então venha logo para eu lembrar, ok?! – Ela riu fracamente.
– Uhum, até parece! – Sorri. – Pode deixar, baby. – Ela suspirou. – Acho que vou atrás de algo para jantar e me preparar para dormir.
– Descanse, baby.
– E você aproveite os meninos, logo chego para acabar com a felicidade. – Sorri.
– Vou esperar ansioso! – Falei sorrindo.
Harper
– Obrigada! – Falei assim que o Uber colocou minha mala no chão. – Tenha um bom dia.
– Você também! – Ele respondeu e puxei a mala para a calçada, ouvindo uma música alta estourar pelas paredes.
– Ok, Daniel, isso sim é uma casa. – Suspirei, observando os altos muros e a casa subindo por trás da mesma. – Deus!
Balancei a cabeça, pegando a chave dentro da bolsa e coloquei no portão antes de passar pelo mesmo. Uma longa sala de estar com pé direito alto se abriu e ri internamente. Ok, agora eu vou conhecer o corredor de Fórmula 1.
Tranquei o portão novamente, ouvindo uma música eletrônica tocar de fundo e puxei a mala comigo. Abri a larga porta de vidro que dava para a sala e o som ficou mais alto, me deixando levemente atordoada. Uma grande sala de estar se abria literalmente até o outro lado onde podia ver o céu azul.
Caminhei devagar pelos cantos, procurando por algum rosto conhecido enquanto atravessava e acabei deixando minha mala, mochila e bolsa perto de um dos sofás da entrada. Andei pelo local e encontrei a cozinha, me fazendo suspirar e apoiar a mão no peito com a beleza e perfeição dela. Se não fosse a zona montada ali com caixas de pizza, pratos sujos e outras coisas que eu não lidaria com isso agora.
Ao final dela, uma larga mesa de jantar para oito lugares me fez ter pensamentos muito deliciosos sobre ter um lugar adequado para cozinhar e servir coisas para sua família… Mas esse lugar estava escondido no CEP mais famoso do mundo. 90210.
Saí perto da larga porta que dava para a piscina e encontrei muito mais do que os meninos. Acho que tinha umas 10 mulheres ali em volta, mas só tinha quatro caras. Daniel não estava entre eles e fiquei entre rir fracamente e ter um pequeno ataque cardíaco.
Desviei o rosto para o lado, vendo uma sala de estar e encontrei a escada para o segundo lugar, além de outros cômodos que sumiam pelos diversos corredores, e voltei para perto da porta de vidro. Tom e Alex sempre foram os mais festeiros do grupo, Blake até estava com uma mulher, mas era até engraçado. Me lembrava de quando ele gostava de Arya na época da escola. Muito tinha acontecido, mas ele continuava o mesmo desajustado.
Cogitei em acabar a graça deles, mas estava mais interessada em procurar Daniel, então girei os pés para longe da porta e subi as escadas rapidamente, feliz pela música ter dado uma aliviada no segundo andar.
A parte de cima era menor do que a de baixo. Tinha uma antessala com lareira e uma linda e larga suíte. O quarto abria com uma cama de casal bagunçada, duas poltronas, duas mesas de cabeceira, uma mesa de apoio e um tapete. E era só.
Saindo pelo balcão, uma larga sacada se abria com sofás, guarda-sóis e espreguiçadeiras, e observei a bagunça dos meninos lá embaixo, sendo queimados pelo forte sol de Los Angeles. Voltei para dentro, andando pelas portas que ligavam ao quarto e entrei no closet, ficando surpresa pela organização e as diversas roupas ali diferentes das tradicionais bermudas e camisetas regatas cortadas de Daniel.
Passei os olhos pelas malas da Louis Vitton, blusas Gucci e até as cuecas vermelhas da Calvin Klein no meio dos Vans antes de sair do closet. Fui em direção à outra porta e a abri devagar, encontrando o banheiro e finalmente encontrando quem eu queria.
Ri fracamente ao observar Daniel dentro da banheira de espumas e ele sacudia a cabeça no ritmo de algo que ele ouvia pelos fones de ouvido. Observei o largo banheiro por alguns segundos, percebendo que era do tamanho do meu quarto em Perth. Pia com duas cubas do lado esquerdo, uma penteadeira com um largo espelho à frente e a banheira separada do box do lado direito.
Neguei com a cabeça e me aproximei de Daniel, que estava de costas e me abaixei ao seu lado, colocando as mãos em seus olhos.
– Wow! – Ele falou automaticamente e suas mãos foram o fone, abaixando-o em seus ombros.
– Ei, baby… – Sussurrei próximo ao seu ouvido, dando uma mordiscada em sua orelha.
– Ah, baby… – Ele suspirou e minhas mãos deslizaram para seus ombros antes de eu dar um beijo em sua bochecha e ele virou o rosto enquanto me colocava na lateral da banheira. – Ah, minha garota.
– Oi, baby! – Sorri, acariciando seu rosto e ele segurou minha mão, dando um beijo.
– Senti sua falta. – Sorri, vendo-o puxar os fones e jogá-los do lado.
– Eu também. – Ele se inclinou e nossos lábios se tocaram levemente. – O que está fazendo perdido aqui?
– Fugindo da festa lá embaixo. – Ri fracamente, pressionando meus lábios no dele.
– Eu te amo, você sabe disso?
– Vagamente. – Ri fracamente.
– Você não precisava fazer isso, aposto que elas vieram por Daniel Ricciardo… – Rimos juntos.
– Ah, eu não tô nem aí! – Ele disse rindo, me fazendo sorrir. – Só tem uma mulher na minha vida… Sempre só teve uma mulher na minha vida. – Sorri.
– Me lembre de ficar mais tempo longe, estou gostando disso. – Ele riu fracamente.
– Você pode vir aqui para dentro, o que acha? – Ri fracamente.
– Não seria nada mal depois de 12 horas de voo.
– Só vem! – Ri fracamente, me levantando.
– Eu quero falar sobre essa casa! – Puxei minha camiseta para cima, deixando-a em cima da bancada.
– O que achou? – Ri fracamente.
– Essa é a casa de um piloto de Fórmula Um! Não a fazenda! – Falei incrédula.
– Essa casa não tem muita coisa que a fazenda tem. – Ele disse, observando meus movimentos enquanto eu tirava os tênis e meias.
– O que, por exemplo? Porque eu amei essa cozinha! – Rimos juntos.
– Não tem você! – Ele disse, me pegando com a guarda abaixada e fiz um pequeno bico nos lábios.
– Ah, baby! – Suspirei.
– O quê? Você perguntou! – Ele disse rindo. – Minhas férias em Perth são por sua causa e por causa da minha família.
– Eu nunca disse que não queria fazer parte da sua vida de rico e famoso, meu problema era com o que acontecia dentro da pista. – Ele riu fracamente.
– Bem… Essa casa é relativamente nova…
– Deixa eu adivinhar, do ano passado? – Perguntei rindo enquanto tirava a calça.
– É… Tipo isso. – Ri fracamente.
– Eu não vi muito, mas é linda. – Suspirei, soltando o sutiã.
– Você tem a chave agora, você pode vir quando quiser… – Neguei com a cabeça.
– Não sem você! E não com aqueles sem noção lá embaixo. – Falei rindo, me aproximando da banheira novamente. – O Blake ainda é engraçado flertando.
– Não é?! – Ele disse rindo. – E ele nem precisa flertar essas aí de baixo…
– Ah, Daniel! – Ri fracamente e abaixei a calcinha antes de colocar uma perna para dentro da banheira, sentindo a água morna.
– O quê? É verdade, baby! – Neguei com a cabeça. – Ele me lembra da época da escola. – Ri fracamente.
– Me lembrou da mesma coisa! Aposto que ele nem beijou a Arya.
– Tenho certeza. – Ele disse, me segurando pela cintura quando eu ajoelhei na banheira. – Até eu te beijei na escola. – Ri fracamente, passando as mãos em seus ombros e colando meu peito no seu.
– Bobo. – Minhas mãos foram para seus cabelos, acariciando levemente.
– Não posso nem negar isso. – Inclinei meu corpo no seu, ficando entre suas pernas. – Deixa eles festejarem lá fora, a gente festeja aqui dentro. – Ri fracamente.
– Festa, hum? Que tipo de festa? – Sussurrei, sentindo seus lábios roçarem nos meus e ele apertou minha mão, me fazendo mordiscar seu lábio inferior.
– Deixa que eu te mostro. – Ele sussurrou antes de pressionar nossos lábios e fazer meu riso ficar preso na garganta.
Daniel
– Hum, baby… – Ela suspirou entre um beijo e outro e levei minha mão para seu rosto, acariciando sua bochecha.
– O que, baby? – Perguntei, dando curtos selinhos em seus lábios.
– A água está ficando gelada… – Ri fracamente, vendo que quase toda espuma já tinha se dissipado.
– Quer sair daqui? Tomar banho e sair daqui? – Perguntei, sentindo seus beijos em meu rosto e canto da boca.
– Uhum… – Ela ergueu o rosto e nossos narizes roçaram devagar. – Posso expulsar os caras daqui?
– Nem falou com eles e já quer expulsá-los? – Ri fracamente.
– Eu quero o silêncio. – Ela disse rindo. – Depois de tudo o que aconteceu nessa primeira metade do ano, eu só quero relaxar…
– Eu posso te fazer uma massagem. – Ela riu fracamente, se afastando devagar de mim, apoiando a mão em minha barriga.
– Eu não vou negar isso. – Ela se ajoelhou em minha frente e passei os olhos pelo seu corpo enquanto ela desfazia o rabo de cavalo, sacudindo os cabelos em seguida.
– Vai ser minha vez de te mimar. – Ela sorriu.
– E quando foi que eu te mimei? – Me ajoelhei a sua frente.
– Mônaco? – Perguntei e ela riu fracamente. – E tem me mimado mu-u-u-uito bem desde então. – Rimos juntos.
– Você é muito bobo! – Passei as mãos em sua cintura.
– Por você! – Pressionei meus lábios em seu pescoço, ouvindo-a rir.
– Daniel! – Ela disse rindo, empurrando meu rosto.
– Eu te amo! – Falei.
– Eu também, baby! – Ela disse com os lábios pressionados e deixei um selinho entre eles.
Me levantei antes dela, lhe dando as mãos para se levantar também e seguimos juntos para fora da banheira. Ela caminhou à minha frente até o box e a abracei enquanto ela ajustava a temperatura da água.
Nossos lábios se colaram rapidamente quando ela se virou em minha direção e encostei na parede enquanto observava a água escorrer pelo seu rosto. Trocamos de lugar depois que ela pegou o xampu e fiz o mesmo logo em seguida.
Finalizamos o banho sem mais preliminares e puxei a primeira toalha, passando pelas costas de Harper e esfreguei-a em seu corpo, vendo-a rir e tirar o cabelo dos olhos. Puxei a outra toalha, passando rapidamente em meu corpo antes de enrolar na cintura.
– Eu preciso pegar minhas malas lá embaixo. – Ela disse.
– Eu vou! – Falei.
– Não vai descer assim! – Ela disse e ri fracamente, saindo do box.
– Por quê? Ciúmes? – A provoquei.
– Sim! – Ela disse com firmeza, rindo em seguida e não contive em rir com ela. – É claro! – Ela enrolou a toalha na altura dos seios antes de me seguir. – Pela primeira vez eu tenho um namorado gostoso para caramba… – Ela me abraçou pela cintura, me fazendo rir. – Que também vem a ser o melhor homem que eu já conheci… – Segui a passos lentos até o quarto, rindo fracamente. – Preciso proteger o que é meu!
– O que é seu, hum? – Falei, ouvindo-a rir quando ela me soltou.
– É! – Ela deu de ombros, se sentando na beirada da cama. – E eu posso dizer isso muito antes de eu ver esse corpinho lindo. – Ri fracamente, me aproximando dela.
Ela apertou uma mão na toalha e inclinei meu corpo até nossos lábios se tocarem. Suas mãos foram para minha nuca, subindo para os cabelos e trocamos um sorriso quando me afastei.
– Eu vou pegar sua mala. – Falei antes de seguir para closet.
Coloquei uma cueca limpa, depois uma bermuda e uma camiseta regata antes de voltar para o quarto, vendo Harper se secando e desci para o andar de baixo. Observei duas mulheres de biquini na cozinha e dei um aceno de cabeça antes de seguir pela casa, procurando onde Harper deixou suas malas, encontrando-as caídas do lado do sofá da entrada. Juntei tudo e voltei escada acima, encontrando Harper sentada na cama novamente, com a toalha nas costas.
– Trouxe tudo, baby! – Falei, deixando as coisas perto da cama.
– Coloca a mala na cama, por favor? – Ela pediu, se levantando e fiz o que ela pediu, abrindo sua mala em dois. – Obrigada!
Ela pegou sua sacola de lingerie para começar a se vestir novamente e sentei na cama para esperar, vendo-a escolher um kit preto e depois escondê-los com um vestido fresquinho. Ela fechou a mala antes de se sentar ao meu lado novamente.
– Então, quais os planos de hoje? – Ela perguntou e segurei sua mão em seu colo.
– Ficar trancado aqui o dia inteiro fugindo do pessoal lá de baixo? – Perguntei, ouvindo-a rir e ela virou o corpo em minha direção.
– Quer que eu acabe a festa lá embaixo? – Ela perguntou, se sentando em meu colo e ri fracamente, apoiando as mãos em sua bunda.
– Estou tentado… Mas não me importo de ficar aqui contigo. – Falei, ouvindo-a rir.
– Eu também não, mas também quero conhecer a cidade, nunca vim para L.A. – Ela disse.
– Podemos sair para almoçar, você deve estar com fome. – Ela assentiu com a cabeça.
– Um pouco, comi no avião. – Ela disse, passando os braços pelos meus ombros.
– Vamos sair, então. – Falei, pressionando os lábios em sua bochecha.
– Vai deixar a bagunça aqui? – Ela perguntou novamente e ri fracamente.
– Você realmente quer acabar com a festa, não? – Perguntei e ela deu um de seus sorrisos de quando estava querendo aprontar e ri fracamente.
– E tirar aquelas modelos de biquini de perto de você o mais rápido possível. – Ri fracamente.
– Minha ciumenta! – Falei e ela riu, colando nossos lábios por alguns segundos. – Minha gata! – Colei nossos lábios. – Minha gostosa! – Falei firme e ela riu. – Mas é, você pode acabar com a festa.
– Eba! – Ela disse feliz, saindo rapidamente do meu colo e ri enquanto ela ia para a sacada.
Assim que ela abriu a porta de correr, o som lá fora ficou mais alto e me aproximei enquanto Harper dava a volta pela sacada, deslizando os pés do chão. Ela se apoiou na marquise e fui logo atrás dela, vendo os caras lá embaixo com a maioria das mulheres na piscina. Só Michael parecia que estava realmente se dando bem lá embaixo.
– Ei! – Harper começou a gritar, mas sua voz não sobressaía à música. – Ei, gente! – Ri da sua tentativa. – Ei! – Ela virou para mim, revirando os olhos e ri fracamente.
– Vai precisar fazer mais do que isso. – Falei e ela ponderou com a cabeça rapidamente. Ela foi até um dos sofás ali e pegou as duas almofadas que estavam lá antes de voltar. – Aqui vamos nós…
– Eu jogava cricket, baby, não duvide de mim! – Ela disse e ri fracamente.
Ela se inclinou e jogou uma primeira almofada que acabou acertando a cabeça de Michael com a morena, fazendo-o olhar apressado, e a outra almofada acertou a cabeça de Blake que estava ao lado do som.
– HARPER! – A voz de Alex saiu mais alta e logo a música foi pausada.
– Olá, meninos! – Ela disse com seu falso tom de simpatia. – Bom ver que estão todos se divertindo e devidamente vestidos… – Ela riu fracamente. – Mas o bordel vai fechar e o restaurante vai abrir… – Me desviei para rir.
– HARPER! – Michael gritou assustado.
– Então, quem não vive aqui, por favor, saiam o mais rápido possível. – Ela deu um sorriso sarcástico e se afastou da marquise.
– Eles vão te matar! – Falei e ela riu fracamente.
– Você diz isso há anos e nunca aconteceu. – Ela deu de ombros.
– As mulheres podem querer te matar. – Falei e ela riu fracamente.
– Seja honesta comigo… – Ela passou os braços em meus ombros. – Quanto essa festa está custando? – Fiz uma careta, ponderando com a cabeça. – Vai… Desembucha!
– 400 dólares… – Falei devagar.
– Por mulher? – Ela perguntou.
– Uhum… – Falei com os lábios pressionados.
– Quatro mil dólares, Daniel? – Ela revirou os olhos. – Ah, eu fiquei longe de você por uma semana e você me gasta tudo isso porque os meninos não sabem chegar numa garota? – Dei um sorriso sarcástico e ela negou com a cabeça.
– HARPER! O QUE ESTAVA PENSANDO? – Virei o rosto, vendo os caras subindo.
– Oi, caras! – Ela sorriu.
– Você podia ser mais discreta, porra! – Michael disse.
– Ah, adiciona “não superou a ex” na lista. – Ela disse e ri fracamente.
– É, oh, as mulheres não ficaram felizes, não. – Alex disse rindo.
– 400 dólares. – Harper disse. – Se isso não for um bordel, eu não sei o que é. – Ela disse e pressionei os lábios.
– Harper está de volta, galera! – Falei sarcasticamente, vendo os caras revirarem os olhos.
– Iupi! – Michael falou em uma falsa animação.
– Oi, Harp! – Alex acenou e ela retribuiu.
– Se vocês quiserem transar com alguém, vão ter que fazer do jeito convencional, caras. – Ela disse sorrindo.
– Tinder é um bom jeito para começar, sabe? – Falei e ela riu.
– Ter uma amizade há 24 anos também. – Ela disse, me fazendo rir.
– Bom te ter de volta, Harp! – Blake disse sarcasticamente, fazendo-a rir.
– Eu e Daniel vamos sair para almoçar e, na volta, eu quero espaço para cozinhar e tudo limpinho! – Ela disse séria. – E que essas mulheres tenham ido embora, pelo amor de Deus!
– É, a mulher da casa chegou, caras! – Michael disse e Harper sorriu.
– Ah, elas querem o dinheiro, falando nisso! – Tom disse e Harper revirou os olhos.
– Eu vou! – Falei.
– Nã-não! Eu vou! – Harper disse. – E se eu souber que você fez isso de novo, Daniel…
– Eu prefiro que não termine essa frase. – Falei.
– Ótimo! – Ela sorriu sarcasticamente e suspirei antes de ir atrás da minha carteira.
Harper
– Obrigada! – Falei, empurrando a porta devagar. – E desculpe pelo que eu disse… – Gritei de volta, recebendo uns acenos das mulheres antes da porta bater. – …Não que eu tenha mentido de alguma forma. – Virei o corpo, encontrando os cinco meninos e só Danny ria da situação. – Pronto, tirei o lixo.
– Um dia eu te mato, Harper! – Michael disse e dei um sorriso.
– Não é possível que vocês se satisfaçam assim. – Falei, cruzando os braços.
– Homens são diferentes! – Blake disse.
– Ah, cala a boca! – Falei, abanando a mão. – O Mike não superou a Déborah até hoje e não se dá ao trabalho de mandar mensagem. Você não deve ter beijado a Arya nunca na sua vida e fica se remoendo por isso até hoje. Esses dois patetas se afundam com o trabalho lá em casa, mas não possuem nenhuma perspectiva de vida além do dinheiro… – Apoiei as mãos na cintura e Danny fez uma careta.
– Melhor você pegar leve, baby. – Ele disse.
– Talvez, mas eu não menti! – Falei firme e ele veio em minha direção. – Você estava se escondendo na sua própria casa para agradar eles. Você pode ganhar todo dinheiro do mundo, baby, mas ele vai embora na mesma rapidez se… – Ele me abraçou pela cintura. – Você continuar gastando dessa… – Ele colou nossos lábios em um rápido beijo. – Forma… – Olhei em seus olhos.
– Melhor? – Suspirei, rindo fracamente e apoiei as mãos em seus ombros.
– Sempre. – Falei e nossos lábios se tocaram mais uma vez.
– Só vou dizer que ficar vendo vocês dois nesse amor todo não ajuda em nada. – Mike disse e desviei o olhar para ele.
– Você é muito bunda mole, Michael! – Falei firme. – Você deu uma chave de braço num cara na balada e não tem coragem de mandar um oi para Déborah. – Falei rindo e outros me acompanharam.
– Ela não mentiu. – Danny disse e tirei o boné de sua cabeça, virando-o antes de colocar em sua cabeça novamente. – Vamos dar uma volta? – Ele falou mais baixo, afundando os lábios em meu pescoço.
– Uhum… – Sorri. – Onde vai me levar?
– Deixa comigo. – Ele tirou os óculos de sol da gola da camisa antes de colocar em seu rosto e abrir um largo sorriso.
– Eu já volto. – Falei e ele assentiu com a cabeça antes de eu me afastar e subir as escadas.
– Acho que a ideia de arrumar a casa é válida… – Ouvi sua voz para os caras.
– É SIM! – Gritei no meio das escadas, seguindo até minhas coisas.
Além de colocar um All Star branco sem meias junto com o vestido soltinho, aproveitei para fazer uma maquiagem para dia e secar os cabelos. Não tinha ideia de onde Daniel me levaria, então precisava cobrir todas as possibilidades. Peguei minha bolsa, coloquei documentos, celular e meus óculos escuros antes de ir para o andar de baixo.
Desci as escadas novamente, encontrando os meninos realmente ajeitando as coisas na cozinha e Danny apoiado no sofá com a camiseta preta, bermuda jeans, Vans branco, boné branco virado para trás e óculos de sol no rosto.
Aquilo me fez mordiscar o lábio inferior. Só dois meses haviam se passado de tudo o que aconteceu conosco e posso dizer com todas as letras que ele é o homem da minha vida. Nunca achei que fosse me apaixonar pelo meu melhor amigo, mas estou amando cada segundo de ser apaixonada por ele e de ele ser apaixonado por mim.
– Já falei para não fazer isso… – Ele disse, descruzando os braços quando me aproximei.
– O quê? – Franzi a testa e sua mão foi para meu queixo.
– Morder esse lábio. – Ele disse, me fazendo rir e nossos lábios se tocaram levemente.
– Se for para você me beijar toda vez, eu não me importo. – Disse, vendo-o sorrir.
– Vem comigo! – Ele esticou a mão e segurei-a. – Vamos sair!
– Até nunca mais! – Michael falou, me fazendo rir.
– Se vocês limparem tudo, eu prometo que cozinho algo bem sensacional para vocês quando voltarmos hoje! – Falei.
– Ou amanhã! – Daniel disse, me fazendo rir e ele acenou com a mão antes de me puxar com ele.
– Tchau! – Falei rapidamente, vendo-o me puxar até a porta.
Saímos pelo mesmo e fomos até o largo portão do lado esquerdo e ele apertou um botão, fazendo-o se abrir e nem me surpreendi quando vi três carros esportivos ali. Dois Porsche e um Aston Martin.
– Por que será que eu nem me surpreendo por você ter mais brinquedinhos escondido aqui? – Perguntei, virando o rosto para ele que abriu um largo sorriso.
– Porque você me conhece tão bem. – Ele disse sarcasticamente e ri fracamente. – Quer escolher?
– O que estiver abastecido, aposto! – Falei e ele riu fracamente.
– Você não está errada. – Ele disse, seguindo para dentro e sua mão passou pelo chaveiro antes das luzes do Aston Martin serem acesas.
– Presentinho do novo parceiro da Red Bull?
– É… – Ele abanou a mão como se não fosse nada e me aproximei do carro grafite.
– DB11? – Perguntei, deslizando a mão levemente pela lataria.
– Eu te amo por muitos motivos, Harper… – Ele me abraçou pela cintura, me fazendo rir. – Mas adoro como você sabe sobre carros… – Subi as mãos para seus ombros, sentindo-o me encostar no carro.
– Sabe o que é isso? – Acariciei seu rosto. – Eu te conheço há 24 anos, Daniel.
– Nã-não… Eu te conheço há uns três meses só. – Rimos juntos.
– Meu corpo? Sim… O resto? Não! – Falei rindo, sentindo sua respiração próximo de meu rosto.
– Tenho certeza de que se nos conhecêssemos só há três meses, não seria tão legal assim. – Ele disse antes de colar nossos lábios.
Suas mãos foram para minha cintura, me apertando contra o carro e apertei os braços em seu pescoço. Nossas línguas se encontraram com rapidez e suas mãos se fecharam em minha cintura, pressionando seu quadril contra o meu. Mordisquei seu lábio inferior, passando a língua levemente pelos seus lábios e nossas bocas se separaram quando ele deslizou os lábios pelo meu rosto.
– Tentando realizar algum fetiche, baby? – Brinquei, ouvindo-o rir e ele subiu seus olhos para o meu.
– Preciso aproveitar minhas duas meninas juntas. – Ri fracamente, acariciando sua nuca.
– Você quer deixar o passeio para depois? – Sussurrei.
– Não me provoque, Harper… – Colei meus lábios em sua bochecha, passando a língua pelo local antes de focar em seus olhos novamente. – Você é malvada… – Ele apertou minha bunda, me fazendo rir.
– Eu só senti sua falta. – Falei e ele deu aquele sorriso diferente antes de se afastar um pouco e sua mão bateu em outro botão, fazendo o portão se fechar novamente, me fazendo rir.
– Precisamos aproveitar as oportunidades, baby! – Ele disse, me fazendo rir e seus lábios foram para meu pescoço.
– Não tem câmeras aqui, tem? – Perguntei, virando a cabeça para os lados, encontrando as câmeras.
– Tem… – Ele disse, distribuindo curtos beijos em meu pescoço.
– Eles não têm acesso às câmeras, tem? – Perguntei, afastando seu rosto um pouco.
– Não… – Ele disse, olhando para mim. – Mas eu tenho. – Ele sorriu, me fazendo rir.
– É melhor você deletar isso na primeira oportunidade. – Falei, ouvindo-o rir.
– Eu penso nisso depois. – Ele disse colando nossos lábios novamente.
Minhas mãos foram para sua nuca, apertando-a com firmeza conforme nossos lábios se movimentavam e seu quadril começou a me pressionar com mais força contra o carro. Suas mãos foram para minha cintura, me apertando com firmeza, puxando um pouco do meu vestido para cima.
Minha respiração não demorou a falhar, fazendo nossos lábios se separarem e Danny foi direto para meu pescoço. Uma mão desceu para seu peito, apertando-o com firmeza e suspirei, sentindo seus beijos se transformarem em chupadas até ele deixar somente a forte respiração batendo contra minha pele.
Desci minha mão pelo seu corpo, encontrando a barra de sua blusa e minhas mãos passaram pelo seu corpo. Enquanto isso, Danny voltou a deixar curtos beijos em meu rosto enquanto suas mãos deslizavam por dentro de meu vestido, apertando minha bunda e as laterais de minhas pernas.
Virei meu rosto para o seu novamente, roçando nossos lábios levemente enquanto observava seus olhos castanhos entreabertos e ele deu um sorriso antes de pressionar nossos lábios com mais firmeza novamente, fazendo sua língua adentrar em minha boca na mesma velocidade.
Dessa vez suas mãos apertaram a parte de trás da minha perna, me fazendo sorrir quando ele ergueu meu corpo e apertei minhas mãos em seus ombros. Ele caminhou para o fundo da garagem e me sentou na parte de trás do carro, me deixando um pouco mais alta do que ele.
– Por que eu sinto que você planejou tudo? – Sussurrei colando nossas testas e ele riu fracamente.
– Fetiche? – Ele brincou e ri fracamente antes de segurar em sua nuca e colar nossos lábios novamente.
A intenção de me colocar em cima do carro era boa, mas seria difícil conseguirmos fazer qualquer coisa com meu corpo inclinado para baixo e o seu para cima, então deslizei meu corpo para o chão novamente devagar. Minha mão foi para sua bermuda, puxando-o pelo cós mais para frente e a outra mão deslizou em cima e sua ereção.
– Ah, Harp… – Ele suspirou, pressionando os lábios em meu rosto e sorri.
Abri o botão de sua bermuda com facilidade, fazendo o zíper deslizar para baixo e suas mãos me apertaram pela lateral do corpo. Deslizei as mãos pela lateral de sua cueca, puxando-a para baixo junto da bermuda e levei as mãos até seu pênis, ouvindo-o suspirar. Ergui meu rosto para seu, vendo seus olhos pressionados e levei meus lábios aos seus, dando curtos selinhos antes de sua mão pressionar minha nuca e os lábios com mais força. O movimento de minha mão ficou mais lento com o beijo, mas não o suficiente para ele parar de suspirar.
Nossos lábios ficaram somente colados por alguns segundos enquanto minha mão deslizava devagar pelo seu pênis e seus dedos acariciavam atrás de minha nuca, me fazendo sorrir. Seus lábios deslizaram pela minha bochecha, deixando curtos beijos, até ele mordiscar minha orelha.
– Cansei de brincar, baby… – Sorri, erguendo o rosto para ele, assentindo com a cabeça.
– Camisinha? – Perguntei.
– Na carteira.. – Ele sussurrou e abaixei meu corpo um pouco, pegando a carteira dele largada no chão e tirei a camisinha de lá antes de jogar a carteira na bancada atrás dos carros.
Rasguei o envelope antes de voltar minhas mãos para seu pênis, vendo-o erguer um pouco da blusa, me deixando uma visão deliciosa de seu abdome e deslizei a camisinha devagar, ouvindo-o suspirar. Subi minhas mãos para seus ombros novamente, pressionando meus lábios nos seus em um longo beijo, sentindo suas mãos apertarem em minha bunda e mordisquei seu lábio inferior, dando um sorriso para ele.
– Eu conheço esse sorriso… – Ele disse rindo e passei a mão nos cabelos, formando um rabo de cavalo e juntei-o em um coque antes de dar um nó com o próprio cabelo.
Virei meu corpo de costas para ele, apoiando os antebraços no carro e ouvi a risada de Daniel, me fazendo sorrir e mordiscar o lábio inferior. Suas mãos foram para meu corpo, deslizando pelas minhas pernas antes de erguer o vestido até minha cintura.
Ele deslizou minha calcinha para o lado, o que me obrigou a entreabrir as pernas com o feito e mordiscar os lábios com mais força. Ele acariciou minha bunda devagar, deslizando a mão pela parte da frente da minha calcinha, tocando meu clitóris com a ponta dos dedos e gemi quando senti seus lábios em minha bunda.
– Ah, merda… – Suspirei, sentindo suas mãos apertando as laterais enquanto ele dava curtas mordidas pela extensão das nádegas.
– Não é que é gostoso mesmo? – Ele comentou, me fazendo rir e senti um tapa em minha bunda, me fazendo soltar um gemido.
– É muito bom… – Falei em um suspiro.
Ele apertou minha bunda com as duas mãos e colou o quadril em meu corpo novamente. Sua mão deslizou devagar pelo meu clitóris, me fazendo morder meus lábios e gemi quando senti o pênis de Danny deslizar pela minha bunda. Ele deslizou seu pênis até encontrar minha entrada, me penetrando devagar, fazendo um gemido escapar de meus lábios.
– Ah, Dan… – Suspirei.
– Tudo bem? – Ele perguntou e assenti com a boca.
– Uhum… Só mais apertado. – Suspirei, pressionando os lábios.
– Relaxa, baby… – Ele disse e fechei os olhos.
Ele deslizou as mãos pelas minhas pernas, apertando-as com firmeza e demorou alguns segundos para começar a movimentar seu pênis dentro de mim, fazendo os gemidos começarem a saírem espaçados de meus lábios, impedindo que os lábios continuassem mordidos.
Seus movimentos começaram a ir mais rápidos conforme meu corpo relaxava e logo meus gemidos começaram a se misturar com seus suspiros. Seu corpo se inclinou contra o meu, fazendo movimentos de vai e vem mais curtos, esfregando sua mão em meu clitóris, fazendo os gemidos saírem da mesma forma conforme meu corpo era pressionado contra o carro.
As alças do meu vestido já tinham caído de meus ombros e o suor começava a se acumular na testa, nos seios e deslizar pela barriga conforme meu corpo era impulsionado contra o carro. Minhas pernas começaram a tremer e mordiscar os lábios já não era mais o suficiente, os gemidos escapavam facilmente.
Danny deslizou a mão pela minha calcinha mais uma vez, tirando-a do caminho, fazendo-a apertar próximo de meu ânus e um gemido mais alto escapou de meus lábios e pressionei os olhos por isso. Mordisquei meus lábios com força, sentindo os suspiros de Daniel perto de meu ouvido e não demorou muito para o orgasmo começar a me atingir.
– Dan… – Suspirei. – Dan… Dan… – Meus suspiros ficaram mais altos conforme ele penetrava com mais rapidez. – Ah… – Arfei mais alto quando a descarga elétrica passou pelo meu corpo, me fazendo inclinar mais o corpo contra o carro.
– Merda… – Danny suspirou, desacelerando os movimentos.
Ele se movimentou mais algumas vezes, deslizando a mão para longe de meu clitóris, até inclinar o corpo em minha direção, me fazendo sentir um beijo no meio de minhas costas. Minha respiração estava fraca e completamente descompassada. Ele deslizou o pênis para fora de mim, fazendo meu corpo relaxar devagar.
– Merda, Daniel… – Suspirei.
– Isso foi… – Suspirei, virando o corpo para ele, sentindo as pernas fracas.
– Diferente… – Falei, apoiando a mão em seu peito e ele me segurou pela cintura.
– Não esperava isso. – Ele disse, me fazendo rir e apertei os braços em volta de seu pescoço, me segurando nele.
– Foi bom… – Dei um curto selinho em seus lábios. – Mas prefiro olhar para você. – Ele sorriu.
– Eu tive uma ótima vista. – Ele disse, me fazendo rir.
– Bobo! – Segurei seu rosto, dando um curto selinho em seus lábios.
– Eu te amo, baby. – Ele disse, me fazendo sorrir.
– Eu também te amo! – Acariciei seu rosto antes de nossos lábios se colarem novamente. – My baby. – Ele sorriu e apertei meu rosto em seu ombro, suspirando forte.
– Preparada para sair? – Ele perguntou, me fazendo rir.
– Acho que preciso de uns minutos… – Suspirei. – E de um banheiro. – Ele riu fracamente.
– Isso eu preciso com toda certeza. – Ele disse, me fazendo sorrir.
Daniel
– É ok a gente ficar andando aqui assim? – Harp perguntou.
– Como assim? – Virei meu rosto para ela.
– Assim! – Ela esticou nossas mãos entrelaçadas. – Essa é a Rodeo Drive, não é possível que não tenha paparazzi. – Ri fracamente.
– Até tem… – Falei, sentindo-a afrouxar suas mãos, mas puxei-a para perto novamente. – Mas a Fórmula Um não é tão valorizada aqui nos Estados Unidos, então…
– Não tem motivo para ter paparazzi na sua cola. – Ela disse.
– Exato! – Falei e ela riu fracamente. – Um dos motivos de eu gostar daqui…
– Suas fotos não valem nada! – Ela virou o rosto para mim, me fazendo rir.
– Engraçadinha! – Segurei seu rosto, colando nossos lábios rapidamente. – Espero que goste também… É o esconderijo perfeito!
– Bem… Eu adorei a casa. – Ela disse enquanto voltamos a andar. – Eu adoro o calor, então estamos em vantagem aqui… – Sorri. – A cidade é linda…
– Mas… – Falei, ouvindo-a rir.
– Eu não posso escolher! Mônaco é aquele buraco, mas é confortável demais… – Ri fracamente. – E tem o iate também…
– Boas memórias! – Falei, ouvindo-a rir.
– Mas acho que eu fico com Perth, baby. – Ela disse, me fazendo sorrir.
– Nunca ficamos sozinhos em Perth… Digo, agora, nessa relação… – Falei.
– Não, mas temos a oportunidade em breve. – Ela virou o rosto para mim com um sorriso.
– Eu vou amar isso. – Falei.
– Vai ser perfeito, tenho certeza. – Ela apertou minha mão com a outra mão, aproximando nossos ombros.
– Eu estou contigo… Em qualquer sentido dessa frase. – Falei rindo. – Você está comigo nas férias de verão, baby. Estamos juntos… É perfeito! – Ela abriu um largo sorriso, dando um beijo em meu rosto.
– É mesmo. – Ela sorriu, me fazendo retribuir. – Mas sabe o que é mais perfeito ainda? – Ela desviou o rosto de mim, soltando nossas mãos enquanto eu virava o rosto para ela. – Olha essas botas! – Ela falou rindo, babando na vitrine.
– Você gostou? – Abracei-a pela cintura, olhando a bota de cano alto e salto fino preta.
– Eu amei! – Ela riu, apoiando a mão em cima da minha. – Ela provavelmente vai detonar o meu pé, mas…
– Vem… – Puxei-a pela mão.
– Nã-nã-não! – Ela disse rindo.
– Vem! – Puxei-a novamente.
– Essa bota custa meu salário do mês inteiro! – Ela disse rindo. – E eu nem tenho mais salário! – Rimos juntos e puxei-a para dentro da loja da Chanel.
– Eu vou te dar de presente! – Falei, puxando-a para dentro da loja, fazendo-a rir mais timidamente.
– Eu te odeio… – Ela disse mais baixo e eu sorri, vendo uma vendedora vir em nossa direção.
– Olá, boa tarde, posso ajudá-los? – Ela perguntou.
– Sim, por favor. Minha garota quer experimentar as botas da vitrine.
– Daniel! – Ela disse rindo, me apertando pelo braço.
– Qual o número? – Ela perguntou.
– 39! – Falei.
– Fiquem à vontade. – Ela disse antes de se afastar.
– Você não precisa fazer isso, baby! – Harper disse, segurando minhas mãos.
– Eu quero fazer isso! – Colei minha testa na dela. – Preciso paparicar minha garota. – Ela riu fofa, me fazendo sorrir.
– Já disse, você pode me dar flores e chocolate como todo mundo. – Ri fracamente.
– Eu não sou como todo mundo… Você não é como todo mundo. – Dei um beijo em sua bochecha. – E eu já te dei outros presentes.
– Exato! Muito caros, por sinal! – Ela entrelaçou nossas mãos.
– Já faz cinco anos, Wandinha. Você precisa se acostumar. – Ela riu fracamente. – Agora só vai piorar… – Ela fez um biquinho e dei um beijo rápido em seus lábios.
– Com licença… – Desviamos o rosto para a vendedora com uma larga caixa, apoiando-a em uma das mesas baixas na loja.
– Vai! – Empurrei Harper de leve, vendo-a seguir até a mulher e se sentar em um dos sofás.
– Elas são lindas! – Harper falou sorrindo e me sentei ao seu lado, vendo-a se livrar dos tênis. – Será que vão servir nas pernas?
– Sim, é claro! – A vendedora tirou uma das botas da caixa, entregando para Harper.
– Ah, meu Deus! – Harper disse rindo.
Ela calçou as botas com um pouco de dificuldade, até elas subirem quase até o final de suas pernas, fazendo-as se esconderem embaixo de seu vestido. Ela se levantou, deixando o vestido cair em suas pernas de novo e poderia babar por ela ali mesmo. Talvez essas botas não fossem para serem usadas com esse tipo de vestido, mas, cara! Ela está gata!
Ela caminhou para perto do espelho, passando as mãos na bunda para abaixar o vestido e notei como ela mordiscou os lábios com isso. Ela está gostosa! Ela pode ir embora assim mesmo que continuamos o que estávamos fazendo agora mesmo.
– O que acha? – Ela se virou para mim.
– Gata! – Falei, ouvindo-a rir. – Você gostou?
– Eu amei! – Ela disse rindo. – Elas são bem confortáveis! – Ela disse para a vendedora.
– Sim, elas são feitas com um material elástico que evita o aperto na perna. – A vendedora lhe explicou.
– Está incrível! – Falei sorrindo. – E aí? Mando embalar? – Ela mordiscou o lábio.
– Uhum! – Ela disse mordiscando o dedo, me fazendo sorrir e só dei um aceno para vendedora.
Harper deu um pulinho animada antes de tirar as botas e segui com a vendedora para o caixa, abraçando Harper pela cintura enquanto ela tentava me convencer do contrário. Carreguei a sacola enquanto a puxava pela mão para sair dali.
– Você é louco, Daniel! – Ela disse rindo.
– Isso não é muita novidade! – Falei, ouvindo-a rir. – Mas a novidade é que eu te amo e estamos juntos, então eu vou fazer tudo para te agradar. – Ela acariciou meu rosto.
– Você já me agrada só por existir, Daniel. – Ela desceu as mãos para minha nuca. – Apesar dos mimos, eu não preciso de mais nada além de você. – Deslizei a mão livre pela sua cintura.
– Mas você vai ter que se acostumar com isso, baby! – Falei e ela riu fracamente. – Eu sou assim…
– Eu vou ter que cozinhar muito para compensar contigo. – Ela disse, me fazendo sorrir.
– Pode começar fazer aquela mousse de chocolate. – Ela riu fracamente.
– Fácil. – Ela disse rindo. – Onde é o supermercado mais próximo?
– Acho que eles têm mercado em Beverly Hills! – Rimos juntos e a puxei pela mão novamente, caminhando pela Rodeo Drive.
– Baby… – Ela me perguntou após um tempo.
– O quê? – Perguntei, tirando o ticket do bolso da bermuda e entregando para o valet.
– E sobre o vídeo? – Ela perguntou, se apoiando no banco.
– Que vídeo? – Perguntei, franzindo a testa.
– Da câmera da garagem! – Ela disse firme.
– Ah, esse vídeo! – Falei rindo.
– É!
– Podemos assistir quando chegarmos em casa! – Apertei-a pela cintura.
– Daniel! – Ela riu comigo. – Nem vem! Você vai deletar isso o mais rápido possível.
– Por quê? – Falei rindo.
– Você realmente está perguntando isso?
– Ah, qual é, baby. Uma lembrancinha para quando sentir saudades. – Dei um beijo em seu pescoço, ouvindo-a rir.
– Ou a chance de uma sex tape sua cair na internet! – Ela disse firme, me fazendo rir.
– Isso seria engraçado! – Falei.
– Baby! – Ela me beliscou, me fazendo rir.
– Vai que ficou legal? – Dei de ombros.
– Não acredito nisso! – Ela disse rindo e dei um beijo em seu rosto.
– A gente decide depois, que tal? – Falei.
– Não! – Ela disse rindo. – Já está decidido!
– Você não sabe onde fica o sistema de segurança da casa. – Falei.
– Ah, mas eu encontro! – Falei rindo.
– Nem eu devo saber, na verdade. – Falei, vendo-a arregalar os olhos.
– Daniel! – Ela disse séria.
– Eu estou brincando! – Ela revirou os olhos. – A gente pode rever mais tarde e decidir o que fazer… – Dei um beijo em sua bochecha.
– Ah, eu te odeio! – Ela disse rindo.
– E eu te amo. – Beijei seu pescoço, ouvindo-a rir quando atingi o ponto de cócegas dela.
– É… Eu te amo. – Ela suspirou, me fazendo desviar o rosto para o carro era estacionado na nossa frente.
Capítulo 29
Perth, Austrália, 2008
– Meu Deus, Daniel! – Harper disse, fazendo o garoto erguer os olhos para ela.
– O quê? – Ele disse com a boca cheia.
– Você come como um porco! – A voz da garota saiu mais rude do que o esperado, fazendo os pais de Harper e de Daniel erguerem o rosto para a menina.
– Filha! – Helena a repreendeu.
– O quê? Eu não estou mentindo! – Ela deu de ombros, pegando o guardanapo de Danny e passando em uma mancha de molho de tomate em sua bochecha.
– Desculpe… – Ele disse baixo, pegando o guardanapo da menina, mas foi nesse momento que ela caiu em si.
– Desculpe! Desculpe! – Harper abanou as mãos. – Exagerei!
– É! – Helena e Alex falaram juntos.
– Desculpe, ela está assim desde que entrou na faculdade. – Alex explicou para Joe.
– Podia ser dito de outra forma… E em um lugar mais apropriado… – Grace falou calmamente. – Mas o Daniel poderia melhorar seus modos à mesa antes de chegar as categorias mais altas do automobilismo. – Daniel deu um sorriso sarcástico.
– Desculpe… – Ele disse fracamente.
Harper pressionou os lábios, finalmente percebendo o que havia falado e ficou quieta. Talvez a Le Cordon Bleu estivesse subindo à cabeça de Harper demais. Por um lado era ótimo, finalmente havia se encontrado e estava sendo uma das melhores alunas da LCB Sydney em muito tempo, fazendo todos os professores a elogiarem e quererem-na em suas eletivas. Em compensação, isso estava deixando-a um tanto… Pavio curto.
– Me desculpe. – Harper disse rapidamente antes de tirar o guardanapo no colo e se levantar apressada da mesa.
– Harp! – Danny se sentiu mal por ela, seguindo correndo atrás da amiga que saía por uma das portas do salão.
– Eu deveria perguntar? – Joe perguntou.
– Não! – Grace falou rapidamente, beliscando a perna do marido embaixo da mesa.
– Harp! – Daniel a chamou, seguindo correndo atrás da amiga por entre as mesas até sair pela porta, encontrando-a sentada em um banco largo em volta da varanda. – Harp… – Ele a chamou.
– Me desculpe! Me desculpe! Eu não vou fazer isso de novo. – Ela falou com a voz embargada, erguendo rapidamente o rosto e Daniel viu os olhos avermelhados por baixo da maquiagem.
– Não precisa chorar por isso… – Ele se sentou ao lado dela.
– Eu fui malvada contigo… – Ela disse fracamente.
– Você nunca é malvada comigo… – Ele disse, fazendo-a erguer os olhos sugestivamente para ele. – Ok, sem motivo! – Ela deu um curto sorriso e o garoto tirou o lenço rosa do paletó, passando-o lentamente no rosto da amiga, fazendo-a dar um curto sorriso.
– Me desculpe, eu não sei o que está acontecendo comigo… – Ela suspirou. – Muito aconteceu em pouco tempo… – Ela suspirou forte.
– Quer compartilhar? – Ele perguntou baixo, deixando-a pegar o lenço de sua mão, passando mais perto de seu rosto.
– Eu sou boa… – Ela disse fracamente. – Eu sou boa de verdade, Danny! – Ele sorriu. – E acho que isso está me consumindo.
– Isso não é uma coisa ruim… – Ele passou a mão em uma mecha de cabelo solto em seu rosto, colocando atrás da orelha.
– É quando eu sou uma vadia com meu melhor amigo. – Ela ergueu o rosto para ele, fazendo-o sorrir.
– Você nunca vai ser uma vadia comigo, Harper. – Ele disse sorrindo, fazendo-a dar um sorriso. – Vai… O que mais aconteceu? Você ser uma nerd ultimamente não é nem novidade. – Eles riram juntos.
– Nada, eu acho… – Ela suspirou enquanto o garoto acariciava seu rosto com a ponta dos dedos.
Na verdade, algo muito importante aconteceu nas últimas semanas de aula, mas Harper não estava pronta para compartilhar com Danny, ou com ninguém. Tinha perdido sua virgindade com um garoto da faculdade. Terceiro-anista, ótimo na elaboração de pratos franceses, mas ela tinha certeza de que tudo o que aconteceu ficaria naquela festa de fim de ano.
Nunca pensou que seria uma garota que aceitasse sair da balada com um cara e ter sua primeira vez na empolgação, mas quando percebeu já tinha aceitado e agradeceu por ter bebido algumas tequilas, pois foi só isso que ela lembrou no dia seguinte com sua dor de cabeça.
Harper ainda não tinha certeza de que se arrependia disso ou não, mas pelo menos estava feliz por ter se livrado desse fardo, só não estava pronta para mais um capítulo do drama Harper e Daniel… Ou o que é que estivesse acontecendo ali.
– É… Nada. – Ela disse fracamente.
– Posso te contar uma coisa, então? – Danny perguntou, segurando suas mãos.
– Uhum… – Ela disse fracamente, talvez ela não estivesse pronta para falar sobre relacionamentos, já Daniel…
– Eu vou fazer um teste na Fórmula Um no ano que vem! – Ele disse sorrindo.
– Não! – Ela falou animada, se virando para ele. – Mentira!
– Não! – Ele disse rindo fracamente. – Consegui uma vaga na equipe júnior da Red Bull e eles vão me dar uma chance.
– Ah, Danny! – Ela pulou em seus braços, apertando-a com força. – Isso é uma boa notícia! – Ela apertou as mãos no paletó do menino, chacoalhando-o. – Isso é demais! – Ela falou rindo.
– É… É bom! – Ele disse rindo. – Talvez seja minha oportunidade!
– E é uma grande oportunidade! – Harper riu enquanto Danny a abraçava pela cintura. – Ah, vai ser demais!
– Sim, vai… – Ele disse quando ela se separou. Harper notou que estava quase no colo de Daniel, enquanto os olhos dele acabaram seguindo para o decote do vestido dela.
– Desculpe… – Ela disse fracamente, se sentando de volta no banco.
– Está tudo bem… – Ele sorriu, tentando tirar a imagem de sua cabeça, ou pior, não focar na visão novamente.
– Ano que vem vai ser incrível, Danny. – Ela sorriu.
– O seu também! – Ele disse firme. – Ok que você está virando uma chef de cozinha metida… – Ela riu fracamente. – Mas eu poderia aprender algumas coisas também. – Ela deu um sorriso.
– É… Acho que podemos nos ajudar. – Ela disse e ele sorriu.
– Posso começar com uma coisa… – Ele se levantou ao ouvir a mudança de música.
– O quê? – Ela perguntou, vendo-o esticar as mãos para ela.
– Dançar! – Ele a puxou, fazendo-a se levantar aos risos.
– Ah não, Daniel! – Ele segurou sua mão, apoiando a mão em suas costas. – Eu não danço!
– Dança sim! – Ele disse, trazendo-a para perto de si e a mão livre foi para o ombro do garoto, abraçando-o com firmeza e apoiando seu rosto no local.
– Você também não. – Ela disse fracamente e ele riu fracamente.
– Eu danço, só não danço bem. – Ela riu fracamente.
– É… Definitivamente não. – Ela suspirou, fechando os olhos, deixando o garoto movimentar seu corpo no ritmo da música.
Sydney, Austrália, 2016
Harper
Eu estava da mesma forma como sempre, minhas mãos suavam e eu as esfregava com força, tentando secá-las a todo custo. Daniel apertou a mão em minha coxa, procurando pelas minhas mãos e virei o rosto para ele.
– Está tudo bem, baby. – Falei.
– Eu sei que não está. – Ele disse calmamente, colocando sua mão livre entre as minhas.
– Você nunca veio, não é? – Falei fracamente.
– Não… – Ele disse no mesmo tom.
– Não é bom… – Ela pressionou os lábios.
– Eu estou aqui, baby… – Ele disse fracamente. – Para o que você o que precisar. – Ela assentiu com a cabeça.
– Ok… – Disse fracamente.
– Está pronta? – Ele perguntou e puxei a respiração fortemente antes de assentir com a cabeça.
– Claro. – Falei fracamente e Daniel soltou minha mão antes de sair do carro.
O tempo estava mais frio, mas era Sydney, o sol quente logo esquentaria. Ele deu a volta no carro antes de abrir o carro para mim. Saí devagar, esticando a mão para ele que deu um aceno com a cabeça.
– Eu estou contigo, baby! – Ele deixou um beijo em minha bochecha, me fazendo sorrir e acariciar o rosto dele.
– Obrigada. – Falei fracamente.
– Não precisa. – Ele falou e suspirei antes de fechar a porta.
Andamos pelo estacionamento da casa de repousos Pôr do Sol e subi os primeiros degraus à frente antes de empurrar a porta principal, fazendo o tradicional sininho tocar. Meus olhos foram diretamente para a recepcionista, e sorri ao encontrar Clair sentada atrás da mesa.
– Ah, se não é a menina Harper finalmente dando as caras! – A enfermeira negra e rechonchuda abriu um largo sorriso ao se levantar.
– Clair! – Falei sorrindo, soltando as mãos de Danny e abraçando-a apertado.
– Ah, minha querida! Que felicidade te ver aqui! – Apertei-a com força.
– Ah, que saudades eu estava de você! – Sorri.
– Também estava, querida! Como estão as coisas? Apareceu mais cedo esse ano? – Me afastei devagar.
– Ah, muito aconteceu. – Sorri. – Eu estou viajando com Danny agora, saí do trabalho… Muito aconteceu. – Ela sorriu.
– Vejo um sorriso nesse rosto? – Ela falou, me fazendo rir.
– Espero que eu seja o motivo disso! – Daniel falou atrás de mim, me fazendo rir e o senti apertar minha cintura.
– Clair, esse é Danny. – Falei, ouvindo-a rir e Danny deixou um beijo em meu pescoço.
– Ah, garota! Esse é o tal Danny, então? – Clair disse rindo, negando com a cabeça. – Daniel Ricciardo é seu Danny! Não acredito nisso! – Sorri, apertando minhas mãos em cima das de Danny
– Oi… – Ele sorriu, me fazendo rir.
– Eu sou Clair, menino. Prazer em te conhecer! – Ela sorriu. – Conheço essa menina há 11 anos. Desde que ela era uma mocinha.
– O prazer é meu. – Danny esticou a mão para ela, fazendo-a apertar.
– Mas esse abraço… Esse beijo… – Clair falou, fazendo meu rosto esquentar. – Achei que fossem só amigos! – Ri fracamente.
– Éramos. – Mordisquei meu lábio inferior.
– Ah, menina! – Clair disse rindo, apertando minha barriga e sorri em cócegas.
– Está sendo um longo ano, sabe? – Falei rindo.
– Bem, você está feliz… – Clair sorriu para mim. – É o que importa para mim.
– Como estão as coisas, Clair?
– Você sabe o caso, minha querida. – Clair disse. – Ela vai se esquecendo mais ao longo dos dias, mas ela está saudável… – Assenti com a cabeça. – Ela está tricotando agora, quer vê-la?
– É por isso que eu vim… – Clair assentiu com a cabeça.
– Vamos lá. – Clair disse, andando pelos corredores da casa de repouso.
Caminhar por esse lugar tinha suas vantagens e desvantagens. A vantagem é que a maioria das enfermeiras trabalhavam lá desde meus 16 anos, a primeira vez que vim aqui com meus pais, então a cada passo, era um abraço, algumas conversas bobas, ouvir quem era o tal “Danny” que eu sempre falava e as brincadeiras de que se não éramos somente amigos como eu falava nos últimos anos.
A única desvantagem era chegar no quarto de minha avó. Tirando a roupa de cama recém-trocada, o vaso de flor novo e talvez uma nova companheira de quarto, nada mudou. A senhora de 77 anos continuava a mesma. Os cabelos curtos esbranquiçados, os óculos redondos nos olhos, as diversas sardas no rosto e nos braços, mas as mãos ágeis fazendo algum tipo de tricô.
– Senhora Valentina? – Clair a chamou, fazendo a mulher erguer o rosto. – A senhora tem uma visita… – Minha respiração falhou quando os olhos claros de minha avó viraram para mim.
– Helena! – Minha avó falou com convicção, fazendo meus olhos se encherem de lágrimas e Clair assentiu com a cabeça.
– Oi, mamãe! – Falei, caminhando para dentro do quarto, sentindo Danny apertar minha mão com força.
– Ah, minha querida! Que saudades! – Fui para perto dela, me abaixando em sua frente e não contava com o forte abraço que ela deu em mim.
– Também senti saudades. – Respirei fundo, afundando meu rosto em seu ombro.
– Achei que fosse me largar aqui novamente! – Afastei meu rosto, olhando para seus olhos.
– Não, mamãe. – Acariciei seu rosto. – Não… Nós vamos para casa.
– E quem é esse lindo rapaz? Cadê Alex? – Levantei, virando para Daniel. – Eu sempre falei que ele não era bom para você. – Ri fracamente.
– Esse é Daniel, mamãe. Um amigo. – Chamei Danny com a cabeça, vendo-o entrar acanhado.
– Eu já tive amigos bonitos assim também, minha filha, e te garanto que não eram só amigos. – Sorri, ouvindo Clair rir mais alto.
– Ah, Valentina! Só a senhora mesmo. – Ela disse sorrindo.
– Eu sou só um amigo, senhora. – Danny disse, me fazendo sorrir.
– Bom, se ela não quiser, tem quem queira. – Minha avó disse, me fazendo sorrir.
– Valentina! – Clair a repreendeu, me fazendo rir.
– E o que a senhora está fazendo? Clair disse que está tricotando… – Me abaixei ao seu lado novamente.
– Ah, eu estou fazendo umas meinhas de criança! – Ela apoiou a mão na cama, pegando umas meias de lã. – Esse tempo está louco, menina!
– Sim, está… – Sorri, vendo-a ajeitar os diversos pés de meias e só imaginei Isaac usando essas meinhas de lã enquanto corre pela fazenda. – Ai… Esse tempo…
– É… Está estranho mesmo! – Falei fracamente e minha avó ergueu o rosto e meu coração gelou com aquele olhar perdido novamente.
– Quem é você? – Suspirei, sentindo Danny me apertar pelos ombros.
– Droga… – Clair falou e eu respirei fundo antes de tentar afastar o susto do rosto.
– Meu nome é Harper, senhora… – Falei, pressionando os lábios.
– Harper… – Ela suspirou, abrindo um sorriso. – Eu tenho uma neta com esse nome. – Pressionei os lábios, sentindo as lágrimas brotarem de novo.
– Sou eu, vovó… – Falei fracamente.
– Ah não, querida! – Ela disse apertando minha mão. – Minha neta é uma mocinha ainda, tem só 15 anos… Você já é uma mulher! – Dei um curto sorriso, engolindo em seco. – Uma linda mulher, por sinal! – Ela falou.
– Obrigada! – Falei fracamente.
– Você parece minha filha… – Ela disse acariciando meu rosto. – Tem os mesmos olhos dela.
– É… Já ouvi isso. – Suspirei.
– Então você a conhece? – Assenti com a cabeça.
– Sim, um pouco. Helena. – Sorri e ela fez o mesmo.
– Exatamente! – Ela abriu um largo sorriso. – Faz tempo que minha Helena não vem me visitar… Ela tem um marido incrível, Alex, sabe? – Dei um curto sorriso. – Eu não gostava muito dele no começo, mas ele é muito apaixonado por ela. – Pressionei os lábios.
– Sim, eu sei… – Suspirei, vendo-a erguer o rosto para mim.
– Por que está chorando, querida? Falei algo de errado? – Ela perguntou e passei as mãos nos olhos rapidamente.
– Nada, senhora. Também sinto saudades deles. – Sorri.
– Você pode vir novamente quando eles vierem. Acho que eles vêm no sábado, não é, Clair? – Minha avó falou para a enfermeira.
– No domingo, senhora. Para o almoço. – Clair falou com uma convicção que apertou meu peito.
– Você pode vir também… – Assenti com a cabeça.
– Vai ser um prazer… – Falei, vendo-a apertar as meias nas mãos e erguer os olhos para mim novamente.
– Você tem filhos, querida?
– Não, senhora… Eu tenho um afilhado… – Falei fracamente. – Ele tem um ano e oito meses.
– Leve para ele, então… – Ela pegou um par de meias roxas, me entregando. – Vai deixá-lo quentinho nesse inverno.
– Obrigada… – Suspirei, sentindo suas mãos entre as minhas e a lã.
– Foi um prazer em te conhecer. – Ela disse, me fazendo assentir com a cabeça. – Nos vemos no almoço de domingo.
– Claro… – Suspirei. – O prazer é meu… – Me levantei devagar.
Ela deu um sorriso, voltando a enlaçar a linha em uma das agulhas e começou a tricotar. Dei um suspiro, pressionando os lábios e notei quando seu olhar subiu para o meu algumas vezes. Sabia que era hora de eu ir embora. Era aquele olhar de suspeita. O olhar de que logo mais eu começaria a me machucar, pois ela ficaria desconfiada e começaria a falar besteiras.
– Até a próxima. – Falei, pressionando as meias nas mãos.
– Até! – Ela deu um curto sorriso e segui para fora do quarto, me apoiando na parede assim que saí do mesmo. Clair me deu aquele olhar que eu estava acostumada e pressionei os lábios, assentindo com a cabeça.
– Foi um bom dia, não? – Ela apoiou a mão em meu ombro.
– Sim… Acho. – Suspirei. – Não sei por que eu ainda venho.
– Ela ainda se lembra, Harper. – Assenti com a cabeça. – Acredite, você vai preferir ter vindo.
– Obrigada. – Falei e ela acariciou meu ombro antes de dar espaço para Danny.
– Baby… – Ele saiu do quarto. – Como você está?
– Está tudo bem… – Suspirei, sentindo-o me segurar pela cintura e passei os braços em seus ombros.
– Vem cá, baby. – Ele deu um beijo em meu pescoço, me fazendo arrepiar e apoiei meu rosto em seu ombro. – Ela parece sua mãe…
– Sim… – Fechei os olhos. – Menos os olhos. – Suspirei. – Ninguém pegou esses olhos lindos dela. – Falei fracamente, ouvindo Danny rir contra meu pescoço.
– Gosto mais de você como é! – Ri fracamente, erguendo o rosto para ela, sentindo-o acariciar meu rosto. – Vai ficar tudo bem.
– Eu sei, baby. Eu estou aqui… – Ele beijou meu rosto e sorri, me aninhando em seus braços, sentindo-o beijar minha cabeça.
– Sem querer interromper os pombinhos, mas acho que essa conversa pede um chá com biscoitos, não? – Clair falou, me fazendo sorrir.
– Chá de gengibre com mel e bolachinhas de castanha de caju? – Perguntei, vendo-a sorrir.
– Como você gosta. – Ela disse sorrindo.
– Podemos ficar mais um pouco? – Perguntei para Danny que sorriu.
– Contanto que ele possa me dar um abraço gostoso desse também! – Clair disse, me fazendo rir.
– Acho que dá para fazer um acordo! – Danny disse e ri fracamente.
– É, acho que sim! – Sorri, sentindo Danny dar um beijo em meu rosto e passei a mão em seu braço, descendo até sua mão.
– Venham comigo! – Clair disse e sorri, seguindo com ela.
Daniel
Me aproximei devagar da porta, apoiando a mão no batente e suspirei com Harper dentro da banheira. A espuma cobria quase toda a superfície e suas mãos passavam delicadamente sobre elas, mas o olhar estava perdido, ela realmente não estava ali.
Nunca tinha conhecido essa avó de Harper, somente os pais de tio Alex, mas sabia o quanto dona Valentina era importante para Harper. E com tudo o que aconteceu, era difícil compreender o que acontecia.
Não havia sido um dia ruim, pelo que Clair disse, mas Harper saiu completamente desolada da casa de repouso e estava há uns 40 minutos na banheira, sem falar nada e sem ouvir nada. Me perguntava como eram os dias ruins.
Entrei no banheiro devagar, pegando uma toalha ali e me aproximei da banheira, vendo Harper erguer os olhos para mim e dei um curto sorriso, mostrando a toalha e sacudindo-a sugestivamente. Ela negou com a cabeça e deixei a toalha na parte seca da banheira antes de me sentar na beirada.
– Você vai virar uma ameixa seca… – Falei fracamente, vendo-a sorrir e estiquei as mãos para ela novamente. – E eu sei que você odeia ameixas.
– Odeio… – Ela disse fracamente.
– Vem… – Estiquei as mãos novamente, me levantando e ela suspirou antes de apoiar as mãos nas laterais da banheira e se levantar.
Peguei a toalha novamente, colocando em suas costas e esfreguei-as fortemente. O tempo estava mais gelado do que o normal, mas era começo de agosto, nem era tão incomum assim, só odiamos o inverno mesmo.
Harper saiu da banheira devagar, fazendo a água deslizar pelas suas pernas e ela secou seu rosto com a ponta da toalha, me fazendo sorrir. Dei um beijo na ponta de seu nariz e deixei-a se trocar e voltei para o quarto. Sua mala já estava aberta no canto do quarto do hotel, então procurei rapidamente por seu pijama cinza e rosa de calças e mangas compridas e uma calcinha.
Harper finalizava de se secar quando eu voltei e logo pegou a calcinha de minhas mãos, vestindo-a e depois finalizou com o pijama. A toalha logo foi pendurada no box e a presilha saiu de seus cabelos, soltando-os em seus ombros.
Abracei-a pela cintura, tirando o cabelo de suas costas e dei um beijo em seu rosto, vendo-a dar um curto sorriso pelo espelho e girei meu corpo para frente do seu antes de pegá-la no colo, ouvindo-a rir, mas suas pernas foram para minha cintura.
– Você não precisa me carregar… – Ela falou manhosa, me apertando pelos ombros.
– Eu preciso… – Falei fracamente, seguindo de volta ao quarto e sentei-a na beirada da cama. – Está com fome?
– Não… – Ela disse fracamente, dobrando as pernas e colocando-as embaixo do edredom. – Você está?
– Eu estou bem. – Falei, me sentando na beirada da cama e acariciei seu rosto devagar. – Eu não quero que você fique sozinha…
– Eu não estou sozinha… Eu tenho você. – Ela procurou pelas minhas mãos e segurei-as.
– Sempre. – Falei. – Por isso mesmo. – Ela deu um curto sorriso. – Não quero que você sofra sozinha…
– Pelo visto somos mais iguais do que eu pensava… – Ela falou fracamente e assenti com a cabeça.
– Uhum… E você reclamando que eu sofro sozinho. – Ela deu um curto sorriso, apoiando a cabeça para trás.
– É diferente… – Ela suspirou. – Você pode melhorar na próxima semana… Ela não. – Ela pressionou os lábios.
– Talvez não… Mas você não precisa absorver tudo para você. – Falei fracamente. – Imagino como deve ser dolorido para você… Vê-la, lembrar de seus pais, mas ela está bem, baby. – Ela pressionou os lábios.
– Ao menos isso…. – Ela sussurrou e assenti com a cabeça.
– E o pessoal lá é ótimo. – Falei e ela sorriu.
– Sim, elas são ótimas. – Ela suspirou. – Muitas delas estão lá desde o primeiro dia…
– Elas são muito boas. – Falei e ela assentiu com a cabeça. – E sua tia? Você fala com ela com frequência?
– Não muito. – Ela disse fracamente. – Mais nas redes sociais quando eu posto algo ou quando ela posta algo… Mas Clair me mostrou a lista de visitas, eles vão visitá-la com frequência, meu primo Luke é o que mais vai.
– O loiro com cara de fuinha? – Perguntei, ouvindo-a rir.
– É… – Ela disse sorrindo. – Acho que sofremos igual, ele também era próximo dela.
– Você pode visitá-los, sabe? Ficar perto deles… Reduzir essa distância…
– Não, baby… – Ela apertou minhas mãos. – Já não era a mesma coisa antes do acidente, agora piorou… – Ela falou fracamente. – Prefiro ficar perto de vocês… Da família do meu pai… – Assenti com a cabeça.
– Eu estarei contigo em todas as suas decisões, baby. – Falei e ela assentiu com a cabeça.
– Você pode se sentar do meu lado? – Ela perguntou com um biquinho no rosto e assenti com a cabeça antes de me sentar ao seu lado na cama e sorri quando ela tombou a cabeça para meu colo. – Obrigada…
– Não precisa agradecer, baby… – Acariciei seus cabelos devagar.
– Eu preciso… Você é muito bom comigo… Desde o primeiro dia. – Sorri.
– Falando nisso… Você falava muito de mim quando ia lá? – Ela riu fracamente.
– Eu tinha só 16 anos quando a colocamos lá… – Ela disse fracamente. – Estávamos no meio de todo nosso caos do ensino médio… – Ela virou o corpo, ficando com o rosto para cima. – Eu ficava três, quatro, cinco horas lá… Acabava desabafando um pouco.
– E nunca pensou em falar que eu sou o piloto gato australiano? – Ela riu fracamente.
– Quando você ficou conhecido, eu já estava na Michelin, então minhas visitas começaram a ser mais rápidas, como foi a de hoje. – Ela disse. – E minha cabeça normalmente estava em outro lugar.
– Mas para elas comentarem sobre mim, aposto que você não falava pouco de mim… – Sorri presunçoso, ouvindo-a rir.
– Feliz por eu falar sobre você? – Ela perguntou e sorri.
– Muito! – Ri. – Agora mais ainda!
– Bobo. – Ela disse, virando o rosto novamente. – Mas é… Elas sabiam de tudo da gente… Agora mais ainda.
– Elas pareceram felizes com você contando sobre seu trabalho, seus planos, nós… – Falei.
– Elas são ótimas! – Ela suspirou. – Essa clínica foi um verdadeiro achado, de verdade.
– Sua tia paga caro? – Perguntei.
– Uns nove mil por mês… Mas todo mundo ajuda! – Ela abanou a cabeça. – Mando minha parte regularmente.
– Espera! Você ajuda a pagar? – Ela ergueu o rosto.
– Sim! – Ela disse rindo. – Seus pais me ajudaram a pagar um pouco após a morte dos meus pais e eu consegui tirar deles quando entrei na Michelin.
– Eu nunca soube disso. – Falei fracamente.
– Eu vivi com seus pais mais uns dois anos depois da formatura, até comprar o apartamento. – Ela disse. – Muito aconteceu, baby.
– Eu posso te ajudar, se precisar. – Falei e ela negou com a cabeça.
– Eu tenho minhas economias, baby. – Ela disse. – E a Red Bull ainda me paga um salário por causa de você… – Rimos juntos. – Se eu precisar de algo, eu aviso, mas agora eu só preciso desse colo aqui, só isso… – Sorri.
– Sempre que precisar. – Falei, apertando minhas mãos em seu corpo.
Perth, Austrália
Harper
– Deus! Choveu! – Reclamei quando Danny guiou o carro para a estrada de terra.
– Você não costuma vir no meio do ano para cá, né?! – Danny perguntou sarcástico e ri fracamente.
– Não… – Falei com um bico nos lábios. – Eu costumo estar do outro lado do mundo a essas horas…
– Você sempre fala que estava do outro lado do mundo, mas não conhece metade dos países que eu te levei. – Ri fracamente.
– Presta atenção na estrada, Daniel! – Falei, sentindo-o apertar minha coxa e ri fracamente.
– Minha rabugenta! – Ri quando ele apertou a parte interna da minha coxa.
– Chato! – Apertei sua mão, rindo com ele antes de voltar minha atenção para a estrada de terra.
Durante os últimos meses eu viajei para lugares incríveis, cidades maravilhosas e vi o mundo pelos olhos do Daniel Ricciardo piloto de Fórmula Um, mas mesmo depois de tudo, acho que essa estrada de areia enlameada pela chuva fina e constante, ainda é a melhor definição de lar para mim.
Sorri quando a fazenda apareceu em minha visão, sendo a única coisa realmente iluminada no meio do nada e meu corpo até relaxou. Dois carros estavam estacionados na porta e imaginei que dessa vez os caras dariam um pouco de folga para nós e que pudéssemos aproveitar em família.
Apesar que acho que eles só não queriam estar perto quando contássemos para os pais de Danny sobre nós… Ou queriam, vai saber… Era uma mistura de sentimentos.
– Chegamos! – Danny disse desligando o carro e sorri.
– Eu quero um banho e cama… – Suspirei e ele sorriu.
– Em breve, baby. – Ele inclinou seu rosto para o meu e apoiou sua mão em meu rosto.
– Pronto? – Perguntei.
– Nenhum pouco. – Ele disse rindo e sorri, deixando um rápido selinho em seus lábios.
– Vamos! – Falei antes de empurrar a porta do carro.
A chuva gelada me incomodou, fazendo meu corpo se arrepiar, mas logo estaria no quentinho da fazenda. Danny foi para o porta-malas e fui atrás dele, ajudando-o a tirar todas as nossas malas, colocar na varanda e evitar que elas tombassem na lama.
– TITI HARPER! – Virei o rosto apressada, vendo Isaac correndo pela varanda.
– Não pula! – Falei rapidamente, vendo Jason segurá-lo rapidamente.
– Titi Harper! Titi Harper! – Sorri, vendo a família de Danny sair da casa e pisei na varanda, deixando a mochila na escada.
– Vem cá, meu amor! – Me abaixei em sua frente, sentindo-o se jogar entre meus braços e abracei-o apertado.
– Titi! Titi! – Sorri, dando vários beijos em seu rosto.
– Meu lindo! – Me levantei com ele em meu colo, girando com ele.
– Saudadi! – Ele falou fofo e ri com Danny colocando todas as malas na varanda.
– Também senti saudades, meu amor! – O sacudi em meu colo, vendo-o rir e passei a mão nos cabelos que começavam a criar comprimento.
– Titi Harper, titi Harper… – Daniel disse sarcástico. – E titi Daniel? – Daniel veio ao meu lado e Isaac riu.
– Titi Daniel! – Ele esticou as mãos para Daniel, me fazendo rir quando ele trocou de colo.
– Titi Daniel ganha! – Falei para Jason.
– Sempre! – Ele disse e nos abraçamos. – Que bom te ver, Harper!
– Ai, nem fala! – Rimos juntos e logo mudei para os braços de Mi.
– Eu não vou deixar você ir embora mais! – Mi disse contra meu ouvido, me fazendo rir.
– Ah, não deixa! Me segura aqui para sempre! – Trocamos dois rápidos beijos.
– Vou prender a Harper na despensa e não deixar ela ir embora mais! – Tia Grace disse, me fazendo rir e abracei-a apertado.
– Não vai ser necessário! – Ela me apertou igualmente forte. – Dessa vez não vim antes por causa do Danny.
– Vocês estão juntos, é o que importa! – Ri fracamente com essa frase antes de seguir para abraçar tio Joe.
– Ah, garota! Bom te ter aqui conosco! – Sorri, abraçando-o fortemente.
– É sempre bom! – Sorri, vendo Danny terminar de abraçar sua mãe.
– E como estão as coisas? – Tia Grace perguntou.
– Ah, tudo certo. – Ri fracamente, vendo Isaac esticar as mãos para mim.
– Vai com a titi! – Mi disse antes de me entregá-lo novamente.
– Não vou mais soltar! – Dei vários beijos em sua bochecha, ouvindo-o rir.
– Ai, titi-i-i! – Sorri.
– Ajuda ele com as malas! – Tia Grace disse e Jason e tio Joe ajudaram Daniel com as quatro malas e duas mochilas largadas no chão. – E como foi em Sydney? – Ela perguntou, me guiando para dentro da casa.
– Ah, foi tudo bem. – Dei de ombros, sentindo a casa mais quente e logo notei a lareira acesa na sala. – Ela achou que eu fosse minha mãe novamente, se lembrou de mim quando criança… – Dei de ombros, colocando Isaac no chão. – As enfermeiras dizem que piora cada vez mais, mas que a saúde dela ainda é boa.
– E seus parentes, vão visitá-la? – Tio Joe perguntou no tradicional tom julgador da família desalmada da minha mãe.
– Sim, vão. Luke é o que mais vai. – Abanei a cabeça. – Nós o encontramos, falando nisso. – Disse. – Ele mandou mensagem e saímos para jantar.
– Não é que o cara de fuinha é legal? – Danny disse ao meu lado e ri fracamente.
– Você implica com ele desde que a gente era criança! – Falei, vendo-o revirar os olhos.
– Ele era chato! – Danny disse, me fazendo rir.
– Você também era e eu não falava nada! – Dei de ombros, vendo-o me mostrar a língua e rimos juntos.
– Ah, que saudade disso! – Mi disse sarcasticamente, me fazendo rir e Danny se sentou ao meu lado.
– Vocês devem estar com fome, não é? – Tia Grace perguntou. – Nós pedimos pizza, logo deve estar aqui.
– Não se preocupe! – Abanei a mão. – Eu estou mais louca por um banho, honestamente. – Suspirei.
– Vocês devem estar cansados. – Jason disse.
– Mas dá para esperar a pizza, não? – Danny disse, me fazendo rir.
– Dá, esfomeado, dá! – O pessoal riu junto.
– Mas e aí? Como foi a primeira parte da temporada? Sobreviveu? – Michelle perguntou.
– Ah, foi… – Falei rindo, virando para Danny que colocava Isaac de cabeça para baixo. – Desafiador e descobridor… – Ri fracamente.
– Titi-i-i-i! – Isaac riu.
– E quais as novidades? Vai, conte tudo! – Tia Grace perguntou e sabia que era a oportunidade.
– Bem… – Virei para Danny, pressionando os lábios. – Acho que só tem uma… – Ponderei com a cabeça.
– É… Só uma! – Ele disse mais rápido, fazendo uma careta.
– É? Qual? – Tia Grace perguntou curiosa.
– Bem… Eu e Danny…
– Harper largou a Michelin! – Danny falou mais rápido do que eu e franzi a testa, virando para ele.
– Mesmo? – Tia Grace perguntou surpresa. – Então você se decidiu? – Olhei sugestivamente para Daniel, vendo-o me dar o mesmo olhar desesperado e voltei novamente para tia Grace.
– É… É! – Sacudi a cabeça confusa, vendo Daniel se levantar. – É… Estava na hora. – Suspirei. – Foi uma decisão difícil, mas…
– Você está bem, Harp? – Mi perguntou. – Você parece perdida.
– Eu… Eu… – Virei para Daniel seguindo até a cozinha com Isaac. – Acho que é só o sono. Muito aconteceu nesses últimos meses, quiçá nessa última semana…
– Por que vocês não vão tomar um banho? Tirar essa roupa? Quando vocês terminarem de comer é só ir para cama. – Tia Grace disse e meu olhar não saía de Daniel que claramente evitava.
– É… Acho que eu vou aproveitar sim. – Suspirei, me levantando. – Posso ir no meu quarto?
– Claro, claro… Mas não prefere ir no do Danny? – Tia Grace perguntou e Daniel virou o rosto para mim.
– Não… Ele vai usar também. – Suspirei. – Logo volto.
– Quer ajuda? Eu te ajudo! – Jason ofereceu e não neguei quando ele pegou minha mochila.
Já não bastava o cansaço do voo de cinco horas de Sydney para Perth, agora eu tenho que enfrentar mais essa.
Daniel
– Que horas são? – Ouvi a voz de minha mãe e coloquei o restante da torrada na boca.
– Dez e meia. – Meu pai disse.
– Será que a Harper está bem? Ela não costuma dormir muito. – Suspirei, pressionando os lábios.
– Ela não tomou o remédio de enjoo dela? – Minha irmã sugeriu. – Ela deve ter apagado.
– Ela tomou, filho? – Ergui o olhar para ela.
– O quê? – Perguntei.
– Daniel! – Minha mãe me repreendeu. – Em que mundo você está? Desde ontem que você está perdido assim.
– Ah, desculpe, é só cansaço… – Suspirei. – A ideia não era vir para casa nas férias, vim por causa da Harper.
– E pela sua mãe, eu espero! – Ela disse firme e ri fracamente.
– Sim, mãe, por causa da senhora também. – Falei e ela sorriu, estalando um beijo em minha bochecha.
– Termina de comer e vai ver se ela está bem. Odeio esse remédio dela, deveria proibir. – Ela disse, dando um tapinha em meus ombros antes de se levantar.
Suspirei, terminando de beber o café como se fosse a última xícara de café do mundo antes de me levantar. Eu tenho certeza de que Harper está fugindo de mim e não estava pronto para encarar essa conversa agora. “Conversa”, parecia nossa primeira briga como casal mesmo.
Não sei o que aconteceu comigo, eu só surtei!
Parece que abrir essa relação para minha família ia fazer tudo desabar! E eu não queria perder isso agora.
– Eu vou dar uma olhada nela. – Falei, empurrando a cadeira e virei o restante do café de forma dramática antes de seguir pelo corredor.
Andei devagar até o quarto de Isaac, o que era de Harper antes de tudo, e empurrei a porta devagar, vendo a cama de casal bagunçada e Harper sentada na beirada da mesma, apoiada no berço de Isaac que ainda dormia.
– Ei… – Falei fracamente, entrando no quarto e fechei a porta logo em seguida. – Minha mãe está preocupada contigo…
– Estou sem fome… – Ela falou fracamente e notei sua mão sendo segurada pelas mãozinhas de Isaac.
– Harp… – Me sentei ao seu lado. – Não faça isso…
– O quê? – Ela virou para mim e notei aquele olhar magoado. – Você tem ideia do que fez ontem?
– Eu não pensei, eu…
– Como você quer que eu me sinta? – Ela falou acima e suspirei. – Eu achei que você estava pronto para esse tipo de comprometimento, Daniel, mas pelo jeito estava enganada.
– Também não é assim, Harp. – Falei fracamente.
– Então é o quê? – Ela virou o corpo para mim. – Você me abraça na frente dos seus amigos famosos, anda de mãos dadas comigo na frente dos fotógrafos, mas não tem coragem de me assumir na frente dos seus pais? – Ela riu sarcasticamente.
– Não é nada disso. Eu não sei o que aconteceu, eu só surtei! – Ela negou com a cabeça.
– Eles que deveriam surtar, não você! – Ela disse firme. – Quase três meses, Daniel! O que você espera? Que isso aconteça dentro do paddock e nada mais? Dentro do motorhome e nada mais?
– Não, Harp. Não é nada disso, é só… – Puxei a respiração fortemente.
– É só o quê? – Ela pressionou.
– Eu não sei! – Falei rapidamente, ouvindo-a suspirar.
– Você tinha um trabalho, Daniel. Só um… – Ela suspirou. – E você deixou claro que não está pronto para isso.
– Pronto para o quê? – Perguntei rapidamente, ouvindo-a bufar.
– Você realmente não perguntou isso… – Ela riu fracamente, se levantando.
– Harper, por favor… – Me coloquei em sua frente.
– O que você achou que estivesse acontecendo aqui? – Ela deu de ombros. – Eu posso ser sua amiga há anos, mas isso não é uma amizade colorida, Daniel. Eu não sofri indecisão por um mês para ser só mais um caso seu… – Ela disse rapidamente. – Eu não sou assim, eu não quero isso…
– Eu sei! Eu sei! – Apertei minhas mãos em seus ombros. – Eu nunca disse que éramos só isso. – Ela suspirou.
– Então o que somos? – Ela perguntou firme e eu suspirei.
– Somos Danny e Harp… – Falei fracamente. – Nós somos…
– Com licença! – Virei o rosto para porta, vendo Mi entrar e minhas mãos deslizaram dos ombros de Harper. – Ele está dormindo ainda?
– Sim, está… – Harp disse suspirando.
– Estava babando por ele, não estava? – Minha irmã disse e Harper sorriu.
– É! – Harper riu fracamente. – Um dia vou roubá-lo de você, Mi!
– Ah, por uma semaninha eu até deixo! – Ri fracamente, vendo-a pegar Isaac no colo.
– Mamá! – Isaac gemeu e Harper acariciou os cabelos de Isaac.
– Quer ajuda? – Harper ofereceu.
– Eu preciso dar banho nele. – Ela disse.
– Eu vou contigo! – Harper disse e Mi foi até o banheiro da suíte.
– Harp… – Segurei sua mão, puxando-a para perto de mim. – Por favor… – Ela negou com a cabeça.
– Desculpe… Ser Danny e Harp não é mais o suficiente para mim. – Ela pressionou os lábios antes de desviar o rosto de mim.
Harper
– Titi Harper!
– Ah, meu amor! – Peguei Isaac quando ele pulou em meus braços e girei-o ao redor do corpo. – Quem é o afilhado mais lindo do mundo?
– Isaac! – Ele disse apontando para o céu e dei vários beijos em sua bochecha.
– É você sim! – Girei-o novamente, ouvindo-o rir. – Meu afilhado favorito.
– É o único! – Michelle disse ao se aproximar e ri fracamente.
– Também! – Brinquei.
– As meias que sua avó deu já ficaram pretas. – Ela disse rindo.
– Deixa eu ver esse pé sujo. – Falei para Isaac e ele ergueu o pé, quase chutando meu rosto, me fazendo rir. – Pelo menos é a meia… – Michelle riu.
– Mas é lã, vai ser péssimo de lavar. – Ela abanou a mão.
– Por sinal, estou sentindo um cheirinho aqui? – Fiz careta e passei a mão no bumbum de Isaac. – Você sente, Mi?
– Ah, sinto! Meu porquinho precisa ser trocado. – Isaac fez careta e pressionei meus lábios em sua bochecha.
– Vamos que a titi faz esse trabalho sujo, vai! – Falei rindo, vendo Michelle empurrar a porta de dentro da casa e fui logo atrás dela.
– Eu não quelo tomar banho! – Isaac disse embolado e ri fracamente.
– Ah, mas pelo menos precisa trocar essa fralda. – Michelle disse e observei Daniel com Jason na sala jogando vídeo game e suspirei antes de seguir pelo corredor.
– Precisava deixar de molho por uns três dias para tirar essa sujeira! – Falei rindo.
– Banhela? – Isaac falou animado e ri fracamente.
– Agora você quer, né, sapeca? – Ele riu.
– Banhela! Banhela! – Ele disse animado.
– Deixa eu tirar a fralda e limpar você antes. – Michelle disse, tirando-o de meu colo e me sentei na cama no meio do quarto.
– Eu posso ficar um pouco com ele na banheira, se quiser. Vai me ocupar um pouco. – Falei, suspirando.
– Precisamos falar sobre isso também. – Ela disse.
– Do quê? – Ergui o rosto para Mi.
– O que aconteceu entre você e Danny? – Ela perguntou e suspirei. – Achei que estivesse tudo bem, mas vocês parecem estar dando tratamento de silêncio no outro. E quem faz isso normalmente é você! – Ri fracamente, negando com a cabeça.
– Não é nada… – Suspirei.
– Tem certeza? Vocês chegaram tão animados na sexta e parece que tudo murchou de um dia para o outro…
– A gente só ficou muito tempo juntos… – Dei de ombros. – Estamos desde dezembro juntos sem parar, a gente precisa de um pouco de espaço. – A observei tirar a fralda de Isaac.
– Ah, mesmo assim. Parece que vocês brigaram ou algo assim…
– Não, não houve nada. – Dei um curto sorriso. – Só precisamos de um pouco de espaço do outro mesmo.
– Tem a segunda parte da temporada, vai estar tudo bem para vocês continuarem? A ideia não era acabar com a amizade de vocês… – Suspirei.
– Eu sei, só preciso de uns dias para mim… Pensei até em ficar no apartamento esses últimos dias, sabe?!
– Por quê? – Ela se virou rapidamente.
– Espaço! – Falei como se fosse óbvio. – E eu ainda tenho minha casa, caso vocês não se esqueçam. Ela não deve ver limpeza há meses.
– Minha mãe foi lá na semana passada, está tudo bem. – Ela abanou a mão e revirei os olhos discretamente.
– Mesmo assim, vai ser bom. – Falei. – Temos uma semana ainda até ele precisar voltar novamente, eu preciso resolver algumas coisas, finalizar umas coisas da Michelin e…
– O Danny sabe disso?
– E desde quando ele manda na minha vida? – Falei rapidamente, vendo-a se virar para mim. – Desculpe, saiu errado.
– DANIEL! VEM CÁ! – Ela gritou e revirei os olhos.
– Por que você faz isso? – Perguntei e ela deu de ombros, erguendo Isaac enrolado na toalha.
– Porque alguma coisa aconteceu e vocês precisam se resolver.
– Chamou? – Vi a porta se abrir e os cabelos cacheados de Danny entraram primeiro.
– Harper quer dormir essa semana no apartamento, faz ela mudar de ideia! – Ela disse enquanto andava pelo quarto e revirei os olhos.
– Harp… – Ele suspirou e me levantei, saindo do quarto e Daniel me segurou logo que eu passei pela porta. – Por que está fazendo isso?
– Por quê? – Perguntei rindo, puxando a porta. – Pelo amor, Daniel! Eu preciso de espaço também! – Suspirei. – Eu não posso nem extravasar sem sua família suspeitar! Eu não tenho um minuto com a cabeça completamente para mim… Eu…
– Harp… – Ele apoiou as mãos em meus ombros. – Por favor…
– Eu preciso de tempo, Daniel! – Suspirei. – Você também.
– Eu não preciso de tempo! – Ele falou rapidamente.
– Você precisa! – Falei firme. – Nós precisamos… – Suspirei e ele olhou em meus olhos.
– Você vai me acompanhar o restante do ano? – Ele perguntou e suspirei.
– Você ainda quer que eu vá contigo? – Abracei meu próprio corpo.
– É claro que eu quero, Harp! Nada mudou! – Ele apertou meu braço.
– Tudo mudou, Daniel! – Falei em um suspiro. – Tudo! – Ele suspirou.
– Eu não quis dizer isso… – Ele suspirou. – Eu quero você ao meu lado, eu quero tudo isso… – Suspirei, passando as costas das mãos no rosto. – Você sabe que eu te amo, certo? – Ele olhou em meus olhos e suspirei.
– Eu sei… – Falei fracamente. – Eu só preciso de um tempo.
– O que você quer eu faça? – Ele falou por cima da minha voz. – Fala para mim!
– Eu não quero que você faça nada que você não queira, Daniel. – Falei baixo. – Eu quero que você faça porque se sente confortável, porque está feliz… – Neguei com a cabeça.
– Eu estou feliz contigo, Harp…
– Então você precisa de outro motivação… – Dei de ombros. – Me deixa tirar essa semaninha para mim, eu realmente poderia usar isso para dar uma relaxada também, organizar meu apartamento, fazer uma massagem… – Suspirei. – Mas não quero que seja dessa forma…
– Eu não sei mais viver sem você, Harper… – Ele disse fracamente e dei um curto sorriso.
– Bom! – Falei firme. – Agora precisa decidir o que quer fazer sobre nós… – Ele assentiu com a cabeça. – Se precisar de mim, eu estarei na banheira com o Isaac… Mas pelo menos essa parte você pode fingir que nunca viu. – Ele riu fracamente e dei um curto beijo em sua bochecha antes de voltar para o quarto.
Daniel
– Bom dia, John! – Falei um pouco mais alto antes de tocar o interfone do condomínio.
– Ela não está aqui! – Ouvi a voz robótica pelo interfone.
– Ah, fala sério! – Bufei. – Não vai dizer que ela proibiu minha entrada de novo? – Revirei os olhos e vi John sair da portaria, aparecendo atrás das grades do condomínio. – Ela pediu para você dizer isso?
– Ela até comentou algo sobre não deixar o senhor entrar, mas ela realmente não está aqui. – Ele disse. – Ela saiu com um buquê de peônias.
– Ah, sério? – Suspirei e ele assentiu com a cabeça. – Faz quanto tempo?
– Uns 20 minutos. – Ele disse.
– Valeu! – Assenti com a cabeça, olhando para os dois lados da avenida antes de cruzá-la novamente e entrei no carro.
Harper sem responder minhas mensagens desde o começo do dia, não estar no condomínio e sair com um buquê de peônias, só podia significar uma coisa. Liguei o carro novamente e dirigi uns 15 minutos até o cemitério municipal de Perth. Único lugar que ela poderia estar agora.
Deixei o carro do lado de fora e entrei apressado no local, colocando um boné na cabeça. Não era exatamente o melhor lugar para ser reconhecido agora e eu realmente não queria tirar selfies onde os pais de Harper estavam.
Reconheci Harper de longe entre o gramado esverdeado e as lápides colocadas no mesmo. Foram cinco dias sem ela e cinco dias que eu queria ter esquecido. Eu estava subindo pelas paredes em não tê-la, pelo menos, em meu peito durante a noite, o braço em volta de minha cintura e uma calma que só Harper sabe me dar.
Sei que a solução para nossos problemas era contar para meus pais sobre nós, mas eu queria fazer isso com ela. Segurar sua mão na frente de todos, beijá-la na frente de meus pais e deixar claro para todo mundo que estamos juntos. Mas esses cinco dias foram meus últimos em Perth e eu estou embarcando para Inglaterra no voo da noite. Vir atrás de Harper é uma medida desesperada para ver se ela ainda vai comigo.
– O que está fazendo aqui? – Ouvi sua voz quando me aproximei.
– Fui atrás de você no apartamento… – Ela assentiu com a cabeça e puxei-a para um abraço. – Vem cá…
Suas mãos apertaram minhas costas e sua cabeça foi para meu ombro enquanto fiz o mesmo. Meu olhar foi para a lápide dos Addams e pressionei os lábios. Espero que eles saibam o quão apaixonado eu estou por Harper e que não tenho nenhuma intenção de magoá-la. Só a quero assim comigo para sempre. Sem nenhum porém.
Ficamos abraçamos até ela afrouxar os braços devagar. Uma mão deslizou para meu peito, erguendo o rosto e acariciei sua nuca devagar. Seus olhos estavam cobertos pelos óculos de sol, mas sabia que seus olhos estavam focados nos meus.
Acariciei sua nuca devagar, sentindo suas mãos deslizarem pelo meu corpo até apertarem minhas costas e nossos lábios se tocaram devagar. Puxei-a pela cintura, trazendo seu corpo mais para perto do meu, e nossos lábios deslizaram delicadamente pelo do outro, quase como se fosse a primeira vez.
Seus lábios se afastaram dos meus devagar, fazendo o beijo acabar com curtos selinhos e nossas testas se encostarem. Suas mãos subiram para meus ombros, acariciando minha nuca e deixei alguns curtos beijos em seus lábios e sua bochecha.
– Espero que seus pais não se importem com isso… – Sussurrei e ela deu um curto sorriso antes de erguer os óculos para sua cabeça.
– Não… Você é bom para mim. – Acariciei sua nuca, roçando meu nariz no seu.
– Me desculpe, Harp. Eu só surtei… – Ela negou com a cabeça.
– Não vamos fazer isso agora, por favor… – Ela acariciou meus lábios com o polegar. – Eu só quero que você tenha certeza do que quer… – Ela suspirou.
– Eu quero você, Harper Addams! – Ergui seu rosto para o meu. – Ficar esses cinco dias sem você foi uma prova que eu não sabia que precisava. – Ela deu um curto sorriso. – Eu quero você comigo. Eu quero ficar ao seu lado, quero ter você comigo, enfrentar quem e o que for preciso para ficar contigo… – Ela riu fracamente.
– Não precisamos de muito. – Ela deslizou a mão pela minha nuca. – Eu só quero que você entenda que eu não quero ser só sua peguete ou sua amizade colorida.
– Você é muito mais do que isso, baby. – Abracei-a apertado, deslizando a mão pela sua cintura. – Você é o amor da minha vida. – Ela sorriu. – Nada do que aconteceu é por conta das minhas dúvidas. Eu não sei o que passou na minha cabeça, eu só surtei, de verdade. – Suspirei. – Pensar em passar pelo caos que vai ser quando contarmos para eles… Pensar que eles vão te roubar de mim por alguns dias… – Ela riu fracamente. – Eu quero você só para mim.
– Eu sou só sua, Daniel! – Ela colou sua testa na minha. – Hoje e para sempre, entendeu? O que aconteceu em Mônaco foi um divisor de águas e eu não vou voltar atrás agora. – Apertei-a com força, colando minha barriga na dela. – Eu te amo, Daniel. – Ela acariciou meu rosto. – Mas não quero isso só entre a gente. – Ela roçou seu nariz no meu. – E eu não falo em nada grandioso como imprensa ou sua carreira, só falo sobre seus pais… Nossa família. – Assenti com a cabeça.
– Me desculpe, ok?! Eu fui um idiota. – Ela deu um curto sorriso.
– Foi! – Ela disse firme! – Mas é meu idiota. – Sorri e nossos lábios se tocaram por alguns segundos.
– Eu vou contar para eles na primeira oportunidade, ok?! Podemos ligar para eles e… – Ela segurou meu rosto, pressionando nossos lábios por mais alguns segundos.
– Agora tenha paciência. – Ela acariciou meu rosto. – Você já fez a besteira, agora espera. Eles vão aparecer em alguma corrida. – Assenti com a cabeça.
– Você vai comigo para Inglaterra?
– Acho que vou te encontrar na Bélgica. – Ela disse.
– Nã-ão, vai comigo. – Apertei-a fortemente, ouvindo-a rir.
– Eu poderia aproveitar mais uns 10 dias em casa, baby. – Ela disse. – Fazer meu check-up anual, visitar uns médicos, ficar mais com o Isaac…
– Não ficou com ele porque não quis. – Ela riu.
– Te dando tratamento de silêncio. – Sorri.
– Eu odeio quando você faz isso. – Falei e ela riu fracamente.
– Por isso eu faço. – Nossos lábios se tocaram de novo.
– Eu senti sua falta. – Falei.
– Eu também… – Ela disse fracamente, apoiando a mão em meu peito e desviou o rosto para a lápide novamente. – Mas eu não vou fugir de você. – Ela sorriu. – Eu prometi e eu vou cumprir. Só poderia aproveitar um pouco mais das minhas férias. – Abracei-a pela cintura, apoiando a cabeça em seu ombro.
– Ok, eu deixo… Mas só porque eu tenho trabalho no simulador… – Suas mãos foram para as minhas. – Quero você comigo o mais rápido possível.
– Eu estarei lá antes do começo do fim de semana. – Ela disse e dei um beijo em seu rosto, ouvindo-a rir.
– Combinado… – Falei fracamente, sentindo-a apoiar a cabeça em meu ombro.
– Sabe… Você não contou para seus pais, mas você pode contar para os meus. – Ela disse e ri fracamente, vendo a lápide abaixo de mim com o buquê de peônias rosas.
Alexander Addams
☆ 29/03/1959
† 19/06/2009
Helena Amelia Corner Addams
☆ 08/05/1961
† 19/06/2009
Amados pais, filhos e amigos
– Como você está? – Perguntei, apertando-a fortemente.
– Eu estou bem… – Ela suspirou. – Como não me sentia há tanto tempo.
– Minha linda… – Beijei sua bochecha, ouvindo-a rir fracamente.
– Quer fazer as honras? – Ela brincou e ri fracamente.
– Olha, baby, acho que eles já sabem… – Ela riu fracamente e olhei na lápide novamente. – Espero que estejam felizes com isso…
– Eles estão… – Harper suspirou. – Não tem ninguém que vá cuidar de mim melhor do que você, Danny.
– Espero que eles concordem com isso depois do que temos feito nesses últimos meses… – Ela riu fracamente.
– Daniel! São meus pais! – Ela me deu uma cotovelada, me fazendo rir.
– Não é como se eles não estivessem vendo o que estamos fazendo, Harper… E ouvindo nossos pensamentos. – Ela riu fracamente.
– Não precisa deixar tão gráfico! – Ela apertou as mãos no rosto em vergonha.
– Depois da primeira vez, acho impossível… – Sussurrei para ela, vendo-a virar o rosto para mim e colei nossos lábios.
– Apesar de tudo, aposto que eles estão felizes por estarmos felizes. – Ela disse.
– Eu estou. – Sorri. – Feliz demais… – Ela virou o corpo para mim. – Por ter minha melhor amiga em meus braços, em meus pensamentos e em minha cama… – Ela riu fracamente.
– Você para! – Ela segurou minha nuca e ri fracamente.
– Achei que a gente não devesse mentir para nossos pais! – Brinquei.
– Ah, agora quer ser o certinho? – Ela riu.
– Sempre fui, você que me desvirtuava! – Falei dramatizando.
– Ah, ainda sou obrigada a ouvir isso. – Ela disse rindo e puxei sua nuca antes de colar nossos lábios novamente.
Capítulo 30
Austrália, 2009
– Daniel? – Ele virou o rosto para a porta, vendo um dos assistentes da Formula Renault.
– Sim? – O mais novo falou, se levantando do tatame.
– Sua mãe pediu para você telefonar o mais rápido possível. – O homem disse.
– Hum… Ok? – Ele disse confuso, seguindo para perto de suas coisas.
As coisas na Fórmula Renault 3.5 não eram nada glamorosas perto da futura Fórmula Um, mas ele estava empolgado por tudo. Daniel sempre estava empolgado por tudo. Ao contrário do que acontecia em Perth. Grace batia as mãos freneticamente na mesa, encarando seu celular depois de fazer a vigésima terceira ligação para ele. Ela não sabia como contar, mas precisava fazer isso.
– Nossa! – O garoto se surpreendeu com a quantidade de ligações em seu celular e discou rapidamente para o número da mãe.
Grace pulou na cadeira quando o telefone tocou, vendo o nome de seu filho e ficou indecisa do que fazer. Atender ou não atender? Contar ou não contar? Ela havia passado as últimas quatro horas chorando e sua cabeça pesava uma tonelada, além dos ombros tensionados pela força. Joe a abraçou pelos ombros, beijando-lhe a testa.
– Força, amor! – Ele disse e Grace atendeu o telefone.
– Filho? – Ela atendeu com a voz fraca.
– Oi, mãe! – Ele atendeu, girando o corpo pelo vestiário. – Está tudo bem? Eu vi suas ligações.
– Daniel… – Grace respirou fundo. – Como você está?
– Estou bem, mãe… Você está bem?
– Sim, eu… Eu… – Ela pigarreou.
– Mãe? Tá tudo bem? Eu tenho uma corrida em uma hora…
– Aconteceu alguma coisa, filho… Você precisa vir para casa. – Grace o interrompeu, tossindo fracamente para tirar o bolo que parecia prender em sua garganta.
– O que aconteceu, mãe? – Ele perguntou e seu rosto se contorceu de nervosismo.
– Houve um… – Ela respirou fundo. – Houve um acidente, filho… – Ela engoliu em seco.
– Que acidente, mãe? Você está bem? Papai? Mi? Está tudo bem? – A voz dele começou a sair apressada, fazendo mais lágrimas deslizarem pelo rosto da mulher e não foi possível mais se conter, fazendo o choro ficar mais evidente. – Mãe! Mãe! O que aconteceu?
Michelle estava travada há quatro horas no sofá, com o olhar perdido. Ela não havia conseguido derrubar nenhuma lágrima. Talvez por saber que alguém precisava mais dela agora. Sua mãe, seu pai… E Harper. Especialmente Harper. Mas ao ver a mãe em surto, foi como se ela destravasse e seguisse diretamente para o telefone, ouvindo a voz de Daniel ecoar pelo bocal.
– Mãe! Mãe, pelo amor de Deus! O que aconteceu? – Ele perguntou apressado e Michelle tirou o telefone da mãe, colocando na orelha.
– Daniel? Sou eu! – Michelle falou.
– O que aconteceu, Mi? O que está acontecendo? – Ele perguntou apressado.
– Venha para casa, precisamos de você! – Ela disse fortemente.
– O que acon…
– Os pais da Harper morreram, Danny! – Ela disse apressada, fazendo a voz do garoto se calar.
– O que… – Seu corpo foi automaticamente para trás, cambaleando e ele apoiou a mão na parede para não cair, chamando atenção de seus colegas de equipe.
– Venha para casa, por favor! – Ela disse em um suspiro, sentindo a primeira lágrima deslizar de sua bochecha.
– O qu… O que aconteceu? – A voz dele saiu bagunçada.
– Um acidente de carro… – Ela suspirou. – Eles foram em um jantar ontem e, na volta… – Ela engoliu em seco.
– Mi… – Ele falou fracamente, as lágrimas já escorrendo de seu rosto.
– Um motorista bêbado bateu neles, Danny. – A voz de Michelle se tornou raivosa. – O velocímetro deles travou em 60, eles não fizeram nada de errado… – Ela passou as mãos no rosto. – Bateram nele e o filho da puta foi embora sem prestar socorro. – Ela deu um soco na mesa, derrubando alguns copos.
– Amor… – Jason foi até ela, pegando o celular de sua mão.
– E a Harper, Mi? – As lágrimas do garoto deslizaram com mais força, fazendo-o se sentar para suportar o peso do corpo. – Como ela está?
– Danny, sou eu! – Jason falou. – A Harper estava em Sydney, sua tia está trazendo-a para cá agora… – Ele disse em um suspiro. – Estamos esperando ela chegar para fazer o reconhecimento dos corpos…
– Mas tem chance de não ser eles? – Daniel perguntou apressado.
– Não. – Jason suspirou. – Era o carro deles, mano. – Ele negou com a cabeça. – Foi naquela rotatória perto da casa deles… – Os lábios de Jason pressionaram.
– Quem contou para ela? – Ele perguntou fracamente.
– A própria polícia. – Daniel se desesperou quando ouve. – Ela era a última chamada no telefone da Helena…
– Jason… A Harper, Jason… Ela não… – O garoto começou a falar apressado, fazendo os colegas dentro do camarim se aproximarem desesperados, chamando-o, mas parecia que ele não ouvia. – E agora? Ela não pode aguentar isso sozinha… Ela…
– Vem para casa, Danny. – Jason disse em um suspiro. – O voo dela chega em algumas horas, nós vamos cuidar dela o máximo possível, mas ela vai precisar de você… – Daniel suspirou.
– Minha mãe, Jason… – O olhar de seu cunhado foi para Grace que mantinha as mãos pressionadas nos olhos com força…
– Ela vai precisar de você também. – Jason suspirou.
– Eu chego aí amanhã. – Danny disse fracamente, dando a chamada como encerrada, mas Jason esperou até o garoto realmente desligar para abaixar o telefone.
A madrugada não estava sendo fácil para ninguém. Era por volta de três da manhã em Sydney quando Harper acordou desesperada com seu telefone tocando. Era fim de semestre, estava preparando as coisas para ir para casa no fim de semana, então optou por negar as últimas festas e descansar.
A princípio não atendeu, mas o DDD de Perth denunciava que podia ser alguém conhecido. Ela atendeu devagar, a voz cansada e o rosto cego pela iluminação repentina do aparelho. O policial do outro lado da ligação se apresentou, falou que estava procurando por parentes de Helena Amélia, nome encontrado na carteira de motorista dela. Harper se levantou em um pulo, o nervosismo aparente em seu corpo antes de falar que era sua filha.
– Sinto muito em te acordar, senhorita, mas aconteceu um acidente e seus pais estavam envolvidos… Eles não resistiram…
O que aconteceu após essas palavras era nublado para ela ainda, mas foi bem vívido para Grace quando seu telefone tocou por volta de uma hora da manhã, o nome de Harper no visor. Não deu bola de imediato, fazia cerca de 30 minutos que havia chego do mesmo jantar que Helena e Alex estavam, então estava se arrumando para dormir. Talvez Harper estivesse ligando porque Helena esqueceu de avisar a filha que tinha chegado. Não seria a primeira vez.
Quem dera fosse isso. No momento em que Grace atendeu a ligação, a pesada respiração de Harper tomou conta da ligação.
– É mentira, não é? – Foram suas primeiras palavras.
– Harper? É você, querida? – Grace perguntou em seu tom alegre.
– Meus pais, tia Grace… – As lágrimas deslizaram pelo seu rosto.
– O que aconteceu, querida? Acabamos de chegar do jantar…
– Eles morreram, tia Grace… – A voz fraca da menina fez o coração de Grace parar e a mais velha saiu desesperada do banheiro, encontrando Joe se ajeitando na cama. – É mentira, não é?
– Como assim, Harper? – Grace estalou as mãos para o marido prestar atenção nela.
– A polícia… Eles… – Harper soltou a respiração com força, fazendo as lágrimas deslizarem com força de seus olhos. – Eles não chegaram em casa…
– Liga para a polícia agora! – Grace mandou para Joe que se levantou prontamente.
– Eu… – Harper respirou fundo. – Não pode ser…
As lágrimas começaram a surgir nos olhos de Grace sem que ela percebesse. Havia perdido completamente o chão. Como assim sua melhor amiga estava morta e ainda teve que saber pela filha dela? Estavam juntos na festa há 30 minutos. Isso não podia ser verdade.
A voz de Joe foi calma e séria enquanto ele discava o número de emergência da polícia. Ele se apresentou, perguntou de algo que pudesse ter acontecido com Helena e Alexander Addams e recebeu a confirmação do policial, fazendo-o somente dar um aceno com a cabeça para Grace que negou com a cabeça, puxando a respiração fortemente antes de voltar a atenção ao telefone.
– Sinto muito, filha… – Grace disse em um suspiro. – É verdade…
Os parentes de Helena não eram os mais presentes na família dela, mas receberam com o mesmo choque a notícia dada por Joe. Em menos de 20 minutos eles chegaram no apartamento de Harper e encontraram a menina estática no chão com o telefone na mão com Grace ainda em ligação.
Após gritos, choros e força para tirar a menina daquele lugar, eles foram diretamente para o aeroporto e conseguiram o voo que saía seis horas da manhã de Sydney e chegava nove horas em Perth.
Harper estava desolada. Não tinha outra forma de descrever. Afinal, como se sentir após perder seus dois pais em uma noite? Tinha falado com sua mãe por volta das nove da noite para desejar boa noite e contar as novidades do dia, enquanto os pais se arrumavam para o jantar. Ao fim da ligação, Helena lhe desejou boa noite, ofereceu sua bênção e falou para menina ir se divertir também. Harper riu, brincando para eles avisarem na hora que chegasse fazendo Helena rir novamente, dizendo que ela é a mãe, não ao contrário, mas Harper continuou brincando ao falar que a preocupação é a mesma.
Seis horas depois, essa se tornou a ligação mais importante da sua vida.
Quando Harper e seus tios – dois irmãos e uma irmã de sua mãe – chegaram em Perth, foram direto para o hospital, onde Grace, Joe, Michelle e Jason os esperavam. Grace queria evitar que a menina precisasse fazer confirmação de corpo dos próprios pais. Nem que para isso ela precisasse fazê-lo.
Apesar do jeito intransigente, metido, orgulhoso e levemente irritante de Harper, ela sempre estava com um sorriso no rosto ou fazendo piadas, mas agora, era como se Harper tivesse envelhecido 20 anos nas últimas horas. As lágrimas já haviam caído durante as cinco horas de voo, agora ela parecia apática dentro de seu pijama e um casaco que não era seu em seus ombros.
Michelle foi a primeira a correr até a menina, dando um abraço que poderia ser forte o suficiente para tirar toda a dor que estivesse dentro dela, mas foi só quando Grace a abraçou que a menina desmanchou novamente, forçando seus braços na melhor amiga de sua mãe. Nenhuma palavra foi dita por ela, era como se toda sua força estivesse canalizada nas lágrimas deslizando pelo seu rosto.
O policial que havia ligado para Harper horas depois estava ali. Ele também não estava tendo seus melhores dias. Teve o azar de precisar avisar uma moça de 19 anos que seus dois pais haviam falecido, por telefone ainda, há quilômetros de distância. Ele esperou todos os devidos abraços e apresentações serem feitas antes de se aproximar.
– Com licença. Eu sou o policial Jeremy Jones. – Harper reconheceu sua voz. – Eu atendi a ocorrência dos senhores Addams. – Ele disse, fazendo a menina engolir em seco. – Nós precisamos que um familiar venha reconhecer os corpos.
– Ok… – Harper falou fracamente, fazendo os próprios tios se surpreenderem com a voz repentina da menina. Mas ela estava há cinco horas se preparando para isso.
– Nem a pau! – Grace disse apressada. – Eu não vou deixar você fazer isso… – Ela disse firme e a menina sentiu um misto de tremedeira e alívio passar pelo seu corpo.
– Precisamos de alguém… – O policial disse fracamente e os olhares de Joe e Michelle foram para os irmãos de Helena.
Os três claramente desviaram os olhares, mas não era nem novidade vindo do lado de Helena. Não se conformava por Harper chamar essa mulher de madrinha. Grace não estava bem, as poucas notícias que conseguiu arrancar do policial era que o carro havia sido batido do lado do motorista e virou duas vezes antes de ser pressionado contra um muro. Ambos morreram na hora.
Então Grace não estava ansiosa para ter essa como a última visão de sua melhor amiga, mas era melhor ela ter essa visão do que Harper. Estava junto quando ambas se viram pela última vez. Era domingo de Dia das Mães, por volta das cinco da tarde em Perth. Os Ricciardo, sem Daniel, e os Addams saíram para comemorar juntos e levaram a menina para o aeroporto no fim do dia.
Ela queria que essa fosse a última lembrança para a menina. Abraçando sua mãe fortemente e falando que a veria em menos de dois meses para as férias, rindo de como a mãe ainda dramatizava depois de um ano e meio. Não poderia deixar que a menina entrasse.
– Senhor, somos amigos de ambos há 16 anos, somos a família deles aqui em Perth, deixe que nós entremos. – Grace disse para ele. – Não faça isso com ela, por favor. – Ela disse em um tom de súplica. – Por favor… – Ela sussurrou e ele deu um aceno com a cabeça.
– Está tudo bem para a senhorita? – Ele olhou para a jovem.
– Uhum… – Ela falou fracamente, sentindo Michelle apertá-la com força.
– Venham comigo, por favor… – Ele pediu.
Grace e Joe deixaram a menina abraçada com Michelle e seguiram o policial. Joe estava nervoso, mais nervoso com Grace ver Helena do que ele ver ambos, mas quase pôde respirar aliviado quando entrou na sala. Os dois corpos estavam cobertos por um lençol escuro, deixando somente seus rostos para fora, que haviam sido limpos da melhor forma possível.
Os arranhões e cortes nos rostos de ambos eram profundos, mas era como se ambos estivessem dormindo. As lágrimas voltaram a escorrer pelo rosto de ambos e Joe abraçou Grace com força, deixando a esposa chorar em seu ombro pelo que pareceu mais uma eternidade.
Quando a mulher finalmente conseguiu se recompor, seu lado católico falou mais alto e ela se ajoelhou entre as duas macas, fazendo uma reza silenciosa para ambos e somente uma promessa:
– Vamos cuidar dela.
Entrar na sala havia sido difícil, mas Grace não pensava que sair seria pior. Estava se despedindo de seus grandes amigos e precisava acabar com as esperanças de uma menina que amava tanto quanto sua filha.
Os olhos de Harper pareceram até brilhar na expectativa de uma notícia diferente. Talvez fosse só coincidência. O carro havia dado perda total, podem ter errado a placa, ou pode ser um casal diferente… Quantos acidentes acontecem por noite em Perth? Mas quando Grace lhe deu aquele sorriso triste, ela soube que seu mundo tinha acabado.
Spa, Bélgica, 2016 – Quinta-feira
Harper
– Danke! – Falei para o motorista quando ele me ajudou com as malas e recebi um aceno de cabeça.
Suspirei com a distância de onde o táxi tinha parado e da entrada do paddock e deveria ter pedido para Maria me enviar a indicação do motorhome para eu não ficar carregando malas paddock adentro.
Respirei fundo, ajeitando a mochila nas costas e tentei parecer relaxada quando puxei as duas malas pela ladeira de Spa. Demorei alguns minutos até chegar na entrada do paddock, vendo os fãs amontoados no local aos gritos e parecia que os pilotos da Haas e da Renault estavam entre eles.
Bati minha credencial na catraca, feliz pelo segurança simpático abrir a lateral para eu passar e falei meu segundo danke antes de seguir pelo paddock. Apesar do labirinto, ao menos era uma linha reta.
– Ei, moça! Precisa de ajuda? – Virei meu rosto para o lado, encontrando Hamilton andando alguns passos à minha frente segurando dois buldogues em suas coleiras.
– Ei! – Falei um pouco confusa. – Está tudo bem, acho que você já está com as mãos cheias. – Brinquei, parando de andar.
– Ainda acho que precisa de ajuda… – Ele disse e ri quando um dos dois veio até mim.
– Oi, lindinho! – O vi cheirar meus pés e me abaixei a sua frente. – Posso? – Indiquei o cão para Lewis.
– Sim, claro! – Levei a mão para a cabeça do animal, acariciando.
– Oi, seu lindo! Você é muito gostoso! – Acariciei suas orelhas, vendo-o subir em minhas pernas, me fazendo rir. – Não vai me derrubar!
– Cuidado que ele gosta de pular! – Ele disse rindo e vi outro vindo até mim e dividi o carinho entre os dois.
– Quais os nomes? – Perguntei.
– O que foi primeiro é o Roscoe e essa folgada é a Coco. – Ele indicou a outra que se deitou com a barriga para cima e fiz carinho.
– Eles são lindos! – Falei rindo, tentando dividir o carinho entre os dois.
– Está chegando agora? – Ele perguntou.
– Sim, eu fiquei mais uns dias em casa para descansar, não estou acostumada com essa mudança toda do fuso-horário. – Ri fracamente. – Viu Danny? – Perguntei.
– Eu estou chegando agora, mas comentaram sobre alguns testes, vai saber… – Ele respondeu e ri para os cães novamente, antes de sentir o celular vibrar em meu bolso.
– Oh, um segundo! – Me levantei, tirando o celular do bolso dos shorts e vi o nome de Danny no visor. – Falando nele… – Coloquei o telefone na orelha após aceitar a ligação. – Ei, baby!
– Ei, baby! – Ele disse rindo e sorri ao ouvir sua voz.
– Eu estou quase chegando! – Falei.
– Isso que eu ia falar contigo, baby. Tem certeza de que você quer vir? – Franzi a testa.
– Por quê? Algo aconteceu? – Senti os cães continuarem cheirando meus pés.
– Aqui tá uma zona de guerra, baby.
– Hum? – Franzi a testa, olhando em volta.
– Por causa do atentado que teve em Bruxelas em março, eles colocaram o exército para proteger a gente. – Ele disse mais baixo. – Tem uns caras com umas verdadeiras bazucas… – Olhei em volta, percebendo os militares na entrada com roupas fardadas, coletes à prova de bala e verdadeiras bazucas nas mãos.
– Oh… – Falei.
– O quê? – Ele perguntou.
– Eu já estou dentro do paddock, baby. – Falei. – Parei com Hamilton e os cachorros dele.
– Você já está aqui? – Ele perguntou apressado.
– Sim, estou e… – A ligação caiu e olhei para a tela. – Ah, Daniel! – Revirei os olhos.
– Está tudo bem? – Hamilton perguntou.
– Ele disse para eu não vir por causa desses caras armados aqui, mas confesso que nem percebi. – Indiquei em volta e ele desviou o rosto.
– É… Fiquei sabendo. Espero que não seja necessário. – Ele suspirou. – Mas pode me chamar de Lewis. Lew… Hamilton é estranho. – Rimos juntos.
– Pode deixar! – Sorri.
– Harper! – Virei o rosto para o lado, vendo Danny vir correndo em minha direção.
– Ei, baby! – Ele me abraçou pela cintura e passei os braços pelos seus ombros. – Ah, baby! – Suspirei com o contato de suas mãos em meu corpo, me fazendo ficar levemente na ponta dos pés.
– Senti saudades… – Ele suspirou e ergui meu rosto para o seu.
– Também senti. – Falei e ele pressionou os lábios em minha bochecha, me fazendo sorrir.
– Não deu nem tempo de eu ligar para você. – Ele disse.
– Eu avisei quando cheguei. Você que não viu! – Falei e ele fez uma careta, virando o rosto.
– Ei, Lewis! – Ele percebeu a presença de Hamilton ai.
– Ei! Estou atrapalhando o casal? – Lewis brincou, me fazendo rir.
– Desculpe, cara! Não a vejo tem duas semanas. – Ri fracamente.
– Só duas semanas, Daniel! – Falei rindo. – Já ficamos muito mais tempo afastados…
– Não depois que ficamos juntos. – Ele me abraçou pela cintura e ri fracamente, apoiando um braço em seu ombro.
– Ah, essa dependência. – Brinquei, ouvindo-o rir e desviei o rosto quando ele beijou meu pescoço. – Daniel! Tem gente aqui!
– Ah, que se foda isso! – Ele disse rindo e pressionei os lábios olhando para Lewis que ria.
– Você não contou para sua mãe ainda! – Ele me soltou.
– Esqueci desse detalhe! – Ele falou fracamente. – Trazendo os carinhas para festa, Lewis? – Ele indicou os cães e notei-o se colocar para trás quando Roscoe veio cheirá-lo.
– Dar uma volta um pouco.
– Cuidado, baby, eles vão te matar com a fofura deles… – Fiz um bico e ele revirou os olhos.
– Os do Lewis eu já estou acostumado, aquele lá… – Ri fracamente.
– O que aconteceu? – Lewis perguntou.
– Ah, quando o Danny tinha uns oito anos, ele foi bater na casa de um amigo, o cachorro estava solto e correu atrás dele por uns dois quarteirões… – Falei rindo. – Deu para ouvir ele gritar de dentro da casa. – Lewis riu. – Trauma para o resto da vida.
– Era um Rottweiler, Harp! Foi assustador. – Daniel explicou, me fazendo rir.
– Aposto que Roscoe e Coco só vão te dar várias lambidas. – Me inclinei para baixo, fazendo um carinho na cabeça de Coco.
– Um dia eu vou morrer com todas as coisas que você não se importa comigo e você vai ver…
– Ah, dramático! – Me levantei novamente rindo, passando as mãos em seus ombros. – Olha essas carinhas… – Indiquei os cães, fazendo um bico junto deles.
– Nós nunca vamos ter um cachorro, você sabe disso, não sabe? – Revirei os olhos, suspirando.
– Bom te ver, Lewis! – Falei, ouvindo-o rir e ele acenou com a mão.
– Até mais, galera! – Ele disse e ri quando ele se afastou com os cães.
– Dramático! – Falei, dando um beijo na bochecha de Daniel. – Falando em drama… O que aconteceu?
– Ah, nem sei! – Ele pegou minhas malas antes de começarmos a andar. – Chegamos aqui, esses caras armados da cabeça aos pés… – Seguimos pelo paddock. – Eu não sei, pensei que fosse melhor você não vir…
– Tarde demais, baby. – Falei rindo. – Mas espero que não seja nada, os ataques foram em março, não? Já foram cinco meses, é para estar tudo mais controlado. – Ele suspirou.
– Espero que sim, não quero você aqui se tiver algum perigo. – Ele disse.
– E você acha que eu vou te querer aqui? Nem vem! Vamos ficar juntos. – Falei firme.
– Essa é a mulher da minha vida. – Ele disse fofo, me fazendo rir.
– Bobo! – Acariciei sua nuca rapidamente, vendo-o sorrir.
– E como foram as férias? Aproveitou muito com o Isaac? – Ele foi sarcástico, me fazendo rir.
– Aproveitei sim! – Falei firme. – Eu fiquei bastante no apartamento, mas ia jantar com eles todas as noites. Fui no cardiologista, na ginecologista… Levei um belo de um puxão de orelha dela, mas ok… – Fiz uma careta, ouvindo-o rir.
– Por quê? – Ele perguntou.
– Eu esqueci total que meu anticoncepcional é para controle do ciclo menstrual, não para controle de gravidez. – Ele franziu a testa.
– Você está grávida?
– NÃO! Daniel, pelo amor de Deus! – Ele riu comigo. – Eu tomo anticoncepcional direto para não menstruar por causa das viagens, não como prevenção de gravidez… – Ri fracamente. – Eu precisei trocar, né?! Não tinha a vida sexual que tenho quando fui nela ano passado. – Ele sorriu.
– Culpado! – Ele riu fracamente. – Mas acho que nunca esquecemos da camisinha. – Ele disse.
– Não, mas não custa nada dar uma força com o anticoncepcional, né?! – Falei rindo.
– É, realmente! – Ele riu. – E está tudo certo agora? – Ele perguntou.
– Sim, tudo certo com ela, no cardiologista e fui no oftalmologista, está tudo a mesma coisa.
– Que bom, baby! Pronta para segunda parte da temporada? – Ele perguntou.
– Vamos lá! – Falei rindo e ele deu espaço para eu subir primeiro na rampa do motorhome da Red Bull.
Daniel
Me olhei no espelho, passando as mãos nos cabelos e sacudi os cabelos úmidos antes de voltar a passar a toalha pelo corpo. Peguei a boxer na pia, vestindo-a e pendurei a toalha no box antes de sair do banheiro.
O motorhome estava bem mais gelado de quando eu entrei e agradeci, talvez eu tenha exagerado um pouco na água quente e parecia que o molhado não era do banho, era do suor. Peguei uma bermuda, vestindo-a e passei pela bancada, roubando algumas balas de goma na bancada antes de seguir para a área do quarto, sorrindo ao encontrar Harper.
Ela está sentada no centro da cama, com as pernas dobradas e o olho atento no espelho ao lado da televisão enquanto movimenta as mãos agilmente fazendo suas tranças. O corpo coberto somente com uma calcinha e uma de minhas blusas largas. Me sentei ao seu lado, vendo-a desviar o rosto e inclinei meus lábios para seu ombro, dando um curto beijo.
– Hum… Você está cheiroso. – Ela disse, me fazendo rir.
– Você também. – Deitei ao seu lado, apoiando os braços atrás da cabeça.
– Eu precisava desse banho… – Ela disse rindo, pegando um elástico e finalizou a segunda trança.
– Aposto que se tivéssemos tomado banho juntos, teria o mesmo efeito. – Falei, vendo-a virar o rosto para mim e ela negou com a cabeça.
– 22 horas em viagem, baby, mais uma hora e meia de trem, seis fusos… – Ela suspirou. – Eu honestamente precisava de uma massagem e uma banheira de relaxamento. – Ri fracamente, vendo-a virar o rosto para mim.
– Eu sei, baby. Só brincando contigo. – Ela apoiou as mãos ao meu lado, se deitando ao meu lado, entrelaçando nossas pernas.
– Seu cabelo está grande… – Ela passou a mão em meus cachos.
– Eu preciso cortar… – Sacudi os mesmos, vendo-a rir.
– Nã-não. Eu gosto dos meus cachos. – Ela deixou um beijo em minha bochecha, me fazendo sorrir. – E depois da caca que o Blake fez antes de ir para China, melhor deixar do jeito que está! – Ela disse firme, me fazendo rir.
– Ei! Achei que você tinha gostado! Foi como tudo começou, não? – Perguntei e ela riu, deslizando a mão pelo meu peito.
– Fo-o-o-oi… Mas não foi com o que o Blake fez, foi o conserto do cabeleireiro que te deixou gato… – Acariciei seu braço, apertando-a contra mim. – O resto foi lucro… – Sorri.
– Como foram as férias? – Perguntei, apoiando meus lábios em sua cabeça.
– Foi bom… – Ela riu fracamente. – Como sempre foi, baby…
– Eles comentaram algo de você se afastar enquanto eu estava lá? – Perguntei.
– Até perguntaram, mas eles entenderam que eu precisava de um pouco de espaço de você depois de sete meses, e que eu precisava fazer minhas consultas médicas… – Ri fracamente. – E seu pai, Michelle e Jason estavam trabalhando ainda, eu que fiquei desempregada recentemente. – Ri fracamente.
– E como você está com isso? Já superou? – Ela se ajeitou na cama, apoiando as duas mãos em meu peito e olhou mais diretamente para mim.
– Achei que superei até meio rápido demais… – Ela riu fracamente. – Eu não sei, acho que o alívio fala mais alto… – Ela riu fracamente. – Acho que eu precisava desse tempo para mim… Talvez mudar minha visão de algumas coisas, sabe? Só sentar em um restaurante e aproveitar uma boa refeição…
– Você trabalhou praticamente cinco anos direto, Harp… Você mal teve férias depois da sua formatura… – Ela riu fracamente.
– Eu me formei com emprego, baby, precisava aproveitar… – Ri fracamente.
– É, mas mesmo assim…
– Eu sei, mas agora preciso começar a pensar no meu próximo passo… – Ela disse.
– Deus, Harp! – Rimos juntos. – Você pediu demissão não tem nem um mês, relaxa um pouco. – Ela suspirou.
– Te garanto que estou muito relaxada aqui… – Sorri, sentindo-a me apertar e fiz o mesmo.
– Então realmente relaxe, fica de boa… – Ela riu.
– Eu sei, eu sei, mas é um pensamento honesto, baby. Eu preciso atualizar meu currículo e não é qualquer curso que eu vou fazer, não. Minha formação não me deixa entrar em qualquer curso de esquina…
– Seu ego de chef também não. – Falei, vendo-a erguer o olhar para mim com os lábios pressionados. – Não menti! – Ela riu.
– Eu sei… – Ela deu um beijo em meus lábios e acariciei sua nuca.
– Não tem curso de atualização da própria Le Cordon Bleu? – Perguntei.
– Até tem… – Ela riu fracamente. – Mas você lembra quanto custava minha faculdade, é nesse mesmo nível, então preciso pensar se compensa economizar para o restaurante ou investir no curso…
– Eu já falei que vou…
– Eu sei, eu sei! – Ela falou se levantando e ergui o rosto. – Eu sei que você vai querer me ajudar, Daniel! Mas também te falei que eu quero dar as cartas nisso…
– Mas eu…
– E dinheiro ainda não nasce em árvore… – Ela me indicou e me sentei na cama, colando minhas costas na parede. – Então só vou aceitar seu dinheiro em um investimento correto com planos de crescimento por período. – Suspirei.
– E como você planeja fazer isso? – Perguntei.
– Bem… Eu conversei com Jason nas férias, perguntei o que estava compensando, comprar um terreno e construir algo do zero, exatamente como eu quero e como vou precisar, ou comprar algo pronto e fazer as alterações necessárias…
– E o que ele disse?
– Que depende do lugar. Falei sobre City Beach e ele disse que nesse caso, comprar e construir era mais fácil, pois não tem muita coisa ali em volta, né?! – Assenti com a cabeça. – E que valor de mercado lá é naturalmente caro, então vai ser caro construir do zero, mas também vai ser caro demolir para fazer os ajustes… – Suspirei.
– Merda… Eu queria entender mais disso. – Falei e ela sorriu.
– Eu também, mas por isso que temos um cunhado engenheiro! Além do seu pai! – Ri fracamente. – Pedi para ele dar uma sondada para mim, acho que se soubermos o local, fica mais fácil de elaborar um projeto e o que mais precisar…
– Eu quero saber da comida! – Falei, ouvindo-a rir, se ajoelhando em minha frente.
– Italiana e australiana. – Ela disse firme e suspirei.
– Ah, já falei que te amo? – Puxei-a pela cintura, fazendo-a rir e ela se sentou em minhas pernas.
– Já sim. – Trocamos um rápido beijo. – Mas acho que é o ideal. Sempre me dei bem na comida italiana, nosso lado italiano… Seu muito mais… – Ri fracamente. – Sempre foi muito óbvio desde que eu era pequena, e a australiana é um clássico. Como não ter uma costela no cardápio? – Rimos juntos e beijei seu rosto. – Posso fazer o melhor dos dois mundos…
– Eu gosto do melhor dos dois mundos… – Rimos juntos.
– E eu quero voltar a estudar por isso, entende? Meu lado australiano está bem fraco, mas para criar cardápio, eu preciso melhorar…
– E você tem um prazo de quando quer abrir? – Perguntei e ela suspirou, apoiando o rosto em meu ombro.
– Eu não sei… – Ela suspirou. – Três anos, talvez? Dois e meio com muita sorte?
– Tudo isso, baby? – Perguntei.
– Eu não sei… Eu quero que seja perfeito, baby… – Ela suspirou. – Eu estou perdida, honestamente. Acho que vou precisar de uns cursos de gerenciamento também… Eu tive um pouco na LCB, mas faz anos… – Ela suspirou.
– Eu estou falando para você descansar e relaxar um pouco, mas você pode começar a fazer esse tipo de pesquisa e estudo… Tem muitos cursos on-line hoje em dia, é mais fácil. – Falei e ela assentiu com a cabeça, apertando seus braços nos meus.
– Você está preocupado que eu vá te abandonar, não está? – Ri fracamente.
– Ah… Também não é assim… – Falei e ela riu, pressionando os lábios nos meus.
– Eu vou ficar contigo até o fim ano, baby. – Sorri. – Depois de tudo que aconteceu… Não é agora que eu vou abandonar o barco… Além do mais, essas tranças parecem ter dado sorte para você… – Ri fracamente.
– É… Isso também! – Sorri.
– Eu não vou fazer nada agora, baby. É uma nova corrida, volta de férias, as coisas vão se ajeitando aos poucos… Mas confesso que estou empolgada demais por voltar para a Itália. – Rimos juntos.
– É… Eu amo esse país… – Falei rindo.
– Você adora comer nesse país! – Ela beijou meu queixo e apertei as mãos em suas pernas.
– Também! Mas com seu restaurante, eu não vou precisar de muito… – Rimos juntos.
– Talvez vir jantar na Itália seja mais rápido do que ir para Perth, mas é só um comentário… – Sorri.
– Eu dou um jeito… – Falei. – Agora venha, fiquei duas semanas sem você… – Ela riu, mas apoiou a mão em meu rosto, colando nossos lábios.
Sexta-feira
Harper
– Bom dia, Harper!
– Bom dia, garotos! – Sorri para os mecânicos, sentindo minhas pernas falharem com a ladeira.
– Gostou de Eau Rouge? – Max perguntou quando passei por ele.
– Odiei! – Falei sobre a longa ladeira após a largada de Spa, ouvindo-o rir. – Bom passeio!
– Obrigado! – Ele respondeu e entrei no pit lane, desviando rapidamente para o canto dos boxes antes que algum carro passasse ali, seja de Fórmula Um ou de auxílio das equipes.
Andei rapidamente até a garagem da Red Bull, acenando para o pessoal da equipe e entrei no canto, vendo a garagem apinhada dos engenheiros de Daniel e ele dentro do carro, rindo de algo que falavam para ele.
– Ei, baby! – Ele disse ao meu ver, me fazendo rir.
– Ei… – Falei mais contida, me aproximando do carro que tinha uma proteção em volta da entrada do cockpit.
– Como foi conhecer Eau Rouge? – Ele perguntou e ri fracamente sobre minha ideia de caminhada.
– Foi uma experiência única! – Falei, ouvindo alguns mecânicos rirem. – Única no sentido de que eu nunca mais vou fazer isso. – As gargalhadas ficaram mais altas. – Gente do céu! O que é isso?
– Incrível, certo? – Danny disse e ponderei com a cabeça.
– Acho que chega de exercício de panturrilha para mim para o resto da vida… – Eles riram.
– Anotado! – Michael disse e ri.
– Você deu a volta inteira ou…
– Não! – Falei rindo. – Depois de subir, eu só queria saber de descer. – Eles riram.
– Você fez bem, Spa é um dos circuitos mais longos do calendário, sete quilômetros. – Christian disse e ponderei com a cabeça.
– Acho que estou bem… – Eles riram e pisquei para Danny que sorria para mim. – O que é isso? – Perguntei sobre a proteção em volta do carro.
– Testes do novo Halo, o que acha? – Danny perguntou, colocando os braços para dentro do carro, se ajeitando melhor.
– Parece bom, é para proteger a cabeça? – Perguntei, medindo a altura do halo e da cabeça de Daniel que estava mais baixa por não estar com o capacete.
– Sim… – Ele disse.
– Eu gostei, parece que a cabeça fica menos exposta em um possível acidente. – Falei, apoiando as mãos na proteção, inclinando o corpo para o lado.
– É… Parece bom, mas esse negócio no meio atrapalha um pouco. – Ele indicou o acabamento exatamente no meio do carro.
– Ah, mas isso sua visão vai tirar depois de um tempo. – Falei. – Seu nariz está sempre na frente do seu rosto e você nunca o vê… – Christian gargalhou ao meu lado e Daniel revirou os olhos.
– Obrigado…
– Desculpe, baby. Não falei com essa intenção… – Ele se impulsionou para cima, se levantando do carro. – Mas ainda é um bom exemplo…
– Engraçadinha! – Ele disse e sorri, vendo-o sair do carro.
– Vamos nos preparar, galera? – Nigel falou mais alto. – FP1 em três horas!
– Let’s go, baby? – Danny perguntou e assenti com a cabeça, passando o polegar em sua testa.
– Nem foi para pista ainda e já está suando? – Ele riu fracamente.
– Para você ver… O ar-condicionado está chamando atenção agora… – Ri fracamente e ele segurou minha mão, dando um beijo nos dedos. – Vamos lá para trás, logo vai começar a ficar cheio aqui.
– Esse é meu garoto! – Nigel falou, me fazendo rir.
– Eu juro que não falei com essa intenção! – Danny disse rapidamente, me fazendo rir. – Mas se você quiser… – Ele me puxou pela cintura.
– Daniel! – O repreendi, empurrando-o pelo peito, fazendo os mecânicos rirem.
– Vem… – Ele me chamou e apertei a mão na cabeça antes de seguir com ele para as áreas internas da garagem.
– Precisamos nos preparar, cara… – Michael disse, passando por nós.
– É, vamos lá! – Danny disse, abrindo o macacão e descendo-o para seus ombros.
– Como foi a entrevista de manhã? Você saiu cedo… – Fiz uma careta.
– Ah, foi boa, DC é legal! – Rimos juntos. – Mas não queria te acordar…
– Está tudo bem, baby, meu fuso-horário está bagunçado ainda. – Ele assentiu com a cabeça e entramos atrás da estuda dos pneus.
– Você está cansada? – Ele perguntou e dei de ombros.
– Nada de diferente do que nos outros dias… – Falei, vendo Michael jogar uma bola em sua direção.
– Você pode descansar, baby…
– Relaxa, Daniel! – Falei, me apoiando em uma pilha de pneus. – Foca no que importa, ok?! – Ele suspirou.
– Eu vou, só estava pensando que você poderia querer descansar… – Ri fracamente.
– Se eu quiser, eu vou lá no seu quarto e tiro uma soneca, não se preocupe! – Sorri. – Agora eu acho que gostaria de água e uma cadeira para superar essa ladeira. – Ele riu.
– Fica à vontade, baby! – Ele disse e ri fracamente antes de dar a volta, começando a ouvir ele e Michael fazendo seus testes de reflexo.
Sábado
Daniel
– Daniel, P5. P5! – Simon disse e suspirei.
– Ok… Entendido! – Falei, colocando uma mão para fora, acenando para a plateia. – Acho que foi bom… Não tivemos ritmo nos supermacios. – Falei.
– Vamos checar isso melhor na reunião mais tarde. – Simon disse.
– Entendido. – Respondi, deslizando o rádio.
Guiei o carro em direção ao pit lane, parei atrás de outros carros, sendo guiado pelos organizadores e fiz todo processo de desligamento do carro antes de retirar o volante e me impulsionar para cima.
Devolvi o volante em seu lugar antes de caminhar por ali. Seb me encontrou no meio do caminho e trocamos um rápido abraço em direção à garagem da FIA. Observei Nico, Max e Kimi em frente o banner e fiquei feliz por Max largar em segundo na home race dele.
Entrei atrás de Seb na garagem da FIA e fiz a pesagem antes mesmo de me livrar do capacete. Voltei pelo pit lane e encontrei Michael ali com minha garrafa de energético. Parei de andar para tirar o capacete e puxar a balaclava e tirar os fones dos ouvidos.
– Bom trabalho, cara! – Ele disse pegando o capacete e enfiei todos os extras dentro do mesmo.
– Obrigado… – Falei pegando a garrafa de sua mão e suguei o canudo com força. – Como fomos?
– Nico, Max, Kimi, Vettel, você, Checo, Hulkenberg, Bottas, Jenson e Felipe. – Ele disse enquanto caminhava pelo pit lane, vendo algumas câmeras nos seguires.
– Alonso? – Perguntei.
– Não conseguiu sair da garagem, não fez tempo. – Ele disse.
– Apesar de tudo, não foi tão mal. – Falei. – Eu não tinha ritmo! – Ri fracamente. – Qual meu tempo?
– 1:47:216. Nem meio segundo atrás de Nico. Foi apertado. – Michael disse
– Preciso falar sobre o ritmo com Simon… – Falei, desviando de algumas pessoas antes de entrar na garagem da Red Bull.
– Isso, Daniel! – O pessoal me aplaudiu quando eu entrei.
– Obrigado, caras! – Falei rindo, cumprimentando Brad, Raymond, Nigel, Christian e todos que passaram pelo meio do caminho até Brad.
– Bom trabalho, cara. – Ele disse me abraçando de lado.
– Obrigado! – Falei rindo e sorri com Harper no fundo da garagem, esticando a mão para ela antes de segurar seu braço.
– Parabéns, baby! – Ela me abraçou apertado e fiz o mesmo, deslizando a mão pelas suas costas.
– Obrigada, baby. – Dei um beijo em sua bochecha e senti sua mão em minha testa. – Não faça isso…
– Como se eu me importasse com um pouco de suor… – Ela disse pressionando os lábios e precisei pressionar meus lábios em sua bochecha para rir com ela. – Vai… – Ela passou o polegar em meu rosto.
– Vamos, Daniel! – Ouvi a voz de Maria e ela apareceu atrás de Harper. – Vamos!
– Eu estou indo! – Falei firme, virando para Harper. – Quer ir comigo?
– Se você faz tanta questão… – Ela disse e rimos juntos. Passei o braço em sua cintura, puxando-a para perto de mim quando andei pelos corredores da garagem.
– Max terminou bem… – Comentei.
– Sim, segundo, mas foi coisas de milésimos de segundo… – Harper disse.
– Essa é a graça da Fórmula Um… – Falei e ela riu.
– Eu não gosto do drama, prefiro a calma. – Ela disse virando o rosto para mim e sorri.
– Eu sei que gosta! – Ela pressionou os lábios. – Mas correr sozinho é meio chato…
– Aí é contigo! Numa cozinha nunca tem paz. – Ela disse e rimos juntos.
– Falando sobre comida… – Falei sugestivamente. – Eu estou com fome.
– Bem… São quatro horas… – Ela disse. – Você tem algumas horas aqui com a imprensa e com a equipe ainda… – Ela ponderou com a cabeça. – Depois podemos comer em algum lugar…
– No topo de Eau Rouge? – Brinquei e ela riu.
– Só se você me carregar ladeira acima. – Ela disse.
– Você está pesada, baby… – Brinquei.
– Ah, para subir ladeira eu sou pesada, é?! – Ela se colocou em minha frente, me obrigando a parar de andar e sua mão apertou minha barriga. – Mas para me carregar pelo quarto está tudo bem? – Ela abaixou seu tom de voz ao falar e ri fracamente.
– Prioridades?! – Dei um sorriso e ela apertou minha barriga antes de se virar novamente.
– Eu te espero no motorhome. – Ela deu um aceno com a mão e ri fracamente quando as tranças bateram em suas costas.
– Ah, eu adoro essa menina! – Maria disse rindo e virei o rosto para ela, assim como Michael. – O quê? Ela te coloca na linha facinho! – Michael riu com ela.
– Bem-vinda à vida do Daniel nos últimos 24 anos! – Ele disse rindo.
– Ah, cara! Ela deveria ter vindo antes. – Maria riu.
– Te garanto que Harper e Jemma juntas não seria exatamente a paz que você está vendo agora. – Michael disse.
– Ah, mas a Jemma não precisava vir. – Maria disse.
– Obrigado, Maria, obrigado! – Ri sarcasticamente.
– Só dizendo que você achou sua metade, Daniel. E ela é demais! – Ela disse rindo e suspirei.
– Eu a achei há muitos anos, Maria, só não tinha percebido. – Sorri ao virar para ela, vendo-a retribuir e ela deu um tapinha em minhas costas.
– Vamos, bobo apaixonado! Vamos trabalhar! – Ela disse e ri fracamente, seguindo com ela.
Domingo
Harper
– Ei, Harper! – Parei no meio do pit lane, percebendo que Christian me chamava e fui até o pit wall, apoiando as mãos na barreira. – Pronta para um pódio? – Christian perguntou quando voltei com os mecânicos e engenheiros da pista e os pilotos faziam sua volta de apresentação.
– Sim, com certeza! – Falei rindo. – Pelas minhas contas, é hora do primeiro lugar! – Falei, mencionando que ele havia ficado em terceiro e segundo lugar nas duas últimas corridas antes das férias.
– Espero que essas tranças deem sorte! – Ele disse rindo.
– Eu também! – Ri fracamente. – Bom trabalho, caras! – Falei.
– Boa corrida! – Ele disse e segui pelo pit lane correndo antes de entrar na garagem.
Segui para perto de Michael, me sentando na minha tradicional banqueta e coloquei os headphones em minha cabeça, erguendo o microfone para minha voz não sair dele. Observei os pilotos voltando da volta de apresentação e fiz o sinal da cruz e minha tradicional reza antes da bandeira vermelha passar atrás dos carros.
As luzes se acenderam uma a uma antes de se apagarem e fiquei em choque antes mesmo do final da primeira curva. Os pilotos de trás pareceram ter facilidade para ultrapassar Danny e parece que Vettel rodou no meio da bagunça da largada. O primeiro setor entrou em bandeira amarela, depois o segundo setor e, por um minuto, achei que Danny estava em terceiro lugar, precisando abrir largo para desviar de algum problema na pista.
Foi só na segunda volta que os nomes finalmente desceram em classificação e fiquei chocada ao perceber que Danny realmente estava em terceiro, com Hulkenberg em segundo e Rosberg em primeiro. E, sem que eu percebesse, Max apareceu em décimo sexto lugar, atrás de Hamilton que havia largado em vigésimo segundo, para trocar a asa dianteira.
Antes que eu pudesse soltar a respiração, Carlos Sainz da Toro Rosso teve um puncture no pneu traseiro e tentou se manter firme na pista, talvez até o pit lane, mas o carro rodou antes disso e ele perdeu sua asa traseira. No pit stop, também para trocar o bico dianteiro, Kimi teve problemas com fogo e não tinha a mínima ideia se ele havia conseguido seguir ou precisava abandonar, pois a classificação havia sumido de novo.
Acho que de todas as corridas até agora, essa ganhava de lavada do início mais caótico de todos. Ganhava aquele início da Espanha onde as Mercedes se ferraram antes de quarta curva.
Só tinha uma palavra para isso: caótico. E eu parecia travada em meu banco, mordiscando o polegar.
O replay da largada finalmente apareceu e uma espremida de Kimi em Vettel e Vettel em Kimi, fez com que Max perdesse sua dianteira e o que houve dali para trás foi só efeito colateral de outros confrontos.
– No momento, só estou sofrendo um pouco com a frente. – Ouvi a voz de Danny na sexta volta. – Não está perfeito e parece que não está ajudando…
– Entendido, Daniel! – Simon disse e franzi a testa com o rádio. O som chiado não me deixou entender, mas antes que eu falasse algo, um estouro foi visto em uma das curvas.
– O que aconteceu? – Perguntei, vendo a câmera mudar para um carro da Renault destruído na frente.
– Magnussen! – Maria disse, me apertando pelos ombros.
– Eu estou bem! – Falei firme, engolindo aquela bile difícil de descer e vi o piloto sair rapidamente do carro e ser amparado pelos marshalls.
Minha mão apertou as mãos de Maria em minha barriga quando mostrou a perspectiva de Kevin na batida e senti algo subir em minha garganta e precisei desviar o rosto para dentro, procurando uma lata de lixo e só consegui empurrar a porta do vestiário de Danny e enfiar a boca no cesto de papel, sentindo meu almoço sair com força.
– Uou! Uou! Uou! – Uma voz amparou minha cabeça e senti uma segunda talagada quando o cheiro me atingiu e meu peito doeu com a força. – Você está bem?
– Sim… – Suspirei, me sentando no chão e passei as costas da mão na boca. – O que aconteceu?
– Eu que pergunto! – Maria apareceu e vi Michael passar a testa em minha mão.
– Você não está em crise… – Ele disse e suspirei.
– Eu acho que eu só enjoei com a onboard do Kevin… – Falei, sentindo minha respiração pesar.
– Ele está bem. – Maria disse. – Ao menos inteiro…
– MARIA! – Michael a repreendeu.
– Não… Está tudo bem. – Suspirei, sentindo meu peito subir e descer com pressa.
– Foi uma batida feia demais. – Maria disse. – Parece que ele perdeu a aderência e realmente voou. – Assenti com a cabeça.
– Você consegue ver se ele está bem? – Perguntei.
– Claro, vou perguntar com os assessores. – Ela disse, pegando o celular no bolso e olhei para Michael.
– Você me deu um susto agora. – Ele disse e assenti com a cabeça. – Quer ficar aqui um pouco?
– Eu preciso escovar meus dentes… – Suspirei.
– Quer que eu vá contigo até o motorhome? – Ele perguntou e neguei com a cabeça.
– Não… Deixa que eu vou. – Suspirei. – Me ajuda a levantar… – Pedi e ele me puxou para cima.
– Bandeira vermelha! – Maria voltou para a porta. – Eles vêm para o pit para arrumar a barreira.
– Não conte para o Danny! – Pedi. – Não quero ele vindo atrás de mim de novo. – Pedi e Michael assentiu com a cabeça.
– Kevin está bem, Harper. – Maria disse. – Ele vai para o centro médico por precaução, mas está bem.
– Obrigada… – Suspirei. – Por que bandeira vermelha? – Perguntei.
– Vão precisar reparar a barreira. – Ela disse e confirmei com a cabeça.
– Eu logo volto. – Falei.
– Quer companhia? – Ela perguntou.
– Não, está tudo bem. – Falei e passei o braço na testa. Além do calor de 30 graus aqui, parecia que minha pressão havia caído um pouco com isso, mas meu corpo estava estável e era o que importa.
Segui a passos rápidos pelo paddock, vendo-o mais vazio que o normal, mas a área da imprensa era literalmente ao lado do motorhome de apoio da Red Bull, então andei o mais rápido que consegui. Depois que Daniel parou de ser cuidadoso com a imprensa, eu sentia os olhos deles procurando por alguma coisa. E eu ainda pensava em tia Grace e o pessoal em Perth. Daniel fugiu da responsabilidade, mas eu não queria que eles descobrissem por uma foto.
Tenho péssimas lembranças com telefonemas dramáticos, então não queria mais um.
No motorhome eu escovei os dentes e passei bastante água no rosto e na nuca, respirando fundo. Na volta, acabei encontrando a equipe da Renault com Kevin e foi quase como se um alívio passasse pelo meu corpo. Tinha encontrado Kevin uma ou duas vezes, mas não o suficiente para abraçá-lo em alívio. O que era o que eu queria fazer agora. Tirando uma leve mancada no pé direito, ele estava bem.
Quando eu voltei para a garagem, o caos no pit lane parecia perto de acabar. Os pilotos estavam de volta em seus carros e as pessoas extras ou convidadas do paddock já estavam de volta a seus lugares. Me aproximei de uma das televisões, procurando por alguma imagem de Danny e o vi recolocar seu casaco, me fazendo suspirar aliviada.
– Isso, baby… – Suspirei, sentindo meu corpo relaxar.
– Red Bull? – Michael ofereceu uma garrafa similar à de Danny.
– Melhor não. – Suspirei.
– É água! – Ele disse e peguei a garrafa de sua mão, colocando o canudo na boca e dei um longo gole, suspirando.
– Você está melhor? – Ele perguntou e assenti com a cabeça.
– Sim, estou. – Suspirei. – Contou para ele?
– Não! – Ele disse firme e agradeci com um aceno.
– Bom… Não quero que aconteça o mesmo que houve em casa. – Suspirei.
– Não aconteceu a mesma coisa, Harper… – Virei para ele, vendo-o me olhar de lado. – Não foi uma crise de pânico. – Ele sorriu. – Você está deixando isso para trás. – Ri fracamente, sentindo meus olhos se encherem de lágrimas. – Você está conseguindo superar, Harper! – Ele me abraçou de lado e rimos juntos.
– Parece que sim… – Minha voz saiu fraca e suspirei, sentindo quase um alívio em meu peito.
A corrida não demorou para voltar, fazendo os mecânicos voltarem para dentro da garagem e seguiu com o safety car. Voltei meu olhar para a classificação e agora Daniel estava em segundo lugar, com Hulkenberg atrás dele e isso era sensacional. Haviam se passado somente 10 voltas até a bandeirada, então seria daí que seguiríamos pelas próximas 34.
Não demorou para o safety car sair da pista, fazendo a corrida voltar novamente e Danny estava e sete milésimos de segundo atrás de Nico e tudo poderia acontecer. Só não esperava nenhum outro acidente nesse Eau Rouge. Preferia quando era somente uma ladeira muito alta e muito larga, mas me lembrei dos filmes como Velozes e Furiosos e afins e era óbvio que isso acontecia quando um carro subia uma ladeira muito rápido, ele voava.
Na décima terceira volta, quando Kimi tentou ultrapassar Max, o companheiro de Danny empurrou-o para fora da pista e sabia que as coisas não estavam bem para o neerlandês. Estava em sua home race e em décimo quarto lugar depois do início conturbado, mas ele usava qualquer oportunidade para fechar o finlandês… Só ainda não tinha certeza se isso estava dentro das regras, e Kimi parecia reclamar bastante no rádio.
Na décima sétima volta, Max apareceu novamente no pit stop, saindo em décimo sétimo lugar, atrás de Ocon que estava fazendo sua estreia após a MRT trocar Haryanto pelo novato francês. Parecia que Max estava realmente lutando para não abandonar, mas estava difícil. Enquanto isso, Danny se mantinha em segundo lugar, a dois segundos e meio de Rosberg, mas Lewis vinha atrás dele a seis segundos, depois de ultrapassar Hulkenberg.
Sem grandes muitos acontecimentos, na vigésima quarta volta, um pequeno problema entre Hulkenberg e Alonso ao saírem do pit stop. Ambos ficaram lado a lado no pit lane e tinha certeza de que isso daria penalidade para um dos dois ou ambos. Isso realmente não poderia acontecer. Pelo replay, o culpado era Alonso, já que Hulkenberg já estava no pit lane.
Segundo Danny, Nando era um ótimo cara, mas com as dificuldades na McLaren e o último pódio sendo na Hungria em 2014, quando estava na Ferrari ainda, ele havia se tornado um tanto bruto ou gélido demais, e os boatos da equipe ser montada em volta dele não ajudava em nada.
Na vigésima sexta volta, mais um drama com Max, exatamente na mesma curva que ele empurrou Kimi, foi a vez de ele empurrar Perez e sabia que as coisas não estavam nada bem para o neerlandês. Nessa mesma volta, Danny veio para o pit stop, saindo com pneus médios e percebi como estava perdida aos acontecimentos da corrida, mas foi então que notei que havia tirado os headphones para ir escovar os dentes.
Ignorei-os por enquanto, percebendo que, apesar de Danny ter saído à frente de Lewis do pit stop, o inglês estava a dois segundos de si e Rosberg há 28. Seria muito difícil para Danny alcançá-lo, mesmo faltando 17 voltas para o fim.
Max foi para o pit na vigésima oitava volta, saindo em décimo quinto e senti que, com tanto que as câmeras olhavam para Max, eu estava perdendo Danny e tudo parecia bem calmo com ele em seu segundo lugar. A meta era um primeiro lugar, mas com a distância de Nico, a aproximação de Lewis em menos de um segundo e o caos da corrida, um segundo lugar era perfeito.
– Christian disse que o pneu esquerdo traseiro do Daniel está quente demais. – Michael disse e virei para ele.
– O quê? – Franzi a testa. – O que isso significa?
– Puncture? – Ele perguntou.
– Não! Isso não pode acontecer agora. – Falei, mordiscando meu lábio inferior.
– Ele está conseguindo controlar. – Maria cochichou e assenti com a cabeça
Lewis acabou se afastando de Danny quando precisou parar no pit stop, a falta de gerenciamento de seus pneus foi ideal para ele espaçar de Danny em mais de 27 segundos, então enquanto as voltas passavam uma a uma, sabia que era só questão de tempo para a bandeira quadriculada.
As 44 voltas foram passando e passando e a mordida em meu dedo ficava cada vez mais forte, era um pódio, segundo lugar, mas ainda um pódio. E um pódio muito do sortudo, se me perguntar.
Quando Danny entrou na quadragésima quarta e última volta, os mecânicos se levantaram animados e até eu fui para as grades para comemorar esperar a saída de Danny. Me agarrei nas grades completamente no automático pouco antes de ver Danny passar por nós.
– VAI, DANIEL! – Os gritos dos mecânicos eram tão altos quanto da torcida e ri quando me vi literalmente presa na grade.
– Precisa de ajuda? – Virei o rosto, vendo Nigel ali atrás.
– Por favor… – Falei rindo e ele me segurou pela cintura, me ajudando a descer dali. – Obrigada! – Apoiei as mãos em seus ombros, rindo com ele.
– Vamos! – Ele disse e segui de volta para o pit lane, vendo o caos já formado na frente da garagem da FIA e me surpreendi como eles haviam chegado rápido. Talvez não tivessem feito a volta olímpica.
Quando finalmente me aproximei da grade, vi que o carro de Danny já estava vazio e ele provavelmente já tinha entrado. Apoiei minhas mãos na grade, arranjando espaço entre os fotógrafos, sentindo algumas câmeras em meu rosto e tentei desviar o rosto, mas sabia que a expectativa de ser namorada de Daniel Ricciardo, fazia as atenções virarem para mim.
Espera… Eu falei namorada?
Os gritos me distraíram quando os ganhadores foram indicados e Lewis entrou primeiro, depois Daniel e Nico por último. Daniel tirou o boné na hora do hino, sacudindo os cabelos e acenando para a plateia e sorri. Era impossível não sorrir quando ele estava tão feliz assim.
Nico e o engenheiro da Mercedes ganharam seus prêmios e Daniel recebeu o seu logo em seguida, erguendo a taça para perto da grade e ri fracamente quando ele indicou a equipe da RBR.
A chuva de champanhe começou e o foco realmente fomos nós aqui embaixo. Nico começou com uma forte chuva, depois Danny fez questão de se debruçar na marquise para fazer o mesmo e sabia que o banho seria longo para desfazer as tranças e o cheiro de Chandon em meus cabelos.
As tranças… Eu não sou uma pessoa supersticiosa, mas essas tranças estavam funcionando melhor do que o esperado.
Mark Webber entrou no palco para fazer entrevistas e simplesmente ignorei o que Nico falou em sua resposta, já que Daniel estava abaixado em seu segundo lugar e só foi possível ver quando ele se levantou novamente com seu sapato na mão e ouvi a risada de Danny quando ele ofereceu-o à Mark.
– Eu não vou fazer isso! – Ele disse rindo.
– ISSO! – Danny comemorou quando Mark, australiano, virou seu sapato para dentro, me fazendo rir.
– E eu vomitei por menos. – Falei, ouvindo Michael rir.
– Você está aqui de novo. Em Spa! Não poderia esperar menos de você, economizou bastante aqueles pneus e dividindo as duas Mercedes… – Mark disse.
– Primeiro de tudo, obrigado por fazer isso. Acho que acabamos de dar mais orgulho ao nosso país. – Daniel disse rindo.
– Ah, sim! – Mark falou sarcástico.
– Mas, você sabe, foi bom, foi meio confuso no começo, Virtual Safety Car, a bandeira vermelha… Nós tivemos um dano na primeira curva, mas consertamos a asa dianteira e… Foi uma corrida sozinho, praticamente, mas eu aproveitei o ritmo e, manter Lewis atrás, foi uma grande vitória também.
– Bom trabalho, amigo! – Mark disse e sorri.
– E que trabalho. – Sorri, passando as mãos no rosto, tentando tirar um pouco do champanhe. – Daniel tem sorte em Spa, certo?
– Ele abandonou em 2015, mas ganhou em 2014. – Michael disse.
– E um segundo lugar hoje. – Sorri, ouvindo a resposta para Lewis. – Cara… Eu estou feliz por ele. – Falei, observando Daniel fazer a festa no pódio sozinho.
– Vem, apaixonada! Vamos esperar por ele na garagem! – Michael disse e ri fracamente, sem capacidades de negar.
Eu estou completamente apaixonada por ele.
Daniel
Meus lábios deslizaram pelos seios de Harper, ouvindo-a suspirar e seus braços apertaram meu corpo enquanto dava forte estocadas em seu corpo. Minha mão apertou sua coxa em minha cintura, enquanto a outra apertava firme em sua cintura. Ela soltou um suspiro para cima, afastando os lábios dos meus.
– Vai, baby! Vai! – Ela soltou em um suspiro e ergui meu rosto, focando em seus olhos castanhos.
Ela mordiscou o lábio inferior e rocei meus lábios nos seus antes de colar minha boca em sua bochecha. Sua mão subiu pela minha nuca, apertando-a levemente e os gemidos começaram a escapar de seus lábios.
Ergui sua mão para acima de sua cabeça, tendo melhor acesso ao seu pescoço e colei os lábios ali enquanto sentia as estocadas ficarem cada vez mais lentas com o cansaço do corpo e o orgasmo eminente. Harper deixou alguns gemidos escaparem de seus lábios antes de soltar um gemido mais alto, fazendo sua mão se fechar sobre a minha.
– Dan… Dan…
– Oh! – Suspirei quando gozei. – Ah… Merda!
– Merda… – Ela disse fracamente, tombando a cabeça para trás. – Ah, eu amo quando você ganha. – Ela suspirou e ri fracamente deslizando os lábios pelo seu rosto.
– Imagina um primeiro lugar… – Sussurrei, deixando curtos beijos e suas mãos foram para meu ombro, me apertando.
– Delicioso… – Ela mordiscou o lábio inferior e sorri, inclinando meu rosto para colar nossos lábios.
– Você é… – Falei e ela riu fracamente, com os lábios entreabertos.
– Brega! – Ela disse e me afastei devagar dela, ouvindo-a gemer quando saí de dentro dela. – Ah, cara… Precisamos fazer isso na cama.
– Cansada? – Perguntei, desviando do jato de água para sair do box.
– Sim… – Ela disse rindo antes de desencostar da parede. – Minhas pernas ficam tremendo demais.
– Causo isso nas pessoas. – Falei, tirando a camisinha e dei um nó antes de jogar no lixo.
– Há, há, há, engraçadinho! – Ela disse sarcástica e sorri. – Acho que preciso malhar mais perna…
– Elas estão incríveis para mim! – Falei, voltando para o box e a vi soltar suas tranças.
– Eu não quis dizer nessa situação… – Ri fracamente e dei um beijo em sua bochecha, abraçando-a pela cintura.
– Eu sei… – Ela riu fracamente, finalizando de soltar um lado. – Parece que as tranças deram certo de novo. – Ela riu fracamente.
– Eu não sou supersticiosa, mas isso é estranho, baby… – Ela suspirou.
– Eu não sou também, mas está dando certo. – Ela riu.
– Você está em uma boa fase também, baby. É só coincidência… – Ela deu de ombros. – Você está bem, o carro está bom, está tudo dando certo… – Beijei seu pescoço.
– Espero que dê para sempre. – Falei e ela suspirou.
– Eu poderia ficar aqui para sempre… – Ela soltou a trança antes de descer a mão para as minhas em sua barriga.
– Podemos… – Falei e ela virou seu corpo, ficando de frente para mim.
– Aqui? No motorhome em Spa? – Ela perguntou e ri fracamente.
– É… No meio do nada… Só você e eu. – Rocei meu nariz no seu. – O que acha?
– Ah… – Ela soltou um suspiro. – É tentador… Mas sem a pressão do fim de semana.
– Ah, não. Só você e eu. Eu me aposento mais cedo, a gente compra um motorhome e viaja o mundo nele… – Ela riu fracamente, apertando as mãos em meus ombros.
– Não mesmo. – Ela disse com um sorriso. – Ainda quero ver você ganhar um campeonato. – Sorri.
– Ah, cara, eu te amo. – Falei, ouvindo-a rir.
– Eu também te amo, baby… – Ela acariciou meu rosto e colou nossos lábios por alguns segundos.
– Vamos para água? – Perguntei e ela assentiu com a cabeça.
Dei alguns passos para frente e a água deslizou pelos seus cabelos, fazendo o frisado abaixar um pouco e senti o quente de água em meu corpo também. Ficamos abraçados por alguns segundos, deixando a água acalmar nossa pele. Consegui outro pódio hoje, segundo lugar. Depois todo o caos da corrida, da comemoração e das entrevistas, não tinha melhor lugar para eu terminar o dia do que com Harper e… Bem, dentro dela também.
A corrida teria sido perfeita se não fosse pelo acidente de Kevin, mas ele está bem e com aquela força, é o que importa, honestamente. Espera…
– Ei, baby… – Ergui o rosto para ela.
– O quê? – Ela fez o mesmo, passando acariciando meus cabelos.
– Não conversamos sobre o acidente do Kevin. – Falei e ela riu fracamente. – Como foi para você? – Puxei-a pela cintura.
– Não foi. – Ela disse rindo e franzi a testa.
– Como assim? – Ela negou com a cabeça, com um largo sorriso no rosto.
– Nada aconteceu! – Ela disse rindo. – Nada!
– Mentira!? – Falei rindo e ela assentiu com a cabeça.
– Nada, baby! Nada! – Pressionei meus lábios nos dela, apertando-a com mais força.
– Ah, Harp! Isso é incrível! – Rimos juntos. – Nada mesmo? Sem crise? Sem surto?
– Nada, baby! – Ela disse rindo, apertando minha nuca. – Assim, na verdade… – Afastei meu rosto.
– O quê? – Franzi a testa.
– Eu vomitei depois do acidente… – Franzi a testa.
– O quê? Por quê? Você está bem?
– Calma, Daniel! – Ela apoiou as mãos em meu peito. – O acidente foi meio violento… Quando mostrou o onboard, acho que deu enjoo e eu vomitei, só isso…
– Baby, isso…
– Baby! – Ela forçou meu pescoço para olhá-la. – Está tudo bem! – Ela disse firme. – Acredite, eu prefiro o vômito do que a crise…
– Bem… Sim, mas é melhor que não seja nada. – Falei.
– Eu fui escovar meus dentes quando deu a bandeirada, depois voltei para a garagem e vi o restante da corrida. Está tudo bem… – Ela acariciou meu rosto.
– Ah, Harper… – Ela riu fracamente e abracei-a, colando seu corpo no meu.
– Está tudo bem, baby… Eu não tive a crise hoje, vamos comemorar uma vitória por dia, ok?! – Ela colou seu nariz no meu, dando um curto beijo em meus lábios.
– Ok… – Falei fracamente, abraçando-a novamente.
Capítulo 31
Perth, Austrália, 2009
– Você pode ir mais rápido, por favor? – Daniel fez a mesma pergunta pela terceira vez.
– Eu estou na velocidade máxima. – O taxista disse e Danny bufou no banco de trás, respirando fundo.
Seus pés batiam com força no assoalho do carro de forma que ele quase poderia abrir um buraco no chão, mas isso não aconteceria, já que não aconteceu nas 16 horas de voo de Londres para Perth.
– Estamos chegando… – Brendon, seu companheiro neozelandês da Formula 3 British falou ao seu lado, mas sua voz saiu quase falha, era como se Daniel tivesse perdido seus próprios pais, não tinha como pedir para esperar.
Brendon não tinha intenção de largar o campeonato no meio do caminho, estava indo bem também, mas depois que a ligação com Michelle foi finalizada, o garoto simplesmente entrou em desespero. Ele começou a enfiar todas suas coisas na bolsa e começou a murmurar que precisava ir para o aeroporto. Quase de forma catatônica.
Os assistentes da Carlin Morosport, equipe que ele estava competindo, entraram em desespero também. A notícia os pegou de surpresa, mas quando o nome “Harper” foi mencionado, todos sabiam que era algo sério. A menina já tinha aparecido uma ou duas vezes nas corridas do menino na Inglaterra e sabiam que a relação de ambos era quase de irmãos. A equipe comprou uma passagem para o garoto no voo três horas depois da notícia e pediram para Brendon acompanhá-lo. E o garoto simplesmente não pode dizer não.
O que Daniel sentia dentro de si era estranho. Ele queria chorar, gritar, xingar e socar coisas, mas fisicamente era como se nada tivesse mudado. Afinal, como descrever a perda? Fazia seis meses que ele voltou das férias, fazia seis meses que não via tio Alex e tia Helena, então parecia algo estranho pensar que eles não estariam lá.
Essa era a mesma sensação de Harper olhando os dois caixões pretos fechados no gramado. Ela estava parada da mesma forma desde que os caixões chegaram no cemitério. Ela parou a frente dos dois e ficou. A noite chegou, a manhã também e nada, nem ninguém, tirou o olhar perdido da menina.
Ela sentia que tudo não passava de uma brincadeira, que sua mãe logo chegaria por trás dela e apertaria sua cintura, fazendo a menina dar um de seus gritos histéricos pelas cócegas. Que seu pai acariciaria seu rosto e falasse como ela era a menina mais linda do mundo, apesar das grossas olheiras, rosto inchado e cabelo armado pelo vento.
Grace, Joe e Michelle tentavam se manter fortes por ela. A matriarca derramava lágrimas cada vez que alguém falava com eles ou via alguém tentar se aproximar de Harper, que se mantinha da mesma forma. Depois de um tempo, as pessoas pararam de tentar, uma menina de 19 anos, filha única, acabava de perder seus dois pais. Ela precisava de tempo, e nem esse seria o suficiente.
Os pais de Alex também não haviam saído de volta dos caixões desde que chegaram também. Senhora Virginia desmaiou ao saber do filho e precisou de atendimento hospitalar, senhor Ernest teve aumento de pressão, precisando fazer controle com remédios. Seu filho havia recém-feito 50 anos, era imperdoável uma vida ser perdida tão nova. E sua querida nora… Ah, como Virginia amava Helena.
Os amigos da escola também estavam lá, Michael, Blake, Tom, Alex, Bruce, Déborah, Arya, até Jemma e as garotas irritantes da escola. Eles estavam em uma rodinha só deles, observando o movimento. Déborah havia se aproximado, dando o abraço mais forte possível, mas a menina simplesmente não conseguiu responder à altura.
– Pode parar aqui! – Daniel falou ao avisar a entrada do cemitério e abriu a porta antes mesmo do taxista parar.
– DANIEL! – Brendon gritou por ele, tirando alguns dólares da carteira.
Daniel simplesmente não ouviu, ele correu para dentro do cemitério e parou na porta ao tentar se localizar. Não foi preciso de muito, ele viu o mar de pessoas e parece que seus olhos de águia enxergaram Harper de longe, então ele correu naquela direção, sentindo os pés deslizarem no gramado úmido pelo tempo.
– Filho… – Grace falou em um suspiro ao ver o filho e Daniel ignorou tudo e todos ao seguir em direção à Harper.
– Harp! – Ele a abraçou com força, impulsionando o corpo da menina para trás e fechou-a em um casulo em seus braços.
Foi como se a forma que ela era abraçada ou o cheiro do perfume de Daniel, fizessem Harper se soltar devagar e realmente perceber o que estava acontecendo à sua volta. Um suspiro se soltou de seus lábios, fazendo seu peito finalmente se encher de ar e suas mãos apertaram os ombros de Danny com força, apertando o casaco com firmeza.
Foi como se Grace, Joe, Michelle, Virginia, Ernest, Déborah e Michael respirassem fundo com eles. Eles sabiam que nada era fácil, mas essa forma apática frequente de Harper não era normal para ninguém. E Harper precisava voltar a si para poder se despedir de seus pais.
– Eu nunca vou te deixar! – Daniel disse em seu ouvido, dando um beijo em sua cabeça. – Eu nunca vou te deixar… – Ele suspirou.
– Eu sei… – Harper suspirou, pressionando os lábios mais forte.
Se passou cinco minutos, depois 10 e só então as mãos de Harper começaram a soltar do casaco de Daniel. Brandon já havia entrado no cemitério com a mala do menino e se colocava de canto, de forma discreta entre as pessoas.
Quando Harper finalmente soltou o corpo do menino, ele fez o mesmo, focando os olhos nos dela. Ele deu um curto sorriso, acariciando seu rosto e ela deu um aceno de cabeça. Os cabelos do menino continuavam grandes, mas parecia que, cada vez que ela o via, ele estava mais magro e mais forte, se fosse possível.
– Senti sua falta… – Ela disse fracamente.
– Eu também. – Ele deu um beijo em sua testa e se afastou quando sua mãe se aproximou.
Grace deu um beijo na bochecha do menino, mas abraçou Harper, fazendo-a suspirar. Foi como se esse abraço liberasse os cumprimentos à menina. Seus avós foram os primeiros logo após Grace e a menina chorou copiosamente com sua avó. Ela pode ter perdido seus pais, mas Virginia e Ernest haviam perdido seu filho. E a cabeça da menina seguiu imediatamente para a avó Valentina. Será que eles contariam para ela? Ou será que não?
Depois de boa parte dos presentes cumprimentarem a menina, a pequena bênção começou. Harper ficou perto dos dois caixões o momento inteiro e Daniel ficou perto dela como se fosse um gavião, sem deixar ninguém realmente se aproximar dela.
Apesar de estar ao lado de Harper, a cabeça do garoto estava longe. Agora se sentia na obrigação de protegê-la, e começava a repensar sobre seguir sua carreira de piloto. Tudo estava dando certo, mas tinha alguém que precisava mais dele agora. E, enquanto os caixões eram baixados e as mãos da menina o apertaram com mais força e grossas lágrimas deslizavam pela sua bochecha, ele sabia que precisava fazer uma escolha.
Monza, Itália, 2016
Harper
– Bem-vinda ao Templo da Velocidade! – Daniel falou dramático e virei o rosto para ele, franzindo a testa.
– Hum… Legal! – Falei. – Cadê a pizzaria? – Virei para ele, vendo-o revirar os olhos e sacudir a cabeça em desdém. – Eu estou na Itália, baby! Eu quero comer!
– Você sempre quer comer. – Ele disse e dei de ombros.
– Não mentiu! – Michael disse e foi minha vez de sacudir a cabeça em desdém como eles.
– Vocês vão entrar ou…
– Nhá! Vamos para o hotel! – Danny disse, mudando a marcha e voltando a acelerar pela rua.
– Depois eu fico desanimada com as coisas e ainda sou xingada. – Relaxei meu corpo no banco e ri quando Danny apertou minha perna. – Daniel!
– Minha resmungona! – Ele disse e ri fracamente, virando o rosto para a janela novamente.
Milão, Monza e boa parte da Itália não era exatamente novidade para mim. Pela proximidade de Saint-Éttiene, meu interesse na cultura italiana, além de Danny ter seus avós no sul da Itália até hoje e ter morado aqui para tentar sua chance, eu vinha com frequência para cá. Mas vir para cá sempre era desculpa para eu me empanturrar de comida italiana.
Danny saiu da entrada do Autódromo e foi diretamente para o hotel que ficaríamos. Apesar de estar gostando bastante do motorhome, estava animada por uma cama de verdade hoje. O pseudo-colchão do motorhome era quase como um colchonete.
Quando Danny parou na frente do hotel, eu fiquei surpresa e surda por alguns segundos. Acho que era o local com mais fãs acumulados de todos que tínhamos estado. Eu saí um pouco intimidada e um segurança foi rapidamente em volta de Danny. Michael me indicou com a cabeça e ajudei-o com nossas mochilas e aproveitei o espaço da entrada para seguir rapidamente para dentro.
– Precisa de alguma ajuda? – Ouvi quando entrei e encontrei um cara com uniforme da Red Bull. Um lindo homem por sinal.
– Hum… Oi? – Franzi a testa, passando as mãos nos cabelos.
– Eu sou Benji, ficarei no lugar da Maria durante o GP da Itália… – Olhei para seus olhos azuis e minha boca se abriu levemente.
– Uhum… – Falei fracamente.
– Eu sou Michael! – Michael falou rapidamente, me destravando. – E essa é Harper, certo?
– É! – Falei firme. – Eu sou Harper! – Dei um sorriso.
– Prazer! Acho que Daniel vai ficar preso lá fora um pouco… – Ele disse e virei o rosto para porta, vendo Daniel tentando lidar com fãs e fotos.
– Ah, ele se vira! – Dei de ombros e contive um grito quando Michael me beliscou.
– Aqui as chaves dos quartos de vocês, eu vou resgatá-lo. – Ele disse, colocando as chaves na mão de Michael e seguiu para a porta.
– O que foi isso? – Michael perguntou e virei para ele.
– O quê? Ele é gato! – Falei rindo.
– É, mas não precisa dar em cima nele, né?! Se o Daniel não pode, você também não pode! – Ele disse firme.
– Eu só olhei, ok?! – Falei rindo. – Ei, o que aconteceu com Maria? – Virei para Benji, vendo-o fora do hotel. – Deixa quieto! – Abanei a mão.
Esperamos alguns minutos até que Danny voltasse para dentro, conversando com o tal Benji. Já estava acostumada com todos os caras da Red Bull, mas acho que nunca tinha visto Benji durante esse ano todo. Ele era alto e moreno, mas seus olhos azuis pareciam duas piscinas e era difícil não ficar encarando.
– Mas ela está bem? – Danny perguntou para Benji, se aproximando de nós.
– Sim, ela acha que é só uma virose. Deve voltar com vocês a tempo de Singapura.
– Ah, legal! Legal! – Danny disse. – Vamos?
– Claro! – Falei rapidamente e ele segurou minha mão.
– Va-a-a-amos! – Michael disse rindo e revirei os olhos antes de ser puxada por Danny até o elevador.
– O que foi? – Danny perguntou e Michael negou com a cabeça.
– Nada! – Ele disse e Benji apertou dois botões no elevador.
– Você tem o dia livre amanhã e quinta-feira começamos o fim de semana. – Benji disse.
– É, claro. Amanhã eu vou ver algumas coisas da minha empresa de karts, acho que tem uma entrevista também… – Danny disse.
– Só tome cuidado. – Benji disse.
– Sempre! – Danny disse como se estivesse acostumado com esse aviso e a porta do elevador se abriu novamente.
– Até mais! – Benji disse.
– Até mais! – Respondi, vendo a porta se fechar novamente.
– Ah, eu odeio esse cara. Espero que a Maria esteja bem doente para não poder vir. – Danny disse e virei o rosto para ele.
– Por quê? – Franzi a testa.
– A gente teve umas tretas quando subi para a Red Bull, a gente não se deu bem. – Ele deu de ombros, seguindo a frente quando o elevador se abriu novamente.
– Então você talvez não vá gostar de saber que a Harper ficou caidinha por ele. – Michael disse e revirei os olhos.
– Cala a boca! – Dei um tapa em seu ombro.
– Ah! – Ele reclamou.
– Deixa eu adivinhar? Os olhos azuis dele? – Danny foi sarcástico antes de empurrar a porta da suíte.
– Eu não fiquei caidinha por ninguém, ele é só bonito! – Dei de ombros.
– É… Metade das mulheres da equipe acham isso também. – Danny disse revirando os olhos.
– Ah, então é por isso que você não gosta dele! – Falei rindo. – Ele rouba todas as mulheres de você! – Gargalhei alto. – Esqueço que você gosta de exclusividade! – Neguei com a cabeça.
– Não, não tem nada a ver! – Ele disse, jogando a mochila no sofá e eu e Michael fizemos o mesmo.
– Ah, baby! – Me aproximei dele, passando os braços em seus ombros. – Você é muito transparente! – Ele revirou os olhos. – Vai ficar com ciúmes por causa dele?
– Você gostou dele! – Ele falou rápido.
– Eu achei ele bonito! Não trocamos mais do que três palavras! – Falei rindo, firmando minhas mãos em seus ombros quando ele tentou fugir.
– Posso sair? – Ele perguntou e neguei com a cabeça.
– Não antes de me dar um beijo. – Falei e ele revirou os olhos. – Vai… – Falei e ele deu um rápido beijo em meus lábios. – Minha criança.
– Minha Wandinha. – Ele disse e ri fracamente, soltando os braços dele.
– Eu vou tomar banho e depois vou atrás de comida. – Anunciei. – Se quiserem, façam o mesmo! – Dei um aceno de cabeça.
– Pizza? – Danny perguntou e dei de ombros.
– O que você quiser. – Ele riu fracamente.
– Melhor o Michael sair daqui, então. – Ele disse e ri fracamente.
– AH, VOCÊS DOIS! – Michael reclamou, fugindo para o corredor e ri fracamente.
– Logo volto. – Pisquei para Danny e ele fez o mesmo antes de seguir para o lado contrário que Michael foi.
Daniel
– Ah, Daniel, onde você vai me levar? – Ri fracamente, mantendo os olhos de Harper tapados. – Se o Michael der uma freada mais forte, você vai voar no vidro…
– Estamos chegando! – Michael disse rindo.
– Ah, Daniel… – Harper reclamou rindo e sorri.
Michael entrou à direita na estrada e passou na frente da Mokart, guiando-a até entrar no estacionamento da mesma. Fazia uns bons 20 minutos que minhas mãos estavam nos olhos de Harper e pouco mais de 30 que ela não parava de reclamar. Harper odiava surpresas, mas eu só lhe dava surpresas boas. É para ter a compensação das surpresas ruins que ela teve em sua vida.
Michael estacionou perto de uma placa com a divulgação da Ricciardo Kart e agora teria que ver como tirar Harper dali.
– Chegamos! – Falei animado.
– Ai, Daniel… – Ela gemeu e ri fracamente, dando um beijo em sua bochecha.
– Relaxa, baby! Vamos nos divertir, ok?! – Ela suspirou.
– Ai, o que está aprontando? – Michael saiu do lado do motorista e abriu a porta do lado de Harper.
– Relaxa, Harper. Você era menos chata! – Ele disse e ri fracamente.
– Não abra os olhos, ok?! Vamos te tirar do carro. – Falei.
– Ah, eu odeio vocês! – Ela disse e Michael lhe deu as mãos e corri sair pelo outro lado para encontrar eles e Michael com uma mão nos olhos de Harper. – Eu não estou olhando!
– Só checando! – Ele disse e dei um aceno para Michael e me coloquei atrás de Harper, colocando minhas mãos em seus olhos.
– Ok, baby, agora você vai andar em frente… – Pedi, mantendo as pernas mais abertas para seguir atrás dela. – Agora à esquerda. – Falei. – E de novo… – Ela foi me obedecendo, andando devagar, com as mãos à frente do corpo como se tivesse com medo de bater em alguma coisa, mas Michael foi à frente, abrindo a porta.
O espaço estava totalmente decorado com placas da minha empresa de karts e vários karts estavam enfileirados de um dos lados. O espaço estava vazio hoje, além de trazer Harper para se divertir, eu teria uma entrevista mais para o fim do dia, então seria melhor ter o dia mais calmo.
– Ok, baby… Só mais um pouco… – Falei, andando com ela até perto da pista.
– Sinto cheiro de pneu queimado. – Ela disse e ri fracamente. – Daniel…
– Ai, chega! – Tirei minhas mãos de seu rosto. – Surpresa!
– Daniel! – Ela falou rindo, dando uma volta ao redor do corpo, observando tudo antes de seus olhos pararem em mim. – O que é isso?
– Uma pista de kart. – Falei, dando de ombros. – É a base da minha empresa aqui na Itália, achei que poderíamos nos divertir um pouco… – Ela fez um curto bico.
– Daniel… – Ela gemeu rindo.
– Eu lembro que você gostava quando criança. – Falei e ela assentiu com a cabeça.
– Eu amei! – Ela disse rindo, passando os braços em meus ombros e sorri, abraçando-a pela cintura.
– Feliz que gostou, baby. – Nossos lábios se tocaram por alguns segundos. – Espero que esteja pronta para comer poeira. – Ela riu fracamente.
– Não mesmo! – Ela disse rindo, se afastando devagar. – Uau! Baby… – Ela se afastou alguns passos. – Acho que faz uns 15 anos que eu não ando de kart.
– Ainda sabe onde fica os pedais? – Brinquei e ela riu fracamente.
– Sim, eu sei… – Ela me mostrou a língua e ri fracamente.
– Vem! Temos umas duas horas antes de a repórter chegar. – Puxei-a pela mão e ela riu quando seguimos pelo local. – Buongiorno! – Cumprimentei os funcionários, distribuindo alguns apertos de mãos, trocando algumas palavras e fomos para um dos vestiários.
– Tem até macacão? – Harper perguntou rindo.
– Sim! Aqui é profissional, baby! – Ela riu. – Acho que usamos o mesmo tamanho. – Indiquei minha pilha com o capacete da Red Bull em cima.
– É… Acho que sim! – Ela disse, pegando um macacão branco e azul da pilha. – Eu vou me trocar. – Ela apertou meu braço antes de sumir dentro de uma das cabines.
– Eu vou fazer o mesmo. – Michael disse e foi para dentro de outra cabine.
Tirei a calça e me sentei em um dos bancos, subindo o macacão pelo corpo e me levantei antes de tirar a camiseta e subir o restante para o corpo. Me ajeitei dentro do macacão, ajeitando-o nas pernas, nos braços e no pescoço, e ouvi algumas risadas de Harper e ela provavelmente estava com dificuldade de se enfiar dentro do macacão.
– Tudo bem aí? – Perguntei e ela riu.
– Sim! – Ela disse antes de sair e sorri quando ela apareceu com o macacão da empresa. Meus olhos foram para cada parte do seu corpo que era acentuada pelo macacão claro, deixando somente o final de velcro aberto. – O que acha? – Ela pressionou os lábios.
– Você é gata, baby! – Falei e ela se aproximou. – Acho que gostei mais disso em você do que em mim. – Ela riu fracamente, puxando o zíper central do meu macacão e inclinei meu rosto para dar um beijo em seus lábios. – Minha gata.
– Baby! – Ela disse sorrindo.
– Posso fazer uma pergunta? – Olhei em seus olhos.
– Claro! – Ela disse rindo.
– Você está sem nada embaixo do macacão? – Perguntei e ela riu fracamente.
– Bobo! – Ela empurrou meu rosto.
– O quê? Eu tenho o direito de saber! – Dei de ombros.
– Estou de calcinha e sutiã, ok?! – Ela brincou e abaixei um pouco seu zíper. – Daniel! – Vi o sutiã preto ali embaixo antes de subir o zíper novamente. – Parece até uma criança.
– É questão de segurança, baby! – Falei e ela deu um tapinha em meu braço quando Michael saiu da cabine.
– Você parece mais alto com isso. – Harper comentou e rimos juntos.
– É… Tive essa impressão também. – Ele disse.
– Baby, sapatos! – Falei, indicando a parede. – E precisamos ver um capacete para vocês.
– Ok! – Ela disse, fazendo um rabo de cavalo baixo e colocando o excesso atrás das orelhas.
Me sentei novamente, colocando meus sapatos e vi Harper ir na seção de sapatos 39 e fazer o mesmo, além de Michael. Depois que terminei, fui até a parede com vários capacetes e tentei lembrar o tamanho do capacete de Harper que eu tenho em casa, raramente usávamos, mas sabia que era do tamanho dela. Acabei pegando um que é dois tamanhos maior do que o meu de corrida.
– Experimenta! – Lhe estiquei e ela abriu as laterais antes de colocar na cabeça. – Está apertado? Frouxo?
– Parece ok. – Ela disse.
– Tem espaço para se mexer aí? – Perguntei.
– Não e mais apertado vai amassar minhas bochechas. – Ela disse com o som abafado.
– Ok, está perfeito, então. – Falei.
– Perfeito! – Ela disse rindo e fiz o mesmo com Michael, quando acertamos tudo, voltamos para a pista e os funcionários já tinham separado três karts para nós.
– Vamos nos divertir! – Falei animado.
– Se divertir, Daniel! Só se divertir! – Harper disse séria e ri fracamente.
– A gente faz uns aquecimentos porque faz tempo que você não anda, mas vamos fazer uma corrida depois, ok?! – Falei.
– Ok, ok! – Ela disse rindo. – Eu só preciso lembrar como faz isso.
– Pedal e freio, só. – Falei, indicando um kart para ela. – Senta e coloca um pé de cada lado. – Ela fez o que eu pedi e ajeitou as pernas nos pedais. – É igual carro, direita acelera, esquerda freia.
– Ok… – Ela disse e tirei o capacete antes de me abaixar.
– Deixa eu ajeitar o cinto para você… – Puxei as duas partes, ajustando o mais apertado possível antes de fechar entre suas pernas. – Está tudo bem?
– Parece que sim. – Ela disse.
– Eu vou ligar para você. – Encontrei a alavanca na parte de trás do kart de Harper e foi só preciso uma puxada para o motor ligar. – Pronta? – Falei perto de seu capacete.
– Sim! – Ela disse rindo.
– Vai! – Empurrei-a por três segundos antes de ver o kart seguindo pela pista e sua risada ecoando pelo capacete.
– É bom ver ela se divertindo assim. – Michael disse e sorri.
– É! Se você me perguntasse no fim do ano passado, nunca que eu acreditaria que ela estaria se divertindo hoje. – Ele assentiu com a cabeça. – Bom, vamos que ela logo termina uma volta!
– Não se eu for antes de você! – Ele disse, dando partida no kart antes de se sentar e ri com ele, colocando o capacete na pressa antes de fazer o mesmo no meu, mas antes que eu me sentasse no meu, Michael saiu pela pista e Harper finalizava a primeira volta.
– VAMOS, DANNY! – Sua voz gritou e me lembrei de quando éramos crianças e só consegui rir como um idiota.
Essa é minha garota!
Ajeitei o cinto de segurança do meu kart e esperei que Michael passasse e depois Harper pela segunda vez antes de eu seguir atrás dela. Sua risada ecoou quando ela percebeu o que eu fiz e esperei a primeira curva para me aproximar ela, me colocando lado a lado.
– DANIEL! SAI DAQUI! – Sua voz saiu mais alta, me fazendo rir e desviei dela, deixando-a aproveitar sem nenhuma surpresa ao lado dela.
Ouvir as risadas de Harper enquanto ela era a mais lenta na pista e até quando ela deu uma derrapada e bateu nos pneus, me deu a certeza de que todas as loucuras que eu fiz no começo do ano valeram a pena. E, apesar do receio dela com surpresas, tinha esperança de que, pelo menos as minhas, ela parasse de ter receio e pudesse aproveitar desde o começo.
SETEMBRO
Quinta-feira
Harper
– Você sabe que isso não vai dar certo, né?! – Falei, vendo-o erguer o rosto.
– Por que você sempre corta meu barato? – Danny disse, terminando de amarrar as chuteiras e se levantar.
– Porque eu não quero que você se machuque! – Falei rindo. – E, vamos ser honestos, as chances de isso acontecer são enormes! – Cruzei os braços e ele fez uma careta enquanto se olhava no espelho. – Eu consigo ver, baby.
– É só para se divertir, baby! E para caridade! Se eu me machucar, vai ser por uma boa causa. – Ele se virou, vindo em minha direção e revirei os olhos.
– Não se isso fizer você perceber a corrida no domingo. – Ele me segurou pela cintura. – O Pierre está louco para uma vaga na Red Bull, mas não precisa dar motivos.
– Já falei como você é dramática? – Ele aproximou o rosto do meu e descruzei os braços, apoiando as mãos em seus ombros.
– Já sim, mas dessa vez você precisa me dar razão. – Ele deslizou o nariz em minha bochecha, me fazendo desviar em cócegas.
– Preciso não… – Ele sussurrou, me fazendo rir. – A gente já jogou na Alemanha e nem foi tão ruim…
– É, mas vocês estavam jogando contra astros do basquete… – Ele deslizou o nariz pelo meu pescoço. – Agora estamos falando de verdadeiros jogadores de futebol!
– Ah, mas eles vão pegar leve! É só para fazer uma graça. – Ele deixou alguns beijos, fazendo meu corpo arrepiar.
– Claro, claro… – Puxei sua nuca, forçando-o a erguer o rosto e apertei minhas mãos em suas bochechas. – Porque Dida, Trezeguet, Karembeu, Salgado e Pires vão pegar superleve com vocês. – Ele tinha um bico nos lábios. – Até eu que não entendo lhufas de futebol sei que vai dar ruim. – Ele fez uma careta e desci minhas mãos para seus ombros novamente. – Além do mais, qual o time de vocês mesmo?
– Eu, Max, Jolyon, Alonso e Checo… – Ele disse pensando e ri fracamente.
– É… Vai dar muito ruim isso! – Falei rindo. – Eles estão aposentados faz tempo, mas acho que é algo que fica no sangue… – Ele fez uma careta. – Você para de fazer isso! Eu me preocupo contigo.
– Relaxa, baby! Você vai ver o jogador em ação. – Ri com ele. – Mais tarde a gente pode aproveitar que eu vou estar suado e…
– Espero que seja só você suado, não cheio de dores! – Falei.
– Eu me garanto, baby. – Ele disse e neguei com a cabeça, sentindo-o pressionar os lábios em minha bochecha e apertei meus braços em seu corpo enquanto durou o beijo.
– Você também se garantia na escola e vemos quantas vezes você se fodeu com isso. – Ele fez um bico, pensando.
– Ok, talvez você esteja certa, mas prometo tomar cuidado. – Assenti com a cabeça.
– É o que tem para hoje. – Dei de ombros e ele colou nossos lábios por alguns segundos. – Te amo. – Foi minha vez de fazer um pequeno bico.
– Também te amo. – Ele sorriu e nossos braços se afrouxaram. – Me ajuda com uma coisa?
– O quê? – Perguntei, vendo-o se ajeitar na frente do espelho e analisei aquele uniforme completo branco, com exceção das chuteiras. Podia ser melhor.
– Escreva “honey badger” nas meias? – Ele pediu, pegando uma caneta e ri fracamente.
– Não vai melhorar esse uniforme feio. – Falei.
– Eu sei, mas, como você disse, é o que tem para hoje. – Rimos juntos e me sentei numa ponta do sofá.
– Vem cá! Estica a perna. – Indiquei o outro lado e peguei a caneta de sua mão antes de ele se sentar. – Fica quieto! – Pedi, segurando uma perna dele e apoiando em meu colo. Comecei na perna esquerda, escrevendo na vertical “honey”, depois “badger” na direita. – Pronto. – Falei, abaixando sua perna e lhe devolvi a caneta.
– Lesgo, baby? – Ele perguntou e ri fracamente.
– Lesgo! – Neguei com a cabeça e ele me esticou a mão.
Segurei-a e saímos do vestiário de dentro do motorhome de apoio da RedBull e descemos os degraus até a área comum, encontrando alguns mecânicos que zoaram com a cara de Daniel. Michael e Benji nos esperavam e notei que Daniel apertou minhas mãos quando ele apareceu e eu ri fracamente, apertando o braço de Danny com a mão livre.
– Vamos? – Benji perguntou.
– É para já! – Daniel disse e me puxou para fora do motorhome.
Não demorou mais do que alguns segundos para que os fotógrafos ficassem em volta da gente e me deixassem encabulada. Não que fosse novidade, mas tive a impressão de que aqui em Monza tinha muito mais gente! Em vários sentidos. Muito mais fãs do lado de fora e dentro do circuito, muito mais repórteres e fotógrafos, e muito mais caos! Nos outros paddocks eu conseguia literalmente desfilar sozinha, agora aqui eu desviava das pessoas de um lado para o outro, e Daniel andava rápido.
Seguimos para dentro da garagem da Red Bull, encontrando um pessoal mexendo nos carros e, mais uma vez, Danny foi zoado. Realmente, o uniforme parecia um pijama, mas eu genuinamente prefiro os outros pijamas dele… Ou a falta dele.
– Vamos, Danny boy! – Ri quando Alonso chamou-o e nos aproximamos da entrada da garagem, saindo pelo pit lane e vi o campo de futebol montado do outro lado da pit wall. – Ei, Harper.
– Oi, Nando! – Trocamos um rápido abraço. – Vai se envolver nessa também?
– Eles precisam de alguém mais velho para fazer isso funcionar! – Ele disse e ri fracamente.
– Você não tem mais idade para isso, Nando! – Danny disse e ri fracamente.
– Filho da mãe! – Ele disse, socando o ombro de Danny e ri fracamente.
– Ah, duas crianças! – Dei de ombros.
– E só tem como piorar. – Max se aproximou.
– Três! – Falei e ele riu.
– Ah, ele sim! – Danny disse, abraçando-o pelos ombros e ri fracamente.
– Bom, vocês se cuidem, eu vou pegar um lugar de honra para ver essa bagunça! – Falei e Danny piscou para mim e ri fracamente antes de me afastar dos caras e me aproximar de Michael.
– Isso não vai dar certo. – Falei e ele riu.
– Alguma vez Danny e futebol deu certo? – Ele disse e pressionei os lábios, batendo a mão na testa.
O <a href=”https://www.youtube.com/watch?v=eiM9kIz4tBk”>evento</a> foi bem legal, mas claramente caótico. Eles fizeram uma apresentação legal com os pilotos e os jogadores de futebol, depois dividiu os times e, apesar dos pilotos serem mais jovens, os jogadores eram jogadores de futebol, então vamos dizer que foi um caos.
A começar que Nando foi para o gol, depois que Jolyon era o único que realmente não tinha chuteiras, ele estava com tênis de corrida tradicional, e Max e Daniel era a dupla mais fominha que eu já vi na minha vida.
No final terminou em 22 x 10. 22 para os jogadores de futebol, é claro! Isso que Nando defendeu bastante coisa, imagina se ele não estivesse lá? Ao menos foi legal ver Daniel se divertindo e aproveitei para gravar alguns vídeos para jogar no grupo da família. Michelle enlouqueceria!
Daniel
– Ele não me parecia bem. – Harper disse sobre Felipe.
– É claro! Ele não quer se aposentar, é óbvio! – Falei, desviando de algumas pessoas para sair da sala de coletiva antes que o restante da imprensa saísse.
– Se ele não quer se aposentar, por que ele vai? – Ela perguntou e suspirei.
– A Williams não quer renovar com ele. – Falei, andando pelo paddock.
– Mas por quê? Ele não está indo mal, está? – Ela disse.
– Acho que ele ficou dentro dos pontos na maioria das corridas, mas se você comparar ele ao Bottas, é… – Ponderei com a cabeça.
– É uma pena… – Ela apertou minha mão.
– É… Eu realmente gosto dele. – Entramos na garagem e percebi parte das luzes acesas e parte apagadas. – Ele me deu um empurrãozinho quando comentei que achava que estava gostando de você. – Ela virou o rosto para mim, rindo fracamente.
– Quando foi isso? – Vi o corredor apagado e olhei rapidamente pelos lados, à procura de alguém.
– Naquele dia que corri contra o Felipinho! – Ela riu fracamente.
– Então você também teve ajuda do outro lado… – Ela disse. – A Raffa me ajudou também.
– Naquele mesmo dia? – Perguntei e ela entrou na garagem, virando o corpo e percebi que o local estava vazio.
– É… – Ela riu. – Eu falei, nossos sentimentos começaram a mudar juntos, baby. – Ela virou o corpo para frente. – Cadê todo mundo?
– É isso que eu estava pensando. – Falei rindo. – O pessoal não falou aqui às oito? – Olhei no relógio.
– Confesso que não estava prestando atenção, baby. – Ela disse, andando pela lateral do carro. – É realmente bonito, certo? – Ela comentou, colocando os braços para trás e ri fracamente.
– É, ela é… – Ela ergueu o rosto para mim.
– Que mania de chamar os carros de “ela”. – Ela disse rindo e andei com ela.
– Bem… Se eu vou pilotar, que seja uma garota. – Falei, dando de ombros e Harper revirou os olhos.
– Você é ridículo. – Ela disse e puxei-a pela cintura.
– E você me ama desse jeito. – Ela riu fracamente. – E por que você está com as mãozinhas para trás, hein?! Parece criança!
– Melhor eu não tocar… – Ela disse rindo. – Vai que eu destruo ou…
– Ela não é tão sensível assim, baby! – Falei, sentindo suas mãos subirem para meus ombros.
– Eu sei, mas é melhor prevenir. – Ela disse rindo.
– Não, não, vem cá… – Dei um passo para frente, fazendo-a dar um para trás e encostei-a na lateral mais alta do carro.
– Daniel! – Ela me repreendeu, se apertando em mim e ri fracamente.
– Relaxa, baby…
– Não faça isso! – Ela pediu rindo.
– Relaxa, baby… – Sussurrei em seu ouvido, mordiscando sua orelha logo em seguida.
– Se algo acontecer… – Ela disse rindo e deslizei minha mão pelos seus braços, soltando-a de mim.
– Relaxa… – Falei de novo e ela suspirou.
– Por que eu tenho sempre que ser a sensata de nós dois? – Ela disse.
– Porque eu nunca sou. – Falei e rimos juntos. Deslizei minhas mãos para sua cintura. – Relaxa… – Falei mais uma vez e ela suspirou, apoiando as duas mãos no carro e se apoiando nele.
– Eu te odeio. – Ela disse e me aproximei dela, ficando entre suas pernas.
– Isso começa a doer, sabe? – Brinquei, levando as mãos para seu rosto. – Depois de 24 anos, essas coisas começar a doer… – Ela riu fracamente.
– Com a mesma mão que eu te bato, eu te abraço, baby. – Ela disse. – E isso nunca vai mudar.
– Bom… – Inclinei meu corpo para ela, roçando meu nariz no dela e colei nossos lábios.
Nossas bocas se mantiveram tocadas por alguns segundos antes de ela abrir a boca e levei minha língua até a sua rapidamente e minha mão foi para trás de sua nuca, segurando seus cabelos. Senti sua mão passar segurar o cós da minha calça, me puxando para mais perto de si e minhas mãos foram para o carro, inclinando meu corpo mais perto do seu.
Suas mãos foram para meu rosto, acariciando minhas bochechas antes de subir para meus cabelos, acariciando enquanto o beijo se tornava mais rápido. Apoiei uma mão em sua perna, sentindo a calça jeans que ela usava e subi pelo seu corpo, adentrando a tradicional blusa da Red Bull.
Ela soltou um risinho, me fazendo sorrir com ela e nossos lábios se colaram mais uma vez. Suas mãos me puxaram para mais perto de si e meus joelhos encostaram no carro, ficando entre suas pernas. Ergui mais a mão pelo seu corpo, subindo a blusa e ela mordiscou meu lábio inferior.
– OPA! – Me assustei, me afastando de Harper e ela também se levantou comigo, se desequilibrando de novo e virei o rosto para a porta, vendo Nigel ali. – Estou atrapalhando os pombinhos?
– Opa! – Falei rindo.
– Desculpe! – Harper disse rapidamente, me empurrando um pouco para eu dar uns passos para trás e se levantou novamente.
– Ah, não se preocupem comigo. – Ele disse, me fazendo rir. – Vocês estão melhores que eu. – Ri fracamente e Harper escondeu o rosto em meu pescoço, me fazendo rir.
– A reunião vai ser aqui? – Perguntei.
– Sim, o pessoal logo chega. É melhor você…
– É… Valeu! – Falei rindo e ele deu um aceno de cabeça antes de sumir pelo corredor de novo.
– Ah, não acredito! – Harper escondeu o rosto nas mãos e gargalhei alto. – Não tem graça!
– É claro que tem! – Falei rindo.
– Ah, que vergonha! – Ela disse rindo.
– Somos jovens, baby… Precisamos aproveitar! – Falei rindo.
– Não no meio da garagem! – Ela ergueu seu rosto para mim e vi como ele estava avermelhado de vergonha.
– Ah, qual é! – Sorri.
– Preciso parar de cair nas suas! – Ela me empurrou pelo ombro, me fazendo gargalhar alto e ela sumiu pelo corredor.
Harper
– Baby? – Abri um olho, encontrando Daniel me olhando de cima.
– Ei. – Falei, passando a mão na cabeça.
– Quer tomar banho? Você vai dormir aí e ainda quero sair para jantar. – Ele disse e fiz uma careta.
– Tem certeza de que quer sair para jantar? – Perguntei.
– Você não quer? Achei que ia se matar de comer em todas as situações possíveis… – Ri fracamente, erguendo meu corpo no sofá e ele deu a volta no mesmo.
– Eu estou cansada, baby. – Suspirei. – E é só o primeiro dia. – Ele se sentou ao meu lado.
– Às vezes esqueço de que você não está acostumada… – Ele acariciou meu rosto e dei um curto sorriso.
– Todos os GPs da Itália são loucos assim? – Perguntei, inclinando meu rosto até seu ombro.
– Sim… – Ele disse rindo. – Você sabe da paixão dos italianos, agora junte a paixão dos italianos com a Ferrari, Vettel, Kimi… – Ele falou aleatoriamente e ri fracamente.
– Eu nunca vi um paddock tão cheio, baby… – Senti sua mão em meus cabelos. – E hoje ainda é só quinta!
– Sabe a vantagem? – Ele perguntou e suspirei.
– Qual? – Perguntei.
– Temos uma semana entre essa corrida e Singapura… Pensei que poderíamos ir para Mônaco… Só nós dois… – Ergui o rosto para ele, dando um curto sorriso.
– Preparando algo romântico, Daniel Ricciardo? – Ele pressionou os lábios no seu jeito metido e ri fracamente.
– Precisamos aproveitar só nós dois. – Ele disse. – Seu aniversário vai ser no dia do GP da Malásia, nem vai dar para aproveitarmos muito.
– Nós sempre conseguimos nos divertir depois das corridas, baby. – Falei e ele riu fracamente.
– Tá… Não dá para gente aproveitar mu-u-u-u-uito! – Ele disse e ri fracamente.
– O que achar melhor, baby, contanto que estejamos juntos. – Ele pressionou nossos lábios.
– Eu estarei no meu quarto se decidirem sair para jantar em grupo e não em um encontro! – Michael disse e nos afastamos. Ri fracamente e observei Michael ir até o quatro, fechando a porta.
– Ele precisa se divertir. – Daniel disse e ri fracamente.
– Talvez eu tenha a solução para isso. – Sorri.
– Para alguém certinha demais, você apronta muito, sabia? – Ele disse e dei meu sorriso de quando ia aprontar. – Exato! É esse sorriso aí! – Ri fracamente.
– Você consegue descolar um passe para Singapura e uma passagem de avião vinda de Auckland? – Sorri.
– Auckland? – Ele perguntou.
– Déborah… – Falei em um sussurro e ele arregalou os olhos.
– OH! – Ele falou animado e coloquei a mão em sua boca.
– Xi! – Pedi.
– Ele vai ficar muito puto! – Ele disse rindo.
– Ou não… – Dei de ombros. – Ela já perguntou dele… E você vê como ele age quando falamos dela… – Ele ponderou com a cabeça.
– É… Eu ia gostar do Michael menos tenso! – Ele disse e ri fracamente. – Combinado! – Abri um largo sorriso.
– Vou falar com ela! Ela aceitar vir vai ser a prova perfeita de que ela quer tentar de novo. – Me inclinei à mesa, pegando o celular e liguei-o. Na tela, uma foto minha e de Daniel abraçados, ele com o uniforme de corrida e eu com o da Red Bull, e sorri, percebendo que era o celular dele. Notei uma chamada perdida e cliquei na mesma.
– Baby, sua mãe ligou! – Falei, esticando o aparelho para ele e ele o pegou.
– Será que aconteceu algo? Que horas são em casa? – Ele perguntou e fiz umas contas rápidas.
– Quase meia-noite. – Falei, suspirando. – Ai, o que será?
– Ei, baby! Calma! – Ele disse rapidamente. – Não deve ser nada. Eu vou ligar para ela. – Ele apertou minha perna e colocou o celular na orelha.
Suspirei, pegando o outro telefone e vi a foto certa. Daniel e Isaac dormindo no sofá em L da fazenda. Um em cada lado e desbloqueei, colocando o código 010789 antes de desbloquear. Abri a conversa com Déborah, vendo o final de alguns dias atrás e escrevi.
“Ei, que tal vir em uma corrida? Danny disse que consegue acesso ao paddock e passagem de avião para você! Você vai amar” – Enviei.
– Ei, mãe! Meio tarde para ligar, não? – Danny disse rindo. – Não, não! Acabamos de chegar do paddock, estamos decidindo o que vamos jantar ainda. – Ele virou para mim e deu uma piscadela, me fazendo sorrir. – Ah, ela está aqui! Cansada! Não está acostumada com o clima da Itália.
– Não estou acostumada com o clima de GP da Itália. – Falei antes de me levantar e ele riu fracamente.
– Não, não. Está tudo bem, mãe. Espera, vou colocar no viva-voz. – Ele disse e abaixou o telefone, apertando um botão. – Pronto.
– Oi, Harper! – Ouvi tia Grace.
– Oi, tia Grace, como estão as coisas? – Perguntei.
– Ah, tudo bem, querida! Com saudades de vocês! – Sorri.
– Quando vocês vêm em uma corrida? – Perguntei.
– Malásia, é claro! Não conseguimos ir para o aniversário do Danny, mas o seu é mais perto de casa, dá para ir. – Danny olhou sugestivamente para mim e sorri.
– Ah, menos de um mês! É ótimo! – Sorri.
– Mas diga aí, mãe, aconteceu algo? São quase meia-noite aí, não? Ou sentiu aquela forte saudades de novo e quis ligar? – Danny disse rindo e dei um soquinho em sua perna.
– Não, não. Só estou preocupada com vocês, na verdade. – Franzi a testa.
– Por quê? O que aconteceu? – Perguntei.
– Eu vi algumas fotos de vocês hoje… – Virei para Danny. – Será que é indicado vocês ficarem andando muito colados? – Ri fracamente.
– Você ligou a essa hora para falar isso? – Danny disse e sorri.
– Eu me preocupo com vocês, ok?! As fotos são lindas, adoro ver vocês juntos como se fosse na época da escola, de mãos dadas, rindo de qualquer besteira… – Apertei a perna de Daniel, fazendo-o olhar para mim. – Mas também me preocupo com a relação de vocês.
– Não conta… – Sussurrei. – Não assim… Não agora… – Ele assentiu com a cabeça.
– Relaxa, mãe! A imprensa está acostumada com a gente. Nossa relação está bem clara para todos. – Ele falou sugestivamente, olhando para mim e revirei os olhos.
– Também, depois de seis meses… – Falei.
– É, pessoalmente… – Ele disse rindo. – Na internet tem anos… – Sorri, sentindo-o apertar minha mão.
– Ah, tomem cuidado, viu?! Eu não gosto dessas fofocas, mas está tendo bastante sobre vocês. E vocês ainda estão dando fotos de bandeja para eles aumentarem a fofoca. – Coloquei as mãos na boca, abafando uma risada e Danny colocou o dedo na boca, pedindo silêncio.
– Relaxa, mãe. A gente vai começar a prestar atenção nisso. – Danny disse. – Agora vai dormir! Está tarde para você!
– Eu vou, eu vou! Se cuidem! Amo vocês!
– Também te amamos! – Falei junto de Danny e ele não esperou mais para desligar a ligação.
– Ah, eu não aguento! – Falei, gargalhando e ele riu comigo.
– Por que você não deixou eu contar? Era a hora perfeita! – Ele disse e tombei no sofá, não aguentando de rir.
– Agora? Há quilômetros de distância? À essa hora? – Ele riu comigo. – Seria terrível! – Rimos juntos. – Aposto que sua mãe teria um ataque cardíaco! – Ele gargalhou alto.
– É… Talvez você esteja certa! – Ele disse rindo. – Que tal quando eles vierem? – Olhei sugestivamente para ele.
– Mesmo? – Perguntei rindo.
– Eu vou contar, baby! Eu vou! – Ele disse sério. – Só preciso do momento perfeito. – Ri fracamente.
– Pode ser depois do meu aniversário? Não quero sua mãe tendo um ataque cardíaco nesse dia. – Falei e ele riu fracamente.
– Combinado. – Ele sorriu.
Sexta-feira
Daniel
– Meu pai era mais ou menos dessa parte aqui… – Falava devagar, tentando lembrar as palavras em italiano.
– Perto de Messina?
– Isso… Por aqui… – Indiquei no mapa.
– E a mãe?
– Minha mãe nasceu na Austrália, mas seus pais são da Calábria. – Falei.
– Bem de frente.
– Sim, exato!
– Sabe que dizem que você tem o sorriso mais bonito da Fórmula Um. – Ri fracamente.
– Eu?
– É!
– É! Grande! – Ri, erguendo a mão em comemoração. – Eu sou muito feliz em ter este trabalho. – Falei. – É meu sonho!
– Quanto por cento se sente italiano? – Ele perguntou e ri fracamente.
– Em porcentagem, não sei. Mas me sinto seguro. Minha paixão de vida, de tudo, é bem italiano, então essa semana eu como umas sete ou oito pizzas, mas os valores da minha família são como de italianos, fazemos muitas coisas juntos. – Falei, me confundindo um pouco com as palavras. – Aniversários, Natais, sempre são grandes festas com todo mundo junto.
– Grazie por esse tempo, Daniel! – O repórter da RAI disse e sorri.
– Io te ringrazio! – Falei e ele sorriu, trocamos um rápido aperto de mão e me levantei.
Lhe entreguei o microfone e olhei para Benji que só deu um aceno, como quem me liberava e ele escoltou o repórter e sua equipe para fora do motorhome da Red Bull. Girei os pés para outro lado e fui até o bar no fundo da grande sala.
– Uma água, por favor. – Pedi para atendente e ela logo me entregou uma garrafa. Girei a tampa e dei um gole antes de mesmo de sair dali.
Andei pelo outro lado, passando pela área de descanso do pessoal e empurrei uma das portas, entrando em uma pequena sala de televisão e vi Harper e Michael ali com os olhos na televisão e cada um mordia um largo pedaço de pizza.
– Ei, nem me esperaram! – Eles se viraram para mim.
– Ei, beibe! – Harper disse com a boca cheia e ri fracamente, vendo-a descansar a pizza no prato e demorar alguns segundos até engolir o pedaço. – Desculpe, estávamos com fome.
– Está tudo bem. Eu peço depois. – Me sentei ao seu lado.
– Quer um pedaço? – Ela ofereceu e dei um sorriso. – É claro! – Ela ergueu a pizza e dei uma grande mordida na mesma. – Eu falei um pedaço, não minha pizza inteira! – Gargalhei alto, dando um beijo em sua bochecha e ela me empurrou com o cotovelo. – Ai, baby! Meu rosto! Você vai sujar de molho!
– Minha fresca! – Falei, passando o braço em seu ombro e ela me mostrou a língua.
Passei o polegar em seu rosto, limpando a pequena mancha de molho e ela virou o rosto para mim, revirando os olhos e dei um curto sorriso. Ela finalizou a pizza em mais alguns pedaços e olhei para a televisão, vendo algum programa de esportes passando na TV.
– Passou sua entrevista. – Ela disse, limpando as mãos no guardanapo.
– É, ele disse que ia ser ao vivo. – Falei e ela riu fracamente. – O quê?
– Está precisando praticar o seu italiano. – Ri fracamente.
– Preciso praticar minha língua, isso sim! – Mostrei-a para ela, vendo-a rir.
– Tonto! – Ela disse e colei nossos lábios rapidamente, sentindo-a me empurrar pelo peito. – Daniel!
– Oh, desculpe, você disse “italiano”. – Ela revirou os olhos, me fazendo rir.
– Se vocês me dão licença, eu vou medir minha insulina! – Michael falou ao se levantar e segurei a risada com Harper, vendo-o sair pela porta.
– Ele realmente precisa da Déborah. – Harper disse e ri fracamente.
– Quais as chances de ele nos matar? – Perguntei.
– Zero! Ele pode ficar bravo, mas vai gostar. – Ela sorriu.
– Ela respondeu? – Perguntei.
– Sim, ela perguntou se era uma boa ideia, por causa dele e eu falei que já passou da hora de eles se resolverem. Ela visualizou e não respondeu, mas depois já me mandou as informações dela para o crachá e passagem. – Ri fracamente.
– Ah, cara! Faz o quê? 10 anos que eles terminaram? – Perguntei.
– Pouco menos, eles tentaram namorar à distância por uns meses depois da formatura. – Ela disse.
– Como você sabe? A gente não voltou a falar com o Michael e o pessoal depois do acidente dos seus pais? – Perguntei.
– Sim, mas eu nunca parei de falar com a Déborah. A gente se falava bem mais depois que fomos para faculdade… A gente se afastou naturalmente, mas ela desabafou comigo do término e tal. – Ela deu de ombros.
– Sabia dessa, não. – Falei e ela riu, virando a perna para dentro do sofá, ficando de frente comigo.
– Não tem como saber tudo sobre uma pessoa, baby. Nem nós! – Apoiei as mãos em suas pernas.
– Mas eu quero saber! Tudo! – Aproximei meu rosto dela, ouvindo-a rir e ela acariciou meu rosto.
– Precisaremos de mais 24 anos para isso. – Ela disse e sorri.
– Que tal a vida inteira? – Ela assentiu com a cabeça.
– Combinado.
– Você falou do meu italiano, mas como está o seu? – Perguntei.
– Meu? – Ela franziu a testa. – Não tive problemas até agora… – Ela riu.
– Eu acho que você está precisando de prática também. – Ela gargalhou, negando com a cabeça.
– Ah, é?! – Ela brincou e rocei nossos lábios. – Com toda certeza! – Ela disse e colei nossos lábios.
Capítulo 32
Perth, Austrália, 2010
– Tira a mão, Daniel! – Harper bateu na mão de Daniel quando ele passou o dedo na tigela de chocolate e o garoto correu para fora da cozinha aos risos.
– Deixa a menina trabalhar! Eu estou com fome! – Michelle disse, empurrando o irmão para fora da cozinha e Harper riu, voltando sua atenção à mousse que ela fazia.
Grace observava tudo do sofá. Eram as primeiras férias de Harper depois do falecimento de seus pais. Fazia somente sete meses, mas parece que as coisas estavam se normalizando aos poucos, e ter Daniel de volta em casa, fazia com que a menina parasse de pensar besteiras e se preocupasse mais em brigar com a inconveniência de Daniel.
Parece que mesmo tendo perdido seus melhores amigos, a cabeça de Grace e Joe funcionaram bem rápido. Primeiro eles acolheram a menina como sua filha. Joseph deu entrada nos papéis para ele e Grace serem responsáveis legais da menina, apesar de ela já ter seus 21 anos, e a trouxeram para morar com eles na fazenda. O quarto de visitas agora era seu quarto.
Também começaram a pagar sua faculdade – com o dinheiro que era destinado a Daniel, mas que ele não precisava, recebendo salário na Formula Renault 3.5 – para a menina guardar a herança que seus pais haviam deixado para ela investir em algo para si quando estivesse pronta. Além da casa antiga deles, que eles venderam na primeira oportunidade. Não queriam Harper com esse tipo de memórias.
Além disso, durante os primeiros meses, Harper não queria voltar para faculdade, a psicóloga disse que ela tinha receio da distância lhe trazer péssimas notícias novamente, além do pavor ao ouvir o telefone tocar. Nenhum dos Ricciardo, e nem da família de Alexander, achavam justo a menina largar a faculdade que ela gostava tanto por causa disso, ainda mais faltando um ano e meio. Então Grace ficou os últimos seis meses de 2009 em Sydney, morando com a menina, e dona Virginia as visitavam com frequência.
Harper parecia estar pronta para enfrentar o último ano sozinha, havia anunciado para Grace que ela encontrou uma colega de quarto e, apesar do receio, Grace ficava feliz por ela estar se soltando aos poucos, mas ainda era comum encontrar Harper com os olhos perdidos, então, nas férias, a cozinha era de Harper, ao menos ela se distraía.
– Oh, cara! Isso está bom para caralho. O que é? – Daniel voltou à cozinha novamente.
– Mousse de chocolate, mas precisa esperar gelar, ele fica durinho! – Harper disse, despejando o conteúdo de três chocolates em outra tigela.
– Ah, posso comer desse jeito mesmo, não me importo. – Ele passou o dedo na tigela novamente.
– DANIEL! – Harper gritou dessa vez. – Olha a higiene!
– Ai, fresca! – Ele disse, fazendo-a empurrá-lo com o quadril e ambos riram.
– Toma! Raspa a tigela! – Harper lhe esticou-a com a colher dentro da mesma.
– Ah, eu te amo! – Ele disse, colocando-a na boca e Harper limpou as laterais antes de colocar as raspas de chocolate em cima.
– Você não vai almoçar, filho! – Grace disse.
– Ah, eu almoço, não se preocupe! – Daniel disse, fazendo Harper rir da boca suja de chocolate do menino.
– Por sinal, está quase pronto! – Harper disse.
– Eu vou colocar a mesa! – Michelle disse, se levantando do sofá e Harper fechou a sobremesa com plástico filme antes de colocar na geladeira.
– Alguém está com fome. – Jason cochichou, se aproximando de Harper e a menina riu.
– Modéstia à parte, isso é bom! – Harper virou para ele.
– Você é uma cozinheira incrível, Harp. – Ela sorriu.
– Obrigada, Jay! – Ela disse, espiando dentro do forno, vendo o grande carneiro assado com batatas que fazia o cheiro rescender pela casa.
– Oh, isso é bom! – Joe disse, lambendo o dedo.
– NÃO É?! – Daniel falou dramático.
– Até você, Joe? – Grace brigou com ele, fazendo Michelle rir.
– Só uma lambida, nada demais. – Ele deu de ombros e Grace riu fracamente.
– Isso é da faculdade, Harp? – Daniel perguntou e ela se ergueu novamente.
– Sim! – Ela sorriu. – É feita com três tipos de chocolate e ele fica mais firme, eu ame-e-e-ei! – A menina disse sorrindo.
– Eu amei também! – Daniel disse rindo. – Quanto tempo de geladeira?
– Quatro horas. – Ela disse e o garoto entreabriu os lábios. – E não, não dá para tirar antes.
– Droga! – Ele bufou e o timer os distraiu.
A menina abriu o forno, fazendo o cheiro delicioso ficar mais em evidência e pegou as luvas térmicas para tirar a assadeira do forno. Joe ainda ficava chocado como a menina tinha jeito para coisa. Nem ele tinha assado um negócio desse tamanho e o tom bronzeado das batatas e da carne estavam perfeitos.
Harper espetou as batatas com um garfo, feliz com o resultado e transferiu devagar a carne para a tábua. Ela pegou a chaira, depois a faca de Joe e amolou a faca como se fosse um churrasqueiro experiente, fazendo até Jason e Daniel olharem curiosos – e com medo.
Ela cortou o cordeiro com facilidade em largas fatias e transferiu as batatas para um refratário sem a gordura do assado e depois colocou os pedaços de carne em forma de cascata no mesmo. Jogou um pouco da salsinha fresca e levou a travessa para a mesa, colocando-a no centro da mesma, junto da salada que Michelle já havia colocado.
– Está na mesa, pessoal! – Ela disse, se livrando das luvas.
– Isso está com um cheiro delicioso! – Grace disse e a menina sorriu.
– E está muito bonito! – Joe disse.
– Parabéns, Wandinha! – Danny disse e ela virou o rosto para ele, rindo do pseudo-bigode dele sujo de chocolate. – O quê?
– Está sujo! – Ela disse rindo, se aproximando dele e segurou sua cabeça com uma mão antes de limpar com o polegar. – Pronto.
– Tô gato agora! – Ele disse e Harper riu fracamente, revirando os olhos.
– Imagina o ego dessa criança quando ele chegar na Fórmula Um! – Harper disse, puxando uma cadeira da mesa e o restante dos Ricciardo riu.
– Coitado de nós! – Jason disse e Daniel revirou os olhos.
– Isso é inveja! – Daniel disse, enquanto todos se ajeitavam em volta da mesa aos risos.
– Vamos rezar? – Grace disse e todos esticaram as mãos, segurando as da pessoa ao seu lado. – Senhor, gostaria de agradecer por esse alimento que vamos comer e agradecer por nos permitir aproveitar esse dia. – Todos assentiram com a cabeça. – Alguém quer acrescentar algo?
– E abaixar o ego do Daniel, por favor. – Michelle disse brincando, fazendo todos rirem, menos Grace.
– Amém. – Ela ignorou a filha.
– Amém! – Todos repetiram.
– Atacar! – Daniel disse.
– Harper? Faz as honras? – Joe pediu.
– Claro! – Ela disse, pegando o prato de Daniel que foi o primeiro a esticar.
Apesar das piadas com o ego de Daniel, que eram os mesmos desde que ele era criança, o <a href=”https://l1nq.com/wISvx”>menino estava melhorando</a> com o tempo. Havia dado um jeito naquele pseudo-corte black power, tirado aquele brinco horrível da orelha e estava encorpando mais. O único problema eram as espinhas que decidiram aparecer depois do fim da adolescência.
Já Harper, realmente não tinha o que reclamar. Foi o patinho feio quando tinha 12, 13 anos, agora ficava feliz em poder caminhar bem entre a carinha de criança e uma maquiagem bem-feita quando queria esconder isso. Como Danny sempre disse: Harper é a menina mais linda do mundo, e esse comentário só ficava mais real a cada dia que passava.
Monza, Itália, 2016 – Sábado
Harper
– Honestamente? – Virei para Christian. – Poderia ser pior. – Dei de ombros.
– Por que diz isso? – Ele perguntou.
– Bem, Daniel disse que a Ferrari provavelmente ganharia aqui, mas as duas vão largar na segunda fileira… – Dei de ombros. – Ainda há esperança.
– Eu estou confiando nas tranças… – Ri fracamente em seguida.
– Não confie nelas, elas não vão funcionar sempre. – Brinquei e rimos juntos.
– Se esse negócio de trança der certo, até eu vou arranjar uma namorada e pedir para ela vir de tranças. – Max falou ao meu lado e rimos juntos.
– É… Que não seja igual a última, não é? – Henrique falou sugestivamente e preferi ficar quieta.
Antes de subir para a Red Bull, Max namorava uma pilota, mas o relacionamento terminou no começo do ano. Recentemente ele apareceu com uma loira muito bonita, modelo belga, se eu não me engano, mas o negócio não deu muito certo e, pelo comentário de Henrique, deu muito errado.
– Eu posso explicar. – Max disse e Henrique abanou a mão.
– Não precisa! – Ele disse e rimos juntos.
– Bem, eu não tenho uma amiga de infância que sabe até quando eu peido… – Fiz uma careta e Henrique bateu a mão no rosto. – Então não dá para eu trazer uma namorada que saiba ser discreta.
– Não precisa ser discreta, só não ser expansiva demais! – Henrique disse.
– É… Ela sentou no carro, Max. – Christian disse, dando um tapinha nas costas dele.
– O pior de tudo… É que eu sabia disso… – Virei para Max que gargalhou alto. – Ele não era muito discreto.
– Não sabe mais? – Christian perguntou e pressionei os lábios.
– Acho que estamos perdendo a essência de amigos. – Dei de ombros.
– Acredite, não estão! – Michael disse. – Agora é pior, porque eu não sei se vocês estão fofocando ou se pegando…
– A gente faz os dois ao mesmo tempo agora! – Dei de ombros, ouvindo risadas.
– Bem, eu vou tomar banho! – Max disse.
– Até mais! – Falamos e ele sumiu para dentro do motorhome.
– Onde está Daniel? Já faz 15 minutos que o Max voltou. – Virei para porta, apoiando na bancada atrás de mim.
– Você sabe que ele adora falar… – Michael comentou, bebendo mais um gole de sua água e suspirei.
– Aposto que ele está irritado pelo zero vírgula zero, zero, um segundo de diferença entre ele e o Bottas. – Virei para a bancada, pegando mais um grissini e o mordisquei devagar.
– Aposto também! – Ele disse e vi Benji entrar no motorhome e franzi a testa quando Daniel não entrou logo em seguida.
– Onde ele está? – Perguntei, fazendo Benji olhar para mim.
– Preso com Ted Kravitz! – Ele disse e assenti com a cabeça.
– Está explicado. – Dei de ombros e virei o corpo para bancada para pegar outro grissini.
– Você deveria comer algo. – Michael disse.
– Eu vou… – Falei, mordiscando o mesmo. – Uma pizza enorme napolitana mais tarde. – Virei para ele que pressionou os lábios e assinalou para mim.
– Duas! – Ele disse.
– Não se esqueçam da corrida amanhã! – Benji disse e viramos o rosto para ele e percebi que ele ainda estava aqui.
– Ah, a gente disse “nós”, não o Daniel! – Falei, dando de ombros e vi o mesmo entrar no motorhome. – Ah, finalmente. – Me aproximei do mesmo e ele tirou o boné, passando o braço na testa. – Ei, baby.
– Ei, baby! – Ele me abraçou pela cintura e ri fracamente, sentindo-o apoiar a testa em meu ombro.
– Ei, baby?! – Franzi a testa, passando a mão em seus cabelos, sentindo-os úmidos de suor ainda. – Cansado?
– Com calor! – Ri fracamente, vendo-o erguer o rosto e nossos lábios se tocaram por poucos segundos.
– Você demorou! Ficou falando demais com a imprensa? – Acariciei seus cabelos, tirando o aspecto abaixado do capacete.
– Nem foi falando, foi tentando falar. Está cheio de abelhas na região da imprensa. Estava tentando fugir delas. – Ri fracamente.
– Por favor, baby, sem picadas de abelha agora. – Falei.
– E você acha que eu quero inchar igual um balão? – Rimos juntos e nossos lábios se tocaram novamente.
– Para um piloto de Fórmula Um, você tem várias restrições, baby. – Brinquei e ele riu fracamente.
– E você acha que eu não sei? – Sorri.
– E como você está com a classificatória? – Perguntei e ele suspirou.
– Poderia ser pior, na verdade. As Ferrari ficaram na frente, mas não tanto… – Ele ponderou com a cabeça. – Minha diferença com o Bottas é ridícula… – Virei para Michael que riu fracamente. – O quê?
– A gente tinha certeza de que você ia odiar isso. – Michael disse e ri fracamente.
– Ah, qual é! É um milésimo de segundo! O que é isso? Nada! Um respiro é mais demorado do que isso. – Rimos juntos e pressionei meus lábios em sua bochecha.
– Relaxa, baby, você tira essa diferença na corrida amanhã. – Ele deu um curto sorriso.
– Logo na largada! Você vai ver! – Neguei com a cabeça, abaixando minhas mãos.
– Vai tomar banho! Ainda tem duas reuniões antes de a gente ir para o hotel. – Falei.
– Eu vou! Eu vou! – Ele abanou a mão, me fazendo rir. – Ei, isso é grissini?! – Danny disse e revirei os olhos, vendo-o seguir até a tigela com vários e neguei com a cabeça.
Daniel
– Ah, eu comi demais! – Harper disse, tombando o corpo para trás até se deitar no sofá e ri fracamente.
– Cadê a Harper delicada que comia um ou dois pedaços e ainda erguia o mindinho na hora de beber? – Brinquei com ela, fazendo Michael rir e ela ergueu a cabeça.
– Erguer o mindinho para beber qualquer coisa é falta de educação, Daniel. – Ela disse e sorri. – Mas eu não resisto à muçarela italiana, baby… – Ela suspirou, tombando a cabeça para trás de novo.
– Você viu, né?! – Virei para Michael. – Para me xingar, eu sou o Daniel, mas para se justificar, eu viro o baby. – Falei e ele riu.
– Você prefere ser o baby. – Ele disse.
– Eu prefiro. – Pressionei os lábios e ele riu.
– É incrível ver sua evolução desde que vocês dois começaram a se pegar. – Ele disse rindo.
– Muito diferente? – Perguntei e ele deu de ombros.
– Você parece uma criança apaixonada.
– Ah, não fala isso! – Harper disse, apertando as mãos no rosto.
– O que eu disse de errado? – Michael perguntou.
– Você sabe por quem ele se apaixonou na escola, Mike! Não me compare a ela! – Ela apontou para o que deveria ser Michael e ri fracamente.
– Quantas vezes vou ter que dizer que você é melhor do que ela? Em todo sentido?
– Eu sei disso, ok?! – Rimos juntos. – Mas vocês não precisam me lembrar dela todas as vezes. Pior! Lembrar que eu estou beijando a mesma boca que ela beijava!
– Devo lembrar que o pênis é o mesmo também?
– Ah, Daniel! – Foi a vez de Michael dizer e Harper apoiou os cotovelos no sofá e ergueu o corpo, olhando diretamente para mim.
– Já falei que te odeio? – Ela disse séria e ri fracamente.
– Já… Algumas vezes. – Dei um curto sorriso e ela deixou o corpo cair no sofá de novo.
– Acho que você ganha até no ciúme, Harper! – Mike disse.
– Não, não. – Falei, negando com a cabeça. – O problema dela sempre foi com a Jemma. – Falei.
– E com grid girls! – Harper disse.
– Ah, certo! Grid girls também. – Falei para Michael e ele assentiu com a cabeça.
– Uma você se livrou, agora as outras… – Mike disse.
– Não me teste! – Harper disse e Michael riu.
– Não faz isso… – Pedi em um sussurro, ouvindo-o rir e Harper ergueu seu corpo novamente.
– Ele sabe que é um homem morto se ficar dando moral para outras mulheres! – Ela se levantou, andando pela sala e acompanhei-a com o rosto.
– E você sabe que é a mulher mais importante da minha vida, não? – Falei um pouco mais alto, vendo-a sumir atrás da bancada e não tive retorno. – Harper! – Chamei-a, ouvindo um barulho oco e ela ergueu o corpo. – Harper!
– O quê? – Ela perguntou com aquele sorriso sapeca no rosto.
– O que está fazendo?
– Se eu preciso ouvir isso, eu preciso de álcool. – Ela ergueu a garrafa de vinho e ri fracamente, me levantando da mesa e ela apoiou a garrafa na bancada. Andei até ela e segurei-a pela cintura. – Daniel…
– “Isso…” é o quanto eu te amo, sua irritada, ciumenta, rabugenta e chata! – Falei firme, colando minha testa na dela. – “Isso…” é pelo quanto sou grato por me apaixonar pela minha melhor amiga.
– Daniel… – Ela gemeu.
– Não é Jemma, não são grid girls, não tem ninguém nesse mundo melhor do que você. Em todo sentido da palavra! – Olhei fundo em seus olhos. – Você não precisa ouvir isso, Michael, mas essa mulher aqui é a melhor em tudo! – Falei sério. – O melhor beijo, o melhor carinho, o melhor sexo…
– Daniel! – Ela me repreendeu e ri fracamente.
– As melhores palavras de apoio, a melhor forma de me tirar dos maus momentos, a mais gata, a mais gostosa, a mais cheirosa…
– Daniel… – Ela gemeu de novo, me fazendo rir e pressionei seus lábios em um curto selinho.
– Eu te amo, Harper Elizabeth Addams! – Ela disse firme. – Espero que eu não precise, mas eu vou te provar isso todos os dias se for necessário. – Ela pressionou os lábios de quem se segurava para não chorar e tirei uma mão de seu rosto para segurar seu queixo. – Eu te amo, minha Wandinha. – Ela tinha um bico nos lábios. – Vai chorar agora?
– Vou… – Ela falou fracamente e sorri. – Por que você é assim? – Ri fracamente, acariciando sua nuca.
– Porque eu te amo, baby. E só tem você na minha vida. Hoje e para sempre. Entendeu? – Ela assentiu com a cabeça.
– Eu te amo. – Ela disse e sorri, colando nossos lábios por alguns segundos.
– Mas se você ainda quiser beber, eu aceito uma taça. – Falei, ouvindo-a rir e nos afastamos devagar. Virei o rosto, encontrando Michael da mesma forma. – Ainda aqui?
– Preciso me acostumar com vocês assim, porque pelo jeito é para sempre. – Ele deu de ombros e ri fracamente, virando para Harper novamente.
– É… Vai ser. – Falei e ela riu fracamente, segurando meu rosto e colando nossos lábios levemente.
Domingo
Harper
– Boa sorte, ok?! – Falei para Danny quando ele me entregou o iPod.
– Sempre, baby! – Ele disse e nos abraçamos por alguns segundos e empurrei-o de leve pelos braços quando percebi alguns fotógrafos em cima de nós. – Eu amo quando você vem até o grid comigo, mas acho que vamos ter que reduzir isso…
– Também acho. – Pressionei os lábios e ele assentiu com a cabeça.
– Te amo. – Ele disse e contive o riso em meus lábios, vendo-o piscar para mim antes de se virar para o carro.
Sua preparação foi tradicional como nas últimas 13 corridas. Me afastei para a grama, passando o braço na testa, sentindo-a suada e ergui os olhos para o céu. Ao menos o tempo estava nublado, diferente dos outros dias que tinha quase um sol para cada um. As capas saíram dos pneus e os mecânicos vieram para a grama também e menos de 20 segundos foram contados até os carros saírem para a volta de apresentação.
Fiz um rápido sinal da cruz e segui em direção a garagem, correndo à frente dos mecânicos. Percebi que alguns fotógrafos me seguiram e acelerei o passo até entrar na garagem da Red Bull, desviando do pessoal até parar ao lado de Michael.
– Ei! – Ele disse.
– Ei… – Falei, sentindo minha respiração falha.
– Os fotógrafos te seguiram? – Ele perguntou e virei para ele.
– Como sabe? – Perguntei.
– Você apareceu na televisão. – Ele disse e arregalei os olhos.
– Você está brincando! – Falei e ele negou com a cabeça.
– Bem-vindo a um mundo de uma WAG, Harper. – Ele disse e franzi a testa.
– Eu tô pouco me fodendo para isso, estou preocupada com a mãe dele! – Falei firme.
– Ah, não foi nada comprometedor, só mostrou vocês se abraçando. – Ele disse e dei um soco em seu ombro. – Ai!
– Não me assusta, caralho! – Falei brava.
– VAMOS, GAROTOS! – Os gritos dos mecânicos me distraíram e virei o rosto para a televisão, vendo a largada acontecendo.
Os carros de trás se abriram quase como um legue, mas Danny se manteve em seu lugar. Hamilton acabou tendo algum problema que o deixou em sexto e Danny conseguiu ganhar uma posição. Os carros se misturaram lá atrás, mas a classificação foi baixar quase na segunda volta.
Hamilton tentou passar Danny na área da largada, o que Danny conseguiu manter a posição, mas o inglês conseguiu passar logo em seguida. Pouco depois teve uma tocada de roda entre Nasr e Palmer, fazendo o brasileiro precisar abandonar e o safety car ir para pista, ficando até a quinta volta. Na oitava volta, Palmer teve o mesmo destino.
– Vocês sabem que precisam contar para os pais dele, né?! – Ele disse e suspirei.
– Eu sei! Mas agora a mentira está ficando meio longa e eu nem sei como fazer isso. – Suspirei.
– Eles vêm para Malásia. – Ele disse.
– Eu sei, mas já falei para o Danny, se for contar, que seja na segunda, depois da corrida. Não quero passar meu aniversário levando sermão. – Falei, ouvindo-o rir.
– Ah, porque vão! – Ele riu fracamente e suspirei.
– Enfim, acho que eu e Danny vamos para Mônaco amanhã antes de ir para Singapura. Vai dar para eu me preparar para isso. – Falei e ele riu fracamente.
– E achei que quem estava surtando era ele. – Ele disse, me fazendo rir.
– Eu estava preparada nas férias, ele que fugiu. Agora fiquei acuada também. – Dei de ombros, ouvindo-o rir.
– Ah, cara, espero estar bem longe disso. – Revirei os olhos.
– Cala a boca! – Dei um tapa em seu peito, ouvindo-o rir.
– Oi, gente. Tem espaço para mim? – Viramos o rosto junto e vi Pierre, piloto da Fórmula Dois.
– Pierre! – Sorri. – Claro! – Vim um pouco para o lado e Michael fez o mesmo. – Você ganhou hoje!
– Segundo lugar! – Ele disse sorrindo.
– Parabéns! – Sorri.
– Mercì. – Ele disse e desviei minha atenção para o carro no pit stop e percebi que era Max.
Meus olhos focaram na corrida novamente e estávamos na décima quarta volta. Danny estava em quarto lugar, atrás de Rosberg, Vettel e Hamilton. Três voltas depois, foi a vez de Danny vir para o pit stop, trocando por pneus macios e saindo em sétimo lugar, atrás de Bottas de novo. Esses dois tinham histórico de perseguir um ao outro desde as outras categorias, e isso continuava na F1.
Na décima nona volta, Bottas conseguiu passar Grosjean e agora era a vez de Daniel persegui-lo com menos de um segundo de distância. E foi antes da vigésima volta que Danny o ultrapassou. Agora a perseguição de Danny com o finlandês continuava a menos de um segundo de distância novamente.
Na vigésima oitava volta, Werhlein precisou abandonar a corrida, mas não houve nenhum tipo de acidente. Na trigésima primeira volta, Bottas foi para o pit stop, fazendo Max ficar atrás de Danny, mas Bottas saiu na nona posição, sabia que não demoraria muito para ele alcançar Danny de novo. Era o que Danny falou, Bottas estava mostrando bem mais resultados do que Felipe, e isso era preocupante para o brasileiro.
Na trigésima sexta volta, os mecânicos entraram em surto quando Vettel foi para o pit stop, deixando Danny em terceiro lugar. Com o pique que as Ferrari viam, especialmente pela corrida ser em Monza e os italianos estarem em surto, então tentei não me empolgar, mas minha mão naturalmente foi para boca e comecei a mordiscar a pele do polegar. E o ex-companheiro de equipe de Danny vinha com pneus frescos.
Não deu outra, logo a voz de Simon foi ouvida em meus headphones e Danny apareceu no pit stop na trigésima oitava volta, saindo em sexto lugar, atrás de quem? Bottas! Com o andamento da corrida, era esperado. Parece que depois de todas as corridas e reuniões, uma chave ligou em minha cabeça e tudo fazia mais sentido.
A perseguição de Danny com Bottas começou e sabia que Danny precisava reduzir esses três segundos e meio de distância se quisesse garantir ao menos o quinto lugar hoje, porque ele estava um segundo mais rápido do que Bottas por volta, mas o pódio parecia meio inatingível hoje, quando ele estava a 33 segundos de Vettel, que ocupava o terceiro lugar, além de ter Kimi e Bottas à frente dele.
Eu falei que as tranças não faziam nada. Era ele, o carro e a equipe!
As palavras de Simon pareceram ficar claras quando Danny continuou reduzindo seu tempo. Primeiro dois segundos de Bottas, até um segundo e até menos de meio e ainda faltavam sete voltas para o fim da corrida, e essa distância dava para Danny a vantagem do DRS.
Foi no começo da quadragésima oitava volta que Danny conseguiu ultrapassá-lo, fazendo os gritos da garagem ficarem altos. Danny aproveitou a primeira curva, vindo pelo lado de fora e o ultrapassou. O filho da mãe ainda fez um sinal de “beleza” para fora do carro.
– Filho da mãe… – Falei rindo, aplaudindo junto da equipe.
– Seu amigo! – Ele disse e ri fracamente.
– É… Meu amigo mesmo. – Neguei com a cabeça.
A batalha de Danny com Bottas foi bonita de ver, mas agora ele estava há mais de 45 segundos de Kimi no quarto lugar e conseguiu distanciar Bottas na mesma quantidade de tempo, então sabia que Danny correria as últimas cinco voltas sozinho. Agora era praticamente esperar para acabar.
Com o resultado da corrida, Danny conseguiria 10 pontos, Kimi 12 e Seb 15, mas isso ainda manteria meu australiano em terceiro no campeonato de pilotos, com uma diferença de 18 pontos de Vettel, mas 77 pontos de Rosberg. E a distância do alemão para Hamilton, que agora estava em primeiro, era de dois pontos. Tinha muito para acontecer até o final da temporada.
Como profecia, a corrida acabou dessa forma. Não totalmente decepcionante para nós, mas a prova perfeita de que essas tranças e os pódios eram só coincidência. Também não era de tudo decepcionante para as Ferrari, Vettel conseguiu o terceiro lugar, enquanto Rosberg pegou o primeiro e Hamilton ficou com o segundo após começar na pole e ter um problema no começo da corrida.
– Poderia ser pior. – Michael disse.
– Pensei a mesma coisa. – Dei de ombros. – Bem que Danny disse que não seria fácil.
– Não mesmo, a Mercedes está em outro nível nesse fim de semana e a Ferrari estava querendo vitória. – Pierre disse e assenti com a cabeça.
– O que ele disse! – Falei para Michael, vendo-o rir.
– Pelo visto as tranças não adiantam de nada, Harper! – Ergui o rosto, vendo Nigel falando e ri fracamente.
– Eu disse desde o começo! – Dei de ombros. – E agradeço, confesso, elas puxam muito o cabelo! – Falei, ouvindo-o rir.
– Vamos trocar, no próximo fim de semana eu faço! – Ele disse e ri junto de alguns mecânicos, já que Nigel tinha tudo, menos cabelo.
– Combinado! – Brinquei, ouvindo-o rir.
– Vai atrás dele? – Michael perguntou.
– Depois do que houve no começo da corrida? Nem vem! Vou ficar escondida aqui! – Falei rindo.
– É melhor você se acostumar a isso. – Ele disse. – É mais fácil.
– Claro, mas só depois de falarmos com a família dele e eu ter uma longa conversa com a Maria. – Suspirei.
– Você pode falar comigo. – Virei o rosto para Benji e dei um curto sorriso, pressionando os lábios.
– Valeu… – Falei, mantendo o restante da frase presa na garganta e cruzei os braços, apoiando na bancada novamente.
Mônaco, 2016
Daniel
Puxei a toalha, passando no rosto e pendurei-a novamente. Guardei a escova de dente na gaveta e passei as mãos na barba e nos cabelos, rindo fracamente com os cachos se formando novamente. Como era ridículo eu ter me tornado tão dependente da Harper e dos gostos dela.
Saí do banheiro, voltando para o quarto e vi Harper dormindo da mesma forma de antes. O corpo encolhido embaixo da coberta e os cabelos abertos em cima do travesseiro. Me aproximei da janela, abrindo um pouco do blecaute e o sol estava a pino e sem nuvens no céu. Perfeito para um dia no iate. Só eu e a dorminhoca.
Voltei para a cama, me sentando na beirada da mesma, do lado de Harper e acariciei seu rosto, descendo para seu pescoço, fazendo-a esquivar em cócegas, e desci a mão para seu braço. Não demorou para um de seus olhos se abrirem e ela erguer os braços para se espreguiçar.
– Danny… – Ela gemeu e sorri, me deitando ao seu lado.
– Não acha que está na hora de levantar? – Perguntei e ela veio para perto de mim, me abraçando e segurei uma de suas mãos, dando um beijo na mesma.
– Que horas são? – Ela perguntou manhosa.
– Quase 10. – Falei.
– A gente chegou três da manhã, baby… – Ela disse suspirando, apoiando a cabeça em meu peito e abracei-a forte.
– Eu sei, mas o dia está bonito lá fora, está calor e a gente pode ir para o iate. – Falei, acariciando sua cabeça.
– Tentando me agradar, baby? – Ela falou sonolenta e sorri.
– Eu disse que poderíamos comemorar seu aniversário mais cedo. – Ela ergueu o rosto.
– Não estou com pressa em fazer aniversário. – Ela apoiou o rosto em meu peito, com os olhos entreabertos. – Estou bem assim.
– Minha novinha… – Segurei sua nuca e nossos lábios se tocaram por alguns segundos. – Bom dia, baby. – Falei.
– Bom dia. – Ela sorriu. – Acordou sozinho?
– Uhum… – Falei. – Fiquei te vendo dormir um pouco, depois levantei.
– Isso não mudou. – Ela disse, se apoiando em meu peito para levantar. – Você fazia isso antes também.
– Sim, fazia. – Ela jogou os cabelos armados para trás e ajeitou o decote da blusa regata. – Você não conseguia dormir, lembra? E quando conseguia…
– Tinha pesadelos. – Ela disse e me sentei. – Sim, eu me lembro.
– Olhar você dormir era como se eu pudesse evitar que você dormisse mau. – Falei.
– Minhas melhores noites foram contigo, baby… – Ela riu sozinha. – Foram naquela época, agora é mais ainda. – Sorri, acariciando seu rosto.
– A gente conseguiu erguer o nível daquelas noites. – Ela riu fracamente, se inclinando para mim e nossos lábios se tocaram rapidamente.
– Quem diria, não? – Ri fracamente.
– Às vezes ainda parece mentira… – Falei e ela piscou, se levantando.
– Quase quatro meses e ainda estamos aqui. – Ela ajeitou sua blusa e puxou os shorts que se acumulavam nas coxas.
– Melhores quatro meses da minha vida. – Pisquei para ela, vendo-a abrir um largo sorriso.
– Eu vou me arrumar. – Assenti com a cabeça e ela girou o corpo, seguindo para o banheiro e ri fracamente.
Enquanto Harper se ajeitava no banheiro, aproveitei para me trocar, colocando uma bermuda de tactel, uma regata cortada, um boné e óculos escuros. Depois coloquei mais uma troca de roupa em uma mochila, além de toalha, nécessaire e algumas coisas que poderia precisar.
Harper saiu da mesma forma de antes e foi fazer a mesma coisa do que eu. Procurou um biquini em sua mala e observei-a se despir do pijama e colocar o biquini roxo. Meus olhos foram para seus seios e ela ajeitou o tecido que os cobriu e ergueu seu rosto para mim.
– Espionando? – Ela perguntou e ri fracamente.
– Agora eu posso espiar sem ficar com cara de tarado! – Ela gargalhou alto e passou os braços em meus ombros e desci as mãos para sua bunda.
– Você me espiava muito, baby. – Ela disse rindo.
– Tenho que admitir que piorou no começo do ano. Fiquei solteiro, né?! – Dei de ombros, ouvindo-a rir. – E você tem um corpo, Harper… Uh! – Ela riu e dei um beijo em seu pescoço, sentindo o cheiro do tradicional perfume de baunilha.
– O pior é que você sempre vai ter esse sorriso tarado, baby. – Ela disse rindo e subi meu rosto para o dela. – Mas eu amo quando você me olha assim. – Sorri e pressionei nossos lábios.
– Baby… – Ela riu fracamente, tirando o boné de meus cabelos e virou-o para trás. – Ok, agora sim…
Ri fracamente antes de colar nossos lábios novamente e sua mão subiu para minha nuca. Minha língua encontrou a dela rapidamente e apertei sua bunda, sentindo minha mão adentrar na sua calcinha e ela mordiscou meu lábio inferior, rindo fracamente.
– Desacelera, baby… – Ela se afastou e ri fracamente, vendo-a seguir até sua mala e sorri.
Ela jogou um vestido em cima do biquini, colocou uma sandália baixa, os óculos na cabeça e pegou uma mochila dentro de uma de suas malas antes de ajeitá-la da mesma forma do que eu, com coisas que poderiam ser úteis para o dia de hoje. Eu não tinha muita ideia do que fazer hoje, mas a única certeza é de que dormiríamos lá hoje e eu arranjaria comida no Yacht Club. Enquanto ela se ajeitava, dei um jeito na cama.
– Estou pronta. – Ela disse, colocando um boné preto na cabeça.
– Vamos… Vamos dar uma volta! – Estiquei minha mão para ela que segurou-a e entrelacei nossos dedos, andando para fora do quarto. – Quer levar algo para comer?
– Hum… Melhor parar em uma padaria, não?
– Boa ideia! – Sorri e fui até o chaveiro na parede e vi a chave de Vespa e da McLaren e dei um sorriso comigo mesmo, pegando a chave do carro. – Vamos!
– Vamos! – Ela abriu a porta e segui logo atrás dela, vendo-a ir até o elevador.
Tranquei a porta e logo abracei-a pela cintura enquanto esperava o elevador. Coloquei os óculos escuros e entrei no elevador quando ele chegou. Acabou parando em um andar, entrando uma mãe com filho, mas logo estávamos andando pela garagem.
– Tenho uma surpresa para você. – Falei para Harper.
– Ai, qual a da vez?! – Ela falou resmungona.
– Quando você vai parar de ver surpresas como algo ruim? – Perguntei, ouvindo-a rir.
– Desculpe, baby, é só força do hábito! – Ela ergueu a mão livre em defesa e desativei o alarme da McLaren, ouvindo-o à distância. – Nã-ã-ão! – Ela disse alongado. – Vamos dar uma volta de McLaren?
– Acho que você está merecendo! – Falei, ouvindo-a rir.
– Baby! – Ela disse animada, se virando para mim. – Não vai dar problema para mim?
– Só vamos até o Yatch Club. Está tudo bem. – Falei rindo.
– Ah, já falei que te amo? – Ela me apertou pelos ombros e ri fracamente.
– Hoje não. – Falei e ela sorriu.
– Eu te amo! – Ela fez um biquinho e nossos lábios se tocaram rapidamente. – Ah, vamos! Vamos! – Ela disse animada e ri fracamente, abrindo a porta para ela. – Ai, ela é linda!
Sorri com sua animação, vendo-a colocar o cinto e entrei no carro. Deixei minha mochila no banco de trás junto da de Harper e liguei o carro, ouvindo-a rir com o motor. Virei meu rosto, sorrindo para ela e apertei minha mão em sua perna.
– Safado! – Ela disse, me fazendo rir. – Quanto tempo esperou fazer isso?
– Depois de L.A.? Isso é bônus! – Rimos juntos.
– Se Tia Grace souber que o filho dela é assim…
– Ah, ela sabe! – Segui com o carro pelo estacionamento. – E você sempre soube também, só nunca sentiu na pele.
– Já estou acostumada com esse seu jeito, mas eu estava do outro lado. – Ela se virou para mim e acariciei sua perna, saindo do prédio. – Vamos ver agora…
– Não vai mudar nada. – Falei. – Vai ser melhor, na verdade! Não preciso ficar só nas brincadeiras… – Gargalhei e ela deu um riso fraco.
– Sempre me perguntei onde me enfiei, mas agora que eu preciso me fazer essa pergunta. – Ri fracamente.
– Vamos descobrir juntos, baby. – Falei e ela sorriu para mim.
– É… Vamos lá! – Ela sorriu e segui pelas ruas de Mônaco, fazendo o caminho mais longo para ela aproveitar o passeio.
Harper
– Ok, eu preciso admitir… – Danny virou para mim. – Eu senti falta disso. – Ele riu fracamente.
– Vem! – Ele esticou a mão para mim e estiquei a perna para entrar na parte de trás do iate e ele escolheu as chaves para abrir a parte interna e deu espaço para eu ir primeiro.
– Ah, parece uma eternidade. – Deixei minha mochila na cama, me sentando na beirada da mesma logo em seguida.
– Ah, nem tanto. – Ele disse, jogando a bolsa um pouco mais para o meio e parou em minha frente. – Mas é muito melhor quando está só nós dois. – Sorri, puxando-o pelo cós da bermuda.
– Não posso negar isso. – Sussurrei e ele riu, colando nossos lábios em seguida. – Eu te amo.
– Eu também, baby. – Ele apoiou as mãos ao lado de meu corpo, mordiscando minha bochecha em seguida. – Você quer aproveitar um pouco do sol?
– Quanto eu posso aproveitar? – Perguntei, inclinando meu corpo para trás.
– Como assim? – Ele se levantou, tirando a blusa.
– Eu, você, em um iate, em Mônaco. Quais as chances de ter fotógrafos aqui em volta? – Observei seu abdome, mordiscando meu lábio inferior.
– Bem poucas. – Ele falou rapidamente. – Estamos em intervalo de corrida, na teoria eu não deveria estar aqui… – Rimos juntos. – Mas não é cem por cento garantido. Por quê?
– Quero saber se posso tomar sol contigo sem ter ninguém enchendo o saco. – Ele riu fracamente.
– Sem ser capa de várias revistas? – Ri fracamente.
– Como se você tivesse com essa moral toda. – Ele fez careta. – Só de alguns sites de fofoca.
– Pode rolar…
– E se dona Grace vir? – Ele ponderou com a cabeça.
– Eu tento me comportar. – Neguei com a cabeça, sentindo o iate começar a se movimentar por causa do piloto do clube.
– Até parece que eu acredito em você. – Me levantei, vendo-o dar seu sorriso sacana e puxei meu vestido para cima.
– Com esse corpinho? Difícil! – Ele disse, me fazendo rir e inclinei para trazer minha bolsa para perto.
– Como se já não estivesse acostumado. – Abri a mochila, pegando o protetor solar.
– Quem estava mordendo os lábios quando eu tirei a blusa foi você. – Virei para ele rindo.
– Ok, culpada! Mas tenho que aproveitar. – Dei de ombros, ouvindo-o rir. – Você é gato, gostoso e meu… – Ergui as mãos e ele me segurou pela cintura.
– Você é gata, gostosa e minha! – Ele disse do mesmo jeito, me fazendo rir.
– Um dia eu chego nessa barriga zero aí! – Ele pressionou os lábios em meu pescoço e inclinei o pescoço para trás, rindo em cócegas.
– Não faço questão. – Sua voz saiu abafada e sorri.
– Foca, Daniel! – Ergui seu rosto, vendo-o sorrir e deixei um curto selinho entre seus lábios. – Toma! Passa em mim. – Lhe estiquei o protetor solar.
– Com maior prazer. – Ele pegou o tubo e virei de costas para ele, fazendo um rabo de cavalo com meus cabelos e transformando em um coque, prendendo com o próprio comprimento do cabelo.
Logo senti as mãos de Danny em minhas costas, me fazendo mordiscar os lábios com o produto gelado e as mãos quentes dele. Ele passou na parte de cima, depois nos ombros e um pouco nos braços. Depois ele passou a linha do fecho do biquini e foi para minha lombar. Senti que suas mãos foram mais devagar, fazendo uma leve massagem no lugar e fechei os olhos por alguns segundos.
Seus dedos desceram para minha bunda, adentrando a parte de baixo e mordisquei o lábio inferior. Peguei o tubo quando ele o jogou de volta na cama e comecei a passar em meu peito, barriga e braços enquanto ele continuava distraído com algo em minhas costas.
– Baby? Está bom, não acha?
– Ah, se você acha… – Virei o corpo, ficando de frente para ele.
– O que estava olhando? – Perguntei rindo.
– Você tem uma cicatriz na base das suas costas. – Ele disse. – Acho que nunca tinha percebido.
– Ah, eu tive algumas quedas na época que eu joguei cricket, algumas boladas… – Disse. – Deve ser de algo dessa época.
– É sexy. – Ri fracamente.
– Tonto! Agora vira, não quero você igual um camarão em Singapura! – Falei e ele se virou de costas para mim e coloquei um pouco de protetor nas mãos antes de distribuir pelas costas de Daniel.
– Uh, gelado! – Ri fracamente.
– Aposto que a água vai estar nesse nível para pior. – Ele riu fracamente e comecei a deslizar o produto pelo seu corpo.
– A gente não precisa entrar. – Ele disse. – Podemos curtir lá fora. – Sorri.
– O que quiser, baby… – Falei, passando o produto em sua nuca. – Só de tirar a cabeça de cheiro de pneu, ruído de motor e muitas pessoas em volta, já me relaxa.
– Com saudades de casa? – Ele perguntou.
– Não naquela correria que foi. – Falei, colocando um pouco do produto para distribuir em seus ombros. – Saudade das nossas férias fazendo nada e tudo ao mesmo tempo. – Sorri.
– Só mais dois meses e meio, baby. E depois teremos as melhores férias da nossa vida. – Ri fracamente, deslizando a mão pelas suas costas novamente.
– Por que “nossas melhores férias”? – Perguntei rindo.
– Você, eu, minha cama… – Sorri.
– E sua família, e Isaac, e Michelle me enchendo de perguntas sobre nós…
– Ok, então, vamos mudar. Você, eu, sua cama… – Ri fracamente, passando o produto em sua lombar.
– Sua mãe tem a chave do apartamento.
– Ah, caralho! – Ri fracamente, esticando o tubo para ele que o pegou antes de se virar.
– Estamos desde março nos escondendo sozinhos nos lugares e você quer mais? – Apoiei as mãos em seus ombros.
– Sempre vou querer mais contigo, baby. – Assenti com a cabeça.
– Vai ter que aprender a me dividir. – Falei.
– Não sei te dividir há 24 anos, acha que vai mudar agora? – Ri fracamente.
– É claro que não. – Dei um beijo em sua bochecha. – Termina de passar aí, vou fazer o mesmo.
– Se quiser continuar passando…
– Daniel! – Falei rindo, me afastando.
Ele fez uma careta e coloquei mais protetor nas mãos para passar nas pernas e depois peguei o protetor de rosto. Deixei algumas pintas no rosto antes de passar e vi Daniel deixando sua barriga branca pelo produto antes de também pegar o protetor de rosto. Tirei minha toalha e a canga da bolsa e enrolei-as em meus braços, esperando terminar.
– Vamos? – Perguntei a ele, ouvindo-o rir.
– Você não quis terminar o trabalho… – Ele deu de ombros, também pegando uma toalha dentro de sua mochila.
– Às vezes esqueço que lido com uma criança. – Ele riu, passando o braço em meus ombros.
– É por isso que damos muito certo! – Ele disse e sorri. – Vamos, logo é hora do almoço e a gente entra. – Ele me puxou e seguimos pela escada da frente.
Ele me empurrou pela cintura para eu ir na frente e subi na proa do iate, pisando com cuidado até estar em cima e senti um vento leve bater, além do sol quente. Estiquei minha canga no local, depois a toalha por cima e me sentei na mesma. Abaixei os óculos de sol de volta para o rosto e inclinei até apoiar os braços no mesmo.
– É… Vai ser difícil. – Danny disse, se sentando ao meu lado e virei o rosto para ele.
– O quê? – Perguntei, vendo-o se deitar da mesma forma do que eu.
– Manter minhas mãos longe de você. – Ri fracamente, jogando o rosto para trás.
– Tonto! – Ri fracamente e senti sua mão em minha cintura, se aproximando.
– Acho que eu aceito passar pelo sermão dos meus pais se sair alguma foto. – Ele disse, se inclinando sobre meu corpo e relaxei os braços.
– Ah, você aceita?
– Claro! – Ele disse rindo. – Ou eles vão me dar sermão por estar pegando você, ou porque eu abandonei você para pegar uma estranha. – Gargalhei alto, erguendo minha mão para seu rosto.
– Por quê? Será que eles realmente acham que é muito irreal ficarmos juntos? – Acariciei seu rosto, tirando alguns pontos ainda brancos de seu rosto.
– Eu achava, baby. – Ele disse. – E acho que eles pensavam que um dia ia acontecer também. Mas até nossos 13 anos, depois acho que eles desistiram. – Suspirei.
– Espero que sua mãe não tenha um ataque cardíaco. – Falei e ele riu.
– Pior que nem tem como preparar ela para isso. Vai ter que ser na surpresa. – Ele disse.
– Deus nos ajude. – Falei e ele riu.
– Ele nos ajuda depois, vamos nos divertir. – Ele fez um bico em seus lábios e ri fracamente, inclinando meu rosto mais para perto do seu e nossos lábios se tocaram levemente. Minha mão acariciou seu rosto e ele manteve a mão em minha barriga, fazendo um carinho de leve.
Daniel
– Ah, merda! – Reclamei, apertando as mãos no lençol.
– Relaxa, baby! – Senti o gelado em minhas costas e as mãos de Harper deslizando devagar pelo local.
– Tá doendo para caralho! – Fechei os olhos, apertando o rosto no travesseiro.
– Eu falei para repassar o protetor, baby… – Ela falou em um gemido e senti suas mãos mais para baixo em minha lombar.
– Eu estava ocupado. – Falei rindo.
– É… Me beijando! – Ela disse rindo. – Agora eu estou bem e você está parecendo um camarão.
– São só as costas… – Suspirei e senti mais um pouco do creme gelado em minha pele. – Ah!
– Só mais um pouco, vai melhorar. – Ela disse baixo, passando o produto perto de meus braços. – Ergue um pouco, baby. – Fiz o que ela pediu, sentindo o corpo duro e ela passou um pouco na dobra do braço, me fazendo suspirar.
– Ah, baby! – Reclamei, sentindo arder.
– Acabou, acabou! – Ela disse e a senti se levantar das minhas pernas. – Pronto, baby! Pronto. – Ela se abaixou na minha frente, ao lado da cama. – Tente descansar um pouco, ok?! Eu vou tomar um banho.
– Essa não era minha ideia para o fim do dia… – Gemi e ela acariciou meus cabelos.
– A gente aproveitou bastante, baby. E podemos aproveitar mais de outro jeito. – Fechei os olhos com suas carícias. – Mas tenta descansar, você tem que ficar bom até a próxima terça-feira. – Ela disse antes de se levantar e suspirei, fechando os olhos.
A ouvi andar pelo quarto antes de ouvir o barulho do chuveiro e virei o rosto no quarto, vendo uma fresta da porta aberta e bufei por não conseguir vê-la. Afundei o rosto no travesseiro novamente e esperei até o barulho cessar para abrir os olhos novamente.
Harper saiu do banheiro enrolada na toalha e seu olhar veio para mim. Dei um sorriso, ouvindo-a rir e ela desviou para o outro lado, me deixando sorrindo sozinho. Virei a cabeça para o outro lado, sentindo-o pescoço começar a doer e ouvi mais alguns barulhos pelo quarto, depois algumas gavetas e armários abrindo e fechando.
– O que está fazendo? – Perguntei.
– Pegando algo para você comer. Ficou algumas coisas de Mônaco aqui. – Ela disse e não demorou para eu sentir cheiro de café e algo amanteigado.
– Baby? – Perguntei.
– Calma! – Ela disse rindo. – Não consigo me concentrar assim!
– Até parece que está fazendo algo grandioso.
– Grandioso não, mas algo gostoso para você! Fica quieto! – Ri fracamente, virando o corpo para outro lado, tentando manter a calma.
– Isso já não secou, não?
– Não sei, fica quieto! – Ela disse firme e ri fracamente.
Demorou alguns minutos para o barulho parar e senti a cama afundar ao meu lado e ela apoiou uma bandeja antes de se afastar. Ela voltou novamente com duas canecas e as apoiou na bandeja antes de se sentar ao meu lado.
– O que você fez aí?
– Capuccino e pão de frigideira. – Ela disse e senti sua mão em minhas costas novamente. – Ainda está um pouco úmido, mas você pode sentar devagar, se não doer.
– Ah, eu não aguento ficar assim… – Apoiei as mãos na cama, me sentando devagar. – Ai, ai! – Reclamei da dor e Harper riu.
– Cuidado com as coisas. – Ela disse e suspirei, virei para ela, vendo-a com o pijama de regata e shorts.
– Ah, eu estou com fome. – Suspirei, pegando metade do pão e ela levou a mão em meu pescoço. – O quê?
– Estou vendo se não está quente. – Ela disse.
– Eu sou quente! – Ela revirou os olhos.
– Dá para parar de fazer gracinhas?! Isso é sério, baby! – Ela subiu a mão para minha testa.
– É só uma queimadura, baby. Não é a primeira e nem a última. – Falei rindo e ela negou com a cabeça.
– Não, mas precisamos ir embora na terça e imagina você dentro do carro com essas costas assim? – Ela disse e mordisquei o lanche.
– Não vai ficar ruim até sexta-feira que vem, baby. – Falei.
– Mas você tem trabalho no simulador ainda…
– Harp! Eu vou ficar bem! – Falei e ela suspirou. – Além do mais, não me arrependo de nada. – Dei um sorriso e ela pressionou os lábios. – Dar uns amassos na minha melhor amiga em um iate? Ah, cara! É um daqueles sonhos que eu nem sabia que tinha! – Ela riu fracamente.
– Você é um completo idiota, Daniel. – Ri fracamente. – Mas esse é só um dos motivos de eu amar você. – Sorri.
– Só um? E quais os outros? – Ri fracamente.
– Você faz eu enfrentar meus medos… Me protege de todos os perigos, mesmo que sejam pequenos. Nunca me abandona. Sempre vem atrás de mim. E faz com que eu sinta a pessoa mais incrível do mundo, mesmo quando eu não sou. – Sorri, segurando suas mãos. – Eu já amava tudo isso em você, Danny. Me apaixonar por você foi só consequência… – Ela deu de ombros rindo. – Agora eu valorizo tudo isso, e eu estou amando cada segundo disso.
– Sabe… Eu tenho planos… – Falei, vendo-a franzir a testa e ri fracamente. – Eu vou continuar fazendo tudo isso até… Acho que chegamos aos cem anos, não? – Ela riu fracamente.
– Espero que sim! – Sorri.
– Então, é! Eu vou continuar fazendo tudo isso até nossos cem anos. – Ela sorriu. – Depois eu te abandono e arranjo uma novinha, mas… – Ela gargalhou alto, me empurrando de leve.
– Se quiser transar com uma novinha, vai ter que se manter no pique comigo até os cem anos. – Ela se ajoelhou, passando as pernas ao redor das minhas.
– Ah, isso é um desafio? – Ergui meu rosto, vendo-a sorrir.
– É… – Ela disse sorrindo.
– Desafio aceito, baby! – Ela sorriu e apertei sua bunda. – Mas eu vou aproveitar essa novinha até ela fazer aniversário. – Ela riu fracamente e senti ela apoiar as mãos em minha nuca.
– Está ardendo aqui? – Ponderei com a cabeça.
– Eu sobrevivo. – Falei e ela inclinou seu rosto para perto do meu, colando nossos lábios levemente por alguns segundos.
– Eu te amo, seu idiota. – Ela disse sorrindo. – Eu também te amo, Wandinha! – Ela riu fracamente e nossos lábios se tocaram novamente.
Capítulo 33
Perth, Austrália, 2010
– Eu vou matá-lo! – Grace disse.
– Eu falei que eles não deveriam fazer isso. – Harper disse, mordiscando mais um pedaço da torta.
– Por que ele não é um pouco mais medroso igual você, hein?! – Grace falou e a menina riu fracamente, pressionando os lábios.
– Ele até é, mas ele tem coragem de tentar… Eu não. – Harper disse, girando no banco alto antes de pular do mesmo e seguir até a sala de jantar, onde seus materiais estavam acumulados.
Grace suspirou, negando com a cabeça e batucou os dedos na mesa. Ela passou os olhos pela casa, vendo a bagunça de Daniel por causa das férias de meio de ano e suspirou. Quem diria que continuaria com dois filhos quando Michelle se casasse, mas a nova filha era a mais organizada que os outros dois sempre foram.
– E como foi? – Grace perguntou quando viu Danny sair de seu quarto, a mão direita enfaixada pelo acidente de moto de mais cedo.
– Ele me chamou de idiota. – Ele disse, pressionando os braços.
– E você é! – Harper disse sem desviar os olhos dos materiais.
– Você ainda vai continuar no programa? – Grace perguntou.
– Sim, eu vou, mas não vou conseguir fazer os testes em Jerez*. – Ele disse, se sentando no banco onde antes Harper estava.
– Eu ainda não me conformo que você fez isso! – Grace disse.
– Foi um acidente, mãe!
– Você está há um passo da Fórmula Um, filho. O senhor Marko está confiando em você!
– Eu sei, mãe! Mas foi um acidente! – Daniel falou mais irritado. – Mais uns 15 dias e eu fico cem por cento.
– E em mais 14 acabam os testes. Depois só ano que vem. – Ela disse.
– Desculpe, mãe. Eu vou aprender com meus erros. – Ele disse, sabendo que não estava com razão, mas não queria ouvir mais essa agora. Sabia tudo o que estava perdendo com esse machucado.
– E onde estão os meninos? Fugiram depois do que houve?
– Você começou a gritar com todo mundo, eles foram embora! – Danny disse e Harper olhou levemente assustada para o menino.
– Eu não gritei com todo mundo, eu gritei contigo! Nós tentamos te ajudar! – Ela disse irritada, batendo a mão na bancada. – Ligue para eles agora e peça desculpas pelo erro que você cometeu!
– Eu ligo para eles mais tarde, eles devem estar indo para casa ainda. – Ele falou, abanando a mão.
– Ah, droga. – A menina suspirou e Daniel e Grace viraram para ele. – Droga! Droga! – Ela se levantou apressada, correndo para seu quarto.
– Ei, Harp! O que aconteceu? – Danny perguntou.
– Querida? Está tudo bem? – Grace falou mais alto enquanto Harper abria seu notebook com força e batucava a mão com pressa na mesa. – Será que aconteceu algo? – Grace perguntou.
– Harp! – Danny falou mais alto, se levantando da bancada e seguiu até o quarto da menina e Grace foi logo atrás dela. – Harp! – Ele disse, entrando no quarto com decoração quase inexistente da menina. – Harp!
– Oi! – Ela ergueu o rosto para o amigo.
– O que aconteceu? – Danny perguntou.
– Hoje é o prazo final para eu cancelar a formatura. É até a meia-noite, mas já são nove horas em Sydney, eu preciso mandar logo. – Ela disse, vendo o computador finalmente ligar e esperou os diversos programas de segundo plano abrirem.
– Cancelar? Por quê? – Grace perguntou, entrando no quarto.
– Hum… Eu decidi que não vou mais fazer a formatura. – Ela disse, dando de ombros e se sentou na mesa do computador.
– Por que não? – Ela perguntou, franzindo o rosto. – Achei que estava decidido já.
– Estava! – Harper disse, sentindo os lábios tremerem. – Antes de tudo o que aconteceu. – Ela abriu o navegador, digitando para entrar em seu e-mail.
– Mas é uma coisa boa, querida! Você lutou tanto para isso, passou por tanta coisa… Fazer uma festa é o mínimo para comemorar tudo. – Harper suspirou, assentindo com a cabeça.
– Eu sei. Eu sei de tudo. – Ela disse. – Eu só… – Harper suspirou. – Eu só não… – Ela pressionou os lábios, odiava falar desse assunto com Grace e Joe. – Eu não… Eu não posso fazer. – Ela deu de ombros.
– Ela está falando sobre dinheiro de novo, mãe! – Danny virou para ela.
– Daniel! – Harper a repreendeu.
– O quê? É a verdade! – Ele disse, abanando a mão.
– Ah, querida… – Grace desviou de Daniel, se sentando na cama da menina. – Vira para mim. – Ela pediu e a garota girou a cadeira de rodinhas até ficar em frente à matriarca dos Ricciardo. – Nós somos seus pais agora. Entendeu? – Ela segurou as mãos de Harper. – Não sei como a vida funciona, ou os motivos de ela fazer cada coisa… Mas aposto que Deus sabia que você ficaria sozinha, querida. Então Ele nos colocou em seu caminho… – As lágrimas já deslizavam pelos olhos de Harper. – E não estamos aqui só para limpar suas lágrimas ou experimentar de suas comidas deliciosas… – A menina deu um curto sorriso e Grace limpou suas lágrimas. – Estamos aqui para ser sua família. – Grace deu um curto sorriso. – E isso nos dá o dever de sermos responsáveis por tudo sobre você. E pagar sua formatura é só mais um desses deveres. – Harper assentiu com a cabeça. – Entendeu?
– Mas é muito caro… – A menina disse fracamente.
– Não se preocupe! Danny não vai fazer faculdade mesmo… – A menina riu junto de Danny e Grace a abraçou fortemente, sentindo a menina afundar o rosto em seu pescoço. – Estamos aqui para tudo, meu anjo. Tudo mesmo! Até o fim de nossas vidas. – Harper engoliu em seco com a possibilidade. – E nós sabemos o quanto você lutou para isso! E como você passou por todos os problemas para ainda ser a melhor da sua turma. – Harper pressionou seus lábios, olhando novamente para os olhos de Grace. – Então, vamos pagar o quanto for preciso para você subir naquele palco com o vestido mais lindo do mundo, pegar seu diploma e finalmente nos contar que emprego sensacional estão te oferecendo! – Harper deu um sorriso. – Você me entendeu?
– Uhum. – Harper disse com um curto sorriso nos lábios.
– Agora vem! Chega de chorar! – Grace disse e Harper a abraçou novamente.
– Eu só tenho que agradecer. – Ela disse fracamente. – Por tudo.
– Ah, para de ser tonta! – Danny disse antes de entrar no abraço, fazendo as duas rirem. – Minhas meninas!
– Depois eu que sou a tonta! – Harper disse rindo.
*Perto de entrar na Toro Rosso, Daniel teve um acidente de bicicleta e quebrou a mão, perdendo os testes de inverno. Ele contou em uma entrevista que Helmut Marko ligou para ele e o chamou de idiota.
Milton Keynes, Inglaterra, 2016
Harper
– Maria! – Falei animada, andando a passos rápidos para abraçar a mais baixa. – Que saudades de você!
– Ao menos alguém me recebe bem! – Rimos juntas.
– Você não tem noção como eu senti sua falta! – Daniel trocou de lugar comigo, apertando-a fortemente.
– É, fiquei sabendo que o Benji foi no meu lugar. Você deve ter adorado! – Ela disse rindo.
– É! – Danny revirou os olhos. – Para ajudar a Harper ficou caidinha nos olhos azuis dele.
– Eu não fiquei! – Apertei o braço de Danny. – Para! Ele é só bonito! Você é meu baby! – Ele passou o braço em meu ombro, me puxando para perto e deu um beijo em minha cabeça.
– Ia perguntar como está o feliz casal, mas acho que isso responde minha pergunta. – Ela disse rindo.
– Tudo perfeito. – Danny sorriu e entrelacei meus dedos nos dele.
– Venham comigo! – Ela disse e a seguimos para dentro do prédio da Red Bull. – Sabe, eu falei com o Nigel! – Ela disse e franzi a testa. – Vocês têm que dar graças a Deus pela garagem não ter câmeras de segurança. – Arregalei os olhos.
– Nã-a-a-o! – Minha voz saiu mais longa.
– Olha, não vejo problema nenhum com vocês estarem aberto com o relacionamento de vocês… – Daniel riu ao meu lado. – Mas transar na garagem? – Daniel gargalhou em meu ouvido. – É arriscado demais… – Senti meu rosto esquentar. – Além de que poderiam ter danificado o carro.
– Eu disse para ela, mas ela que começou a arrancar minha roupa…
– Daniel! – Empurrei-o para longe de mim, ouvindo-o rir.
– Somos jovens e temos hormônios, Maria! Acontece! – Ele disse e revirei os olhos.
– É melhor se não acontecer no meio do paddock! – Ela disse e fomos caminhando pelos corredores da Red Bull e Daniel acenava para os funcionários trabalhando nas salas.
– Culpa da Harper! – Ele disse e empurrei-o pelo ombro, ouvindo-o rir.
– Agora entendo por que Harper te chama de tonto. – Ela disse e sorri.
– Não que seja novidade! – Falei rindo, vendo Danny correr de volta até nós.
– Então, o que eu vou fazer hoje? – Ele perguntou.
– Vamos gravar a mensagem de Natal, depois fazer alguns desafios. – Ela disse, empurrando a porta do museu da Red Bull e segurei-a quando ela passou.
– Ainda estamos em setembro! – Falei.
– É sempre assim. – Danny disse. – Então, o que eu faço?
– Não pergunte. – Uma quarta voz foi ouvida e virei para o lado, ouvindo a gargalhada de Daniel antes de meus olhos se arregalarem. – Não faça isso.
– Isso é… – Coloquei as mãos na boca, tentando segurar a risada.
– UM ELFO! – Daniel gargalhou com a fantasia que Max usava.
– Não fique muito empolgado, você vai ver Papai Noel! – Gargalhei alto, perdendo as forças das pernas.
– O quê?
– A-A-A-AH! HÁ! HÁ! HÁ! – Apoiei uma mão no ombro de Daniel, puxando a respiração fortemente.
– Não que você não esteja acostumado a fazer bagunça, Daniel. – Outra voz foi ouvida e vi um homem de meia idade se aproximar.
– Ei, Barry! Como está? – Danny o cumprimentou e passei as mãos nos olhos para secar as lágrimas.
– Tudo certo e contigo?
– Tudo bem! – Danny disse rindo. – Essa é Harper.
– Ah, a famosa Harper! – Ele disse e trocamos um aperto de mão. – Prazer em te conhecer! Eu sou chefe da área de criação de marketing. – Ele disse.
– O prazer é meu. – Sorri.
– Além de vocês gravarem a mensagem de Natal da empresa, vamos fazer alguns desafios de um vírgula 92 segundos. Em homenagem ao nosso histórico pit stop. – Ele disse e franzi a testa.
– E que tipo de desafio vocês vão fazer em menos de dois segundos? – Perguntei confusa.
– O tipo de desafio que o Daniel vai adorar fazer e eu vou odiar. – Max disse e ri fracamente.
– Você poderia sorrir mais, faz bem para você! – Falei e ele revirou os olhos.
– Aqui é oito ou 80. Cara de sequestrador ou de assassino! – Daniel disse.
– Daniel! – Max correu atrás dele e começamos a rir com o elfo correndo atrás de Daniel por entre os diversos carros antigos ali.
– CUIDADO COM OS CARROS! – Foi a vez de Maria gritar, me fazendo rir.
– Bem, eu vou preparar as coisas, quando eles acabarem, peça para o Daniel vestir isso, por favor. – Barry esticou uma roupa de Papei Noel, me fazendo rir.
– Eu que não vou fazer isso. – Henrique, assessor que cuidava de Max, apareceu e ri fracamente.
– Bem… Eu não sei vocês, mas ver o Daniel sendo um completo idiota é o meu passatempo favorito, então, se não se importem, eu vou pegar um café, encontrar um lugar para sentar e assistir. – Dei um sorriso, fazendo-os rirem.
– EU OUVI ISSO, HARPER! – Danny passou correndo por mim e Max foi logo atrás.
– Fique à vontade! – Barry disse e ri fracamente.
– Vem, Harper! Eu te levo até a cafeteria. – Henrique disse.
– Nem vem! Você fica de babá e eu levo ela à cafeteria! – Maria disse.
– Eu demorei 15 minutos para convencer o Max a vestir a roupa de elfo. O Christian que apareceu e o obrigou. – Henrique disse. – Você não vai nem precisar convencer o Daniel. Me ajuda nessa! – Eles falaram juntos e sabia que, apesar das infantilidades do Daniel e dom em sempre brincar com as coisas, era fácil para ele lidar com a imprensa. Agora Max…
– Ok, ok! – Maria disse. – Mas você vai me pagar um muffin!
– Combinado! – Ele disse, esticando a mão para ela e ri fracamente.
– Por que eu não pago um café e um muffin para cada um? E um sanduíche? Aposto que vamos ficar aqui por muito tempo. – Falei, vendo ambos virarem para mim.
– Combinado! – Eles disseram juntos e ri fracamente.
– Vamos, Henrique! Me ajude a trazer! – Falei.
– Combinado! – Ele disse e segui para fora, vendo as duas crianças correndo em volta de um carro e neguei com a cabeça.
Singapura
Daniel
– Baby? – Sussurrei perto do ouvido de Harper. – Ei, baby, vamos acordar. – Falei, acariciando seus cabelos e vi seus olhos abrirem devagar. – Ei! – Sorri para ela.
– E-e-ei. – Ela disse alongado, se espreguiçando e acariciei seu rosto. – A gente já chegou?
– Sim, a aeromoça pediu para ajeitar as poltronas. – Falei e ela esticou as mãos para cima.
– Ah, finalmente. – Ela disse, bocejando antes de ajeitar sua poltrona. – Eu dormi demais?
– O que acha? – Brinquei e ela riu fracamente, apoiando a cabeça em meu ombro e dei um beijo em sua cabeça.
– Ao menos foi divertido na Inglaterra. – Ela disse e ri fracamente.
– Ah, para você foi mesmo. – Falei e ela riu fracamente.
– Ah, baby, você e Max dividem um neurônio, só pode. – Ri fracamente, vendo-a com o olhar ainda sonolento. – Eu não sei qual desafio foi pior.
– Ou a roupa de Papai Noel. – Ri fracamente.
– Você é bom nessas coisas de marketing. – Ela ergueu o rosto para mim e sorrimos. – E o Max é péssimo, é até engraçado ver a Maria e o Henrique brigando por isso. – Ri fracamente, acariciando seu rosto.
– Eu amo ouvir sua risada. – Ela pressionou os lábios.
– De onde veio isso? – Ela perguntou e sorri.
– Enquanto você está falando, eu só estou pensando em você… Esses olhos… – Ela riu fracamente. – Essa boca… – Ela mordiscou os lábios. – Esses lábios pressionados… – Ela riu fracamente. – Eu te amo, baby.
– Eu te amo. – Ela sorriu e nossos lábios se tocaram rapidamente.
Ela se ajeitou quando o piloto anunciou o pouso, mas nossas mãos se mantiveram entrelaçadas. Harper ficou maravilhada pela vista de Singapura daqui de cima e isso me deixou feliz. Dentre nós dois, Harper sempre foi quem queria viajar e conhecer o mundo e, apesar de ela ter feito muito mais do que eu, era incrível trazê-la nos países que ela nunca tinha vindo.
Quando liberou a saída, fomos os primeiros a sair com Michael e o restante da equipe. Dessa vez todos estávamos juntos depois das gravações na Inglaterra. Fomos os primeiros a entrar na fila de imigração e nos separamos quando ela foi na minha frente.
Segui em outra cabine, estendendo meu passaporte e ele foi carimbado. Segui para o outro lado, vendo Michael em uma das cabines e vi Harper digitando algo no celular.
– Minha mãe? – Perguntei.
– Não… – Ela esticou o celular para mim.
“Estou no hotel, como faço?” – Vi o nome Déborah em cima e arregalei os olhos.
– Mentira! – Falei rindo.
– Xi! – Ela pediu, bloqueando o celular quando Michael apareceu ao nosso lado.
– Pronto? – Ele perguntou.
– Claro! Lesgo, baby! – Falei e virei o rosto, vendo o restante do pessoal se juntar à nossa volta.
– Por aqui! – Maria disse e seguimos com ela. – Não demore com os fãs!
– É! É! – Max falou abanando a mão e ri fracamente.
Harper deu um sorriso para mim e seguiu à minha frente. Quando saímos para fora do desembarque, estava caótico, vários fãs estavam acumulados e me lembrei como era caloroso vir para Singapura.
– DANIEL! DANIEL!
Me aproximei dos fãs, tirando algumas fotos e assinando vários pôsteres e papéis que eram colocados em minha frente, enquanto ouvia os gritos e algumas palavras de carinho em um inglês mais complicado de entender, mas logo senti os dois toques de Maria em minha lombar e era hora de ir embora.
– Obrigado! Obrigado! – Falei, devolvendo uma caneta e acenando para os fãs antes de seguir com Maria.
Seguimos com ela e o restante da equipe para fora do aeroporto e entrei em uma van, vendo Harper e Michael já lá dentro. Me sentei ao lado dela e ela continuava no celular com Déborah.
“Eu estou nervosa!” – Dizia a última mensagem dela.
“Relaxa, estamos chegando. Já fez check-in?” – Ela perguntou.
“Sim, eles me deram chave de uma suíte enorme, isso é normal?” – Harper riu fracamente.
“É sim, logo estamos aí”. – Harper bloqueou o celular e ergueu o rosto para mim.
– Vai dar ruim? – Perguntei baixo e ela riu fracamente.
– Espero que não. – Ela disse do mesmo jeito, apoiando a cabeça em meu ombro e entrelacei nossos dedos novamente.
Demorou um pouco mais para chegarmos ao hotel, a cidade estava um completo caos, além de ser circuito urbano e boa parte das ruas estarem fechadas para a corrida. Quando chegamos no hotel, tinha vários fãs acumulados na porta novamente e parei para falar com eles mais um pouco. Quando entrei, Harper já sorria com a chave em suas mãos.
– Vamos? – Perguntei rindo.
– Claro! – Ela sorriu para mim.
– Por que vocês não param de rir? – Michael perguntou e Harper riu fracamente.
– Ah, não queira saber. – Falei, abraçando-a pelos ombros.
– Ah! – Ele falou enojado e rimos juntos.
– Ah, Michael! Qual é! Se anima! – Ela disse rindo. – Estamos em Singapura! É incrível!
– Não é minha primeira vez! – Ele disse e apertei o botão do elevador.
– Vai saber quantas coisas incríveis podem acontecer aqui? – Ela disse e gargalhei alto.
– Cara, o que você deu para ela? – Ele perguntou para mim e Harper riu quando entrou no elevador.
– Isso é endorfina, Michael! Amor libera endorfina nas pessoas! – Ela sorriu, se apoiando de lado no elevador e esperei Maria entrar e apertar o botão. – Você saberia o que é isso se tivesse alguém…
– Cala a boca! – Ela disse, nos fazendo rir.
– Bom, você sabe o esquema, Daniel. – Maria disse. – O horário aqui é totalmente trocado, então tentem se manter acordado à noite e dormir de dia. – Harper fez uma careta. – Temos um evento da Tag Heur mais tarde. Vocês estão todos convidados.
– Até eu? – Harper sorriu e Maria riu fracamente.
– É, até você! Eu errei em te julgar naquela época, ok?! – Maria disse e o elevador se abriu, fazendo-a sair de costas.
– Bom saber! – Harper sorriu e rimos juntos.
– A suíte é de vocês hoje. Aproveitem e nos vemos amanhã! Mando os horários pelo WhatsApp! – Ela disse.
– Você é um anjo! – Falei e ela riu fracamente.
– É… É! – Ela abanou a mão. – Mas estarei na suíte ao lado. – Ela disse. – Boa noite.
– Boa noite, Maria! – Harper falou animada, se virando para mim.
– Vai! – Falei, indicando a porta e ela sorriu.
– Lesgo, baby! – Ela disse pressionando os lábios e ri quando ela foi saltitando até a porta.
– Ela fumou, real! – Michael disse e deixei-o ir atrás de mim enquanto Harper abria a porta e foi só ela sair da minha direção que eu vi Déborah se levantar.
– A-A-A-A-A-AH! – Harper gritou animada e as duas sumiram em um abraço apertado, me fazendo rir.
– A-A-A-A-A-AH!
– Mas que mer… – Michael disse e gargalhei alto. – Cara! – Ele se virou para mim. – Essa é…
– Uhum, é! – Falei, vendo como Déborah estava diferente desde a última vez que eu tinha visto-a. Os cabelos escuros e os óculos continuavam lá, mas tinha algo diferente nela.
– Você sabia! – Michael disse. – Co-como?
– Ideia da Harper. Ela achou que você precisava relaxar! – Falei, dando um tapinha em suas costas, vendo as duas amigas se separarem.
– Bom te ver, Déborah! – Falei e ela riu fracamente.
– Quem diria, hein, Danny? Piloto de Fórmula Um. De verdade! – Ela brincou e ri fracamente, abraçando-a fortemente.
– Para você ver! – Rimos juntos e trocamos dois rápidos beijos e seu olhar foi para Michael.
– Ei, Mike. – Ela disse e eu e Harper trocamos um sorriso.
– Oi, Debbie. – Ele disse se aproximando.
– Quanto tempo eu não te vejo. – Ela disse.
– Só alguns anos… – Ele suspirou e Harper apertou minha mão quando eles se abraçaram fortemente e vi o rosto de Michael afundar em seu pescoço, apertando as mãos fortemente.
– Vem… – Harper sussurrou para mim. – Deixa eles conversarem. – Ela disse e assenti com a cabeça, seguindo com ela pela suíte.
Harper
– Você vai ficar bem? – Ri fracamente.
– Eu vou! Não se preocupe! – Acariciei sua nuca. – Vamos dar uma volta, comer algo, a gente se encontra quando você sair do palco.
– Depois que ele sair do palco, vocês vão para o hotel! – Maria disse. – Está cheio demais para ficar por aqui. – Virei o rosto para Daniel novamente.
– Ok, nos encontramos aqui de volta. – Ri fracamente e ele sorriu.
– Vai se divertir um pouco. – Ele disse e nossos lábios se tocaram rapidamente. – Não muito… – Ri fracamente.
– Não se preocupe! – Rimos juntos. – Vai pagar seus micos, ok?! – Ele riu fracamente.
– Sempre! – Maria disse e ri antes de sentir os beijos de Danny em minha bochecha novamente.
– Danny! – Ele riu e empurrei-o pelo peito. – Vai!
– Isso, vamos! – Maria o puxou pela gola da blusa, me fazendo rir quando ele saiu. – MICHAEL!
– Estou indo! – Ele se levantou apressado do sofá, seguindo com os dois e ri fracamente, negando com a cabeça, ouvindo os gritos quando a porta se abriu e logo foram cessadas quando ela se fechou.
– Ah, cara! – Déborah disse rindo.
– O quê? – Perguntei.
– É muito estranho! – Ela disse rindo.
– O quê? – Perguntei.
– Você e Daniel! – Ela sorriu. – Digo… Vocês são perfeitos juntos, mas…
– Eu tive essa mesma reação no começo. – Falei rindo.
– Digo… – Ela riu. – Por ter conhecido vocês antes e esperado tanto por isso acontecer, mas não aconteceu… – Dei um sorriso. – Quando você me contou, eu achei que fosse mentira.
– Eu ainda não sei dizer como aconteceu, só… Aconteceu. – Dei de ombros. – Depois Barcelona, a gente foi se ajeitando aos poucos, nos beijamos no sábado em Mônaco, depois que ele conseguiu a pole… Ele me levou para o iate dele, era o pôr do sol, já sabíamos do sentimento do outro… E não paramos mais. – Ri fracamente.
– Ok! Ok! Espera aí! O primeiro beijo de vocês foi em Mônaco ao pôr do sol no iate dele? – Ri fracamente. – Meu primeiro beijo com o Michael foi dentro de um armário.
– Não se esqueça que meu primeiro beijo com o Daniel foi na mesma noite da sua com o Michael. – Rimos juntos.
– É, mas vocês não tiveram futuro, eu tive. – Sorri. – E aí?
– Nós transamos no dia seguinte… – Fiz uma careta.
– MENTIRA! – Ela gargalhou alto.
– E estamos assim… Sem nos desgrudar.
– Isso vocês já não faziam! – Ela disse rindo.
– Agora nós nos divertimos também. – Mordisquei meu lábio, ouvindo-a rir.
– Eu não acredito nisso! E aí? O que vai acontecer?
– Eu não sei, honestamente, mas já falamos sobre ficar juntos para o resto da vida e… – Ri fracamente. – E é isso ou nunca mais nos falar, né?! Com nosso histórico…
– É… É meio pesado. – Ela suspirou.
– E tem a família dele, né?! A gente tem a história inteira, especialmente depois que meus pais morreram que eles cuidaram de mim e…
– E como eles receberam isso? – Ri fracamente.
– Eles não sabem ainda. – Mordisquei meu lábio inferior.
– NÃO?! – Ri fracamente.
– A gente ia contar nas férias quando fomos para Perth, mas o medroso que dirige carros há mais de 350 quilômetros por hora ficou com medo e fugiu. – Ela riu fracamente. – A gente pretende contar quando eles vierem para a corrida da Malásia.
– Mas então é sério mesmo?! – Ela disse rindo.
– Espero que sim, eu nunca fiquei tão feliz na minha vida. – Falei rindo.
– Ah, amiga! – Ela me abraçou apertado e ri fracamente.
– Ele é exatamente como quando éramos só amigos, mas agora tem a parte gostosa, os beijos, as carícias, as provocações, o sexo… – Afastei meu rosto do dela. – Eu achei que ele fosse só narcisista, amiga! Mas ele é mu-u-u-uito bom! – Ela gargalhou.
– Você tirou a sorte grande, amiga! – Ela disse rindo. – Digo! Ele está muito mais bonito hoje em dia… – Rimos juntas. – Ele cuida de você como se fosse um gavião e ainda tudo é bom? É perfeito! – Sorri.
– Eu estou feliz, de verdade.
– E estou feliz por você! – Nos abraçamos de novo.
– Agora, falando em estar muito melhor hoje… – Segurei seus ombros. – O senhor Italiano ali também não está de se jogar fora… – Ela riu fracamente. – Vocês conversaram?
– Não muito, a tal da Maria entrou em seguida…
– Ela é a assessora do Danny na Red Bull, se acostume com ela! Mas ela é de boa. – Ela assentiu com a cabeça.
– Mas ele disse para sairmos para jantar ou algo assim. – Ela disse.
– Olha, não sei muito sobre os sentimentos dele, mas ele fica bem incomodado comigo e com o Daniel. – Falei rindo. – E a gente já comentou sobre você, que vocês terminaram meio estranhos… – Ela pressionou os lábios. – Ele ficou bem curioso, por isso te chamei aqui! – Apertei seus braços. – Talvez essa cidade, o clima de Fórmula Um, esse calor infernal… – Ela riu fracamente. – Talvez vocês precisem só de um empurrãozinho.
– Daniel já deu esse empurrãozinho ao enviar a passagem, amiga. Não sei o quanto vou poder agradecê-lo. – Ela disse.
– Então, se você ainda gosta do Michael, aproveite essa oportunidade. – Falei firme. – Aproveite como eu fiz! – Ela assentiu com a cabeça.
– Ele me chamou de Debbie. – Ela disse e ri fracamente.
– Sim! Ele só se refere a você assim. – Sorri.
– Ah, cara… Você e Danny, eu e Mike? – Rimos juntas.
– Nem o fim do mundo em 2012 previu isso. – Nossas risadas ficaram mais altas. – Vem! Vamos arranjar algo para comer.
Quinta-feira
Daniel
Movimentei meu corpo devagar, girando o corpo na cama e estiquei o braço em direção à Harper, ficando frustrado ao encontrar somente o macio do colchão. Entreabri os olhos devagar, encontrando a cortina entreaberta e o céu meio alaranjado. Deveria ser umas sete horas. Ao menos consegui dormir um pouco.
Afundei o rosto no travesseiro de Harper, sentindo seu perfume e suspirei. Virei o corpo para o lado, chutando os lençóis para fora e franzi a testa ao encontrar Harper encostada na porta fechada. Sorri com sua bunda empinada em minha direção, somente coberta pela calcinha e a camiseta grande que ela usava, que claramente era minha.
– Que bela vista… – Falei e ela virou o rosto para mim, rindo fracamente.
– Alguém acordou… – Ela veio em minha direção, ajoelhando na cama.
– Quando você acordou? – Perguntei e ela negou com a cabeça.
– Dormi pouco. Não estou conseguindo fazer essa troca de vocês… – Apoiei minha mão em sua perna e ela se inclinou em minha direção, colocando o cabelo atrás da orelha. – Você, pelo contrário, dormiu a tarde toda… – Ri fracamente, acariciando seu rosto.
– Costume?! – Brinquei e ela riu fracamente.
– Talvez… – Ela sorriu e nossos lábios se tocaram levemente. – Está com calor?
– Não… O ar está bom… – Ela sorriu, deslizando as mãos pelo meu peito. – Posso perguntar o que estava fazendo na porta? – Ela riu fracamente, apoiando a cabeça em meu peito.
– Mike e Debbie estão conversando. – Ela disse rindo e a acompanhei.
– Você sempre foi engenhosa, Harper Addams! – Ela riu fracamente.
– Perspicaz, meu querido Daniel! – Rimos juntos.
– Você ouviu algo? – Perguntei.
– Seus roncos não me deixaram ouvir muito. – Ela ergueu o rosto e entreabri os lábios surpreso.
– Eu não ronco! – Falei apressado.
– Você não ronca muito. – Ela disse rindo. – Você dá umas ressonadas, baby! – Me fingi de surpreso.
– Isso é um ultraje! – Ela negou com a cabeça.
– Não, baby! – Ela subiu uma mão para minha nuca. – Acredite em mim…
– Não! Você é uma mentirosa! – Ela riu fracamente, abaixando o rosto. – Minha mentirosa… – Suspirei, bocejando em seguida.
– Ainda cansado? – Ela perguntou.
– Mais preguiça, eu acho… – Falei e ela suspirou. – Por quê?
– Eu estou entediada. – Ri fracamente, acariciando seus cabelos.
– Você é uma pessoa que se entedia muito rápido, Harper. – Ela riu fracamente.
– Eu estou desempregada, não comi nada desde o almoço e minha outra diversão dormiu o dia inteiro… – Ela ergueu o rosto para mim.
– Sua outra diversão? – Perguntei e ela mordiscou o lábio inferior.
– Sim… Minha outra diversão. – Ela deslizou a mão pelo meu peito e contraí a barriga, suspirando.
– Ah, essa diversão… – Rimos juntos. – Pelo menos me esperou…
– Bem… A vista é ótima, mas achei melhor não me divertir sozinha.
– Ah, obrigado por pensar em mim! – Ela riu fracamente, apoiando a cabeça em meu peito de novo.
– Sempre, baby… – Ela suspirou, rindo fracamente.
– O quê? – Perguntei.
– Se lembra quando eu disse que você nunca seria protagonista na minha vida? – Ri fracamente, abrindo um sorriso.
– Aquela mentira deslavada que você contou? Uhum, lembro… – Ela ergueu o rosto, sorrindo para mim.
– Você é aquele personagem que ficou 24 temporadas só no carinho, só na amizade…
– Aí o autor fez um plot twist do caralho e me tornou principal! – Ela sorriu.
– Exato. – Ela me apertou. – Apesar de que você tinha razão… Você sempre foi protagonista na minha vida, baby… – Dei um beijo em sua cabeça.
– Você também, baby. Com três anos, 13, 26 e pelo resto da vida. – Ela suspirou.
– Pelo resto da vida. – Ela sussurrou e apertei-a fortemente. – Baby…
– Hum?
– Eu estou com fome! – Rimos juntos e ela ergueu o rosto.
– Por que não chamamos o casalzinho ali de fora e vamos dar uma volta? Podemos comer e nos divertir… Como os velhos tempos… – Ela riu fracamente.
– Só vai ter uma grande diferença nisso tudo. – Sorri.
– Nós! – Falei firme e ela sorriu.
– É… Nós… – Ela mordiscou o lábio inferior e colei nossos lábios.
– Vem… Preciso da Harper enxerida para interromper o casal. – Ela riu fracamente.
– Não, vamos deixar para o Daniel inconveniente! – Ela ergueu o corpo ao se sentar.
– Ok, vamos juntos! – Falei, ouvindo-a rir.
Harper
– Não, para de graça! Vem cá! – Chamei Danny.
– Não! Isso é estranho! – Ele disse rindo.
– É exatamente o schnitzel que você adora da Áustria, só que é carne de porco! – Segurei a tira de carne de porco frita entre os hashi e lhe estiquei.
– Não!
– Ah, Daniel! Para de ser fresco! – Michael e Déborah riram.
– Come, cara! É bom! – Michael disse rindo.
– Nós não vamos voltar lá na puta que pariu da fila para pegar comida de novo, Daniel. – O ameacei.
– Ah, tá bom! – Ele disse, se aproximando novamente e mordiscou um pedaço da carne.
– Agora saboreia! – Falei firme, vendo-o fazer careta. – Vai!
– Nada mudou! – Déborah disse rindo.
– Eu te falei! – Coloquei o restante de carne na boca, suspirando com o agridoce.
– Hum… – Danny falou. – Não é lá essas coisas, mas…
– Mais um para ele, por favor! – Falei para o atendente e ele riu do show de Daniel antes de preparar outro prato.
– Vai ficar 15 dólares e 10 centavos. – A mulher ao seu lado falou e Daniel pegou a carteira, entregando o dinheiro à mulher que devolveu algumas moedas.
– Obrigada! – Falei, nos colocando para o lado.
– Dá mais um pouco aqui, baby! – Danny disse, me fazendo gargalhar.
– Nem vem! Agora espere! – Me virei de costas para ele, colocando um pouco do arroz na boca.
– Qual é, baby! – Ele me abraçou pela cintura, me fazendo rir.
– Não, Daniel! – Desviei para outro lado, sentindo-o afundar o rosto em meu pescoço.
– Baby-y-y-y! – Ele gemeu e ri fracamente.
– Baby nada! – Virei o rosto, vendo seu sorriso e nossos lábios se tocaram levemente.
– Tá pronto! – A mulher falou.
– Vai! – Falei rindo e ele se virou para pegar seu prato igual ao meu.
– Você é muito fresco! – Michael disse de Daniel que pedia talheres para a senhora.
– Obrigada! – Falei para a atendente e o cozinheiro e nós quatro saímos pela feirinha.
– Cara, você precisa confiar nas escolhas da Harper! – Mike disse e Daniel fez uma careta.
– Cinco anos! Cinco anos e ele ainda duvida do que eu falo. – Empurrei Daniel pelo quadril, vendo-o fazer uma careta antes de colocar um grande pedaço de barriga de porco frita na boca.
– Não é culpa minha se a cara é estranha! – Ele disse, me fazendo rir.
– Até eu sei que dá para confiar nas escolhas da Harper, Daniel. – Déborah disse e sorri convencida.
– Obrigada, querida amiga! – Ela riu comigo e seguimos alguns passos pela feira, desviando das pessoas e comendo com a tigela próxima à boca.
Era uma típica feira com barracas de comida, brinquedos e várias pessoas e especialmente crianças correndo de um lado para o outro. A diferença é que o circuito estava totalmente iluminado à nossa volta.
– Por que não vamos na roda gigante? – Danny sugeriu. – Dá para comer sentado e aproveitar a vista.
– Eu topo! – Déborah foi a primeira a falar.
– Claro! – Michael disse e Daniel olhou para mim.
– Baby? – Ele virou para mim e assenti com a cabeça.
– Vamos lá! – Ela sorriu e apoiei uma mão em seu ombro, puxando-a em direção à roda gigante.
– Eba! Sem fila! – Ele disse animado, entrando nas baias de filas e fui logo atrás dele.
– Boa noite! – O organizador do brinquedo falou, nos deixando entrar e Danny indicou à frente para mim e fui a primeira a entrar em uma cabine, me ajeitando em um canto, tomando cuidado com meu jantar.
– Essa daqui tá cheia, gente! Nos vemos depois! – Danny disse ao entrar na cabine e até eu arregalei os olhos quando ele puxou a porta. Olhei a cara de desespero de Michael do lado de fora e só consegui colocar a mão na boca enquanto a cabine começou a andar.
– Daniel! – Falei rindo, dando um tapa em sua perna. – Não acredito que você fez isso.
– Não acredito que você não pensou nisso! – Rimos juntos.
– Não mesmo! – Falei rindo, vendo-o se ajeitar à minha frente.
– Eu sou um gênio, pode falar! – Neguei com a cabeça, rindo fracamente.
– Espero que seja mesmo! Porque o Michael vai te matar por isso. – Falei antes de colocar mais um pouco de comida na boca.
– Ah, ele só está precisando de um empurrão. – Ele abanou a mão.
– Quanto tempo demora essa volta? – Perguntei.
– Uns 15 minutos… – Ele disse. – Dá para eu aproveitar com a minha gata. – Ri fracamente.
– Será que ela inclina se eu sentar aí? – Perguntei.
– Acho que não. – Ele disse e me movimentei devagar para me colocar ao seu lado e esperei alguns segundos para a cabine se ajeitar.
– Agora sim. – Ele sorriu e deixei um beijo em sua bochecha.
– Meu gato. – Ele apoiou a mão em meu rosto, colando nossos lábios e um sorriso ficou preso entre eles. – Como sabe que a roda gigante demora 15 minutos? – Olhei para ele, ouvindo-o rir. – Não é sua primeira vez, né?!
– Eu já fui um jovem curioso, baby! – Neguei com a cabeça, mordiscando seu lábio inferior.
– Já falei que você não vale nada? – Ele riu fofo, acariciando minha bochecha.
– Ciúmes, baby? – Ele perguntou e lambi seus lábios antes de afastar o rosto.
– Tenho motivos para isso? – Ele sorriu, negando com a cabeça.
– Não mesmo! – Ele se inclinou em minha direção novamente, fazendo a cabine mexer.
– Daniel! – Apoiei a mão em seu peito, ouvindo-o rir. – A gente vai derrubar tudo aqui! – Ergui a mão com a tigela.
– Ok, ok, eu me comporto! Mas já pensou transar aqui? – Revirei os olhos.
– Daniel… Joseph… Ricciardo. – Falei pausadamente, olhando em seus olhos.
– Ah, vai! Seria interessante! – Ele disse rindo antes de colocar um pedaço de carne na boca. – Quem sabe ela não girava de verdade? Seria bem interessante! – Ele sorriu sugestivamente.
– Cala a boca e coma, Daniel! – Falei, ouvindo-o rir.
O resto do passeio foi prazeroso. A vista do circuito daqui de cima era perfeita! Na verdade, a cidade inteira era perfeita. Acho que era uma das novidades que eu mais tinha gostado. Depois de finalizar de comer, Danny me abraçou de lado e pudemos aproveitar o restante da volta com calma.
– Você tem um bom histórico aqui, não? – Perguntei.
– Sim! Segundo lugar ano passado e terceiro em 2014. – Ele disse.
– Quem sabe veremos o primeiro domingo? – Virei para ele, vendo-o sorrir.
– Tomara. – Nossos lábios se tocaram levemente.
– Vamos, pombinhos! O passeio acabou. – Ri fracamente quando o homem abriu a porta e peguei minha tigela e de Danny empilhadas antes de sair do mesmo.
– Pode me fazer um favor? – Danny disse tirando a carteira do bolso. – Mantém o casal da próxima cabine mais umas três voltas. – Ele lhe entregou alguns dólares. – Eles precisam se resolver. – O cara riu e eu também.
– Espero que eles não enjoem! – Ele brincou e sorri.
– Obrigado! – Danny disse seguindo comigo pelas escadas.
– Michael vai te matar! Com toda certeza. – Falei rindo.
– Ah, depende! Se ele sair com os lábios inchados, não! – Ri fracamente.
– Isso se ele não sair vomitando dali! O Michael é medroso! – Ele fez uma careta.
– Ah, a Déborah acalma ele! – Ele abanou a mão, me puxando pela mão e ri fracamente, deixando as tigelas no primeiro lixo que encontrei.
Daniel
– Ele vai te matar! – Ouvi sua risada.
– Não vai, não! – Abanei a mão, abraçando-a pela cintura, ouvindo-a rir.
– Daniel, quatro voltas naquilo? E ele sabe como voltar? – Ri contra seu pescoço, dando um beijo no local.
– Não é a primeira vez dele em Singapura, mas aposto que ele e a Déborah acham o caminho de volta. – Andei abraçado à ela quando o elevador se abriu e andamos pelo corredor.
– E se eles não se resolverem? – Ela perguntou e ri fracamente, seguindo colado nela.
– Michael é trouxa, mas a Déborah não! – Falei rindo, vendo-a colocar a chave no quarto.
– Espero que dê certo, ele está precisando relaxar. – Ela disse, abrindo a porta e andamos para dentro. – Ei, Maria! – Ela falou antes de eu perceber a presença da minha assessora na sala.
– Oi, pombinhos! – Ela disse e ri fracamente, soltando as mãos de Harper antes de fechar a porta. – Está faltando dois, não?
– Sim! – Harper disse rindo. – Daniel os prendeu na roda gigante.
– O quê? – Maria finalmente virou o rosto para nós.
– Ah, 15 minutos sozinhos em uma roda gigante pode fazê-los resolverem seus problemas. – Dei de ombros.
– Ou 60 minutos, né?! – Harper disse e ri fracamente.
– Você prendeu o Michael com sua amiga por uma hora na roda gigante? – Maria falou assustada e gargalhei alto.
– Ah, ele vai me agradecer depois. – Abanei a mão, apoiando as mãos no sofá. – E não vamos esquecer de que a ideia de trazer Déborah para cá foi da Harper.
– Bem… Estava pensando em algo mais romântico, não a chance de vomitar lá em cima! – Ela disse e sorri, vendo-a negar com a cabeça.
– Ah, não vai acontecer nada! – Abanei a mão.
– Bem, está quente para caramba e eu preciso de um banho. E como não podemos dormir ainda, eu vou aproveitar. – Harper disse passando a mão em seu pescoço.
– E eu vou contigo! – Falei, vendo-a bater no rosto em vergonha.
– Eu não preciso de detalhes. – Maria disse, me fazendo rir. – Mas antes… – Não tinha dado um passo quando ela falou. – Você tem um evento com a Fox Sports no dia 22, logo depois daqui. Você vai direto para lá antes de ir para Singapura.
– Ok, sabe o que é? – Perguntei.
– Algo sobre layouts de circuitos, palestra para especialistas e jovens, aquela babação de ovo que eu sei que você gosta. – Ela abanou a mão, mexendo no celular e ri fracamente.
– Ok… Harper e Michael podem ir ou sou só eu? – Perguntei.
– Espero que possa, porque é em casa. – Ela ergueu o olhar para mim e franzi a testa.
– Casa? – Perguntei.
– Perth! – Ela disse.
– Ah! – Harper disse em um suspiro. – Eu quero ir! – Ri fracamente, sentindo-a me apertar pelo braço.
– Dia 22! – Maria disse e abracei Harper pelo pescoço.
– Nós vamos. – Falei e ela sorriu.
– Eu vou para o quarto. – Ela disse e assenti com a cabeça.
– Boa noite, Maria! – Falei de forma cantada, ouvindo a assessora rir.
– Sem dormir tão cedo! Não começamos antes das duas amanhã. – Ela disse e ri fracamente, sentindo Harper abaixar meu braço e seguir pelo quarto.
– Vamos tentar! – Falei, olhando para Harper seguindo pelo quarto e ri fracamente.
– Rindo sozinho? – Maria perguntou e virei para ela.
– Eu sou sortudo para caralho! – Falei, vendo-a sorrir.
– É, Daniel. Você é! – Ri fracamente, seguindo pelo corredor até o quarto, vendo Harper já tirando a blusa quando entrei no quarto.
– Sabe que depois de um banho, eu vou capotar, não sabe? – Ela disse e fechei a porta, trancando-a em seguida.
– Eu posso tentar te manter acordada. – Puxei a blusa para cima.
– Sexo? Aí sim que eu desmaio! – Ela disse rindo e observei-a se livrar dos shorts e do sutiã, fazendo o suor brilhar sobre seu corpo.
– Podemos tentar, eu tenho umas piadas ótimas. – Ela riu negando com a cabeça.
– Essa é a última coisa que você não tem, baby. – Ela piscou para mim e seguiu para o banheiro.
Ri fracamente, me livrando do relógio, da bermuda e da boxer, e liguei o ar-condicionado antes de seguir com ela, vendo-a formar um coque com seus cabelos escuros enquanto ajeitava a temperatura da água. Suas mãos se movimentaram embaixo do jato de água e fechei a porta antes de entrar no box.
Harper deixou a água cair em seu peito, deslizando a mão pelo seu corpo, mantendo a cabeça para trás e suspirei. Tanto aconteceu em quatro meses que parecia muito mais. Observar esse corpo, essas mãos passando por ele, os lábios entreabertos ao dormir e os olhos calmos, fazia minha vida muito mais fácil.
– O que está pensando? – Ela falou e ri fracamente.
– Como sabe que eu estou pensando em algo? – Dei dois passos para frente, abraçando-a pela cintura.
– Porque você está quieto há mais de três minutos e não está dormindo. – Ri fracamente, sentindo os respingos de águas em mim.
– Só pensando o quanto te amo. – Vi seus lábios se dobrarem em um sorriso.
– Também te amo, baby. – Ela subiu uma mão para minha cabeça e virei o rosto, beijando seu braço.
– Nós vamos para Perth… – Ela riu fracamente.
– Eu sei o que está pensando… – Sua mão acariciou meus cabelos.
– E o que eu estou pensando? – Ri fracamente.
– Não vamos contar para seus pais agora! – Ela disse firme, me fazendo rir. – Não antes do meu aniversário, pelo menos.
– Ah, claro! O aniversário mais do que especial. – Desdenhei, vendo-a virar o rosto para mim.
– Não me teste, Daniel! – Ela disse.
– Ou o quê? – Brinquei, vendo-a rir e ela mordiscou o lábio inferior antes de responder.
– Posso fazer greve. – Ri fracamente.
– Não! Você não pode! Eu não deixo. – Ela virou o corpo para mim, passando os braços em meus ombros.
– Também não sei se aguentaria. – Ela deu um curto sorriso e sorri, subindo uma mão para seu rosto, tirando os cabelos da frente.
– Eu sei! Eu sou irresistível! – Falei, vendo-a revirar os olhos.
– Você é mais do que isso, baby. – Ela acariciou minha nuca, fazendo meu corpo arrepiar. – Porque não lidaria contigo só com o esse ego gigante aí! – Ri fracamente.
– Ah, eu sou mais, baby! Muito mais! – Brinquei e ela sorriu.
– Eu sei… – Nossos narizes roçaram devagar. – Sabe… Acho que posso ficar um pouco mais cansada hoje. – Ela disse, me fazendo rir fracamente.
– Ah é?! Bom saber! – Rimos juntos e pressionei meus lábios do dela, apertando as mãos em sua bunda.
Capítulo 34
Sydney, Austrália, 2011
– Gabriela Washington Jones! – O anfitrião falou alto no microfone, fazendo os convidados aplaudirem e a menina de cabelos cacheados passou pelo meio entre eles, fazendo alguns amigos gritarem mais efusivos. – Gerald Morgan Frey!
– Está chegando perto! – Joe disse, já entediado pelos nomes que eram chamados um por um.
– Já dá para vê-la! – Jason disse, aplaudindo automaticamente George sei lá das quantas.
– Ah, mal vejo a hora disso acabar! – Daniel disse aplaudindo-a devagar.
– Comporte-se, meu jovem! – Dona Valentina lhe deu um tapinha na perna, fazendo Grace rir.
– Desculpe, vó! Eu não a vejo há seis meses. – Ele disse para a avó de Harper.
– Ela já está ali, filho! – Grace disse e o menino virou o rosto apressado para a porta do grande teatro.
– Harper Elizabeth Addams! – O homem disse e Daniel gritou exageradamente.
– VAI, HARPER! – Os familiares de Daniel ficaram entre gritar com ele e aplaudir mais discretamente, mas não demorou para Jason e Michelle gritarem com eles.
– VAI, HARPER! – Eles gritaram e a menina do vestido vermelho deu um aceno discreto com a mão quando passou pela fileira onde estava os cinco Ricciardo e seus avôs paternos.
– Ela está linda, não está? – Grace disse orgulhosa, sentindo uma lágrima deslizar pelo seu rosto.
– Ela está. – Michelle disse sorrindo.
– Tia Helena sempre disse que ela ficava bem de vermelho… Ela tinha razão. – Daniel disse ao se lembrar da noite da formatura da escola onde a menina se recusou ao usar o vestido vermelho.
– Eles se orgulhariam tanto dela… – A voz de Grace ficou perdida no meio das lágrimas.
– Ah, Grace. – Dona Valentina virou o rosto para ela, apertando a mão da mais nova.
Daniel tentava falar algo, mas estava emotivo demais e não saberia falar nada sem começar a chorar desesperado também. Harper conseguiu! Depois de quatro anos de muito estudo e quase dois anos lutando contra seus demônios, ela está aqui! Largo sorriso no rosto, lindo vestido vermelho e o canudo preto, que mostrava a formação na maior escola de cozinha do mundo, para cima.
Grace, Joe, Valentina e Ernest também poderiam se orgulhar. A faculdade da menina não era barata e sabiam o quanto Alex e Helena estavam se apertando para conseguir cumprir o sonho dela. A empresa de Joe estava de vento em popa, mas ainda tinha alguns gastos com Daniel e com Michelle que ainda se ajeitava com Jason em Adelaide.
Uma filha a mais não fez diferença para eles, ao menos não nos gastos básicos da casa. Com Daniel e Michelle fora, Harper era sua principal preocupação, mas ela fazia questão de se manter o mais discreta possível quando estava na cidade. E agora com a formatura, ela finalmente começaria seu trabalho no tal trabalho misterioso, começaria a ganhar dinheiro e eles teriam menos um gasto.
– Com vocês, a turma 2011 da Le Cordon Bleu Austrália! – O diretor do curso anunciou, fazendo os alunos em cima do palco comemorarem com aplausos junto dos convidados. Depois de quase duas horas de coleção, finalmente acabou.
O estômago de Daniel já estava colado nas costas.
A bagunça no teatro ficou maior quando começaram a tirar fotos entre os alunos e os convidados querem se aproximar de seus filhos. Os Ricciardo até esperaram, mas Harper mal via a hora de se afastar das amigas e de seu ex, e correr em direção à eles. Ela não poderia ser estar mais feliz de tudo o que fizeram por ela.
Foi difícil encarar esse corredor sozinha com os pensamentos em seus pais, não acreditava que sua avó ainda tinha o antigo vestido vermelho que Helena tinha usado em seu noivado. Grace queria que ela comprasse algo novo, mas achou propício para a formatura. De certa forma, eles estavam com ela.
– HARP! – Daniel falou animado, se desviando das pessoas até sair no corredor.
– Danny! – A menina o abraçou pelos ombros e ele fechou as mãos em sua cintura. – Você está aqui!
– Você acha que eu não viria? – Ele disse perto de seu ouvido, erguendo-a um pouco do chão, fazendo ambos rirem. – Parabéns, Harp! Você merece e está linda demais!
– Obrigada! – Ela sorriu, se afastando dele e Mi tinha um largo sorriso para ela.
– A-A-A-AH! – Ela disse animada, abraçando a mais nova. – Parabéns! Parabéns! Parabéns!
– Obrigada-a-a-a-a! – Ela disse rindo.
– Arrasa, Harp! – Michelle diz, deixando o sorriso de Harper mais largo ainda quando ela foi para Grace.
– Ah, meu amor! – Grace a abraçou fortemente. – Parabéns, meu anjo! Você merece tudo de melhor nesse mundo! – Grace segurou seu rosto. – Helena e Alex estão muito orgulhosos de vocês. – Harper pressionou os lábios, assentindo com a cabeça. – Eles queriam muito estar aqui.
– Obrigada… – Harper disse em voz fraca. – Obrigada por tudo! – Harper disse fracamente.
– A gente te ama, meu amor! – Grace falou, fazendo-a sorrir.
– Venha, meu amor! Deixa de fazer a menina chorar! – Dona Valentina disse e Harper passou as mãos nos olhos antes de abraçar a vó paterna.
Como se achasse que Grace a fez chorar o suficiente, dona Valentina manteve o mesmo diálogo, senhor Ernest também, Jason e Joe, principalmente, fez com que as lágrimas da menina deslizassem copiosamente em sua bochecha e fizesse a maquiagem deslizar pela sua bochecha.
– Para! Para! – Daniel disse, abraçando Harper pelo pescoço. – Para de fazer minha amiga chorar. – Harper riu, apoiando a cabeça no ombro de Daniel.
– Eu estou bem. – Harper disse, mas aproveitou o abraço para passar os braços em volta da cintura de Daniel.
– Vamos comer, vai! – Daniel disse antes de dar um beijo na testa de Harper. – Acho que vocês deveriam ser obrigados a cozinhar para gente! – Harper riu.
– Ela que não quis pagar o jantar também. – Grace disse, pegando o diploma da mão de Harper.
– Eu prefiro que a gente faça nossa festa em casa, regada a costela, cerveja e meus amigos! – Ela disse.
– YEAH! – Daniel disse rindo e Harper aproveitou que ele soltou uma mão para se recompor um pouco.
– No fim de semana! – Joe disse e Grace sorriu com o papel que garantia a formação de Harper.
– E aonde vamos agora? – Daniel disse e Harper andou à frente abraçada à sua avó.
– Pasta? – Harper disse como se fosse óbvio.
– É seu dia, você escolhe, amor! – Grace disse, abraçando-a do outro lado e as duas novas mães de Harper seguiram com ela para fora do teatro enquanto a menina acenava para alguns amigos.
As amizades ficariam, mas ela sabia que ninguém realmente havia lhe tocado a ponto que quisesse voltar para cá. Nem Nathan, o namorado de Harper que ninguém realmente conhecia, já que a menina nunca havia levado ele para Perth. Ela sempre queria estar mais com sua família do que com seu namorado. Talvez não devesse ter namorado, mas era inevitável e sabia que o garoto tinha mágoa dela.
– Eu só tenho uma pergunta! – Michelle disse quando eles se ajeitaram no restaurante e Harper destoava das roupas mais simples de seus convidados.
– Qual? – Daniel perguntou, espiando o diploma de Harper e tentou não parecer surpresa com os vários 100% das matérias completas dela.
– Onde você vai trabalhar? – Michelle perguntou, fazendo Harper rir.
– Ok, agora eu posso falar! – Harper disse, apoiando os cotovelos na mesa, totalmente contrária ao que aprendeu, mas o foco era se aproximar dos convidados. – Não poderia falar antes porque é meio que segredo, o trabalho em si é segredo.
– Até parece que vai entrar na máfia. – Daniel disse rindo.
– Não, mas é um trabalho totalmente incrível e perfeito e a-a-a-a-ah! – Harper disse sorrindo.
– Conta logo! – Michelle disse.
– É na Michelin! – Harper sorriu.
– Quê? – Daniel foi o primeiro a falar, demonstrando a confusão na feição de todos. – Michelin não é empresa de pneus, não?
– Sim! Mas eles são responsáveis pelo guia Michelin. Ele é responsável por dar estrelas para os melhores restaurantes do mundo. – Harper disse animada.
– Oh! Eu conheço isso! – Jason falou.
– Obrigada, Jason! – Harper disse rindo. – Eu vou ser uma das revisoras, vou viajar o mundo comendo e oferecendo essas estrelas. Eles estão me treinando desde o começo do ano passado. – Ela sorriu. – O salário é bom, tem várias vantagens e eu vou poder conhecer o mundo. – Harper tinha um largo sorriso no mundo.
– Ah, que ótimo, querida! – Grace disse.
– Eu não consigo entender como a Michelin tem relação com comida, mas estou feliz por você, Harp. – Daniel disse – Quem sabe a gente não se encontra no meio do caminho? – Eles riram.
– Sim, com certeza! – Harper sorriu.
Singapura, 2016 – Sexta-feira
Harper
Arrepiei ao sentir uma mão deslizando pela minha barriga e virei o corpo pela cama, colocando minha mão em cima da de Daniel. Senti o colchão se afundar conforme ele se ajeitava e abri os olhos devagar até encontrar seu rosto iluminado pela pouca luz do abajur.
– Ei, baby! – Ele disse fofo e ergui uma mão até seu rosto, acariciando-o devagar.
– Oi, baby! – Falei bocejando.
– Achei que a ideia era não dormir.
– Você demorou muito… O sono pegou! – Suspirei, bocejando novamente, escondendo meu rosto em seu peito.
– Michael não te distraiu, não? – Ri fracamente.
– Eu não tenho nem ideia de onde eles estão. – Ele riu alto.
– Acho que nossos planos deram certo, baby. – Ele disse.
– Meu plano, baby! Meu plano. – Falei, me espreguiçando e ele sorriu.
– Mas vamos acordar, vai! Tem mais umas três horas até realmente podermos dormir. – Ele disse e ri fracamente, sentindo-o me abraçar forte.
– Você que espere! Eu vou colocar todo meu sono em dia! – Ele riu.
– Você jantou? – Ele perguntou, acariciando minha barriga por baixo da blusa.
– Uhum… – Falei suspirando. – Aumentei a conta do hotel. – Ele riu. – E você? O que fizeram?
– A Red Bull levou eu e o Max para conhecer a cultura local e comer umas coisas estranhas. – Arregalei os olhos.
– E você comeu? – Perguntei.
– Comi, né?! – Ele disse rindo.
– Ah, comeu, né?! Filho da mãe! Quando eu te dou as coisas, você não aceita. Agora que a Red Bull te dá… – Afinei a voz no final em desgosto e ele pressionou os lábios nos meus, me calando.
– Minha linda. – Revirei os olhos.
– Você é muito cara de pau, Daniel! – Falei e ele se movimentou na cama, passando as pernas ao redor de meu corpo. – Daniel! – Falei rindo. – Para!
– E você me ama! – Ele disse metido e revirei os olhos.
– Eu te amo, mas para! – Ele apoiou as mãos ao lado de minha cabeça. – Você sempre faz isso.
– O quê? – Ele perguntou rindo.
– Me acorda no susto. – Ele sorriu.
– Nem vem! Eu te acordei fofinho, vai. – Ele deixou seu corpo cair sobre o meu.
– Mais ou menos… – Falei e nossos lábios se tocaram levemente.
– Eu não posso dormir, baby! Preciso ficar acordado.
– Aposto que Michael deixou uns treinos bem bacanas para você fazer! – Ele riu fracamente.
– Eu tenho outra ideia… – Ele sorriu para mim, deixando alguns beijos em minha bochecha.
– Eu não estou no clima, baby. – Suspirei, colocando meus braços em seus ombros.
– Estava pensando em fazer maratona de Shrek… – Ri fracamente, sentindo minhas bochechas esquentarem.
– Oh! – Falei, ouvindo-o rir e ele deixou um beijo em minha bochecha.
– Não que eu não esteja no clima para sexo, mas eu te conheço, baby! – Ri fracamente.
– Eu tenho meus momentos! – Falei rindo.
– Eu sei! – Sorrimos juntos. – E eu amo todos os seus momentos. – Ele deu outro beijo em minha bochecha.
– Então, Shrek? – Abri um sorriso animado e ele riu.
– Começamos pelo um? – Neguei com a cabeça.
– Nem a pau! – Ele saiu de cima de mim e joguei a coberta para o lado.
– A gente nunca assiste ao primeiro, baby! – Ele disse enquanto eu me levantava.
– A gente tem história com o segundo, baby! Tem toda aquela coisa de memória afetiva e tal! – Ri fracamente.
– Mas o primeiro também tem memória afetiva! Deveria ter mais do que o segundo. – Ele se levantou também e ajeitei os shorts curtos.
– O primeiro me lembra da minha puberdade, Daniel! Não é exatamente algo legal! – Ele riu.
– E o segundo eu te dei um bolo no cinema. É bem pior! – Fui até ele.
– Não, baby! Por causa do bolo que você me deu, eu vi aquele filme com a minha mãe! – Apoiei as mãos em seus braços. – E hoje eu agradeço muito por aquele bolo, do contrário ela não ficaria e eu não teria uma das minhas memórias favoritas com ela. – Ele deu um sorriso.
– Não que seja justificativa, mas que bom, então… – Ri fracamente.
– Não, você ainda foi um babaca! – Falei, ouvindo-o rir.
– Então, começamos pelo segundo?
– É óbvio! – Sorri, dando um beijo na ponta do seu nariz. – Se eu aguentar até o final, aí podemos ver o primeiro, mas acho improvável! – Rimos juntos.
– Combinado! – Ele disse.
– Só vou dar uma lavada no rosto. – Me afastei dele.
– Quer pipoca? – Ele perguntou.
– Se você encontrar pipoca com chocolate a essa hora, eu não vou negar, mas acho difícil. – Ele riu.
– Eu sou Daniel Ricciardo, qual é!
– Uh! O ego falou alto agora, hein?! – Brinquei, vendo-o sorrir e lhe mostrei a língua antes de entrar no banheiro.
Sábado
Daniel
– Sabe, largar na frente é legal… Pole é melhor, mas olhando a volta do Nico, foi incrível e eles tinham um pouco mais de ritmo do que nós, então… Eu estou feliz! O treino foi bom no geral, eu gosto bastante essa pista e estava tentando achar o limite. – Falei. – Eu não estava no limite com o carro, ainda acho que preciso melhorar algumas coisas. Eu disse isso ontem à noite, senti a mesma coisa hoje de manhã. Ainda não estamos lá. – Ponderei com a cabeça. – Fiz algumas mudanças antes da classificação que me ajudaram e isso é bom. Primeira fila, dividi as Mercedes, terei muita pressão amanhã. – Finalizei.
– Obrigada, Daniel! – A repórter disse e Maria indicou a saída do cercado da imprensa e segui logo atrás dela.
– Estou livre? – Perguntei, sugando mais um pouco da água.
– Por agora, sim. – Ela disse. – Você pode tomar banho, comer algo, depois tem a reunião e mais umas entrevistas.
– Ah, a Harper vai me matar. – Falei, ouvindo-a rir.
– Eu a levo para o hotel, não se preocupe. – Maria disse e ri fracamente. – Ela não se acostumou mesmo a isso, né?!
– A troca de fuso? Não mesmo. – Ri fracamente. – Sempre achei que ela teria facilidade com isso, mas ela mudava bem menos de fuso. Ontem não deu para segurar ela nem no filme favorito dela. – Maria riu fracamente.
– Bem, poderia falar que melhora na próxima corrida, mas continua por causa da Malásia. – Ela disse.
– Ah, mas vai ser bom, Singapura, Malásia e Perth estão no mesmo fuso, ela se acostuma. – Falei rindo. – Eu acho, pelo menos.
– Eu acho que não! – Maria disse rindo.
– Pior que vamos entrar em double header… – Suspirei. – Tem como a gente ir para Perth logo no domingo ou vão me querer na fábrica?
– Pode sim, vocês foram para fábrica recentemente.
– Perfeito! Assim ela descansa um pouco mais. – Falei, entrando no motorhome da Red Bull.
– Belez…
– BABY! – Ri com o abraço de Harper, apertando minhas mãos em sua cintura.
– Ah, baby! – Suspirei, sentindo-a beijar meu pescoço. – Foi quase. – Ela disse em um suspiro.
– Qua-a-a-ase! – Brinquei, ouvindo-a rir e ela colocou os pés no chão novamente.
– Pelo menos o melhor tempo da Q1 foi seu. – Ela deu um curto sorriso.
– Sim, eu sei! Pena que só da Q1! – Falei e ela negou com a cabeça, deixando um beijo em minha bochecha.
– Aproveite as coisas boas, baby! – Ela disse, me fazendo rir fracamente.
– É, você deveria fazer isso! – Maria disse, se afastando e ri fracamente.
– Relaxa, Danny! Primeira fila amanhã! – Michael disse e nossas mãos se estalaram antes de nos abraçarmos.
– Dá para o gasto! – Brinquei, ouvindo-o rir.
– Você já foi um pouco conformado com as coisas, Danny! – Déborah disse e ri fracamente, abraçando-a rapidamente.
– Não dá para ser conformado nessas horas. – Christian disse, me cumprimentando e ri fracamente.
– Danny não vai se conformar nem na aposentadoria. – Harper disse e abracei-a pela cintura novamente.
– Já querendo ver minha aposentadoria? – Perguntei, sussurrando em sua orelha e ela riu fracamente.
– Não! – Ela virou o rosto para mim. – Já falei, preciso aproveitar da sua carreira agora. – Sorri, deixando um beijo em seus lábios.
– Meu dinheiro? – Brinquei e ela riu.
– É claro! – Ela deu de ombros e sorri. – Preciso de uma bolsa para combinar com as botas!
– HÁ! – Maria riu alto, fazendo com que eu e Harper virássemos o rosto para ela.
– Louca! – Christian disse, se afastando e rimos juntos.
– Agora vai! – Harper me empurrou de leve. – Você tem muito a fazer ainda.
– Quer voltar para o hotel? Maria disse que te acompanha. – Falei.
– Não, só vou sair daqui contigo! Tem um dragão-de-komodo enorme na pista. Você acha que eu vou sair daqui? – Ri fracamente.
– Está com medo? – Perguntei e ela me mostrou a língua, me fazendo sorrir.
– Cala a boca! – Senti um tapa em meu ombro e puxei-a pelo braço de novo, colando meus lábios em sua bochecha. – Vai! – Ela me empurrou de novo e ri.
– Eu vou tomar banho, já volto. – Falei e ela assentiu com a cabeça.
– Eu estarei aqui. – Ela disse pressionando os lábios e dei uma piscadela antes de seguir para o segundo andar do motorhome.
Domingo
Harper
– ISSO! – Os mecânicos gritaram em comemoração
– Isso, baby! – Pulei animada, aplaudindo junto com a equipe e os mecânicos saíram correndo para o alambrado e ri fracamente.
Depois de 61 voltas e duas horas cravadas, Danny conseguiu manter sua posição e finalizar a corrida em segundo lugar. Para uma corrida entediante, ele conseguiu um melhor ritmo no final e reduzir a distância para 0,8 segundos de Rosberg, e, quando eu queria que tivesse mais umas três voltas, elas finalmente acabaram.
Os fogos de artifício estourando na baía de Singapura deixaram deixavam tudo mais bonito, mas já passavam das dez da noite e eu estava morrendo de sono. Por muito eu quis que a corrida simplesmente finalizasse pelo tédio, mas ver Danny em segundo lugar novamente, era simplesmente magnífico.
– Isso foi uma superdireção, Daniel, claro que queríamos ter feito 3 paradas, mas você deu tudo. Parabéns! – Ouvi Christian pelo headphone e abaixei-os, saindo da garagem.
– Obrigado, caras! Obrigado por tentar algo diferente! – Ouvi sua voz e segui Michael e os mecânicos até a garagem da FIA, vendo as duas Mercedes, estacionarem ali, com Rosberg comemorando seu primeiro lugar no campeonato.
– DANIEL! – Nigel e os caras gritaram quando ele saiu do carro e só consegui sorrir, vendo-o erguer o punho para cima e suspirei quando um dos assistentes da FIA o puxou para dentro.
Talvez pela demora da corrida ou pela demora de Danny chegar aqui, foi a primeira vez que não demorou para que eles subissem ao pódio. Hamilton entrou primeiro, depois Daniel e Rosberg por último. Danny estava suando demais. Eu que não havia ficado duas horas enfiada dentro de um carro do lado do motor já estava derretendo entre os seios por essa umidade aqui de Singapura, imagina ele.
Os aplausos e gritos foram fortes quando ele ergueu o troféu para cima e mais ainda quando o champanhe foi estourado. Tinha muitos australianos aqui em Singapura, talvez pela proximidade, então tinha muito mais pessoas felizes por esse segundo lugar, mas ele precisava do primeiro lugar! Agora só faltavam seis corridas para o final. Ele me prometeu!
– É só impressão ou Lewis e Nico estão um pouco… – Comentei, tirando os respingos de champanhe de meu rosto.
– De melhores amigos para inimigos mortais. – Maria disse e dei de ombros, vendo Christian aplaudindo animado ali.
– Ele fez de novo, Harper! – O chefe de equipe me disse quando me viu e ri fracamente, andando até ele e o mesmo me abraçou fortemente, me pegando desprevenida.
– Viu?! E sem tranças! – Indiquei o cabelo muito bem erguido em um coque.
– Vou começar acreditar no dia que ele ganhar e você não estiver aqui! – Ri fracamente.
– Eu não sou seu amuleto da sorte, Christian! Ele só é bom mesmo. – Falei rindo, vendo Simon ao seu lado e trocamos um abraço tão empolgante quanto o de Christian.
– Não lembro dele bom assim ano passado! – Ri fracamente.
– Talvez o problema não tenha sido ele e sim o carro, Christian! – Ouvi uma quarta voz e virei o rosto para o lado, encarando o chefe de equipe da Mercedes.
– Parabéns, Toto! – Christian e o cumprimentou e ambos trocaram um rápido abraço e dei um sorriso desajeitado. Esse homem é lindo demais.
– Para você também, Christian! – Ele disse e o rosto dos dois se virou para mim.
– Toto, essa é Harper, namorada do Daniel?! – Christian me apresentou, me deixando confusa por alguns segundos.
– É… Acho que sim! – Falei, ouvindo o chefe da Mercedes rir.
– Prazer em te conhecer, Harper. – Ele esticou a mão e a minha quase sumiu quando a apertei.
– O prazer é meu! – Sorri, vendo o homem dar dois tapinhas nos ombros de Christian antes de seguir com a sua equipe.
– Uau! – Soltei no automático, pressionando os lábios.
– Harper! – Virei para o lado, sentindo Maria me puxar pelo braço.
– O quê? – Perguntei, ainda atordoada pelo encontro com Toto.
– Vem! – Ela me puxou e ri fracamente, sentindo-a puxar minha mão por entre as pessoas que se dissipavam e seguimos pela lateral da garagem da FIA, me deixando confusa de onde estávamos indo.
– Maria! – Falei rindo, vendo-a me empurrar para uma sala escura.
– BU! – Senti algo me apertar pela cintura.
– AH! – Gritei, ouvindo a gargalhada de Daniel. – Ai, seu idiota! – Bati nele às cegas, sentindo-o me apertar pela cintura.
– Ei, baby! Para! – Ele disse fracamente. – Temos menos de um minuto, preciso ir para coletiva.
– Não me assusta! – Falei, procurando pelos seus ombros, sentindo seu peito suado pela segunda pele e deslizei as mãos pelos seus ombros.
– Minha garota. – Ele deu um beijo em minha bochecha e virei o rosto, encontrando seus lábios. Firmei minhas mãos em sua nuca, pressionando-os por alguns segundos.
– Parabéns, baby! – Sussurrei. – Foi quase.
– Qua-a-a-ase! – Ele sussurrou e senti sua testa na minha.
– Você me prometeu uma vitória para eu vir. – Fechei os olhos, apesar da escuridão, sentindo-o acariciar minha cintura.
– Se tivesse mais umas três voltas, eu teria conseguido. – Ele disse e suspirei.
– Podemos sempre tentar de novo em duas semanas. – Falei, sentindo seus lábios nos meus novamente. – Seria um bom presente de aniversário, não? – Ri fracamente.
– Sim! – Sorri.
– Daniel, temos que ir… – Maria disse e afastei-o devagar.
– Vai! Nos encontramos depois. – Falei e ele apertou as mãos em minha cintura novamente, colando nossos lábios.
– Eu te amo. – Sorri.
– Eu te amo também. – Falei, vendo-o seguir para a luz e vi seu sorriso antes de ele sumir com Maria com os pés descalços e o macacão abaixado na cintura.
Daniel
– Ah, meu Deus, baby! – Afastei os lábios do ombro de Harper, erguendo os olhos para ela.
– O quê? – Perguntei.
– Você esqueceu do shoey! – Ela disse, segurando meu rosto com as mãos.
– Ah, nem lembrei! – Falei rindo. – Eu estou muito cansado, baby. A corrida demorou demais e eu corri sozinho por muito tempo. – Ela acariciou meu rosto.
– Que tal a gente usar a banheira que tem? – Ela disse e sorri.
– Hum, boa ideia. – Apertei minhas mãos em sua cintura e ela riu fracamente.
– Você ainda está suando muito, baby. – Ela disse.
– Você também, senhorita Addams! – Ela sorriu e nossos lábios se tocaram levemente.
– Vem! – Ela disse quando as portas do elevador se abriram e caminhei pelo corredor do hotel, apoiando as mãos em sua cintura enquanto ela pegava a chave do quarto e liberava nossa entrada. – Uau! – Ela disse.
– Harper! – Coloquei a cabeça para dentro, vendo Michael e Déborah se recompondo no sofá e comprimi meus lábios para evitar um riso.
– Olha! O que temos aqui? – Brinquei, vendo Déborah esconder os lábios manchados.
– Nos ignore. – Harper disse, me empurrando pelo corredor.
– Mas…
– Vai! – Ela disse rindo.
– MANDOU BEM, MICHAEL! – Gritei, ouvindo Harper gargalhar.
– ENTRA! – Harper me empurrou, fechando a porta e gargalhei alto.
– O quê? – Falei gargalhando.
– Deixa eles! – Ela disse rindo.
– Não está feliz que seu planinho de quinta série deu certo? – Falei, puxando a camiseta da Red Bull para cima.
– É claro que eu estou! – Ela se encostou na parede rindo. – Nem parece que deu certo. – Ela deu pulinhos animado, me fazendo rir.
– Mais uma para o grupo? – Ri fracamente, ligando o ar-condicionado.
– Ah, vamos ver! Ela ainda mora em Auckland e tem um trabalho que ama demais. – Dei de ombros. – Relacionamento à distância?
– Bem… Como você mesma disse, quando você abrir seu restaurante e for uma chef famosa, vamos ter que lidar com isso. – Falei e ela assentiu com a cabeça.
– Está acabando, baby. – Ela disse.
– O quê? – Perguntei, me aproximando dela.
– O ano. – Ela suspirou, passando os braços em meus ombros. – Eu vou começar a planejar o restaurante, fazer novos cursos… – Segurei-a pela cintura.
– Vamos lidar com isso, baby. – Rocei meu nariz no seu. – O que importa agora é que você veio! Você perdeu seu medo… – Ela deu um curto sorriso. – Pode acontecer de você não me acompanhar mais em todas as corridas, mas sei que, eventualmente, você vai aparecer. – Ela assentiu com a cabeça. – E, se não estiver aqui, vai estar torcendo por mim pela TV…
– Eu sempre torci por você, baby. – Ela disse.
– Sim, mas sempre longe da TV. – Ela riu fracamente.
– É… – Sorri.
– Vamos nos ajeitar, baby. Mas não se apresse, temos seis corridas ainda e muito do que enfrentar. – Ela assentiu com a cabeça e nossos lábios se colaram por rápidos segundos.
– A começar com um banho. – Ela disse e sorri.
– Ah, gosto muito disso. – Falei e ela se afastou, entrando no banheiro.
Ouvi o barulho de água começar a cair e me livrei da calça jeans antes de seguir atrás dela. Ela estava sentada na beirada da banheira, com uma mão embaixo da torneira e isso me lembrou da fatídica foto na banheira. Ela virou o rosto para mim, dando um curto sorriso e me aproximei dela.
– Tendo déjà vu? – Perguntei e ela riu fracamente.
– Um pouco. – Ela sorriu e me coloquei entre suas pernas.
– Faz um tempo, não? – Acariciei seu rosto e ela assentiu com a cabeça.
– Muito. – Ela riu. – Acho que ainda me lembro daquele dia.
– Qual deles? – Perguntei, ouvindo-a rir.
– O da foto. O primeiro. – Ela riu fracamente. – Você fazia muita bagunça…
– Você era mais quieta.
– Até hoje. – Ela sorriu. – Você tinha mais cabelo… – Ela riu fracamente. – Meus cachinhos. – Ela se virou para água e ri fracamente.
– Minha mulher. – Deixei um beijo em sua cabeça e ela despejou um pouco de sais, fazendo a espuma começar a se formar. – Eu te amo.
– Eu também te amo. – Ela virou o rosto para mim e inclinei meu rosto para trocarmos um rápido selinho. – Vem, entra! Relaxa um pouco.
– Não vai entrar? – Perguntei.
– É claro que eu vou. – Ela se levantou. – Mas há grandes chances de eu dormir no meio do caminho.
– Eu cuido de você. – Falei e ela riu fracamente.
– Eu cuido de você! – Ela frisou, puxando a blusa para cima. – Entra! – Ela riu e tirei a cueca, deixando-a no chão antes de entrar na banheira.
Me ajeitei em uma das quinas da banheira, observando-a se livrar de suas roupas também e chamei-a com a cabeça, vendo-a entrar na banheira. Ela apoiou uma mão em meu ombro para se ajoelhar na banheira e abracei-a pela cintura, sentindo-a deslizar o corpo no meu e sorri quando seus seios pressionaram em meu peito.
– Minha linda. – Falei e ela sorriu, dando um beijo em minha bochecha antes de se erguer novamente.
– Espero que a próxima corrida seja mais legal que a de hoje. – Ela disse, passando as mãos em meus cabelos.
– Não gostou? – Perguntei, deslizando a mão pelo seu quadril.
– Nã-não. – Ela disse, tombando minha cabeça para trás e fechei os olhos, sentindo a água cair pela minha cabeça. – Eu quase dormi. – Ri fracamente.
– É… Corridas à noite tem essa desvantagem. – Falei.
– A próxima é à noite também? – Ela perguntou e ouvi alguns barulhos antes de sentir um cheiro gostoso.
– Não, às três. – Falei, sentindo-a esfregar meus cabelos. – Ainda dá para irmos jantar depois e comemorar seu aniversário. – Senti um beijo em minha bochecha.
– Só passar o dia com você já vai ser incrível, baby. Como foi no seu. – Senti a água em minha cabeça de novo.
– Não sei se vai dar para começar o dia igual foi no meu aniversário. – Falei, ouvindo-a rir.
– Contamos depois da corrida, pode ser? – Ela se mexeu, se sentando em meu colo, me fazendo suspirar e ergui minha cabeça.
– Pode. – Falei firme. – E eu vou contar dessa vez. – Ela riu fracamente.
– Espero que sim. – Ela passou os braços em meus ombros. – E acho que podemos encontrar um jeito de eles dormirem em outro quarto, não?
– Ah, é?! – Falei, sentindo-a roçar o nariz no meu.
– E acho que podemos ficar bem quietinhos… – Ela deixou um beijo em meus lábios. – E trancar a porta. – Ri fracamente.
– É… Acho que podemos. – Falei rindo e ela colou nossos lábios novamente. Dessa vez pressionei minhas mãos em suas pernas e entreabri os lábios, puxando sua língua para minha boca.
Perth, Austrália
Harper
Suspirei ao olhar para o horizonte da minha cidade e senti meus ombros naturalmente relaxarem. Sempre tive essa sensação ao olhar para essa vista, mas parece que mesmo estando aqui um mês atrás, eu nunca cansaria desse horizonte, desse cheiro de água do mar e a mistura com o caos de uma cidade grande.
Eu já tinha certeza do que faria no próximo ano, mas poder realmente observar minha cidade de perto, me deu certeza. Com a atualização na minha relação com Daniel, não sei como ficariam as coisas, mas depois de nosso papo em Singapura, sabia que ele entendia. Somos grandinhos o suficiente para isso, mas pensar na logística era um pouco caótico ainda.
Bebi um gole da limonada e suspirei. Talvez com a proximidade dos meus 27 anos, eu estava ficando mais emotiva do que normalmente. Claro que eu tinha motivos de sobra para isso, passei por mais emoções de fevereiro a setembro do que pelos últimos cinco anos de Michelin, mas não sei, vir para Perth dava todo um novo significado para tudo.
– Baby? – Virei o rosto para a porta da sacada, vendo Danny com seu novo corto de cabelo e a camisa da FoxSports.
– Ei… – Falei, vendo-o se aproximar.
– Você está bem? – Ele perguntou e assenti com a cabeça.
– Só pensando sobre o próximo ano. – Ele acariciou meu rosto, colocando um cabelo solto atrás da orelha.
– Não quero você assim. – Ele me abraçou pela cintura e ri fracamente, deixando o copo na mesa mais próxima. – Nem envelheceu e já está pensando sua vida inteira? – Ri fracamente, apoiando meus braços em seus ombros.
– Você me conhece… – Ele assentiu com a cabeça, dando um beijo em minha testa.
– Estamos em casa, baby. Vamos finalizar aqui e ir para casa. – Ergui o rosto para ele novamente.
– Minha casa hoje. – Ele riu fracamente.
– Sim, sua casa. – Ele deixou um beijo em minha bochecha. – Vem ver.
– Terminou? – Perguntei, pegando meu copo novamente.
– Sim, está especial! – Ele deslizou a mão até encontrar a minha e segui com ele para dentro do bar em Perth.
Somente uma parte da equipe da FoxSports e Nic Naitanui, jogador de futebol dos West Coast Eagles, time do coração de Danny, estavam lá. Danny foi convidado para montar seu circuito ideal em Scalextric, o tradicional autorama. Estávamos aqui desde o começo do dia com a Fox e ainda teria um evento à noite. Fico feliz pelo bar, pois estava cansada e faminta.
– O que achou? – Ele falou animado e ri fracamente. Aquilo era bem diferente da pista de autorama que eu dei para ele em um de seus aniversários.
– Isso é enorme! – Falei rindo, apoiando minha mão em seu ombro e ele me abraçou pela cintura. Observei as diversas bandeiras em volta das curvas e não sabia dizer qual era a ideia dele, mas tinha muitas curvas. – Eu nunca deixaria você pilotar nisso.
– Ah, baby! Olha que demais! – Ele falou animado. – Imagina uma pista com tudo isso de curvas?
– Eu vomitaria só de assistir. – Falei e ele riu fracamente. – Explica para mim! – Pedi.
– Ok, ok! – Ele me soltou, andando pela larga mesa e fui atrás dele. – Aqui é o grid, depois começamos pelas curvas um e dois de Austin… Depois pela Parabolika e Hairpin da Alemanha… – Ele falava, andando pela pista e o acompanhava. – Depois as curvas três e quatro do Canadá, quatro e sete da Hungria, a curva da piscina e a reta de Mônaco…
– Não poderia faltar. – Brinquei, vendo-o sorrir.
– Rindkurve do Red Bull Ring… As curvas di Lesmos e a del Serraglio de Monza… – Ele foi apontando. – Curva quatro de Sóchi, a curva em S de Suzuka. Curvas de seis a oito de Melbourne…
– Também não poderia faltar. – Ri fracamente.
– Rivage e Pouhon da Bélgica…
– Não colocou Eau Rouge? – Cruzei os braços e ele riu.
– Para você ter um ataque cardíaco? Não, obrigado! – Sorri.
– Depois do Maggots-Becketts-Chapel complex da Grã-Bretanha para finalizar.
– Quantas curvas?
– Hum… Umas 40! – Ele disse e neguei com a cabeça.
– Isso é loucura, Daniel.
– Seria legal, vai! – Ele me abraçou pela cintura de novo.
– Para você, talvez! E para quem não tem ninguém oficialmente correndo. Imagina uma classificatória nessa pista…
– Provavelmente perderíamos metade dos carros e teríamos várias bandeiradas… – Ri fracamente. – Mas é! É legal! – Sorri.
– É legal! – Concordei, vendo um largo sorriso em seu rosto.
– Quer brincar? – Ele pegou um controle e ri fracamente. – Vamos! Ainda vamos ficar aqui por bastante tempo. – Ri fracamente.
– Faz uns anos que eu não brinco disso. – Ri fracamente, pegando o controle de sua mão.
– Continua da mesma forma. – Ele disse, ajeitando os carrinhos na pista.
– Não aperta tão forte, mas tente ganhar? – Brinquei e ele riu fracamente.
– Sim! – Rimos juntos. – Mas evita tirar o carro do trilho, nem sei como vamos fazer se ele cair lá no meio. – Sorri.
– Você escala e coloca de volta. – Virei para ele, sentindo-o me empurrar pelo quadril e ri fracamente.
– Ok, pronta? – Ele disse e ri fracamente.
– É claro que não! – Brinquei.
– Três, dois…
– Vai! – Falei rapidamente, apertando o botão, fazendo o carrinho começar a correr.
– Harper! – Ele disse rindo e gargalhei quando seu carro passou reto na primeira curva.
Daniel
Esfreguei a mão nos cabelos, sentindo algumas gotas respingarem em mim e andei pelo apartamento, levando a toalha até o varal e pendurei. Passei pela cozinha, fuçando nas sacolas que havíamos comprado e tirei dali um saco de Doritos. Caminhei pelo local novamente, sentindo o cheiro de fechado e fui até o quarto de Harper.
O local estava bagunçado agora que havíamos largado as malas pelos cantos, mas me joguei em sua cama, me ajeitando até ficar mais próximo da parede e peguei o controle remoto, ligando a TV e deixei em alguma novela que passava. Abri o saco de Doritos e coloquei alguns na boca, sentindo o forte e falso cheiro de queijo Suíço no nariz e na boca.
Tentei entender o que se passava na televisão, mas acho que estava com mais fome, então só realmente prestei atenção quando cheguei ao final do saco. Deixei-o na mesa de cabeceira e lambi os dedos, vendo Harper sair com a toalha amarrada acima de seus seios e os cabelos molhados.
– Você não sujou toda minha cama, é?! – Ela disse, me fazendo rir e lambi os dedos.
– Espero que não! – Falei, fazendo uma careta e ela negou com a cabeça.
Ela atravessou o quarto, desviando das malas e foi até o armário. Observei-a enquanto ela passava desodorante, seu tradicional perfume de baunilha e tirava a toalha para colocar uma calcinha cor da pele e um vestido larguinho antes de se virar para mim novamente.
– Oi, gatinha! – Falei e ela riu fracamente.
– Oi, Daniel! – Ela disse rindo e saiu do quarto novamente.
Ri fracamente, erguendo o corpo na cama, ajeitando o travesseiro atrás de mim e esperei Harper voltar com os cabelos penteados que já começavam a ondular. Dei dois tapinhas no lugar vazio e ela riu fracamente, vindo até a cama e ajoelhou na mesma antes de se deitar ao meu lado. Ela ajeitou os cabelos para frente e apoiou a cabeça em meu peito. Passei as mãos em suas costas, acariciando-as devagar.
– Está muito calmo, não? – Ela disse e ri fracamente.
– Claro, estamos só nós dois. – Sorri, ouvindo sua risada. – Aproveita, amanhã volta o caos.
– Vamos almoçar lá? – Ela perguntou.
– Uhum. E vai estar todo mundo! – Falei, ouvindo-a rir.
– Não vamos contar para eles agora, certo? – Ela perguntou e sorri, dando um beijo em sua testa.
– Não, baby. Vamos aproveitar a calmaria. Contamos depois do seu aniversário. – Ela ergueu o rosto e abaixei o meu.
– Sim, por favor. – Ela fez um biquinho e sorri, dando um curto beijo em seus lábios.
– Agora boa sorte para lidar com isso depois. – Ela riu fracamente.
– Nós vamos lidar com isso juntos, seu narcisista! – Ela disse, tocando meu nariz, me fazendo franzir o rosto.
– Acho que a gente pode aproveitar a calma, então. – Falei rindo. – Teremos Isaac também, ele não vai soltar de você… Acho que posso liberar você um pouco para ele. – Ela riu, se sentando na cama.
– Um pouco? Ele é nosso afilhado! – Ela disse rindo.
– É, mas você é minha garota! Minha, não dele. – Ela negou com a cabeça, inclinando o rosto para mim.
– Ele tem um ano e nove meses, Daniel! – Ela me abraçou pela cintura.
– E é bom ele aprender a nunca olhar para garota do amigo ou do tio. – Ela negou com a cabeça, rindo fracamente.
– Você é muito tonto!
– E você fala como se fosse uma novidade. – Levei a mão até seu rosto, vendo-a negar com a cabeça.
– Não. Eu sei disso há muito tempo. – Acariciei seu rosto, vendo-a franzir os olhos.
– Sabe o que eu estava pensando? – Perguntei.
– Besteira, aposto! – Falei e ela riu fracamente.
– É claro! – Rimos juntos. – Mas… Eu estava pensando que nunca transamos na sua cama. – Ela riu, abrindo um sorriso.
– Não mesmo. – Ela disse rindo.
– Então, o que acha? – Ela riu fracamente.
– Assim? Sem nenhum clima e com esse cheiro de queijo falso? – Ri fracamente.
– É… Assim! – Brinquei, vendo-a negar com a cabeça. – Mas posso criar o clima para você. Isso é fácil. – Sorri e ela fechou seu sorriso.
– Ok, então crie! – Ela disse séria e segurei seu queixo antes de eu colar nossos lábios.
Nossos lábios deslizaram delicadamente sobre os do outro, quase como se fosse a primeira vez de novo. Sua mão subiu pelo meu peito até minha nuca, deslizando seus dedos pelo meu queixo e bochecha. Passei minhas mãos pelas suas costas, deslizando pelo seu corpo até chegar em sua bunda e espalmei minhas mãos na mesma.
Ela ergueu seu corpo um pouco, apoiando as mãos nas laterais dos meus e ajeitou suas pernas entre as minhas. Ela deixou seu corpo cair devagar sobre o meu e virei-a lentamente para ela se deitar. Nossos lábios se separaram com isso e observei seu rosto. Os olhos castanhos escuros, as bochechas fofas, os lábios pequenos e um nariz quase esculpido de tão perfeito, algumas pintinhas na bochecha esquerda, exclusivamente, e uma pequena cicatriz na testa pela sua queda aos sete anos.
– Me estudando? – Ela brincou e ri fracamente.
– Sim… – Falei. – Você só tem pintinhas do lado esquerdo. – Ela riu fracamente.
– Nunca entendi também. – Sorri.
– Você é muito bonita, baby! – Ela riu fracamente, desviando o olhar claramente envergonhada.
– Você me ama, baby! – Ela ergueu o olhar para mim, me fazendo rir.
– Eu amo! – Ela sorriu.
– Vem cá… – Ela disse fracamente, roçando seus lábios nos meus.
Foi minha vez de colocar meu corpo no seu e suas mãos passaram pelas minhas costas, apoiando em minha lombar. Deixei meu corpo cair no seu enquanto seus lábios se fechavam sobre os meus em curtos beijos. Apoiei o antebraço no travesseiro, ouvindo um gemido baixo sair de seus lábios, me fazendo sorrir para ela.
Ela desceu suas mãos pelo meu corpo, apertando minha bunda e dei uma mordida em seus lábios. Ela tombou a cabeça para trás, me deixando espaço para seu pescoço e deslizei o nariz pelo caminho, dando curtos beijos conforme seguia para a gola de seu vestido. Ela deslizou as mãos pelos meus braços e deixou-os caírem ao lado de seu corpo. Subi minhas mãos até encontrar suas mãos e entrelacei nossos dedos.
Dei um beijo em seu pescoço, sentindo-a movimentar o pescoço em cócegas e rir fracamente. Deixei meus lábios deslizarem devagar pelo seu pescoço, fazendo os curtos beijos se tornarem curtos chupões, ouvindo os gemidos escaparem dos lábios de Harper, até que eu passei a língua pela extensão de seu pescoço, ouvindo-a suspirar.
– Ah, baby… – Ela apertou minhas mãos e ergui meu rosto, alinhando até o dela, roçando nossos narizes.
– Devagarinho, baby. – Falei, ouvindo-a suspirar.
– É… Eu gosto disso. – Ela deslizou seus lábios lentamente nos meus.
Suguei seus lábios, colando-os novamente por alguns segundos antes de erguer meu corpo, soltando nossas mãos. Deslizei o corpo na cama e apertei suas pernas, subindo seu vestido e ela ergueu seu corpo na cama, deixando a marca de molhado no travesseiro. Ela se ajoelhou na minha frente e subi seu vestido, jogando-o para o lado e segurei-a pela cintura.
Suas mãos foram para meus ombros e nossos peitos se colaram junto de nossos lábios. Minhas mãos deslizaram pelo seu corpo com mais urgência, assim como nossos lábios forçaram a ficarem colados. Suas mãos subiram para meus cabelos, se perdendo entre meus cachos e inclinei meu corpo para baixo enquanto procurava por suas pernas e ela firmou um braço no meu, me apertando com força.
A ergui, fazendo-a rir e tombei seu corpo para trás, me fazendo sorrir. Inclinei meu corpo sobre o seu, deixando um rápido beijo em seus lábios antes de descer para entre seus seios e sua barriga. Sua mão foi até minha cabeça novamente e desci os lábios pela sua barriga até chegar na barra de sua calcinha.
Deslizei minhas mãos pelo seu corpo, puxando sua calcinha pelas laterais e ela ergueu o quadril para que eu pudesse tirá-la. Passei as mãos pelas suas pernas, abrindo-as novamente e meu olhar encontrou o seu, vendo-a com os lábios mordiscados. Deslizei as mãos pela parte interna de sua coxa, fazendo-a suspirar e desci os lábios novamente para sua barriga.
– Baby… – Ela suspirou quando desci os lábios para sua virilha.
Passei as mãos por trás de seu corpo, apertando suas nádegas e sua mão apertou em meus cabelos. Dei um beijo em sua virilha, deslizando para baixo, chegando em seu clitóris. Deslizei minha língua pelo local, ouvindo suspiros saírem dos lábios de Harp, e dei curtos chupões, fazendo seus dedos puxarem meus cabelos com mais força.
– Baby… – Ela gemeu baixo.
Lambi a extensão de sua vagina, adentrando seus grandes lábios, sentindo-a úmida e um gemido mais alto saiu de seus lábios. Senti meu pênis começar a apertar dentro da calça e comecei a sugar seu clitóris com mais força.
– Não… – Harper suspirou. – Não vai… – Ergui meu rosto, olhando para ela. – Não termina… – Ela soltou em um suspiro.
– Você tem camisinhas aqui? – Perguntei e ela mordiscou o lábio inferior, negando com a cabeça. – Harper! – Ela riu fracamente.
– Eu não faço sexo casual, baby! – Ela disse em um suspiro. – E nem fico muito em casa.
– Merda… – Ergui meu corpo, descendo da cama, ouvindo sua risada.
– Você sempre tem, baby… – Ela disse, se espreguiçando na cama e fui até minha mochila, tropeçando nas diversas malas que ocupavam o chão.
– Não dá para perder o clima, baby! Precisa ser mais rápido. – Falei, ouvindo-a rir e peguei três camisinhas, fazendo algumas caírem no chão.
– É… Posso ver! – Ela disse e olhei para ela, vendo-a mordiscando os lábios e deslizando as mãos pelo seu clitóris.
– Afaste sua mão, Harper Addams! – Falei, ouvindo-a rir e prendi o preservativo nos dentes, antes de abaixar a calça e a cueca juntas.
– Você está demorando. – Ela disse.
– Porque alguém não tinha camisinha na mesa de cabeceira! – Falei, abrindo o pacote na pressa, ouvindo-a rir. – Isso é regra, Harper.
– Não para mim. – Ela disse rindo e deslizei a camisinha em meu pênis. – Venha, lover boy, agora é você que está enrolando. – Ri fracamente, negando com a cabeça e segui até a cama novamente.
– Você me paga, Harper Addams! – Falei e ela riu fracamente, mordiscando o lábio inferior.
– Se algo desse errado com o pequeno Daniel, eu o acordaria de novo, não é um problema… – Ela falava enquanto a puxei pelas pernas, ouvindo-a rir. – Já estou acostumada com isso. – Ela mordiscou os lábios e inclinei meu corpo para o dela.
– Você vai para o inferno por maltratar um homem nessas condições… – Apoiei meus braços perto de seu rosto novamente e senti sua mão em meu pênis. – Merda.
– Acredito que eu vou para o inferno por muitas coisas, Daniel, mas esse não é um dos motivos. – Ela deslizou a mão devagar, olhando em meus olhos e suspirei. – Eu não faria tal crueldade… – Ela sussurrou. – Plebeu. – Ri fracamente.
– Minha rainha. – Ela sorriu e deixei um curto beijo em seus lábios.
– Você ainda é meu plebeu. – Ela brincou e ri fracamente.
– Bom, assim não preciso ter boas maneiras. – Falei e ela riu.
Nossos lábios se pressionaram novamente e suspirei quando suas mãos deslizaram devagar em meu pênis. Uma perna sua deslizou sobre a minha, enganchando pouco abaixo de minha bunda e nossos olhos se encontraram de novo. Ela confirmou com a cabeça em um consentimento silencioso e suas mãos saíram de meu pênis, subindo para minhas costas.
Inclinei meu rosto para baixo, levando a mão até meu pênis e guiei-o até sua entrada, ouvindo-a suspirar e sua mão apertou em meu corpo. Fechei meus braços ao redor de seu corpo, deslizando lentamente dentro dela, até que nossos corpos estivessem colados e nossos rostos alinhados. Suas mãos subiram pelos meus ombros, apertando minhas costas e deslizei meus lábios pelo seu rosto.
Comecei a movimentar meu quadril devagar contra o seu, fazendo curtos suspiros escaparem de seus lábios. Nossos olhares se sustentaram por alguns segundos até os movimentos se tornarem mais rápidos e meus olhos se fechassem com a sensação. Deslizei meu nariz e lábios em sua bochecha e queixo, suspirando conforme os movimentos ficavam mais rápidos.
Seus suspiros se transformavam em gemidos, fazendo meu pênis apertar cada vez mais e deslizar com mais rapidez dentro dela. Contraí minhas costas, fazendo seus braços afrouxarem e apoiou uma mão em minha nuca, fazendo nossos olhos se encontrarem. Movimentei meu quadril mais rápido, deslizando dentro de Harper, sentindo a respiração ficar cada vez mais fraca e soltei a respiração forte entre os lábios.
– Dan… Dan… – Harper suspirou. – AH! – Ela suspirou, jogando a cabeça para trás e gemi, tombando a cabeça para frente, gozando.
– Merda. – Suspirei, sentindo a respiração sair com força.
Nossas respirações ocuparam o silêncio no apartamento e deixei meu corpo deslizar até encontrar o seu novamente. Sua mão subiu para meu rosto e trocamos um curto sorriso antes de colar nossos lábios. Deslizei meu pênis para fora dela, fazendo-a suspirar.
– Ah, baby… – Ela disse e me joguei ao seu lado, apertando minha mão em sua barriga.
– Estamos ficando cada vez melhores nisso. – Ela riu fracamente, passando uma mão em meu ombro e apoiou a outra em minha barriga.
– Cada vez melhor. – Ela sorriu e nossos lábios se encontraram rapidamente.
– Eu disse que sei criar um clima. – Falei e ela riu fracamente, ficando de bruços na cama para virar para mim e entrelaçou nossas pernas.
– Da próxima vez eu prefiro sem o cheiro de Doritos. – Ela disse, me fazendo rir.
– E com a camisinha mais perto. – Falei, vendo-a sorrir.
– Eu deixo você montar seu estoque depois. – Ela disse e ri fracamente.
– Preciso! Não quero ser pego desprevenido da próxima vez. – Beijei seu rosto, ouvindo-a rir.
– Como vamos fazer na fazenda? – Ela perguntou e suspirei.
– Já tenho o estoque lá, relaxa. – Ela riu fracamente.
– Não falei sobre isso, engraçadinho! – Sorri.
– Se as férias forem como sempre são, a única coisa vai mudar é que eu vou trancar mais a porta do nosso quarto. – Falei, ouvindo-a rir.
– Nosso? – Ela perguntou.
– Bem… Pelo que eu me lembre, seu quarto virou o do Isaac porque você sempre dormia no meu… – Ela riu fracamente. – Agora que podemos realmente aproveitar, vai querer voltar a dormir no seu? – Ela sorriu, negando com a cabeça.
– Não… Mas vamos ter que mudar aquele colchão, já vi muita mulher entrando naquele quarto. – Ri fracamente.
– Se for assim, vamos precisar trocar o de Mônaco, de Los Angeles, do iate…
– Ainda bem que sabe! – Ela deu um sorriso, me fazendo rir.
– Achei que tivesse dito para eu não gastar meu dinheiro à toa. – Rimos juntos.
– Isso não é à toa, é necessidade, baby. – Ela disse rindo.
– Vamos pensar sobre isso depois, que tal? – Falei, acariciando sua barriga. – Sabe o que eu vou fazer agora?
– Pegar o outro saco de Doritos? – Ela perguntou se espreguiçando.
– A ideia é ótima, mas não. – Ela sorriu. – Eu vou me livrar dessa camisinha e me preparar para usar outra. – Ela riu fracamente, colando nossos lábios rapidamente.
– Ok, eu te espero. – Ela disse e sorri, me levantando apressado para ir até o bainheiro, deixando Harper se espreguiçando na cama.
Capítulo 35
Silverstone, Inglaterra, 2011
A garagem da HRT estava apinhada de gente. Todos os Ricciardo e Harper vieram para a grande estreia de Daniel na Fórmula Um. O garoto recebeu uma ligação há 10 dias falando que a HRT substituiria Narain Karthikeyan e que a Red Bull liberou para ele fazer sua estreia na categoria. O garoto havia recém-feito 22 anos e não poderia estar mais animado.
Era a nona corrida da temporada e um dos circuitos mais famosos do mundo, foi uma grande festa quando ele recebeu a ligação. Ele estava como piloto reserva da Toro Rosso e da Red Bull e abandonou a Formula 3.5 imediatamente para ir até a Espanha para se preparar para a corrida. Ele sabia que começaria fraco e em um carro inferior, mas a HRT já havia confirmado-o até o final do ano, ele poderia mostrar seu valor e, talvez, ter uma oportunidade na Toro Rosso dali um ano ou dois.
Harper estava na França quando recebeu a ligação. Estava fazendo cursos específicos na área de revisão para finalmente começar a avaliar restaurantes fora. Mal deu tempo de ela falar “alô” e Danny contou a novidade aos gritos, deixando a garota animada e feliz por estar perto da Inglaterra e poder acompanhar a estreia do garoto.
Ela aguardava animada na garagem junto dos pais, irmã, cunhado de Danny e alguns colegas da Formula 3.5. A menina chegou pela manhã e ainda não conseguiu conversar com o amigo com a quantidade de entrevistas que ele dava, mas ela achou formas de se distrair. Pela paixão do amigo desde cedo, ela aprendeu e muito, então encontrar Michael Schumacher, Fernando Alonso, Mark Webber, Jenson Button, Felipe Massa, Rubens Barrichello e novatos que hoje são grandes vencedores como Sebastian Vettel, Nico Rosberg e Lewis Hamilton, era algo que ela nunca esperaria.
– Ah, querido! – Grace disse, fazendo Harper distrair e a menina abriu um largo sorriso ao ver Daniel com o macacão branco da HRT, as sapatilhas pretas e os cabelos bagunçados. Seus olhos se encheram de lágrimas automaticamente. Era perfeito demais!
– Ah, mãe! – Daniel desviou de seu engenheiro, abraçando sua mãe, sentindo-a apertar fortemente e o olhar dele foi para Harper que derramava algumas lágrimas. – Já vai chorar?
– Para! – Ela disse com a voz afinada e pulou nos ombros do garoto quando ele livrou sua mãe. – Ah, Danny! – Ela disse em um gemido, verdadeiramente chorando e ele a abraçou apertado. – Eu estou tão orgulhosa de você. Estou tão feliz…
– Ah, Harp! – Ele disse.
– Deixa eu olhar para você! – Ela soltou os braços, afastando-o e apertou as mãos na boca quando observou-o de corpo inteiro. – Ah, meu Deus! Está acontecendo, Danny! – Ele riu da animação da garota, mas já havia passado pelo mesmo surto há alguns dias.
– Está! – Ele disse, sentindo os olhos se encherem de lágrimas.
– Muito sucesso, meu amigo. – Ela disse, limpando as lágrimas e finalmente abriu espaço para o restante do pessoal cumprimentá-lo e deixar mais lágrimas deslizarem com o garoto verdadeiramente pronto para a corrida.
– Você precisa ir, Danny. – Seu engenheiro falou, feliz com a comemoração animada em volta dele.
– É… Claro! – Ele falou rapidamente. – Eu vejo vocês depois.
– Boa corrida, meu filho! E tome cuidado! – Grace disse, fazendo-o rir e o restante do pessoal só deu acenos com a cabeça, orgulhosos demais por ele.
Protocolos são chamados de protocolos pois precisam ser respeitados, e esses mesmos protocolos existem até nos dias de hoje. O hino da Inglaterra foi tocado e Daniel voltou para a garagem para ser empurrado até o grid. O carro parecia brilhar para ele. Depois de ele brincar tanto com o carro da Toro Rosso ou da Red Bull, ele finalmente tinha um com seu nome e o número 22.
Ele largaria em última posição hoje, mas não importa, o foco aqui é terminar a corrida e criar experiência para o que viria a seguir. Harper estava animada com isso. Seus olhos estavam focados em uma das câmeras que mostrava o início do grid com Mark Webber na pole e Vettel ao seu lado, além de Alonso e Massa na terceira e quarta posição. Daniel era a novidade de hoje, mas não tinha relevância nenhuma para ser mostrado na TV. Harper estava animada como se fosse sua pole.
– Ai, aqui vamos nós! – Michelle falou animada, esfregando as mãos uma na outra, enquanto os mecânicos saíram de perto dos carros naqueles 30 segundos antes das duas luzes acenderem, denunciando a volta de apresentação.
– Vai, Danny! – Harper aplaudiu animada, fazendo a equipe da HRT feliz por ter uma animação diferente ali.
Narain já tinha 34 anos, então já estava em uma fase mais calma da sua vida, agora Daniel trazia tudo de novo, inclusive pique, o que dava um pouco de sagacidade para a HRT. Não que eles pudessem ganhar campeonatos, tinham consciência de que precisavam de muito para virar uma equipe que luta por títulos, mas voltar a criar gosto pelo trabalho era essencial.
Quando os pilotos voltaram para o grid, eles foram se alinhando um a um e Daniel foi realmente o último, junto de Vitantonio Liuzzi, o companheiro de equipe de Danny de 31 anos. As cinco luzes foram se acendendo uma a uma, fazendo com que Harper pressionasse as mãos uma na outra.
Quando as luzes se apagarem, a câmera mostrou a briga dos carros da frente. Webber perdeu posição para Vettel e as duas Ferrari já se bagunçaram antes da primeira curva, com Alonso e Massa, e Button estava perdido entre eles.
– AH, MERDA! – As vozes ficaram mais altas quando uma colisão aconteceu no fundo e as câmeras focaram no novato.
Danny fez o que ninguém esperava e teve a largada perfeita. Ele conseguiu subir duas posições ao passar pela direita, ultrapassando seu companheiro de equipe e d’Ambrosio da Cosworth, mas ele não esperava que o Trulli da Lotus fosse tentar outra ultrapassagem e acabasse batendo em Danny, fazendo seu HRT virar como uma panqueca, tirando-o da corrida na primeira volta.
– Ah, Danny! – Michelle reclamou, assim como Grace.
O carro de Danny virou 360 graus, voltando a ficar em pé, fazendo com que o garoto conseguisse frear o carro antes de sair do mesmo. Grace e Joe estavam aliviados em ver que o garoto estava bem, já Harper não estava mais ali. Algo crescia dentro dela, algo que ela nunca tinha sentido antes.
Seus lábios e suas mãos começaram a tremer com força, seu corpo estava gelado, mas um suor descia pela sua testa, além lágrimas surgirem de seus olhos. Sua garganta começou a fechar e ela teve a sensação de que estava prestes a ter um ataque cardíaco. A garota deslizou do banco que estava com pressa, procurando por ar e passou pela parte de trás da garagem, apertando a mão no peito.
– Harp? – Michelle percebeu a saída apressada da menina. – Harper! – Ela correu atrás da menina e Grace seguiu sua filha assim como os outros. – HARPER! – Michelle segurou a menina pelos braços.
– Eu não consigo respirar… – Harper falou com sua voz falhada, mas sua voz saía normalmente, ela só não tinha a sensação disso.
– Está tudo bem, Harp! Está ok, olha para mim! – Michelle falou rapidamente, tirando os cabelos do rosto da menina. – Está ok, você está aqui conosco! – Ela segurou o rosto de Harper com força.
– Respire, querida! Respira! – Grace disse, acariciando os cabelos de Harper e a menina abraçou Grace com força, deixando o choro ficar mais alto. Só assim o aperto e a dor no peito começaram a cessar aos poucos. Demorou bons oito minutos, mas a feição de medo no olhar de Harper foi reduzindo aos poucos.
Quando Harper finalmente se acalmou, Michelle e Jason a levaram para o centro médico para que a menina fosse examinada. Enquanto isso, Grace e Joe foram atrás de Daniel para saber como o menino estava, mas ele, sem nenhum arranhão, só quis saber de Harper.
Ele a encontrou dormindo no quarto de hotel que estava hospedada com sua família. O ambulatório deu um verdadeiro sossega leão para a menina e saberiam que ela não acordaria pelas próximas 24 horas.
– Como ela está? – Danny perguntou, se ajoelhando ao lado da cama.
– Ela está mais calma agora. – Michelle disse em um suspiro, cruzando os braços.
– O que ela teve? O que aconteceu com ela? – O garoto perguntou apressadamente, acariciando os cabelos de sua melhor amiga.
– A médica disse que pode ter sido uma crise de pânico ou um ataque de ansiedade. – Michelle disse, engolindo em seco. – Todos os sintomas batem com isso. – Michelle negou com a cabeça.
– Mas por quê? Por que agora? Assim do nada? – Daniel perguntou, observando os lábios entreabertos de Harper e as pintinhas somente do lado esquerdo do rosto.
– Pode… – Michelle suspirou. – Pode ter relação com o acidente dos seus pais. – Ela engoliu em seco.
– O quê? – Daniel perguntou, se levantando.
– Seu acidente. – Jason disse. – Pode ter causado um gatilho para ela. Feito ela lembrar do acidente dos pais. – Grace respirou fundo.
– Mas já faz dois anos! – Daniel disse.
– Semana que vem faz dois anos. Pode ter sido um gatilho também, estar se aproximando do aniversário… – Michelle disse fracamente.
– Merda! – Joe suspirou, tombando a cabeça para trás e Grace o abraçou, sentindo pela nova filha.
– O que fazemos agora? – Daniel perguntou.
– Precisamos ir atrás de ajuda. – Grace disse. – Um psicólogo, um psiquiatra, alguém que possa ajudá-la com isso.
– O que isso quer dizer, mãe? – Daniel perguntou e Grace suspirou.
– Que uma parte dela ainda sente a dor da morte do Alex e da Helena. – Grace sentiu seus olhos lacrimejarem com isso. – E eu não sei se um dia vai parar de doer. – Suas lágrimas escaparam e Joe a abraçou fortemente.
– Vai… – Danny disse, acariciando os cabelos da amiga de novo. – Precisa! – Ele falou em um suspiro.
*Esse acidente do Daniel aconteceu enquanto ele estava na Fórmula 3.5, em Silverstone em 2010. Foi alterado por causa do enredo. A estreia do Daniel na F1 aconteceu em Silverstone em 2011 sem grandes feitos, finalizando em 19º, depois que cinco pilotos abandonaram. O pódio foi de Alonso, Vettel e Webber.
Perth, Austrália, 2016
Harper
– Você se comporte, ok?! – Falei, virando para ele, fazendo-o sorrir.
– O quê? O que eu fiz? – Ele perguntou, estalando um beijo em minha bochecha e ri fracamente.
– Exatamente por isso. – Falei, virando meu rosto para ele. – Se comporte!
– Ah, tá, tá! – Ele abanou a mão. – Eu penso nisso depois.
– Ai se você aprontar uma, Daniel! – Falei e ele segurou meu rosto.
– O que vai fazer? Hein? – Ele perguntou, colando nossos lábios por alguns segundos e ri fracamente.
– Pegar a dica da Maria e fazer você aparecer morto na garagem. – Brinquei e ele riu fracamente.
– E u te amo, baby! – Sorri, sentindo outro selinho em meus lábios.
– Agora se comporte pelos próximos cinco dias.
– Vai ser difícil! – Ele disse de forma cantada, me fazendo rir.
– Sem beijos surpresos, sem abraços pela cintura, sem dormir completamente colados…
– Ah, coisa chata! – Ele desdenhou e neguei com a cabeça. Apesar de tudo, ele tinha mais medo do que eu.
Demorou mais alguns minutos até que chegássemos no aeroporto. O dia em Perth estava completamente ensolarado, nem parece os dias nublados que casualmente obrigaram com que eu e Daniel nos trancássemos em meu apartamento. O taxista nos deixou no terminal de embarque internacional e coloquei minha mochila nas costas e uma mão arrastou a mala pelo aeroporto.
Alguns fotógrafos estavam na entrada do aeroporto, então deixei Daniel um pouco para trás, enquanto caminhava por entre as pessoas, procurando o restante da família que já deveria estar aqui, além de Michael e Déborah.
– TITI HARPER! – Abri um largo sorriso ao ver os cabelos loiros de Isaac correndo desajeitadamente por entre as pessoas e deixei a mala e a mochila de lado, me abaixando para receber um braço do meu afilhado.
– Ah, meu amor! – Me levantei com ele, erguendo-o em meu colo. – Titi sentiu saudades!
– Sodadi! – Ele disse, se apertando em meu pescoço.
– Ah, meu amor! – Vi Michelle e Jason vindo em minha direção e pisquei para eles. – Acho que seu filho me encontrou. – Eles riram e dei um beijo nos cabelos dele.
– TITI DANIEL! – Ele gritou para Daniel e virei para trás, vendo o mesmo se aproximar e coloquei Isaac no chão para ele correr para os braços de Daniel.
– Olha quem chegou! – Michelle falou animada e aproveitei minhas malas no chão para abraçá-la fortemente.
– Oi, Mi! – Suspirei, acenando para Jason atrás dele.
– E como você está? – Ela se afastou, olhando em meu rosto.
– Está tudo bem. – Sorri, vendo Daniel se aproximar com Isaac e segurei sua mala para ajudá-lo.
– Estão melhores do que em agosto? Porque estavam bem chatos! – Ri fracamente, vendo-a cumprimentar o irmão e troquei um abraço com Jason.
– Sim, estamos sim. – Danny disse, piscando para mim e ri fracamente.
– Então, preparada para ficar mais velha? – Mi brincou e sorri, vendo Isaac esticar as mãos para mim.
– Ah, não acho que vá fazer tanta diferença, mas sim. – Sorri, vendo Grace e Joe finalmente nos alcançando.
– Ah, meus filhos! – Tia Grace disse, me fazendo rir e deixei Danny abraçá-los antes e tirei Isaac de seu colo. – Que saudades de vocês! – Ela o abraçou fortemente, acariciando seus cabelos.
– Oi, querida! – Tio Joe disse e sorri, trocando dois rápidos beijos dele, desviando de Isaac. – Como estão?
– Tudo bem, graças a Deus! – Sorri, vendo ele e Grace trocaram de lado.
– Oi, querida! Como está? – Ela perguntou e sorri, assentindo com a cabeça.
– Tudo bem. – Ri fracamente e ela acariciou meu rosto.
– Tem algo diferente sobre você. – Ela disse e franzi a testa.
– Como assim? – Ri fracamente.
– Não sei. – Ela disse. – Você e Daniel não estão se matando de novo, estão?
– Não. – Ri fracamente. – Ficamos no meu apartamento vendo filmes e comendo besteiras. Como na escola!
– Achei até estranho vocês não terem ido lá em casa. – Ela disse.
– Estava muito frio. – Falei rindo. – Foi por causa da preguiça.
– Entendi! Mas está tudo bem? – Ela perguntou.
– Sim, tudo bem! – Sorri, acariciando os cabelos de Isaac.
– Então, vamos pegar um avião? – Michelle disse.
– Falta o Michael, cadê ele? – Daniel disse, pegando minha mochila.
– Me dá aqui! – Falei, esticando a mão.
– Não, eu levo. Seu grude já está aí contigo! – Ele disse e ri fracamente.
– Meu grudinho! – Beijei os cabelos de Isaac.
– Titi… – Ele me apertou e sorri.
– Michael não ficou com vocês? – Jason perguntou.
– Não, ele tinha outros planos. – Danny disse rindo e mordisquei o lábio inferior.
– Falando na fera! – Michelle disse e encontrei-o entrando no aeroporto de mãos dadas com Déborah. – O quê? – Ela se virou para mim. – Aquela é…
– Uhum! – Falei rindo.
– Oi, família. – Michael disse e percebi o rosto avermelhado na pele morena de Déborah.
– O que aconteceu? – Michelle sussurrou para mim.
– Longa história! – Falei rindo.
– Eu conheço você! – Tia Grace disse e Danny se colocou ao meu lado, beijando a testa de Isaac.
– Nós namoramos na escola. – Michael disse envergonhado, me fazendo rir.
– Déborah! – Tia Grace disse. – Ah, meu Deus! Você está tão diferente! – Realmente, Déborah havia emagrecido um pouco e encorpado, mas até eu se tivesse que ser fisioterapeuta de focas bebês.
– Oi, Grace! Oi, pessoal. – Déborah disse sorrindo.
– Vocês estão juntos de novo? O que aconteceu? – Michelle perguntou e ri fracamente.
– Bem… Harper fez o trabalho sujo e… – Michael disse, me fazendo sorrir. – Estamos juntos.
– Ah, que felicidade! – Tia Grace os abraçou animada, me fazendo rir. – E você vai conosco para Malásia?
– Ah, tenho que trabalhar, já estou fora tem duas semanas. – Ela disse sorrindo. – Vou para Nova Zelândia.
– Mas nos veremos no fim do ano, vamos nos ajeitar como deveríamos ter feito há anos. – Michael disse e sorri quando ambos trocaram um rápido selinho.
– Agora vocês são mais velhos e mais maduros, conseguem se ajeitar com muito mais facilidade. – Tia Grace apertou a bochecha de Michael, me fazendo rir.
– Foi bom ter você conosco, amiga! – Falei, esticando o braço livre e ela me abraçou.
– Eu agradeço muito. – Ela sussurrou, me fazendo rir. – Sem sua cara de pau…
– Eu sei, eu sei! – Abanei a mão, vendo-a abraçar Danny em seguida.
– Que horas é seu voo, Déborah? – Michelle perguntou.
– Pouco antes do de vocês, já vou entrar na sala de embarque também. – Ela disse.
– Bom, melhor irmos fazer o check-in então, certo? – Tio Joe disse.
– Claro!
– Vamos lá! – Danny disse, pegando minhas coisas e segui ao seu lado, deixando tia Grace ir na frente dom Michelle.
– Sabe, agora que o Mike se ajeitou, falta só vocês dois arranjarem alguém! – Tia Grace disse, me fazendo arregalar os olhos e Michael gargalhou alto demais.
– Ei! Nem vem! Tem o Blake, o Tom, o Alex! Tem muito mais gente na fila! – Falei mais alto, ouvindo suas risadas!
– Acho que a mãe está certa, Harp! – Daniel disse. – Quem sabe eu não encontre uma novinha na Malásia? – Ele piscou para mim e revirei os olhos.
– Sua mãe está falando de namoro, maninho! Não de uma qualquer. – Michelle disse, fazendo Jason gargalhar.
– Eu sei, eu sei! – Ele abanou a mão, olhando para mim. – Mas quem sabe? – Ele sorriu para mim e retribuí com ele.
Kuala Lumpur, Malásia
Daniel
– Eu estou há 30 minutos nessa cidade e eu já estou suando até falar chega. – Harper comentou ao meu lado, puxando a gola da camiseta, assoprando para dentro do decote e ri fracamente.
– Isso que estamos no aeroporto ainda. – Puxei-a pelo braço, dando um beijo em sua cabeça.
– Daniel! – Ela me empurrou pela barriga.
– O quê? – Falei rindo. – Qual é, Harp. Eles estão longe! E eu te beijava assim antes. – Falei e ela passou a mão na testa, secando o suor.
– Mas estamos juntos há quase 10 meses, Daniel. Segundo eles, era para estarmos nos odiando. – Ela disse e ri fracamente.
– Ah, mas eu estou! Eu acordo com meu braço dormindo todo dia, isso é terrível para o fluxo sanguíneo. – Falei, ouvindo a gargalhada alta de Michael ao meu lado e ela revirou os olhos.
– Você é ridículo! – Ela disse, avançando alguns passos para perto da esteira.
– Viu? Nos odiando! – Falei e Michael riu fracamente.
– Você sabe que está ferrado, certo? – Michael sussurrou e ri fracamente.
– Sobre o que dessa vez?
– Bem, sua mãe ficou seis horas de voo falando como está feliz por mim e por Déborah e que queria que você e a Harper se ajeitassem nesse departamento também. – Ri fracamente.
– Eles mal esperam! – Neguei com a cabeça.
– Já decidiu como vai contar para eles? – Ele perguntou.
– Já sim, segunda-feira. – Comentei. – Harper não quer passar o aniversário dela levando xingo.
– E você acha que vão? – Ele perguntou e ri fracamente.
– Não no sentido literal da palavra, mas terão gritos, tenho certeza. – Rimos juntos.
– Bem… É bom você não dar para trás dessa vez, ou talvez a Harper realmente te mate agora. – Ri fracamente.
– Ela está com medo também. – Comentei, vendo-a pegar minha mala na esteira.
– Por quê? Acho que é algo que todo mundo esperava. – Ele disse, dando de ombros.
– Eu não sei, só espero que minha mãe não tenha um ataque cardíaco. – Falei, vendo Harper puxar uma mala até mim.
– Vamos ajudar, por favor? – Ela disse sarcasticamente.
– Eu vou! – Falei e a ajudei o restante do pessoal pegar as malas antes de sairmos de perto da esteira. Logo encontrei Maria com a tradicional equipe da Red Bull.
– Ah, meu casal favorito! – Ela disse.
– Xi! Pelo amor de Deus! – Abracei-a fortemente. – Meus pais não sabem! – Cochichei em seu ouvido.
– Ainda não? – Ela cochichou de volta neguei com a cabeça. – Meu Deus! Estamos quase montando o casamento e…
– Maria! – Harper a repreendeu.
– Ok, ok! – Maria disse. – Família Ricciardo, bom vê-los novamente.
– Oi, Maria, como está? – Minha mãe a cumprimentou, e o restante do pessoal deu um aceno. – Espero que tenhamos melhores circunstâncias do que da outra vez. – Ri fracamente.
– Todos esperamos, senhora Ricciardo. – Maria disse, cumprimentando meu pai.
– Bem, é meu aniversário no domingo, é bom dar tudo certo! – Harper disse e ri fracamente.
– Ah, é seu aniversário? Então o fim de semana vai ser cheio, é aniversário do Max na sexta.
– Eba, bolo em dobro! – Falei, vendo Harper rir.
– Você não vai comer nada até o fim da corrida no domingo. – Ela disse.
– Mas é bolo. – Falei, fazendo um bico e ela negou com a cabeça.
– Vence a corrida e eu faço quantos bolos você quiser. – Ela disse e sorri.
– É uma aposta? – Perguntei.
– Não, porque eu estaria apostando contra você. – Ela disse, mordiscando o lábio. – E eu nunca vou postar contra você. – Pressionei os lábios em um sorriso.
– Não morda esses lábios… – Pedi em um sussurro e ela riu fracamente.
– Ok, pegamos tudo. – Michelle disse.
– Vocês sabem que são só um fim de semana, certo? – Comentei.
– Há, há, há, engraçadinho! – Minha irmã desdenhou.
– Vamos, galera? Daniel tem entrevistas a fazer. – Maria disse.
– Lesgo, baby! – Falei rapidamente e Harper piscou para mim, seguindo ao lado de Maria.
Sexta-feira
Harper
– Baby! – Estiquei uma garrafa para Daniel.
– Obrigado! – Ele pegou-a de minha mão e a virou em um gole.
– Se mantém hidratado, ok?! – Falei e ele riu fracamente. – Nem vem! Você que disse que gostaria de ser cuidado e blá, blá, blá…
– Eu só ri! – Ele disse, bebendo mais um pouco de água e fiz uma careta.
– Que horas seus pais vêm? – Perguntei, batendo meu crachá na catraca, entrando no paddock.
– Acho que só na hora do primeiro treino. – Ele disse.
– Você precisa alinhar a mentira. – Virei para ele, vendo-o bater o crachá de novo, esperando-a liberar sua entrada.
– Sobre nós? – Ele perguntou.
– Sim! O paddock inteiro, praticamente, sabe que estamos juntos, menos seus pais. – Ele riu fracamente.
– A Red Bull é fácil, o problema é o Nando. – Ponderei com a cabeça.
– O Nando? Eu pensaria no Max antes disso. – Falei rindo, vendo-o finalmente passar da catraca.
– Ah, merda! Max! – Ele disse. – Mas acho que o Nando é mais inconveniente! – Sorri.
– Você é inconveniente, baby. Então… Todos seus amigos também são! – Dei um sorriso e ele me abraçou pelos ombros e segurei sua mão caída em meu ombro.
– Ao menos você está acostumada com isso. – Ri fracamente.
– Mais acostumada impossível. – Sorri, vendo alguns fotógrafos andando lateralmente. – Preciso me acostumar a isso… – Indiquei os fotógrafos do lado esquerdo.
– Depois de segunda-feira vai dar para gente andar um pouco mais folgados. – Ele disse e fiz uma careta.
– Nem fala de segunda, por favor. Me dá dor de barriga. – Ele gargalhou alto.
– Deveríamos ter contado nas férias, certo? – Ele perguntou.
– Sim! – Ele disse, suspirando. – Ah, merda! – Ele negou com a cabeça.
– Uma coisa de cada vez, baby. – Virei o rosto para ele.
– Sim, lesgo! – Ele disse e soltou meu ombro, me empurrando levemente pela rampa do motorhome da Red Bull.
– Eu quero bolo! – Falei rindo, apressando os passos e ele correu atrás de mim.
Empurrei a porta do motorhome, aliviada pela diferença de temperatura e acenei para algumas pessoas que trabalhavam ali, alguns mecânicos e engenheiros. Fui direto para o lado direito, na área do refeitório e vi Max ali com sua família.
– KI KI KI! EI! EI! EI! – Danny gritou, me fazendo rir.
– UH! UH! UH! – Max respondeu e coloquei a mão nos ouvidos.
– Feliz aniversário, Maxine! – Daniel falou animado, abraçando o mais novo e ri fracamente, deixando as risadas do pessoal ficarem mais altas. Dei um aceno de cabeça para os pais de Max e a irmã e esperei o largo abraço de Daniel finalizar. – Muito sucesso!
– Obrigado, cara! – Ele disse e me aproximei, abraçando-o.
– Feliz aniversário, Max! – Falei para ele. – Tudo de bom para você!
– Obrigado, Harper! – Ele disse em um sorriso.
– Ok, onde está o bolo? – Danny falou e ri fracamente, me afastando de Max e deixando Michael abraçá-lo.
– Depois dos treinos! – Christian disse, aparecendo pela porta e rimos juntos. – Não queremos vocês pesados para o carro.
– Bem, eu não vou entrar em nenhum carro. – Disse, me fazendo rir.
– Eu também não! – A irmã do Max disse e sorri.
– Bem, então estamos de acordo, nós vamos comer bolo e vocês ficam com o restante! – Maria disse e rimos juntas.
– Combinado!
– Já que não tem bolo, eu me contendo com o café! – Danny disse e ri fracamente.
– Vamos sentar ali! – Indiquei uma mesa vazia para Michael e fomos até lá.
– Eu estou com fome. – Suspirei, pegando o pequeno cardápio.
– Como foi a noite? – Mike perguntou e ri fracamente.
– Nós dormimos juntos… Mas o Isaac estava junto. – Falei rindo e Daniel se sentou ao nosso lado. – Mas dessa vez ele agarrou no Danny, certo, baby?
– O quê? Isaac? – Assenti com a cabeça. – Ah, estou moído até agora. – Ele reclamou, fazendo uma careta.
– Faça um bom relaxamento nesse garoto, Michael! Ele vai precisar. – Brinquei, vendo Danny fazer uma careta.
– Pelo menos ele não chutou lá embaixo. – Ele disse em um gemido.
– É bom se preparar, as férias estão chegando. – Falei e ele fez uma careta.
– Já falei que gostei muito do seu apartamento? – Ele disse e sorri, levando a mão até seu rosto.
– Isso não vai impedir de ele ficar conosco um pouco. – Ele suspirou.
– Droga! – Ele brincou, me fazendo sorrir.
– Pensamos quando chegarmos, baby. – Ele beijou minha mão. – Muitas coisas serão diferentes.
– É… Muitas! – Ele piscou e ri fracamente.
OUTUBRO
Sábado
Daniel
– Sim, o ritmo do Max estava bom desde ontem. Eu fiz algumas mudanças ontem à noite depois do treino, mas acho que é possível. Apesar da diferença do Lewis para o Nico, não estamos tão longe do Nico, então tudo pode acontecer amanhã. – Falei.
– Obrigado, Daniel! – Will disse e assenti com a cabeça, sentindo Maria me puxar e segui para fora da área da imprensa.
– Parabéns, Daniel! – Ela disse e assenti com a cabeça.
– Quarto não é perfeito quando Max está em terceiro. – Falei, vendo-a me esticar a garrafa da Red Bull e coloquei o canudo, sugando um pouco.
– A diferença de vocês é mínima, e vocês estarão na mesma fileira. – Ela disse.
– Eu sei, mas… – Ponderei com a cabeça. – O ritmo dele está melhor do que o meu e esse circuito é muito técnico…
– Sem falar no calor. – Ela comentou.
– Sim! Eu preciso de um banho! – Falei rindo.
– Vamos lá no motorhome! Depois da reunião a gente te libera. – Ela disse.
– Acho que eu até gostaria de uma banheira de gelo agora. – Gemi, cumprimentando Romain e Esteban à distância.
– Não peça que o Michael arranja para você rapidamente. – Ri fracamente.
– Acho que eu prefiro a do hotel… Com Harper! – Ela riu fracamente.
– Ah, cara, não acredito que você não contou para seus pais. – Ela disse risonha.
– Só mais dois dias. Não aguento mais ficar pensando no que eu posso ou não fazer. – Ela riu fracamente.
– Tirando alguns beijos na boca, você e Harper continuam os mesmos de antes. – Ela sorriu. – Vai ser um bom relacionamento, Daniel. – Sorri.
– É… Eu sei. Ela é demais! – Desviei das escadas, subindo pela rampa até a entrada do motorhome. – KI KI KI!
– Ah, Daniel! – Maria reclamou atrás de mim e vi Helmut no meio do caminho.
– Parabéns, garoto! – Ele disse, dando uns tapinhas em meus ombros.
– Obrigado! – Falei.
– Vamos procurar por uma vitória amanhã! – Ele disse e vi Harper atrás dele.
– Sim, com certeza! – Abri um largo sorriso e abracei Harper, tirando-a do chão.
– Ah, Danny! – Ela riu comigo. – Desacelera, seus pais… – Ela gargalhou quando a girei uma vez e a risada de Isaac veio antes de eu ver meus pais.
– Ah, que caralho! – Reclamei, colocando-a no chão e ela riu fracamente, apoiando as mãos em meus ombros.
– Só mais dois dias. – Ela sussurrou, dando um beijo em minha bochecha. – Quarto lugar não é nada mal. – Sorri.
– Não é perfeito, mas dá para fazer algo com isso. – Ela assentiu com a cabeça.
– Por favor, faça! – Ela piscou para mim e ri fracamente antes de seguir para minha mãe.
– Parabéns, filho! – Minha mãe sorriu.
– Obrigado! – A abracei. – Vamos vencer amanhã!
– Vai ter que passar por mim antes, Daniel! – Virei para trás, vendo Max entrar e rimos juntos.
– Ah, essa vai ser fácil! – Abanei a mão, vendo-o rir. – Parabéns, cara! – Trocamos um aperto de mão.
– Obrigado! – Ele disse. – Vamos conseguir um pódio amanhã!?
– Com certeza! – Sorri. – Vamos foder tudo!
– Lesgo, baby! – Harper disse e sorri para ela.
Domingo
Harper
Suspirei ao ouvir um toque do telefone de Danny e gemi, puxando a coberta até o rosto, virando o corpo na cama. Acabei encontrando seu corpo no meio do caminho e ele se mexeu, fazendo o barulho cessar e suspirei. Abracei-o pela cintura, dando um beijo em seu ombro e ele se movimentou novamente, me fazendo gemer.
– Baby… – Falei em um suspiro.
– Bom dia, baby… – Senti sua mão em minha barriga e sua perna entre as minhas. – Sabe que dia é hoje?
– Hum… – Gemi, sentindo um beijo em minha bochecha.
– Hoje é seu aniversário! – Ele sussurrou, me fazendo rir e abri os olhos devagar, encontrando seu rosto alinhado ao meu.
– É… Eu sei. – Falei rindo e ele se inclinou para colar nossos lábios rapidamente.
– Feliz aniversário, baby! – Ele disse em um sorriso e ri fracamente. – Muito de mim para você para sempre. – Ri fracamente, empurrando seu rosto e ele se deitou em cima de mim, passando os braços em meu corpo. – Tudo de bom na sua vida, baby. Muito sucesso, muitas felicidades, saúde, porque amor eu já te dou. – Ri fracamente, segurando seu rosto com as mãos.
– Você é ridículo, já te disse isso?
– Já… Mas eu não menti! – Ele sorriu e subi a mão para seus cabelos. – Eu te amo, baby.
– Eu te amo também. – Sorri e ele colou nossos lábios por alguns segundos.
– Será que dá tempo de eu te dar seu presente? – Ele perguntou e ri fracamente, abraçando-o pelos ombros.
– Qual meu presente? – Perguntei e ele deslizou os lábios pela minha bochecha.
– O mesmo que você me deu. – Ri fracamente.
– Hum… É tentador, mas acho que é melhor não. – Falei e ele se ergueu.
– Eu vou trancar a porta… – Ele andou de joelhos pela cama. – E eu uso a desculpa que foi automático.
– Você é louco, sabe disso? – Falei e ele caminhou até a porta.
– Meus pais estão dormindo, eles vão…
– TITI HARPER! – Arregalei os olhos ao ouvir a voz de Isaac. – TITI! TITI! TITI!
– Tem certeza disso? – Falei e ele abriu a porta, fazendo nosso afilhado aparecer correndo em seu pijama de dinossaurinhos, deslizando as meias no chão e me sentei na cama.
– Que caos é esse logo cedo? – Falei com voz infantil, vendo-o tentar subir na cama.
– Liversalio! Titi Harper! – Ri fracamente, vendo Danny erguê-lo e colocá-lo na cama. – Seu liversalio!
– É meu aniversário? – Fingi surpresa, vendo-o subir em meu colo.
– Uhum!
– E como canta para titi? – Danny disse e vi Michelle aparecer na porta com Grace.
– Como? – Isaac olhou para Danny.
– Parabéns… – Danny começou.
– Palabens pla ‘ocê! – Sorri, vendo meu pinguinho de gente batendo palmas fora de ordem. – Palabens pla ‘ocê!
– Parabéns, titi…
– Titi Harper! – Isaac deu um gritinho, me fazendo sorrir. – Palabens pla ‘ocê! – Fiz um biquinho, dando vários beijos em Isaac.
– Ah, meu amor! – Abracei-o apertado. – Obrigada!
– Ti amo, titi Harper! – Sorri.
– Também te amo, meu amor! – Sorri, vendo-o se jogar na cama.
– Feliz aniversário, Harp! – Michelle entrou no quarto e me levantei, deixando Danny cuidando de Isaac e abracei-a fortemente.
– Obrigada, Mi! – Senti um beijo em minha bochecha.
– Ah, minha querida! – Tia Grace veio animada. – Feliz aniversário! Tudo de bom na sua vida! Amor, paz, felicidade, saúde… Ah, muita saúde! – Sorri, sentindo-a acariciar meus cabelos. – Que Deus sempre te abençoe!
– Obrigada, tia Grace! – Sorri e vi Jason aparecer na porta.
– Fala aí, chef! – Ri fracamente.
– Acordou cedo, foi? – Perguntei, sentindo-o me abraçar.
– Tenha filhos e você sabe que não existe mais cinco minutinhos. – Ri fracamente.
– Acho que eu já não estou tendo mais nem com afilhados. – Ele riu e vi Michael na porta com cara de sono.
– Eu não tenho filhos e nem afilhados, mas tenho amigos que têm e tomei um puta susto! – Ri fracamente.
– Culpada! – Falei.
– Feliz aniversário, Harp! – Sorri, ficando na ponta dos pés para abraçá-lo.
– Obrigada, Michael! – Sorri.
– Muito amor para você, viu?! – Ele falou em desdém, me fazendo rir.
– Obrigado! Muito obrigada! – Sorri, vendo tio Joe na porta.
– Minha mais nova já está fazendo 27 anos, é isso mesmo? – Ele disse e ri fracamente, trocando de abraço.
– É o que me contaram! – Brinquei, sentindo um beijo em minha testa.
– Parabéns, meu anjo! Que Deus sempre te proteja. Tenho certeza de que seus pais estão orgulhosos de quem você se tornou. – Pressionei os lábios em um sorriso.
– Obrigada. – Falei, virando para Danny que estava na cama contendo Isaac que pulava na mesma.
– Bom, já que todos estão acordados, que tal um café da manhã? – Sorri, vendo Isaac pular em Danny. – A gente só vai poder curtir à noite mesmo.
– Eu adoraria! – Sorri, sentindo Grace me abraçar de lado.
– Vamos celebrar! – Ri fracamente, vendo Danny se aproximar de mim com Isaac.
– Vamos com Titi Harper? – Danny disse e Isaac esticou as mãozinhas para mim.
– Não vou largar você, meu amor! – Segurei-o em meu colo.
– Você está roubando minha melhor amiga, hein?! – Danny disse rindo e sorri, achando estranho há quanto tempo não nos mencionamos dessa forma para o outro.
– Não, ele só está pegando emprestado um pouco. – Sorri, abraçando o sonolento apertado e Danny deu um beijo em minha cabeça antes de passar por mim.
– Você escolhe, eu cozinho! – Ele disse, me fazendo rir.
– Não, baby! Da última vez que você tentou cozinhar para mim, não ficou legal. – Falei rindo.
– Baby? – Michelle perguntou e Daniel arregalou os olhos.
– Força do hábito! – Falei rindo.
– Eu fico falando “lesgo, baby” e ela pegou. – Danny disse rapidamente e pressionei os lábios, inconformada que não prestei atenção.
– Ah, vocês estão ficando juntos demais. Isso é péssimo! – Ela disse e ri fracamente.
– Só mais dois meses, depois me livro dela! – Danny disse, me fazendo rir.
– É… Só mais dois meses. – Sorri.
Daniel
– Se comporte, Daniel! – Ouvi Harper enquanto batia o crachá na catraca.
– O que eu fiz? – Ri fracamente.
– Eu te conheço há 24 anos, Daniel! Se comporte! – Ela falou entredentes e minha família riu ao nosso lado, me fazendo sorrir. Ela me conhecia muito bem, eu sei, mas nada do que ela falasse, faria com que eu mudasse.
– Relaxa, Harper! Você está muito enfesadinha para quem está fazendo aniversário! – Falei, abraçando-a pelos ombros e ela riu fracamente.
– Idiota! – Ela me empurrou, me fazendo abraçá-la mais apertado e ela sorriu.
– Mas você está envelhecendo, isso deixa as pessoas irritadas, mesmo.
– Daniel! – Ela me repreendeu, me fazendo rir.
– E aí, Daniel? – Vi Nando e Jenson caminhando lado a lado.
– Fala aí, galera! – Disse, me aproximando deles. – Hoje é aniversário da Harper!
– Ah, Daniel! – Ela gemeu, me dando dois tapas nos ombros e ri fracamente.
– Feliz aniversário, Harper! – Nando disse, deixando-a envergonhada e os dois pilotos da McLaren a abraçaram, fazendo seu rosto se franzir de vergonha.
– Fala aí, galera! – Lewis passou por nós.
– Ei, Lewis! É aniversário da Harper! – Gritei.
– Ei, parabéns, garota! – Ele gritou, dando um aceno.
– Daniel, para! – Ela pediu em um riso nervoso.
– Ei, eu ouvi que é aniversário de alguém? – Felipe apareceu logo em seguida.
– É! Da Harper! – Falei rindo.
– Daniel, para! – Ela pediu novamente.
– Eu não falei nada, ele que perguntou! – Dei de ombros, vendo Felipe abraçá-la.
– Qual o caos aqui? – Seb apareceu com o uniforme da Ferrari. – Ah, você tem que estar envolvido, Daniel!
– Fala aí, Seb! – Trocamos um rápido abraço. – É aniversário da Harper! – Falei, sentindo um tapa em meu ombro. – O quê? – Virei para ela.
– Para de falar para todo mundo que é meu aniversário! – Ela pediu rindo.
– É seu aniversário hoje? Parabéns! – Rosberg falou, me fazendo rir e ela pressionou os lábios.
– Eu te odeio! – Ela sussurrou para mim enquanto Nico e Seb a abraçavam. – Obrigada, gente! – Ela sorriu e pisquei para ela.
– Eu te amo! – Sussurrei igual e ela riu fracamente.
– Podemos entrar? – Ela pediu e ri fracamente, assentindo com a cabeça.
– Vamos lá! Obrigado, galera! – Falei aos risos.
– Obrigada! – Harper disse e seguimos pelo paddock. – Você é muito chato!
– E você é muito envergonhada! – Falei, abraçando-a pelos ombros. – Eu quero você bem e as pessoas te querem bem também. – Dei um beijo em sua cabeça.
– Mas eu tenho vergonha… – Ela gemeu e ri fracamente.
– Não tem por que ter! – Falei.
– Agora para! – Ela disse firme, apertando minha barriga e ri ao encolhê-la.
– Ok, ok, parei! – Ri sozinho, entrando com ela no motorhome da Red Bull, vendo que meus pais e Michael já haviam chego ali. – Bom dia, galera! – Falei.
– Bom dia! – Um pessoal respondeu e acenei para alguns funcionários na antessala antes de seguir para o refeitório com ela, vendo Christian, Helmut, Adrien, Max, Maria, alguns dos mecânicos e a família de Max.
– Oi, galera! – Falei com Harper.
– Oi, Daniel! – Eles responderam e caminhei pelo local, vendo Harper seguir com meus pais para uma mesa livre.
– E aí, Daniel! – Maria disse, vindo até mim. – Tudo certo?
– Uhum… – Dei um largo sorriso para ela.
– O que foi?
– Me proteja. – Pedi e ela franziu a testa. – HOJE É ANIVERSÁRIO DA HARPER!
– DANIEL! – Ela gritou, me fazendo gargalhar e um pessoal riu junto.
– PARABÉNS PARA VOCÊ… – Nigel e Raymond puxaram o parabéns à você.
– Ai, Daniel! – Ela apertou o rosto envergonhada, me fazendo rir.
– Ela vai te matar! – Maria falou rindo, batendo palmas junto do pessoal.
– Você não viu lá fora que eu juntei uns seis pilotos para dar parabéns para ela na mesma hora. – Ela negou com a cabeça e sorri para minha gata envergonhada pela Red Bull cantar parabéns para ela. – PARABÉNS, QUERIDA HARPER! PARABÉNS PARA VOCÊ! – Gritei o final junto do pessoal.
Capítulo 36
Perth, Austrália, 2011
– Vamos continuar trabalhando nisso, sim? – A psicóloga disse e tanto Harper quanto Grace assentiram com a cabeça.
– Nos vemos semana que vem? – Harper perguntou.
– Em duas semanas, faça os exercícios que eu te dei e vemos como as coisas vão acontecendo, que tal? – A mulher disse e Harper deu um aceno de cabeça. Isso era a prova que ela teve avanços, mas não se sentia assim.
– Tudo bem. – Harper disse.
– E os florais, como estão? – Ela perguntou.
– Não vejo diferença, quando tenho problemas de dormir acabo tomando remédio mesmo. – Harper assumiu.
– Eu já acho que eles a deixam menos ansiosa. – Grace disse. – Ela se mantém mais calma, especialmente no carro. – A psicóloga deu um sorriso.
– Vamos tentar uma coisa nova, sim? – Ela disse, mexendo em algumas fórmulas e anotou-as no papel antes de esticar para elas. Acabe o que tenha, depois comece essa, vamos ver se eles te deixam mais calma. – Ambas assentiram com a cabeça. – Se precisar de algo antes das duas semanas, sabe onde me encontrar.
– Obrigada, Alyssa! – Harper disse, dando um abraço na psicóloga e Grace fez o mesmo.
– Me liguem se precisarem de algo. – Grace deu um aceno mais firme, sabendo que tinha consulta com a psicóloga na semana que vem para falar sobre a menina e os poucos avanços com o medo descoberto no começo do ano.
Ambas seguiram para fora da clínica e foram até o carro. Grace foi no motorista e Harper no passageiro e o caminho demorou mais que o necessário. Harper não passava dos 60 por hora, mas para chegar na fazenda eles precisariam de muito mais se quiserem chegar no tempo certo e não levar tantas buzinadas dos outros carros.
Grace não se abalava mais, quando Helena e Alex faleceram, Grace prometeu cuidar da menina como sua filha, e era o que fazia todos os dias. Estando perto ou longe dela.
Eles chegaram na fazenda e desceram do carro. Ambas seguiram até a porta e Grace entrou antes da menina. Precisava fazer uma forma desse medo dela passar, mas as coisas não estavam indo muito bem no tratamento. Fisicamente ela estava muito bem, mas ela fugia de assistir as corridas de Danny, que havia acabado sua primeira temporada há duas semanas, e de qualquer tipo de corrida.
– Você quer comer algo? – Grace perguntou.
– Não, eu estou bem… – Harper disse fracamente e Grace sabia que ela estava desanimada. – Eu vou tirar uma soneca…
– Tudo bem, querida, eu…
– Nem vem! – Uma terceira voz foi ouvido e ambas ergueram o rosto, dando de cara com Daniel.
– DANNY! – Harper falou animada, correndo para abraçar o amigo.
– Fala aí, baixinha! – Ele a apertou fortemente, girando-a pela sala, fazendo Grace rir. – Como você está?
– Eu estou bem! E você? Como foi lá? – Ela perguntou sorrindo.
– Tudo bem, fiquei em penúltimo na classificação geral. – Riram juntos.
– Pelo menos não ficou em último. – Ela sorriu.
– Sim, com toda certeza! – Ele riu. – Oi, mãe!
– Oi, filho, como está? – Grace o abraçou apertado. – Bom te ver. Podia ter me falado que ia chegar.
– E perder a chance de fazer surpresa? Nem vem! – Eles riram juntos.
– E como foi tudo? Foi maravilhoso como esperava? – Grace perguntou e eles riram.
– Foi sim, mãe! Abu Dhabi é lindo demais! O Brasil… Ah! Sensacional! – Eles sorriram.
– Que bom, filho. – Grace sorriu.
– E eu tenho novidades! – Ele disse.
– Qual? – Harper perguntou empolgada.
– Eu vou correr pela Toro Rosso ano que vem. – Ele disse animado.
– MENTIRA! – Harper falou animada, abraçando-o fortemente, fazendo o garoto girá-la mais uma vez. – Danny, isso é incrível!
– Filho! Que notícia maravilhosa! – Grace sorriu.
– Sim! Eu vou encurtar minhas férias para conhecer as coisas, mas eu estou feliz. – Ele tinha um largo sorriso no rosto. – A HRT foi sensacional, mas a Red Bull é minha equipe, né?! – Eles sorriram.
– Você sempre gostou da McLaren, nem vem! – Harper disse, cutucando-o pela barriga.
– Ah, sim. Mas a Red Bull foi quem me deu a chance, estou feliz! – Ele sorriu.
– Isso é bom demais, filho. – Grace sorriu.
– É… – Ele riu fracamente. – E aqui, quais as novidades? Onde estavam?
– Fomos na psicóloga. – Grace disse.
– É? E como foi? Pronta para me ver correr. – Ele brincou e Harper deu um sorriso triste.
– Acho que melhor não, Danny. – Ela disse com os lábios pressionados.
– Você precisa me ver correr! – Ele disse. – Agora que eu vou ficar rico e famoso, a gente precisa aproveitar. – Ela riu fracamente.
– Um dia de cada vez, ok?! – Ela disse e ele assentiu com a cabeça, sabendo que ela importante não pressioná-la. – Eu vou tomar um banho, tá? – Harper disse e Grace assentiu com a cabeça, deixando a menina seguir para o quarto dela.
– Algum avanço? – O menino sussurrou quando a porta do quarto de Harper foi fechada.
– Nenhum realmente bom. – Grace suspirou.
– Mas isso vai passar, não vai? Tipo, foi uma crise, ela está se cuidando, vai passar, não? – Ele disse.
– Não sei, filho. É o que você falou, são crises… Ela pode ter outra, pode ter outro gatilho… – Ele suspirou.
– Mas isso é incerto, mãe. Digo, pode acontecer, como não pode. – Grace pressionou os lábios.
– Exato. – Grace disse e o garoto franziu a testa.
– O que isso quer dizer? – Ele perguntou.
– Dificilmente você vai ter Harper acompanhando você, querido. – Ela disse. – Quem sabe no futuro? – Ele suspirou, assentindo com a cabeça.
Internamente ele estava um lixo. Tudo o que mais sonharam desde crianças era que finalmente correria na Fórmula Um, e agora que havia conseguido, ela não estaria ao seu lado? Era uma realidade que ele não podia acreditar, mas só o tempo diria.
Kuala Lumpur, Malásia, 2016
Harper
– Se comporte, ok?! – Sussurrei, sentindo as mãos de Daniel em minhas costas.
– Pode deixar, baby. – Ele falou no mesmo tom, se afastando devagar. – Me espere no pódio? – Ri fracamente.
– Espero que continuemos nos encontrando lá. – Falei e ele deu um beijo em minha testa antes de se afastar.
Afastei alguns passos para o gramado, tentando ignorar a massa de fotógrafos e câmeras que estavam em volta de nós e subi o fone na orelha. Observei-o se aproximar de Simon e dos mecânicos, fazendo os protocolos de início até estar dentro do cockpit. Daniel virou para mim, erguendo o polegar e assenti com a cabeça.
– 30 segundos, Daniel! – Ouvi Simon no rádio e as capas saíram dos pneus. Fiz um discreto sinal da cruz há tempo dos carros saírem para a volta de apresentação.
Segui às pressas com Simon e o restante dos engenheiros e minha mão bateu na de Christian quando passei pelo pit wall antes de entrar na garagem. Dei um toque na mão de Michael e me coloquei em meu canto. A família de Danny estava do lado de dentro do bar – sem atrapalhar a bagunça da garagem – e Isaac olhava por cima dos ombros de Michelle. Não acredito que meu pinguinho de gente já estava perto dos dois anos.
– Vamos lá? – Michael cochichou e assenti com a cabeça.
– Lesgo, baby! – Falei, olhando para a televisão e as luzes demoraram para acender após a passagem da bandeira verde atrás.
Meus olhos ficaram um pouco travados na largada, as Mercedes vieram na frente, depois a Ferrari que pareceu ser de Vettel passou a Red Bull que pareceu de Danny, e o que parecia ser Vettel, empurrou o que pareceu ser Max para fora da pista logo na primeira curva. As câmeras mudaram com rapidez, me dando a impressão de que Danny estava em segundo lugar, mas o carro detonado de Vettel foi o foco.
– AH!
– MERDA! – Os mecânicos exclamaram.
– Danny está em segundo? – Sussurrei para Michel.
– Parece que sim! – Ele disse rindo e bati as mãos com força.
– Lesgo, baby! Lesgo! – Falei empolgada, vendo Nigel e Raymond me copiarem.
– Virtual Safety Car, Daniel! – Ouvi a voz de Simon pelo rádio.
– Nico em último. – Michael disse.
– Seb bateu nele. – Nigel disse e suspirei.
– Parece que o pessoal não está com muita sorte. – Brad disse.
– Danny está! – Falei, dando de ombros e os dois olharam para mim, pressionando os lábios e confirmaram comigo.
Além de Vettel fora, Nico em último e um possível problema de Max depois da batida, Gutierrez apareceu com um puncture. O replay da largada foi mostrado e Nico rodou com o contato de Seb e Max, foi um milagre ele só ter rodado, sem grandes acidentes.
– Tudo certo aí, querida? – Virei para tia Grace, rindo fracamente.
– Aparentemente sim! – Ela segurou minha mão, dando um beijo na mesma e me aproximei do bar para dar um beijo em sua cabeça.
O Safety Car Virtual saiu da pista com três voltas já finalizadas e foi quando a corrida realmente começou. Danny está em segundo, atrás de Lewis. Depois Max estava atrás dele há dois segundos e meio. Danny fez a volta mais rápida com 1:40:978, mas difícil dizer com VSC na pista.
Meu rosto desceu para a diferença entre Daniel e Lewis e era menos de um segundo. Que Danny tenha o ritmo para ultrapassá-lo! Por favor! Ele precisa parar de bater na trave e finalmente fazer o gol. Danny refez a volta mais rápido com 1:40:462 e isso só me fez sorrir. Esse é meu garoto!
Na nona volta, Grosjean deslizou nos cascalhos aparentemente sozinho, batendo na barreira. A batida não foi forte e ele saiu sozinho do carro. Isso ativou o VSC de novo. Pelos cumprimentos de aniversário e companhia da família de Danny, não participei da reunião com a engenharia, então não tinha ideia do que eles planejavam fazer, mas Max aproveitou a janela para fazer pit stop.
No começo da décima primeira volta, o VSC acabou e Danny agora mantinha pouco mais de dois segundos de distância de Lewis. Kimi vinha logo atrás e Max conseguiu manter o quarto lugar após sair dos pits. A distância de Kimi para Danny era sete segundos, e Max estava há quase 18 de Kimi. Caso nada acontecesse, parecia uma daquelas corridas sozinhas de novo.
– Parece que Danny está se afastando… – Michael sussurrou para mim.
– É, eu percebi isso. – Falei, notando a diferença de quase cinco segundos entre os dois. – Pneu queimado?
– Espero que seja só isso. – Ele disse e pressionei os lábios, apertando as mãos perto da boca.
– Daniel, estamos pensando em colocar duros na próxima janela. – Ouvi Simon no rádio.
– Entendido. – Danny respondeu.
– Lesgo, baby! – Suspirei, pressionando os lábios.
Na décima oitava volta, Nico já tinha subido para sétimo lugar, depois de ficar em último no começo da corrida. Isso que é motor bom, Mercedes! Na mesma volta, Magnussen abandonou o carro, depois de uma batida de Kvyat no caos da primeira curva na primeira volta.
Na volta seguinte, Max atacou Kimi e…
– LEWIS NO PIT.
– DANNY NA FRENTE! – Minha voz saiu desesperada demais, colocando as mãos na boca e ouvi algumas risadas do pessoal em volta, mas ri sozinha, sentindo Mike me abraçar pelos ombros. – Desculpe! – Falei fracamente, ouvindo-o rir.
– Você sabe que ele…
– Vai para o pit, eu sei, mas deixa eu aproveitar ele liderando uma corrida. – Suspirei, pressionando os lábios, mas o filho da mãe apareceu no pit stop na volta seguinte. – Eu vou matá-lo! – O pessoal em volta riu.
Agora Max liderava a corrida, Lewis vinha atrás e depois Danny em terceiro. Se eu estava calma e empolgada até agora, isso simplesmente sumiu! O problema não é Danny estar para trás, é Max estar na frente dele! Que caramba!
– Lesgo, baby! – Suspirei.
Lewis estava há sete segundos de Max, e Danny estava há dois de Lewis. Os três estavam com pneus novos e tem 30 voltas para o fim. Lewis e Danny com duros, Max com macios, o que ele vai precisar fazer mais um pit pelo menos… Merda! Muito pode acontecer!
Tive certeza de que minha cabeça nas estratégias estava melhorando quando Max apareceu no pit stop logo em seguida e saiu atrás de Danny, com uma diferença de cinco segundos, mas Danny estava há 11 de Lewis.
– Lesgo, baby! – Suspirei, apertando minhas mãos.
Com o passar das voltas, notei que Danny deu uma estagnada na distância de Lewis, quase 17 segundos. Em compensação, a dele e de Max só se aproximavam em dois segundos. Isso era preocupante. Ele não reclamou do ritmo, mas algo com certeza não estava certo. Na trigésima oitava volta, essa distância era de um segundo.
– Max está pedindo para ultrapassar. – Michael disse sussurrou para mim e ergui o rosto para ele.
– Eles não vão deixar, vão? – Tentei falar no mesmo tom, mas eu estava nervosa demais para isso.
– Não sei… – Michael disse e, depois do contato entre Nico e Kimi, mostrou a caçada de Max em Danny. – Talvez deixem eles competirem entre si… – Michael disse e minhas mãos pressionaram quando Max tentou ultrapassá-lo, mas Danny aproveitava as partes de dentro das curvas para tirar essa chance de Max, até que Danny ficou à frente, fazendo algo borbulhar dentro de mim e mordisquei minha mão.
– Não coma sua mão! – Michael puxou minha mão para baixo, me fazendo pressionar sua mão quando notei Max tentando novamente, mas Danny fechou de novo. – A-a-a-ah! – Michael reclamou e soltei sua mão rapidamente.
– Desculpe! – Falei, suspirando e a câmera focou no carro de Lewis pegando fogo. – Lewis está fora! – Falei animada demais.
– VAI, DANIEL! – Ouvi alguns gritos do lado de cá da garagem, mas os ecos me fizeram suspeitar que o outro lado gritou a mesma coisa, mas com Max.
– Vai, baby! Vai! – Suspirei, vendo o VSC ativo e a velocidade dos dois naturalmente reduzir.
– Respira, Harper! Respira! – Michael disse e virei para ele.
– Estamos esperando uma vitória desde Mônaco! Não peça para eu me acalmar! – Ele disse.
– Pit duplo! – Nigel anunciou e os mecânicos saíram correndo da garagem e Danny apareceu no pit stop segundos depois, depois Max, com um pit um pouco mais lento, e Nico apareceu logo atrás. O top três da corrida estavam de volta na pista e a diferença entre as Red Bull era de cinco segundos agora.
– Distancia isso, baby! Se afasta dele agora! – Suspirei, ouvindo Michael rir comigo.
– Rosberg está há mais ou menos 25 segundos de você, à plena vista. – Simon disse no rádio e franzi a testa para Michael.
– O que isso quer dizer? – Sussurrei.
– Eles não vão deixar Max ultrapassar ele. – Maria sussurrou do lado dele.
– Mesmo? – Perguntei talvez animada demais e ela deu de ombros.
– Por que ele precisaria se preocupar com o Nico agora se tem o Max ainda? – Ela falou e ponderei com a cabeça. Ela tem razão.
Eu sei que “ordens da equipe tiram a magia do esporte”, mas estou pouco me importando quando isso prioriza o Daniel. Depois de Barcelona, Mônaco e todas as batidas na trave nas últimas corridas, estava na hora de ele subir no ponto mais alto do pódio! Especialmente se for no dia do meu aniversário! Nenhum presente para mim seria mais incrível do que ver o largo sorriso de Danny da Lua!
– Se hidrate, temos 11 voltas ainda! – Simon disse e sorri.
– Força, baby! – Mordisquei meu lábio inferior e virei o rosto para a família de Danny.
Os quatro estavam com os olhos fixos na tela e Isaac não estava mais com Michelle, imaginei que estivesse no vestiário de Danny ou no carrinho. O tempo na Austrália é quente, mas Malásia e Singapura que o digam!
Faltavam seis voltas para o final quando Max chegou a estar a 0,6 segundos de Daniel, mas milagrosamente essa distância mudou para um 1,5. Algo acontecia do outro lado da garagem e no pit wall, mas não estava a fim de olhar e tentar entender. Meu foco era só em uma pessoa agora.
– Três voltas. – Michael sussurrou.
– Vamos, Danny! Só um pouco mais! – Suspirei.
– Duas voltas. – Ele falou novamente.
– Ah, caramba! – Suspirei, virando para o lado e vendo tia Grace quase comendo sua mão e sorri. Somos mais parecidas do que parece.
– ÚLTIMA VOLTA! – Foi a vez de Nigel gritar e, apesar do distanciamento de Danny e Max, Rosberg estava há mais de 12 segundos de Max, era uma vitória importante para Red Bull, um 1-2. Era demais!
A câmera focou em Danny, mas os mecânicos começaram a empurrar as cadeiras do meio do caminho e saírem em direção à grade.
– Vem! – Michael disse e corri com o pessoal para fora, vendo as duas Red Bulls passarem ao nosso lado e abracei Michael.
– Ele ganhou! – Gritei animada, sentindo-o me girar e fui pega pela cintura, vendo Nigel do outro lado. – Ele ganhou! – Falei gargalhando.
– A-A-A-A-A-A-AH! HÁ! HÁ! HÁ! – Ouvi seu grito no rádio.
– Parabéns, Daniel! Fantástico! – Ouvi Christian no rádio. – Você mereceu essa! Fantástico!
– Obrigado! Obrigado, caras! – Sua voz saiu cansada. – Nós merecemos isso!
– Ele ganhou, garota! – Abracei Simon do outro lado, desviando dos mecânicos e vi Christian no pit wall e ele esticou os polegares para mim.
– Especial para você! – Ele disse e rimos juntos.
– Muito especial! – Suspirei.
– Mais do que especial! – Virei para trás, vendo tia Grace.
– AH! – Abracei-a apertado, ouvindo-a rir. – Ele ganhou!
– Sim, ele ganhou! – Ela riu fracamente. – Ele estava muito empolgado em ganhar hoje! – Ri fracamente.
– Nem imagino por quê! – Sorri, sentindo algumas lágrimas em meus olhos.
– Vem, Harper! Vem! – Michael me puxou e minha mão puxou Michelle enquanto corríamos até à garagem da FIA.
Fotógrafos e mecânicos estavam acumulados lá, mas dessa vez eu não me importei. Eu me enfiei no meio das pessoas sem maior cuidado, puxando Michelle comigo, e só parei quando encontrei a grade.
O carro de Danny chegava no mesmo momento e sorri quando ele parou exatamente na nossa frente. Ele se ergueu no carro, flexionando os braços e batendo no peito e sorri quando Max foi até ele, abraçando-o. 1-2 da Red Bull desde 2013, se eu não me engano. Daniel tirou o capacete do rosto e meu sorriso só se alargou com o seu.
Como é bom ver esse homem feliz!
Ele foi parado por Christian para um abraço, mas seu olhar focou no meu. Dei uma piscadela discreta, achando que ele iria entrar direto pelos marshalls o chamando, mas ele veio em minha direção com seu sorriso.
– Você ganhou! – Tentei falar sob os gritos e ele esticou o braço livre em minha direção e abracei-o, sentindo meu corpo ser impulsionado contra a grade.
– Por você! – Ele disse próximo ao meu ouvido e neguei com a cabeça.
– Não! Por você! – Falei e seus lábios pressionaram nos meus fortemente.
Minha cabeça foi longe e a mão livre foi para sua nuca suada, tentando alongar o beijo por mais tempo, mas nossos corpos foram puxados para lados separados, me obrigando a abrir os olhos de novo e percebi onde estava quando ele foi para garagem. Os olhos e câmeras estavam em cima de mim. E pior, sua família também.
– O QUÊ?! – A voz de Michelle foi a mais alta.
– HÁ! HÁ! HÁ! HÁ! – Michael gargalhou exagerado ao meu lado e percebi exatamente o que tinha acontecido.
Eu vou matá-lo!
Daniel
– Parabéns, cara! – Abracei Christian, rindo com eles.
– Obrigado, cara! – Falei rindo, tentando me afastar do pessoal.
Quando consegui, meu rosto foi diretamente para Harper que tinha um largo sorriso no rosto. Ah, como eu amo essa mulher! Eu desejei tanto ganhar hoje! Um gostinho especial por ser aniversário dela, e deu certo! Eu poderia parar tudo hoje, me aposentar, contato que tivesse esse sorriso ao meu lado todos os dias.
– Você ganhou! – Vi seus lábios se movimentarem e me aproximei dela, abraçando-a com o braço livre.
– Por você! – Sussurrei e ela negou com a cabeça.
– Não! Por você! – Ela disse e olhei seus olhos castanhos por alguns segundos e colei nossos lábios.
Sua mão subiu para minha nuca, me puxando para perto, mas meu ombro foi puxado para trás, me fazendo afastar alguns passos. Os olhos arregalados de Michael identificaram o que eu havia feito, onde eu havia feito e com quem havia feito e me afastei rindo.
Eu acabei de beijá-la na frente dos meus pais, da imprensa e de todo mundo do automobilismo, e estava fugindo da conversa… Ela vai me matar!
Voltei para dentro da garagem da FIA, recebendo um abraço de Felipe, depois de Jenson antes de subir as escadas. Passei pelo corredor das grid girls, recebendo os cumprimentos delas e entrei na sala de descanso, vendo Nico já lá dentro, e entrei com Max e Christian. Subi na balança antes de soltar o capacete e o headrest no sofá.
– Parabéns, cara! – Abracei Nico.
– Parabéns! – Ele disse sorrindo e me joguei no sofá, ouvindo a conversa dos outros três. Vi o câmera se aproximar.
– Eu disse que ia ganhar! – Falei rindo, soltando o velcro do macacão. – Às vezes você tem que fazer as coisas do seu jeito! – Ri fracamente.
– O pessoal estava empolgado na garagem! – Christian disse, me fazendo rir e vi Maria entrando na sala.
– Mary! – Falei animado.
– Eu vou te matar! – Ela disse rindo e se inclinou para me abraçar.
– Não aqui! – Christian falou e ri fracamente.
– Ela vai te matar! – Maria sussurrou e sorri, dando de ombros.
– Ouço isso há 24 anos! – Abanei a mão, terminando de beber a água e ela negou com a cabeça.
– Você deixou ela encarar isso sozinha! – Ela sussurrou e ri fracamente.
– É como tirar um band-aid. – Falei e ela riu fracamente.
– Vamos, homens? – O organizador da FIA falou e me levantei, passando as mãos nos cabelos e fechei o macacão novamente.
– Em terceiro lugar, da Alemanha, Nico Rosberg! – Ouvi o narrador. – Em segundo lugar, da Holanda, Max Verstappen! – Meu companheiro de equipe saiu e vi Christian se aproximar.
– Você é realmente uma caixinha de surpresas, hein?! – Ele disse enquanto colocava o boné na cabeça.
– Por quê? – Perguntei rindo.
– Você teve um zilhão de oportunidades em anunciar seu relacionamento, e decidiu fazer agora? – Ri fracamente.
– No melhor momento possível! – Brinquei.
– …lugar, Daniel Ricciardo! – O narrador chamou e saí da sala, com as mãos para cima, subindo no ponto mais alto do pódio.
Finalmente!
O hino do meu país começou a tocar e tirei meu boné, abaixando a cabeça por um minuto. Não podia ter sido mais perfeito! Primeiro lugar, com a minha família toda presente, no aniversário da Harper! Uma corrida limpa e perfeita! Eu posso ser louco em fazer o que eu fiz justo agora, mas não foi de má intenção! Eu não quero esconder nada, eu só quero curtir essa vitória e esse dia com a minha garota.
Australians all let us rejoice
For we are young and free
We’ve golden soil and wealth for toil
Our home is girt by sea
Our land abounds in nature’s gifts
Of beauty rich and rare
In history’s page, let every stage
Advance Australia Fair
In joyful strains then let us sing,
Advance Australia Fair
Era impossível não derramar algumas lágrimas com toda essa atmosfera. É nesses momentos que toda luta, toda dor, tudo compensa.
– O prêmio de hoje é oferecido pelo primeiro-ministro da Malásia. – Ouvi o narrador e me inclinei para cumprimentar o homem, recebendo o prêmio em minhas mãos.
Me aproximei da grade, esticando as mãos para cima, apresentando para minha equipe e ouvi os gritos, junto de alguns sapatos sendo estendidos no alto, me fazendo rir. Eles querem o shoey!
Fiquei alheio aos outros prêmios, mas estourei meu champanhe quando foi liberado e Nico foi o primeiro a esvaziar o champanhe em mim. Derrubei pela marquise, tentando procurar Harper no canto, mas estava impossível. Brindei com Nico e Max, depois ofereci um gole a Christian.
Me sentei no pódio novamente, ouvindo o grito do pessoal e eles queriam o shoey! Coloquei a mão na orelha, ouvindo os gritos ficarem mais altos e sorri com eles. Desafivelei o cadarço e tirei a sapatilha, enchendo com meu champanhe, tendo ajuda de Nico e virei rapidamente boca adentro, sentindo cair um pouco nas laterais. Com isso os gritos ficaram mais altos.
Enchi a sapatilha novamente e estiquei para Christian e ele rapidamente colocou para dentro, me fazendo gargalhar e a torcida gritar mais alto ainda. Sentei de volta no pódio, pensando por alguns segundos.
– Dá para ele! – Nico disse, apontando para Max e virei para ele.
– Não, não, não! – Ele disse.
– SIM! SIM! SIM! – A torcida gritou e gargalhei, enchendo a sapatilha novamente e entreguei a ele, vendo-o beber inteira.
– Você, Nico?
– Ah, merda! – Ele disse e enchi mais uma vez, vendo-o beber e fazer a pior careta que eu já vi.
– Juntem-se para as fotos! – O narrador falou e subimos no pódio para as fotos e logo as grid girls vieram trocar nossos bonés e entregar os microfones para a entrevista com Mark que entrava no pódio. – O entrevistador, Mark Webber!
– Senhoras e senhores, que corrida! – Ele disse rindo. – Foi apertado hoje! Eles tiraram todo meu dinheiro hoje. – Gargalhei com ele, vendo-o pegar a sapatilha e jogar na plateia. – E eu não vou fazer isso. – Daniel, o hino nacional bateu em você! – Sorri. – Bela vitória, cara. Bela vitória!
– Hum… É! Eu estava… Eu estou cansado, é uma corrida quente aqui, foi uma corrida de… Desafios! – Ri fracamente. – Lewis teve seus problemas, e sem levar para o lado pessoal, mas é o contrário do que houve em Mônaco. Ele deu azar, eu dei sorte. É muito emocional! Dois anos sem uma vitória, e chegamos tão perto esse ano! Logo depois da corrida em Mônaco eu falei que queria vencer esse ano, então aqui está. Obrigado a todo mundo, à equipe, minha família, minha irmã, minha garota… – Senti meu rosto esquentar com isso, ouvindo os gritos mais fortes da torcida. – Estão todos aqui… O apoio é incrível.
– Parabéns, Daniel! Direção incrível! – Mark disse, se afastando para falar com Max.
Consegui olhar para baixo, procurando pelo pessoal e finalmente encontrei Harper agarrada na grade com Michael ao seu lado e queria saber o que aconteceu lá embaixo. Espero que minha mãe esteja viva!
– Daniel, estou sorrindo contigo. Ganhou aqui, partindo para Suzuka, outra pista incrível, vai rolar uma celebração essa noite ou já se preparar para o próximo fim de semana? – Ele perguntou.
– Eu acho que alguns de nós vão viajar essa noite ainda, então talvez alguns uísques, para amanhã estarmos em Tóquio, talvez consigamos ter um dia de folga. – Falei.
– É isso, senhoras e senhores! Nos vemos em Suzuka! – Ele disse e acenei para a torcida, pegando meu prêmio.
Fiquei por último para tirar algumas fotos antes de entrar novamente. Caminhei pelos corredores, voltando para a sala dos pilotos, vendo Michael ali dentro junto dos treinadores de Max e Nico.
– Ela vai te matar! – Michael disse rindo e nos abraçamos, fazendo nossas risadas ficarem mais altas.
– Ah, cara! Eu não pensei! Eu só queria beijá-la! – Falei rindo enquanto nos separamos.
– Ela está surtando! – Ele riu.
– Ah, eu simplifiquei um problema enorme, vai.
– É, e criou alguns também! Mas vamos terminar isso logo para você salvar ela! – Maria disse, entrando com Henrique e abracei-a melhor agora.
– Vocês a deixaram sozinha lá? – Falei rindo.
– Os mecânicos estão com ela, o Pierre também! – Maria abanou a mão.
– É… Ela vai me matar! – Fiz uma careta, me sentando novamente.
– É… Isso também! – Michael deu de ombros, me esticando minha garrafa.
Harper
Quando Danny se afastou, eu não tinha ideia do que fazer! Todas as câmeras focaram em mim e eu não tive coragem de olhar para trás. Michael gargalhou por alguns segundos e Michelle deu um grito surpreso, mas eu não conseguia me virar para encarar isso. Agradeci pelo empurra-empurra de fotógrafos e mecânicos, pois consegui me agarrar na grade e fingir, pelo menos por alguns minutos, de que isso não era comigo!
COMO O DANIEL ME FAZ ISSO?
Quando eu falei para gente esperar depois do meu aniversário para contar, era para fazer algo calmo, devagar… Como assim ele me faz isso?
É bem a cara dele querer esconder, mas surtar do nada e sair contando para todo mundo. Ele só podia ter feito isso entre nós. Por causa do meu medo de carros e afins, eu nunca precisei me importar em ser melhor amiga de Daniel Ricciardo, e esse ano, mesmo antes de nos tornarmos algo a mais, nossa relação foi ficando clara aos poucos.
Agora isso? Eu nem sei o que é isso!
Minha cabeça acalmou quando Daniel subiu no pódio. Ver seu largo sorriso enquanto ouvia Advance Australia Fair fez com que eu derramasse mais do que algumas lágrimas. Até quando ele bebeu do seu sapato e obrigou Max, Nico e Christian a fazer o mesmo, eu ainda chorava. Era impossível não me emocionar! Não é só um pódio, é uma vitória. No dia do meu aniversário, com toda minha família presente.
Eu teria uma dor de cabeça em alguns minutos? Sim! Mas ainda é algo grande!
– Harp? – Senti um puxão e virei meu rosto para o lado, vendo Michael. – Eu tenho que subir. – Fiz uma careta.
– Cadê a Maria? – Minha voz saiu falha.
– Vai subir também… – Suspirei, vendo as grades começaram a esvaziar.
– Ok… – Assenti com a cabeça. – Eu vou… Eu me viro. – Ele assentiu com a cabeça. – Fala que eu vou matá-lo, ok?!
– Pode deixar, mas aposto que ele sabe. – Ele disse e assenti com a cabeça, vendo-o passar por trás de mim e seguir para dentro da garagem da FIA.
Suspirei, vendo alguns papéis picados ainda caírem e ergui meu rosto para frente. A bagunça de fotógrafos, câmeras e torcedores do outro lado do pit wall começava a dissipar e sabia que precisava encarar isso uma hora ou outra.
Tentei levar meus pensamentos para meus pais. O que eles achariam disso? Talvez minha mãe pensasse que a profissão de Danny é muito perigosa e não quisesse meu coração partido por uma possível tragédia. Meu pai provavelmente encheria o saco de Daniel até falar chega por namorar a menininha dele. Mas a questão nunca seria Danny. Creio que é algo que eles esperavam há anos. Uma surpresa? Com toda certeza. Mas uma felicidade?
…
…
É!
Absolutamente sim!
Nossos pais eram melhores amigos. Meus pais amavam Daniel como seu filho e Grace e Joe se tornaram meus pais após tudo, apesar de já serem antes de tudo. É o que eu chamo de full yes! Sem nenhum “mas”.
Puxei a respiração antes de me virar e encontrei os quatro Ricciardo me encarando com os olhos arregalados e claramente esperando por respostas. Por algum motivo eu senti vontade enorme de rir da situação. Não podia negar que era uma situação engraçada! Talvez até demais!
– Eu posso expl…
– QUE PORRA FOI ISSO?! – A voz de Michelle foi alta demais e minha mão foi para sua boca.
– Aqui não! – Pedi e ela abaixou minha mão.
– NÃO AQUI?! HARPER…
– Por favor… – Falei um tanto afinado e me afastei da grade.
– Harper, volta aqui! – Ouvi a voz de Michelle, mas tentei ignorar, andando a passos rápidos pelo pit lane.
Daniel pode me deixar sozinha, mas eu não vou encarar isso sem ele!
Eu queria correr pelo pit lane e me esconder no vestiário de Danny, mas não foi possível quando eu percebi a quantidade de fotógrafos andando ao meu lado, e o barulho frequente dos obturadores.
Eu não sei lidar com isso. Eu nunca precisei lidar com isso! E tudo simplesmente mudou em 10 segundos!
– HARPER! – Me assustei ao entrar na garagem, encontrando Simon, os mecânicos e Pierre ali.
– Me tira daqui! – Pedi em um suspiro.
– Desculpe, garota! – Simon disse e pressionei os olhos.
– Por favor, Harper. Vamos conversar! – Ouvi a voz da tia Grace.
– Eu não consigo… Eu não… – Sacudi as mãos, atravessando a garagem e saindo pelo paddock, me assustando com a quantidade de fotógrafos parados na saída. – Ah, merda!
– Você e Daniel estão juntos?
– A amizade virou namoro?
– Isso rola há quantos anos?
– Eu não… Eu… Nós… – Senti a respiração começar a pesar. Não surta, Harper. Não surta…
– Vem comigo, garota! – Os grandes braços de Nigel me abraçaram e ele me puxou para o lado, formando um escudo entre os fotógrafos.
– Eu não… – Minha visão estava turva e notei que algumas lágrimas deslizavam pelos olhos.
– Respira! Respira, garota! Estamos chegando! – Nigel disse baixo.
– Eu não estou me sentindo bem… – Sussurrei.
– Estamos aqui, estamos aqui! – Ele disse e me puxou pela rampa do motorhome e minha visão escureceu um pouco e notei a diferença de temperatura quando percebi que estava dentro. – Senta aqui. – Ele disse, me colocando em um lugar macio e puxei a respiração forte, soltando devagar.
– Uma água, por favor. – Puxei a respiração, soltando devagar.
– Ei, moça… – Vi Michelle de joelhos à minha frente, segurando minhas mãos. – Você não tem direito nenhum de surtar, talvez nós… – Pressionei os lábios.
– Me desculpe… – Falei fracamente e ela negou com a cabeça.
– Você não tem direito de se desculpar. – Ela deu um curto sorriso e vi uma garrafa de água aparecer na minha frente.
– Beba tudo! – Nigel disse e assenti com a cabeça, virando a garrafa já aberta para dentro, mas só consegui dar três goles.
– Respira… – Michelle disse e suspirei. – Melhor? – Assenti com a cabeça, erguendo o rosto e vi tia Grace, tio Joe e Jason com Isaac em seu colo. – Não surta!
– Impossível… – Suspirei e ela sorriu.
– Posso perguntar que merda foi aquilo? – Ela perguntou e ri fracamente.
– Foi… – Suspirei, mordiscando meu lábio inferior. – Eu vou matar seu irmão… – Ela riu fracamente.
– OI, FAMÍLIA! – Virei o rosto para porta, vendo Daniel e seu sorriso entrar pela porta do motorhome e eu me levantei rapidamente, deixando a garrafa de água numa mesa.
– EU VOU TE MATAR! – Fui em sua direção, vendo-o rir.
– Ah, qual é, baby! – Ele disse e minhas mãos bateram em seus ombros com força. – Oh! Oh! Oh! – Ele disse, tentando desviar e suas mãos me apertaram pela cintura. – Você sabe que eu gosto de algo mais violento, mas…
– Ah, Daniel! – Ele pressionou os lábios nos meus, me puxando pela cintura.
Relaxei meu corpo, deixando minhas mãos caírem em seus ombros e suas mãos me apertaram pela cintura. Sua língua encontrou a minha, me fazendo suspirar e nossos lábios se afastaram aos poucos com curtos selinhos. Uma mão subiu para meu rosto, acariciando minha bochecha e meus cabelos, e nossas testas se tocaram.
– Melhor? – Ele sussurrou e assenti com a cabeça. – Não quer mais me matar? – Ri fracamente, olhando seus olhos naquele tom esverdeado.
– Agora não. – Ele sorriu, pressionando os lábios em minha bochecha.
– Vamos encarar isso? – Ri fracamente.
– Agora você diz isso? – Ele piscou para mim e afrouxei meus braços de seus ombros, virando o rosto para seus familiares.
O olhar de susto dos familiares de Danny havia se aliviado e agora eu quase podia ver um pequeno sorriso nos lábios de todos. Michelle tinha as mãos nos lábios, como ela fazia quando queria gritar, e eu só consegui morder meu lábio inferior.
– Oi, família! – Danny disse, me abraçando pela cintura e ri fracamente, apoiando uma mão em seu peito. – Estamos juntos!
– A-A-A-A-AH! – Michelle gritou, pulando em nossa direção e sumi em seu abraço. – OH, MEU DEUS! AH, MEU DEUS! – A risada de Danny ficou mais alta.
– Como isso aconteceu? – Ouvi a voz da mãe de Danny, sentindo um beijo em minha bochecha.
– Eu estou chocada! – Michelle disse, me fazendo rir.
– Nós conversamos depois! – Ouvi a voz de Danny.
– Cunhada? O que aconteceu com vocês? – Jason disse, me fazendo rir e ele me abraçou.
– Ah, muito aconteceu! – Falei rindo, sentindo um beijo em minha testa e olhei para Isaac que tinha um olhar de choro com os gritos. – Ah, meu amor. Não chora! É a titi Harper. – Acariciei sua bochecha, dando um beijo em sua bochecha.
– Foi a mãe escandalosa dele! – Danny disse e Michelle bateu nele, me fazendo rir.
– Eu não acredito que eu vi o dia que isso aconteceu. – Tia Grace se aproximou de mim, segurando meu rosto.
– Vocês não estão bravos? – Perguntei, vendo-a rir fracamente.
– Surpresa, sim! Mas brava não. – Ela disse e sorri, abraçando-a pela cintura. – Nunca ficaria brava com isso! Ah, meu Deus! Minha filha é minha nora agora. – Ela disse contra meu ouvido, me fazendo rir e vi tio Joe atrás dela.
– Não acredito nisso! – Ele disse e sorri.
– Nem eu acreditei no começo! – Falei rindo.
– Ah, querida! Eu não acredito! – Tia Grace disse, sorrindo para mim.
– Vocês gostaram? – Perguntei receosa e senti Danny me abraçar pela cintura, dando um beijo em meu pescoço.
– Se eu gostei? Olha isso! – Tia Grace se afastou alguns passos e coloquei minhas mãos em cima das de Danny. – É como um sonho muito antigo finalmente se realizando. – Sorri, virando meu rosto para o lado e Danny deu um beijo em minha testa. – Seus pais gostariam tanto de ver isso. – Sorri. – Falávamos tanto que vocês ficariam juntos um dia. – Passei a mão em meus olhos.
– Pensávamos que depois que vocês se resolveram na formatura, tudo finalmente ia se ajeitar. – Tio Joe disse. – Mas a vida os levou para lados separados…
– Achamos que foi só por isso que não funcionou naquela época. – Danny disse, pressionando os lábios em meu pescoço. – Porque não ficamos tempo o suficiente juntos. – Vi seus pais sorrindo. – Mas agora… – Virei meu rosto para ele. – Agora eu não vou deixar ela se afastar nunca mais. – Ele disse e sorri, sentindo nossos lábios colarem por alguns segundos. – Eu amo ela, mãe. De uma forma muito diferente do que antes.
– Eu te amo também, baby! – Falei e nossos lábios se tocaram novamente.
– Ah, meu Deus! Eu vou chorar! – Ouvi a voz da Michelle e ri fracamente.
– Ah, finalmente! – Virei para o lado, vendo Maria e Michael nos observando. – Agora a gente pode começar a organizar o casamento! – Ri fracamente, afrouxando os braços de Danny. – Eles estão juntos desde maio! Esse lenga-lenga já estava demorando demais.
– MAIO? – Tia Grace gritou.
– Nós temos muito para explicar. – Fiz uma careta.
– Você tem algumas entrevistas ainda, Daniel! Só te dei folga porque você deixou sua garota em apuros, agora vamos! – Maria disse, me fazendo rir.
– Nós explicamos tudo mais tarde, ok?! – Daniel disse, deslizando pelo chão e notei os pés só com meias. – Não perguntem nada para ela! A gente conta mais tarde! – Ri fracamente.
– Vai trabalhar, baby! – Falei e ele piscou para mim antes de sair pelo motorhome e Michael gargalhou da porta.
– Agora eu entendi esse “baby”. – Michelle disse sugestivamente e ri com ela. – Ah, cara! Não acredito que vocês estão juntos! – Ela disse, me abraçando e ri fracamente.
– Nem eu, Mi! Nem eu!
Daniel
– Aqui a próxima! – Maria indicou e vi Mari.
– Ei, Mari! – Falei para a repórter brasileira.
– Ei, Daniel! Como estão os ânimos depois desse dia quente e brilhante?
– Ah, cara! – Falei rindo. – Eu estou feliz! Foi perfeito! Tem o cansaço, o desgaste por causa do calor, mas foi incrível! – Ela sorriu.
– E essa foi sua primeira vitória desde SPA em 2014, como foi cravar essa vitória com toda sua família presente? Uma nova namorada?
– HÁ! HÁ! HÁ! Você viu isso! – Ela deu de ombros. – Ah, cara! Foi muito bom! Malásia é relativamente perto de Perth, então tivemos muitas bandeiras australianas nas arquibancadas, mas é… Minha família inteira está aqui, meus pais, minha irmã, meu cunhado, meu afilhado… Harper está acompanhando comigo desde o começo… Hoje é o aniversário dela!
– É?! – Ela falou sorrindo.
– É! – Ri fracamente. – Foi perfeito! Queríamos há muito tempo uma vitória depois de Mônaco e de uma sequência de pódios, e finalmente veio!
– E com sua família inteira aqui, quem você dedica essa vitória? – Sorri.
– Na verdade, eu dedico essa vitória ao Jules. – Sorri, suspirando. – Eu estava esperando uma vitória para isso e finalmente veio. Minha vida mudou depois daquele incidente, eu sou extremamente grato por tudo o que passamos juntos, então essa é para ele, onde ele estiver! – Ela sorriu, assentindo com a cabeça.
– E agora? Vocês já possuem Suzuka na próxima semana, vai ter espaço para comemorar? – Ri fracamente.
– Ah, a gente faz ter! Primeiro preciso encarar a família com as novidades sobre a questão de estar com minha melhor amiga… – Ela riu. – Mas é… Provavelmente um jantar, um bolo, ela merece isso pelo surto que eu a fiz passar! – Rimos juntos. – Amanhã vamos para o Japão e voltamos focados para outra corrida.
– Parabéns, Daniel! Aproveite seu dia!
– Obrigado! – Falei, abraçando-a rapidamente e segui para fora com Maria.
– Achei lindo o que fez. – Ela disse e acenei para os fotógrafos enquanto caminhava pelo paddock.
– O quê? – Perguntei.
– Se lembrar do Jules. – Sorri.
– Eu nunca o esqueci, ele foi um dos meus primeiros amigos nesse mundo… – Falei e ela deu dois tapinhas em minhas costas.
– Agora vai! Vamos tirar algumas fotos com a equipe, depois você tem muito o que conversar com seus pais. – Ri fracamente.
– Você acha que eu fiz certo? – Virei para ela.
– O quê? Contar para o mundo inteiro, inclusive seus pais? – Ela perguntou e rimos juntos. – Para simplificar, foi ótimo, mas Nigel me disse que ela quase teve uma crise de ansiedade com seus pais, câmeras, fotógrafos, tudo em cima dela. – Virei para ela.
– Ela está bem? – Perguntei. – Merda! Eu não pensei que isso podia acontecer.
– Não se preocupe, você chegou a tempo de conter o caos. – Ela disse e suspirei.
– Eu não pensei em nada, só queria comemorar com ela. – Ela sorriu.
– E você está certo. Só podia ter avisado sua assessora dos seus planos um pouco antes. – Rimos juntos.
– Desculpe! – Fiz uma careta.
– Fico feliz que você esteja confortável com isso, que vocês dois estão sólidos e que é para valer. – Assenti com a cabeça.
– É sim, Maria! Com Harper sempre é! – Ela sorriu.
– Ótimo! Agora chega de esconder, sem mais frescuras, se resolva com a sua família e eu cuido do gerenciamento de entrevistas. – Ela disse rindo. – Não é porque você tem um relacionamento público que eu quero que eles usem isso em toda pauta.
– Obrigado! – Abracei-a de lado enquanto entramos na garagem.
– Aproveite um pouco! – Ela disse e sorri quando vi os mecânicos.
– FALA AÍ, CARAS!
– UHU-U-UL! – Pulei em cima deles, abraçando-os e eles gritaram comigo.
– DANIEL! – Rimos juntos.
– Ah, caras! Foi bom! Obrigado! – Me afastei, abraçando Nigel, depois passei por Brad, Raymond, Alex, Christian, Helmut, Adrian, o pessoal do marketing, da telemetria, fotógrafos, todo pessoal que estava em volta.
– Parabéns, Daniel! – Sorri.
– Obrigado, caras! – Abracei Raymond.
– Feliz? – Ri fracamente.
– Ah, cara! Aliviado, eu acho! – Sorri.
– Aposto que Harper te aliviou bastante! – Brad disse e ri com eles.
– Ah, cara! – Abri um largo sorriso. – Ela queria me matar, mas ok.
– Ela ainda pode! – Maria disse e sorri, abraçando-a pelos ombros.
– Vocês não amam essa mulher? – Falei, ouvindo-os rir.
– Para! Eu estou feliz por vocês! – Ela me apertou na barriga e eu ri.
– Vamos tirar algumas fotos, caras! – Mark disse.
– Espera! Espera! – Vi Max entrando na garagem.
– Fala aí, cara! – Rimos juntos e trocamos um abraço. – Foi duro, cara!
– Foi duro! – Ele disse rindo. – Mas foi bom!
– Foi muito bom! – Dei dois tapas em seus ombros.
– E que tanto estão falando de você? – Max perguntou rindo.
– Ah, cara! – Sorri. – Nada demais! – Sorri.
– Ele beijou Harper em frente de todo mundo. – Henrique apareceu e trocamos um abraço. – Parabéns, cara!
– AH! HÁ! HÁ! HÁ! HÁ! Você está fodido! – Max disse rindo.
– Ah, não mais! Tudo foi contido. – Sorri.
– Vamos lá, garotos! – Bati as mãos, vendo Maria esticar meu prêmio e o champanhe vazio.
– Se juntem! – Mark gritou e saímos na frente da garagem, reunindo toda equipe de mecânicos que estava em volta.
Demorou um pouco para a diversão acabar. Conseguir uma vitória era muito bom para mim e para equipe, mas agora quando era um 1-2, era melhor ainda. Não tinha uma pessoa que estivesse chateada ou fosse deixada de fora. Era festa com a equipe inteira. Só faltava Harper e minha família, mas depois do que eu fiz, capaz de Harper não querer sair tão cedo de lá.
– Vocês estão livres, garotos! – Maria disse.
– Quais as implicações desse “livre”? – Max perguntou antes de mim. – Vamos viajar hoje? – Ela suspirou, soltando o ar devagar.
– Harper quer bolo! – Falei pressionando os lábios e ela pensou por alguns segundos, virando para Henrique.
– O que acha? – Ela perguntou para ele.
– Pela Harper! – Henrique disse.
– Vocês podem aproveitar hoje à noite, mas quero todo mundo às duas da tarde no aeroporto. Eu vou conseguir um jatinho para vocês.
– Isso! – Comemorei com Max.
– E algo discreto, Daniel! Não quero mais caos.
– Não! Não! Só um jantar! – Abanei a mão.
– Ok! Aproveitem, meninos. Fazemos a reunião de engenharia em Suzuka! – Maria disse.
– Obrigado, Mary! – Falei. – Até amanhã, caras! – Acenei para a equipe.
– Até mais, Daniel! – Os caras responderam e segui até meu vestiário dentro da garagem, empurrando a porta e vi Harper lá dentro.
– Baby! Você está aqui! – Ela se levantou rindo.
– Ei, baby! – Fui até ela, abraçando-a pela cintura.
– O que está fazendo aqui? – Perguntei.
– Fugindo das perguntas da sua irmã! – Ela disse, passando os braços em meus ombros e ri fracamente.
– Muito incisivas? – Colei minha testa na dela.
– Ela está muito curiosa! – Ela disse e toquei nossos lábios devagar.
– E o que você contou? – Ri fracamente.
– Nada! Michael me salvou! Falou que a Maria estava me chamando, aí eu me escondi aqui! – Ri fracamente.
– Vamos contar juntos. – Dei um beijo em seus lábios.
– Agora você diz isso… Eu surtei, ok?! – Ela disse rindo e me afastei alguns passos, soltando o velcro do macacão.
– Desculpe, baby. Esqueci da sua ansiedade, mas eu só queria te beijar. – Ela se sentou no sofá novamente.
– No pior lugar possível! Pior timing possível! – Ela disse, me fazendo rir e desci o macacão pelos ombros.
– É… Falhei nessa! – Sentei ao seu lado, tirando o macacão pelos pés.
– Bastante! – Ela se virou ao meu lado.
– Mas está tudo bem para você? – Ergui o olhar para ela.
– O quê? – Ela passou a mão em meus cabelos.
– Eu ter assumido as coisas entre a gente assim, do nada? – Ela deu um sorriso.
– Não que você já não tenha dado indiretas algumas vezes, não que eles já não estavam atrás da gente… – Sorri. – Mas eu estou bem, baby! Você só não vai poder fugir mais. – Sorri, inclinando meu rosto para ela.
– Você realmente achou que eu ia fugir? – Perguntei, roçando o nariz em sua bochecha, deixando um beijo ali.
– Eu realmente não sabia o que esperar. – Ela suspirou.
– Só seu melhor amigo tentando ser seu melhor companheiro. – Ela sorriu.
– Eu sei que você vai ser. – Ela acariciou meu rosto. – Eu provavelmente vou ser uma péssima, ciumenta, chata e desconfiada de tudo…
– E qual a novidade? – Falei e ela riu fracamente, passando os braços em meus ombros.
– Eu te amo, Daniel! – Sorri.
– Eu também te amo, Wandinha! – Ela sorriu, colando nossos lábios por alguns segundos antes de eu me afastar. – Agora você tem uma escolha para fazer enquanto eu tomo banho! – Me levantei.
– Escolha? – Tirei a segunda pele, jogando para o lado.
– Onde você quer jantar? Onde você quer celebrar o super aniversário? Quer sair para jantar? Algo mais calmo? – Ela riu fracamente.
– Eu tenho alguns bons restaurantes aqui em Kuala, mas eu realmente não sei. – Ela disse.
– Eu vou te levar para jantar hoje! – Falei. – Vá para o hotel, se arruma e vamos comemorar em algum lugar chique. – Ela riu.
– Pode deixar! – Pisquei para ela, seguindo para o banheiro. – Muita espuma, senhor Daniel! Dá para sentir o cheiro de longe!
– Eu cheiro rosas, amor! – Ela riu.
– É, claro! – Ela disse rindo.
Harper
Me olhei no espelho, ajeitando a saia de cintura alta e mordisquei o lábio inferior. Acho que eu não me arrumava para sair desde o jantar em Mônaco e eu me sentia muito bem. Cheguei aos 27 anos e dessa vez realmente não posso reclamar de todas as mudanças que aconteceu. Encontrei o amor da minha vida, o que é engraçado dizer, já que ele esteve ao meu lado pelos últimos 24 anos; decidi largar um trabalho que não me agradava há um ano; superei medos e receios que convivem comigo há cinco anos; e decidi abrir meu restaurante.
Creio que desde a morte dos meus pais, eu realmente posso chegar no fim desse dia e, durante minhas rezas, só agradecer. Por tudo!
Peguei o rímel, passando nos cílios e depois limpei o carimbo na pálpebra. Troquei os produtos, pegando um batom rosa pink e passei nos lábios, limpando o excesso das laterais. Me olhei no espelho novamente e sorri.
– Vamos lá! – Suspirei, pegando minha bolsa na mesa de cabeceira e saí do quarto, andando até a sala de estar que ligava as suítes e encontrei todo mundo lá. Danny abriu um largo sorriso e retribuí com ele.
– E foi assim, mãe, que ela roubou meu coração. – Ele disse, se levantando e ri, vendo o sorriso de sua família.
– Já falei o quão ridículo você é? – Falei, sentindo-o me abraçar pela cintura.
– Já sim e eu não ligo. – Apoiei minhas mãos em seus braços, ajeitando a gola de sua camisa social. – Feliz aniversário, Wandinha. – Ele disse.
– Obrigada, baby! – Nossos lábios se tocaram levemente.
– Ah, vocês são muito fofos! – Michelle disse, me fazendo rir fracamente.
– Vai ser difícil se acostumar com isso! – Tia Grace disse.
– Foi difícil, viu?! – Michael disse, me fazendo rir.
– Foi difícil para nós acreditarmos que estávamos nos apaixonando. – Falei.
– Eu quero saber tudo! – Michelle disse, me fazendo rir.
– Vamos lá! Eu quero levar minha garota para jantar. – Danny me abraçou pela cintura.
– Titi! Titi! – Jason colocou Isaac no chão e vi meu pinguinho todo arrumado vir em nossa direção.
– Ah, meu amor! – Peguei-o no colo. – Você tá tão lindo! – Apertei-o em meus braços.
– Quelo bolo! – Ri com Daniel.
– Você quer bolo? Você é safado! – Daniel disse, fazendo cócegas nele e ele tombou o corpo para trás.
– Não faz isso! – Pedi para Daniel, segurando Isaac com mais firmeza.
– Titi! – Isaac gemeu, me fazendo rir.
– Titi não vai deixar nada acontecer contigo. – Dei um beijo em sua bochecha, vendo a marca de batom ficar nele e ri fracamente.
– Puxa-saco! – Danny cochichou para Isaac e sorri.
– Olha para vocês! – Tia Grace disse, me fazendo rir. – Ah, já quero um netinho! – Gargalhei alto.
– Oh! Oh! Desacelera, mãe! Desacelera! – Ri alto, trocando Isaac de braço e Danny ergueu as mãos, se afastando.
– Vamos devagar, tia Grace! – Falei rindo. – Muito aconteceu, estamos fazendo promessas à longo prazo, mas vamos desacelerar ou seu filho vai ter um ataque cardíaco!
– É, eu agradeço isso. – Danny disse e devolvi Isaac para Jason.
– Relaxa, baby! – Dei um curto beijo em sua bochecha, vendo-o sorrir. – Temos muito o que viver antes de chegar a isso. Ok?! – Ele assentiu com a cabeça e deixei um beijo no canto de seus lábios. – Relaxa!
– A Harper já acalmava o Daniel de uma forma louca, agora, então… – Jason disse, me fazendo rir.
– Ela tem novas armas agora… – Daniel disse, piscando para o cunhado.
– Daniel! – Apertei sua barriga, ouvindo-o rir e Michelle gargalhou alto.
– Vamos? – Daniel segurou minha mão e assenti com a cabeça.
– Uhum.
– Segue a gente, família! – Ele disse e seguimos para fora da suíte.
Nossas mãos se entrelaçaram no corredor e pressionei os lábios. Era engraçado! Eu sentia o olhar do pessoal em minha nuca e ficou claro quando entramos no fundo do elevador e todo mundo olhava para gente. Nosso receio foi completamente bobo e estúpido. São as pessoas que mais torcem pela gente. O susto pode ter sido o efeito inicial, mas seríamos mais babados do pelos últimos 24 anos!
A Red Bull tinha disponibilizado alguns Aston Martin para Daniel, então nós dois e Michael fomos em um carro, e a família de Danny foi em outro. Já passava das nove da noite, mas a vida noturna de Kuala Lumpur estava agitada. Ficamos parados em alguns sinais até chegar no destino.
– Canopy Rooftop… – Falei quando o valet abriu a porta para mim.
– Já veio aqui? – Ele perguntou e neguei com a cabeça.
– Meu foco nunca foi bares. – Falei e ele segurou minha mão quando me encontrou na calçada.
– Espero que seja bom! – Ele disse e rimos juntos. Vi outro carro se aproximar e os pais de Danny saírem do outro carro.
– Ah, essas mãozinhas dadas! – Tia Grace disse, me fazendo rir.
– Você está linda, baby! – Danny sussurrou contra meu pescoço. – Um pouco mais alta do que eu, mas… – Virei para ele.
– Eu posso inclinar… – Ele sorriu.
– Ou eu posso beijar seu pescoço. – Ele disse, roçando o nariz e ri fracamente.
– Depois… – Abaixei meu rosto e nossos lábios se tocaram.
– TITI! – Virei o rosto, vendo Isaac esticar a mão para nós e ri fracamente.
– Agora a Titi tem outro garoto para babar nela! – Michelle disse e sorri.
– Deixa ele comigo! – Danny esticou as mãos. – Ela é sua madrinha, mas ela é minha garota, ok?!
– Não! – Isaac disse emburrado, me fazendo rir.
– Daniel! – Falei rindo e ouvi Jason rir.
– Ah, eu estou amando isso! – Michelle disse, esticando a mão para mim.
– Vamos lá antes que esse meninão precisa ir para cama! – Daniel disse.
– Não! – Isaac disse.
– Sim! Tá tarde! – Danny disse e entrei no restaurante, de braço dado com Michelle.
– Não! – Ouvi a risada do meu afilhado.
A primeira coisa que fizemos foi entrar no elevador que realmente nos levasse ao rooftop. Quando as portas se abriram, eu sorri. Era meu tipo de local, aberto, com uma música baixa, luzes acolhedoras e uma vista incrível para a cidade. É, Daniel me conhece bem demais.
– Reserva para Ricciardo. – Danny disse. – Sete adultos e um bebê.
– Eu não sou bebê! – Isaac disse.
– Não? – Falei em falso tom de surpresa. – Então não pode ter mais o colinho da Titi. – Falei.
– Sim! – Ele esticou os braços para mim.
– Não, não! – Falei rindo.
– Si-i-im! – Ele falou mais alto e puxei-o do colo de Daniel.
– Você pode ter 20 anos, mas você sempre vai ser nosso bebê! – Falei, sentindo-o se aconchegar em meu ombro enquanto andávamos até a mesa.
– Colinho! – Isaac disse e ri fracamente.
– Vai ser interessante a Titi com 45 anos dando colinho para um marmanjo de 20. – Falei rindo com ele.
– Vai! – Ele disse rindo.
– Vamos sentar agora? – Ajeitei-o na cadeirinha, vendo-o bater a mão na mesa.
– Quer sentar aqui? – Danny apoiou a mão em minhas costas e assenti com a cabeça, me sentando ao lado de Isaac e ele se sentou ao meu lado. Logo Michelle e Jason estavam do outro lado, Michael ao lado de Daniel, tio Joe na ponta e tia Grace ao lado de Jason.
– Boa noite, meu nome é Aisar e servirei essa noite. – Uma moça da minha idade falou, deixando os cardápios na mesa. – Fiquem à vontade.
– Obrigada! – Sorri, pegando um cardápio à minha frente e o abri. – Uh, cardápio extenso. Eu gosto disso.
– Por favor, pode trazer duas garrafas de Dom Perignon? – Danny disse e franzi a testa.
– Champanhe? – Virei para ele.
– Temos muito o que comemorar, não acha? – Ele passou as mãos em minhas costas e sorri. – A começar pela minha novinha ficar mais velha. – Ri fracamente, sentindo um beijo em minha testa.
– Tonto! – Falei, ajeitando seus cabelos.
– Ok, chega de enrolação! Eu quero saber tudo! – Michelle disse. – Todos os detalhes, até os que a mãe não pode saber! – Ri alto, apoiando a cabeça no ombro de Danny.
– Eu te falei! Eu te falei! – Ri com ele.
– Ah, qual é! – Mi disse, me fazendo rir e virei para Danny.
– Você quer fazer as honras? – Perguntei para ele.
– Nem vem! Você me deixou sete horas preso com os caras, dizendo que teria que contar os detalhes para Mi, agora conta! – Ele disse, me abraçando pelos ombros e ri fracamente por ele ainda se lembrar disso.
– Ok, ok! – Suspirei. – Por onde eu começo? – Ri fracamente.
– Do começo! De todo começo! – Tia Grace disse e ri.
– Quando comecei a acompanhar ele nas corridas, éramos melhores amigos. O que vocês conhecem de sempre, andávamos juntos, saíamos juntos… – Dei de ombros. – Mas alguma coisa começou a mudar entre a corrida da China. – Mordisquei meu lábio inferior.
– China foi… – Jason falou.
– A terceira corrida. – Daniel disse.
– Nã-a-a-a-ao! – Michelle disse. – Tão cedo?
– É! – Falei rindo e vi a garçonete voltar com as taças, o balde de gelo e ficamos em silêncio alguns minutos até todas as taças estarem servidas.
– Um brinde a essa mulher mais velha? – Daniel ergueu sua taça, me fazendo rir.
– À Harper! – O pessoal disse e nossas taças se tocaram em um tilintar.
– Saúde, querida! – Tia Grace disse e sorri, bebendo um gole.
– Saúde, porque amor eu já dou! – Danny disse e ri fracamente.
– Bobo! – Sorrimos juntos.
– Eu quelo! – Isaac disse, batendo as mãos na mesa e ri fracamente.
– Você não pode beber isso. Mamãe vai te dar seu leitinho! – Michelle disse, pegando a mala dele.
– Leitinho! Leitinho! – Isaac disse animado.
– Continue! Continue! – Michelle disse, juntando as coisas para o leite dele e ri fracamente.
– Bem, no começo, foi aquela situação de: “estamos realmente sentindo algo pelo outro? Não é a proximidade? Será que eu estou carente?” – Eles riram. – Mas depois por meio de conversas, ações, notamos que estávamos na mesma página. – Senti um beijo de Danny em minha bochecha e apoiei minha mão em seu peito.
– E como foi para descobrir tudo isso? – Tia Grace perguntou.
– Nós fomos para Mônaco almoçar com o Felipe, Danny tinha feito uma promessa para o Felipinho… – Falei. – E lá pareceu um encontro, saímos para jantar, ele me mostrou a cidade, tomamos sorvete…
– Eu pensava que estava ficando louco por querer beijá-la em qualquer oportunidade. – Ele disse e rimos juntos.
– É, e eu não me conformava em achar ele o homem mais bonito do mundo! – Jason e Michael gargalharam e virei o rosto para ele.
– Você é a mulher mais bonita do mundo, vou ignorar que você um dia disse isso, ok?! – Ele disse, me fazendo rir.
– Ok! Combinado. – Falei, trocando um rápido beijo. – Depois fomos para Rússia…
– E ele chegou desesperado falando que estava apaixonado pela Harper! – Michael disse, me fazendo rir.
– E você não contou nada para gente? Você sempre foi bocudo! – Michelle disse, me fazendo rir.
– Foi uma surpresa para nós também! – Danny disse e Michael bateu nele, me fazendo rir.
– Eu sou um bom amigo, ok?! – Ele disse, me fazendo rir.
– Depois disso… – Michelle continuou.
– Depois disso o Danny fez um jantar para nós, na Rússia ainda, e meio que as coisas ficaram claras, mas tínhamos medo de dar o primeiro passo e destruir 24 anos de amizade. – Falei.
– E como vocês resolveram isso? – Virei para Danny.
– Você quer contar? – Falei sugestivamente para ele e ele fez uma careta.
– Eu fui um idiota! Eu assumo! – Ele bateu na mesa, me fazendo rir. – Estávamos na balada em Barcelona, um idiota deu em cima dela, eu achei que ela estava dando bola e fiquei com outra menina. – Ele simplificou.
– DANIEL! – Tia Grace quase subiu na mesa para alcançar o filho, me fazendo rir.
– Mãe! Mãe! – Ele desviou para meu lado, me fazendo rir. – Eu aprendi com meus erros. – Ele disse.
– É, ele aprendeu. – Falei rindo. – Eu fiquei brava, irritada, bati nele, ameacei me afastar, mas ele ganhou uma nova chance. – Virei para ele, vendo-o sorrir.
– Então, chegamos em Mônaco! – Danny disse. – Eu queria usar Mônaco para compensar esse erro com ela. – Ele disse. – E tava tudo meio planejado. – Ele disse. – Mas vocês, os caras, esse carinha, toda aquela bagunça, foi meio difícil achar brechas para gente aproveitar. – Tia Grace riu.
– Então, era por isso que você estava irritada? – Tio Joe perguntou para mim.
– Na verdade, eu estava irritada com o showzinho que ele estava dando. – Falei. – Que ele iria encontrar uma monegasca, que ninguém podia chegar perto de mim… – Danny riu envergonhado.
– Eu estava agindo como eu agiria como amigo! – Ele se defendeu rindo.
– Um tanto exagerado! – Michael disse. – Preciso defender a Harper disso.
– Obrigada! – Sorri.
– Ei… Espera! – Jason disse. – Não teve problema com o carro depois da qualy, né?! – Daniel gargalhou alto e ri com ele.
– Não, não teve! – Sorri. – A gente fugiu de vocês… – Danny riu.
– E eu beijei essa boca pela primeira vez. – Ele disse e ri fracamente.
– É. – Mordisquei meu lábio inferior. – E daí para frente, tudo foi se desenvolvendo. – Dei de ombros.
– Tudo? – Michelle falou sugestivamente e senti meu rosto esquentar.
– Nossos pais estão ali, Mi, por favor! – Danny disse e ri fracamente. – Mas é!
– Daniel! – Cutuquei-o pela barriga, ouvindo-o rir.
– Só posso dizer que estamos mais juntos do que nunca. – Ele disse.
– Eu estou vendo! E eu estou amando! – Tia Grace disse fofa.
– Eu estou amando ela, mãe! – Danny disse, me fazendo sorrir. – Como eu nunca amei antes.
– Awn! – Sorri.
– Já falei que você é tonto? – Virei para Danny.
– Uma vez por dia, pelo menos, para não perder o costume! – Rimos juntos.
– Bom! – Sorri.
– E se vocês estão juntos desde Mônaco, vamos colocar assim, não pensaram em contar para gente antes, não? Nos encontramos outras vezes. – Tia Grace disse.
– Aí eu vou culpar seu filho, tia! – Falei rindo. – Fomos para Perth nas férias praticamente para contar, mas seu filho deu para trás.
– Oh! Então… – Mi entreabriu os lábios. – É por isso!
– É! Foi por isso que a gente pareceu meio brigado. – Falei. – Porque ele fugiu, pensei que ele estava brincando comigo e toda a história.
– Daniel! – Foi a vez de Michelle bater nele, me fazendo rir.
– Eu não queria dividir ela com ninguém, ok?! E eu surtei! – Ele se explicou, me fazendo rir.
– Bem, depois disso, tudo foi se ajeitando, os meninos ficaram sabendo, depois alguns colegas do Danny, começamos a fazer planos juntos e aí combinamos em contar para vocês amanhã! – Falei firme, virando para Danny. – Mas ele decidiu me beijar na frente de todo mundo hoje.
– Falhei nessa de novo! – Ele disse, me fazendo rir.
– Eu fiquei perdida por um tempo. – Tia Grace disse. – Achei que ele queria beijar a bochecha e beijou o lugar errado, mas com toda a imprensa em cima, percebi o que tinha acontecido. – Ri fracamente.
– É, eu também! – Falei sugestivamente.
– Pensa bem! Agora todo mundo sabe, a gente não matou meus pais, posso te beijar onde eu quiser… – Ele disse, me fazendo rir.
– E eu não poderia estar mais feliz com isso. – Tia Grace disse e sorri. – Sempre achei vocês dois perfeitos um para o outro, agora então… – Danny roçou o nariz em minha bochecha. – É perfeito… – Sorri, virando para ele.
– É… É perfeito! – Falei, olhando seus olhos esverdeados.
– E é para sempre. – Ele disse e fechei minhas mãos em sua nuca antes de nossos lábios se tocaram.
– Com licença, já decidiram seus pedidos? – A garçonete voltou, me fazendo rir e me afastei de Danny com a mão na boca.
– Desculpe, nos dê alguns minutos, por favor. – Falei, ouvindo a mesa rir e peguei o cardápio.
Daniel
– Você traz ele aqui? – Abri a porta para Harper.
– Claro, Mi! – Ela disse, segurando a cabeça do nosso afilhado que dormia em seu colo.
– Vem cá! – Mi disse e vi Harper sumir dentro do quarto dela e de Jason.
– Quem diria, hein, filho? – Minha mãe apoiou as mãos em meus braços e ri fracamente.
– Eu não planejei isso, mãe. Nem em sonhos eu pensava nisso. – Ela sorriu.
– Deus escreve certo por linhas tortas. – Ela disse. – Vai ver vocês não eram maduros o suficiente para lidar com isso, agora são. – Sorri.
– Alguém falou isso para gente, só não lembro quem. – Ela sorriu.
– O que me deixa mais feliz, é que vocês cresceram juntos durante esses anos e souberam lidar com tudo. Tirando problemas de percurso, nada vai ser novidades para vocês. – Assenti com a cabeça.
– Ela é incrível, mãe. – Abracei-a. – Não sei como demorei para ver.
– Eu sempre soube, querido. – Ela deu um beijo em minha bochecha e vi Harper sair do quarto com Michelle e sem Isaac.
– Do que eu chamo agora? – Mi brincou, fazendo-a rir.
– Bem, o Jay sempre me chamou de cunhada, mesmo sem ser. – Ela disse e ambas riram.
– E você sempre foi minha irmãzinha. – Mi a abraçou pelos ombros.
– Bem, garanto que não é mais minha. – Falei, vendo Harper piscar para mim.
– Eu estou feliz, queridos. – Minha mãe disse. – Vocês são lindos juntos e agora eu tenho certeza de que estão em boas mãos.
– Eu estou com seu filho, tia Grace, sabemos que não são exatamente boas mãos. – Harper brincou e puxei-a pelo braço, abraçando-a, ouvindo-a rir.
– Engraçadinha! – Rimos juntos e dei um beijo em sua testa.
– A melhor parte é que sabemos lidar com o outro, as novas coisas vamos aprendendo com o tempo. – Ela disse.
– Com toda certeza. – Falei e rimos juntos.
– Bom, acho que está na hora de dormir, certo, crianças? – Minha mãe disse e ri fracamente.
– É, eu preciso checar o Isaac antes de dormir. – Mi disse.
– Nos falamos amanhã, então. – Harper disse.
– Boa noite, família! – Michael disse.
– Boa noite, querido! – Minha mãe disse. – Feliz aniversário, querida! Tudo de bom na sua vida e um relacionamento perfeito entre vocês. – Ela abraçou Harper, me fazendo sorrir.
– Obrigada, tia! – Ela disse.
– Feliz aniversário, cunhadinha! – Minha irmã a abraçou apertado, me fazendo rir, e ela ainda passou por Jay e meu pai antes de voltar ao meu lado.
– Nos falamos amanhã antes de vocês irem? – Minha mãe falou.
– Sim! Vamos tomar café juntos. – Passei o braço pelos ombros de Harper.
– Combinado! – Eles disseram.
– Boa noite, família! – Harper disse.
– Boa noite, queridos!
– Boa noite, gente! Vocês podem não querer ouvir isso, mas agora eu vou aproveitar o aniversário da minha garota como deveria ter sido desde o começo! – Falei gargalhando.
– Daniel! – Harper me repreendeu, dando uns tapas em meus ombros e a risada de Mi e Jay ficaram mais altas, e meus pais só negaram com a cabeça.
– Ai, Deus abençoe a Harper para aguentar isso agora! – Jay disse, me fazendo rir.
– Boa noite! – Puxei Harper pelos ombros, vendo-a negar com a cabeça.
– Um dia você vai me matar de vergonha, Daniel! – Ela disse e empurrei-a para dentro do quarto antes de fechar a porta.
– Vergonha por quê? – Falei rindo. – Duvido que eles achem que depois de quatro meses, nós estamos só nos beijos. – Ela se sentou na cama, tirando os saltos.
– Não, mas acho que da mesma forma que você não deve gostar de imaginar seus pais transando, duvido que eles queiram imaginar o mesmo.
– Ah! – Bati a mão no rosto. – Gráfico demais! Gráfico demais! – Ela riu fracamente, se levantando novamente.
– Exatamente! – Ela tirou a blusa dentro da saia antes de abaixar o zíper da saia. – Imagina eles…
– É… É… É diferente! – Falei, ouvindo-a rir e ela deslizou a saia pelas pernas. – Você está linda, baby! – Ela deu um sorrisinho.
– Me encarando? – Ela deixou a saia na mesa e sorri.
– Sempre. – Me aproximei dela. – Minha garota, minha menina, minha rainha… – Abracei-a pela cintura, vendo-a rir. – Ficando mais velha.
– Você está adorando isso! – Ela disse.
– Ficou me zoando pelos últimos três meses, é minha vez agora. – Beijei seu rosto.
– Mas eu ainda sou três meses mais nova do que você! – Ela passou as mãos pelos meus ombros.
– É… Vou ter que viver com isso. – Falei e ela sorriu.
– Sabe o que mais? Eu nem te parabenizei por hoje. – Ela disse.
– É… Eu lembro que alguém queria me bater! – Ela sorriu.
– Mal consegui aproveitar sua vitória depois daquilo. Eu fiquei em choque.
– Mas agora tudo está ok, baby. Você, eu, nossa situação com meus pais, eu tenho uma vitória… – Ela assentiu com a cabeça.
– Você e eu contra o mundo agora. – Sorri.
– Gostei disso. – Falei e ela encostou o nariz no meu. – Sabe o melhor?
– Hum…
– Temos só mais cinco corridas para as melhores férias das nossas vidas. – Ela riu fracamente.
– Por que você acha isso? – Passei minhas mãos atrás de suas pernas, ouvindo-a rir.
– Porque eu vou poder fazer tudo o que eu penso sem ninguém poder reclamar. – Ergui seu corpo e ela passou as pernas em minha cintura.
– Você diz isso e no segundo seguinte já está fazendo alguma loucura com os caras. – Andei até a cama com ela, deitando-a na mesma.
– É… Eu sou hiperativo, baby, não posso negar. – Ela se ajeitou na cama e fui até a porta, trancando-a e a ouvi rir. – Vai que o Isaac quer desejar parabéns para titi Harper de novo? – Ela sorriu e abri os botões da camisa.
– E você é todo enciumado com um garoto de menos de dois anos. – Ela disse e joguei a blusa para o lado, subindo na cama novamente. – Eu pelo menos tenho um ciúme normal.
– Não é muito normal, quando não tem motivo! – Passei uma perna em cada lado de seu corpo e ela apoiou as mãos em meus ombros.
– Eu sei que não tem e já passamos por tudo isso, mas eu sou assim. – Inclinei meu rosto para perto do seu.
– E eu te amo por esse motivo e muito mais. – Ela acariciou meu rosto.
– Eu também te amo, baby. – Nossos lábios se tocaram levemente.
– Pronta para seu presente de aniversário? – Perguntei, ouvindo-a rir.
– Ah, eu ainda vou ganhar? – Ela se espreguiçou e passei minhas mãos pela lateral de seu corpo, puxando sua calcinha.
– Se depender de mim, você ganha todo dia. – Ela riu alto, erguendo o quadril para me ajudar a tirar a peça de roupa.
– Ah, eu sou uma pessoa muito, muito, muito feliz ao seu lado, senhor Ricciardo! – Ela disse rindo e joguei sua calcinha para o lado.
– Bom saber, senhorita Addams! – Ergui o rosto para ela, vendo-a mordiscar os lábios.
– Feliz aniversário, Harp!
– Obrigada, baby. – Ela suspirou.
Deslizei meu corpo pela cama, passando as mãos pelas laterais de seu corpo e ergui um pouco de sua blusa e dei um beijo perto de seu umbigo, vendo-a contrair a barriga. Desci meus lábios pela sua virilha e senti sua mão em meus cabelos. Cheguei em sua vagina, lambendo-a devagar e ouvi Harper suspirar.
– Ah, baby! – Sorri, erguendo o olhar para ela.
– Eu ainda nem comecei. – Sussurrei e ela sorriu para mim com os lábios pressionados.
– Cala a boca! – Ela disse rindo e suguei seu clitóris. – Merda! – Ri fracamente.
– Fala baixo, baby, meus pais estão no outro quaro. – Ela riu fracamente.
– Eu vou te matar, Daniel! – Ela rosnou e suguei seu clitóris mais uma vez. – Ah, merda!
– Deixa eu tentar te fazer mudar de ideia antes. – Puxei suas pernas, ouvindo sua risada e ela passou as pernas pelos meus ombros. – Relaxa, baby…
– Ah, eu estou… Eu estou muito relaxada…
Passei a língua pela sua vagina, entrando entre seus lábios e suas mãos apertaram meus cabelos. Deixei alguns beijos em seu clitóris antes de sugá-los e seus gemidos começaram a preencher o quarto, fazendo meu corpo arrepiar e começar a trabalhar com mais força.
Capítulo 37
Perth, Austrália, 2012
– Ah, obrigada, Jay! – Harper sorriu com o conjunto de brincos. – É lindo! – Ele sorriu, voltando a se sentar e abraçar Michelle.
– Ok, agora é a Harper! – Daniel falou empolgado demais.
– Ok, ok… Eu tenho que admitir que eu comprei meu amigo secreto esse ano. – Tio Joe riu, sabendo que ela tinha insistido para eles trocarem os papéis.
– Que feio, Harper! Trapaceando. – Daniel falou e ela mostrou a língua para ele.
– Fica quieto! – Ela disse, fazendo a família rir. – Meu amigo secreto… – Ela disse alongado, fazendo o pessoal rir. – É alguém que só mora em uma fazenda, para o ego dele caber… – O pessoal riu, menos Daniel.
– Há, engraçadinha! – Ele disse, fazendo-a rir.
– Como a cabeça cabe no capacete? – Ela perguntou, fazendo o pessoal rir e ele lhe mostrou a língua novamente, vendo-a sorrir. – Eu queria te tirar, porque agora você correr em uma equipe um pouco mais importante, então eu queria te dar um presente para você não se esquecer da gente! – Harper disse, se abaixando para pegar o pequeno embrulho embaixo da árvore, se levantando em seguida e arrumando o vestido vermelho. – Feliz Ano Novo, Danny! – Ela lhe estendeu e ele fez um bico.
– Você não pode fazer isso! – Ele disse, abraçando a amiga antes de pegar o presente e ambos ficaram um tempo abraçados.
Daniel havia sido promovido para a Toro Rosso. Depois de terminar 2011 em vigésimo sétimo lugar no campeonato, a Red Bull achou que estava na hora de colocá-lo em um carro da equipe B deles, a Toro Rosso, para a temporada 2012. Não era tão grande quanto a Red Bull, mas não tão pequena quanto a HRT, poderia ser uma boa opção.
– Tem certeza de que não vai poder ir me ver? – Ele sussurrou contra seu pescoço e a menina suspirou.
Desde o meio do ano, quando Harper teve sua primeira crise, até agora, nenhum avanço realmente foi feito em relação à menina. Ela já estava um pouco melhor ao andar de carro pela cidade, mas era difícil sair da cidade. As conversas de ela comprar um apartamento dentro da cidade para fugir de ir até a fazenda já fizeram Grace e Joe arrepiarem os cabelos.
– Eu tenho que trabalhar… – Ela disse fracamente e Daniel sabe que ela até poderia viajar, ainda mais agora que ela foi oficializada como revisora e já havia feito algumas revisões na Austrália, mas o motivo principal não é isso.
– Eu vou dedicar minha primeira vitória a você! – Ele disse e ela riu fracamente, se afastando devagar.
– Não faz mais do que a sua obrigação! – Ela disse, se sentando ao lado de sua avó Virginia que também estava junto no amigo secreto de ano novo dos Ricciardo.
– Deixa ver o que é isso. – Ele sacudiu o pacote. – É leve!
– Abre logo! – Harper disse, abraçando sua avó pelos ombros.
– Estou fazendo suspense! – Ele disse rindo e abriu o embrulho, puxando um bicho de pelúcia dali de dentro. – Espera! Isso é…?
– Sim! Um honey badger. – Harper disse.
– NÃO BRINCA! – Ele falou animado demais, soltando o embrulho e quase derrubou Harper e sua avó do sofá quando abraçou a menina.
– Daniel! – Harper a conteve.
– Desculpa, vó! – Ele disse para avó de Harper, fazendo ela rir.
– Eu não sou mais tão jovem, querido! – Dona Virginia brincou, fazendo-o sorrir.
– Onde você encontrou? – Ele perguntou para Harper.
– Eu mandei fazer. – Ela deu um sorriso.
– Ah, meu Deus, Harp! – Ele deu um sorriso metálico para ela.
– E dentro dele tem um frasco do meu perfume, sabe… Se você sentir minha falta… – Ela pressionou os lábios e o garoto suspirou.
– Vai fazer muita falta! – Ele disse suspirando.
Ele ainda conseguiu ir um pouco para casa esse ano, então ainda se viram um pouco, mas ele sabe que com a Toro Rosso tudo iria mudar, a começar pela pré-temporada em Jerez na primeira semana de fevereiro.
– Eu prometo te mandar mensagem toda sessão, toda corrida, tudo para inflar esse seu ego. – Ela disse, fazendo-o rir.
– Manda assim “arrasa, tigrão”. – Jason zoou, fazendo o pessoal gargalhar.
– Como se precisasse muito para inflar isso aí! – Michael disse e o pessoal riu.
– Sem graças! – Daniel falou, voltando a olhar para Harper.
– Valeu, Wandinha! – Ele disse sorrindo e a garota se levantou para abraçá-lo mais uma vez.
– Eu mando a mensagem, ok?! – Ela sussurrou, fazendo-o rir.
– Combinado! – Ele falou próximo ao ouvido dela. – O presente é ótimo, mas vou ser mais feliz quando eu te ver comigo, no fundo da garagem. – Ela apertou as mãos em seus ombros.
– Quem sabe um dia? – Ela sussurrou, fechando os olhos nos braços do amigo.
– Olha, eu sei que tá bom, mas eu ainda quero meu presente! – Blake anunciou, fazendo o pessoal rir e os amigos se afastaram.
– Ok, ok, minha vez! – Danny disse, colocando o presente de Harper em seu assento. – Meu amigo secreto é chato para caramba!
– Ih, aí complica! Tem muita opção! – Harper disse, fazendo uma careta.
– Bom, começa com a letra B! – Ele disse.
– Bruce ou Blake, eu voto no Bruce! – Michael disse, fazendo o pessoal rir.
– Valeu, cara! – Bruce disse sarcasticamente, fazendo o pessoal rir.
Tóquio, Japão, 2016
Harper
– Vem! – Daniel abriu a porta, esticando a mão e segurei-a antes de sair.
Ele segurou minha cintura, fechando a porta com a outra mão e acariciei seu rosto, colando nossos lábios em seguida. Sua mão desceu pelo meu corpo até nossas mãos se encontrarem e seguidos pela calçada até entrar no restaurante.
– Boa noite. – A recepcionista disse em um sotaque forte e dei um sorriso, sentindo Danny me segurar pela cintura.
– Oi… – Danny disse confuso. – Massa?
– Ah, sim! – Ri fracamente, vendo-a indicar a mão para dentro e dei um aceno de cabeça.
– Arigatō! – Falei e segui com Danny pelo restaurante.
– Nerd! – Ele disse, beijando minha bochecha e ri fracamente.
– Alguém precisa ser! – Brinquei.
– Agora mesmo que eles não se largam! – Virei o rosto, vendo Massa na entrada de uma das salinhas e ri fracamente.
– Felipe! – Danny disse e ri fracamente.
– Ah, cara! Não acredito quando eu vi os jornais ontem à noite! – Ele disse, abraçando Danny fortemente e ri fracamente.
– Ele surtou! – Falei rindo.
– Eu não surtei, só queria aproveitar com a minha gata! – Ele me puxou pela cintura e ri fracamente.
– Já tinha passado da hora, vai! – Massa disse e dei uma cutucada em Danny para poder abraçar Felipe. – Estou feliz por vocês!
– Obrigada! – Sorri. – O bom é que agora todo mundo sabe!
– Seus pais estavam juntos, não? – Massa perguntou, rindo em seguida.
– Sim! – Falei rindo.
– Mas, como esperado, só passou de receio nosso, eles ficaram muito felizes por nós. – Danny me abraçou pela cintura e apoiei minha mão em cima da dele.
– Ainda é estranho, mas foi estranho para nós dois, então tudo bem. – Falei e Danny pressionou um beijo em minha bochecha. – Agora ele só perdeu a noção de privacidade…
– Agora eu posso te beijar em qualquer lugar. – Ele disse e ri fracamente.
– Venham! O pessoal está aqui! – Felipe disse e andei alguns passos, sentindo Daniel me soltar e entrelacei nossas mãos, andando pelo local.
– Ah, meu casal favorito! – Raffa falou sorrindo e abracei-a primeiro. – Como é bom ver vocês! Eu dei um grito quando vi!
– Esse louco aqui! – Falei, sentindo Danny me soltar e troquei dois beijos com a brasileira, sentindo-a me abraçar fortemente.
– Vamos ser honestos que já estava passando da hora. – Raffa disse, me fazendo sorrir.
– Ah, eu ganhei a corrida, meus pais estavam lá, ela estava ficando mais velha… Tudo colaborou para isso! – Danny disse.
– Foi seu aniversário ontem? – Raffa falou surpresa.
– Sim! – Ri fracamente.
– Agora eu namoro uma mulher mais velha! – Danny disse, dando um beijo em minha bochecha antes de se aproximar dos outros convidados.
– Eu ainda sou três meses mais nova do que ele. – Falei rindo e ela me acompanhou.
– Homens! – Ela abanou a mão. – Mas feliz aniversário, tudo de bom na sua vida. Você… Vocês merecem! – Sorri.
– Obrigada! Apesar do caos, foi um ótimo dia. Nossa família estava conosco, nosso afilhado, Danny ganhou… Foi o dia perfeito. – Ela sorriu.
– Imagino mesmo! – Ela sorriu. – Venham! Venham!
– Harper, essa são alguns amigos daqui! – Felipe indicou e vi cerca de cinco ou seis japoneses e cumprimentei todos com um aperto de mão, sabendo que não teria capacidade de guardar todos os nomes. – Sentem, gente! Sentem! Vocês comem peixe cru?
– Eu como qualquer coisa! – Anunciei, vendo Danny me indicar uma cadeira e me sentei ao seu lado.
– Eu sou mais do cozido. – Danny anunciou, se sentando ao meu lado e passou um braço pelo encosto da minha cadeira.
– Aqui é um bom restaurante, Harper! – Felipe disse. – Se você… Você sabe! – Ele disse e ri fracamente.
– Eu saí. – Falei e ele arregalou os olhos.
– Mesmo? – Assenti com a cabeça.
– Sim, resolvi minhas pendências nas férias de vocês. – Apoiei a mão livre no colo de Danny. – À partir do ano que vem eu vou focar em abrir meu restaurante.
– Ah, é tão bom ouvir isso! – Ele disse e sorri.
– É… Acho que está na hora. – Virei para Danny, vendo-o sorrir e ele deu um beijo na ponta do meu nariz.
– Onde pretende abrir? – Felipe perguntou.
– Em Perth mesmo. – Falei. – Está na hora de ficar perto da minha família.
– E é nosso canto, não tem lugar melhor. – Danny disse.
– Com certeza não. – Falei.
– Ah, eu vou querer ver isso! – Felipe disse sorrindo.
– Bem, a Harper precisa cumprir uma aposta com a equipe, eu ganhei. Agora ela precisa cozinhar para a equipe! – Danny disse e sorri.
– Sim! Talvez depois da corrida de domingo. – Falei. – Vou preparar algo que eu quero que seja o carro chefe no restaurante.
– Eu estou mais empolgado para isso do que com a corrida. – Danny disse, me fazendo rir.
– Os caras vão adorar! – Falei, ouvindo-o rir.
– E o que vocês vão beber? Sake? – Massa sugeriu.
– Eu aceito uma dose. – Virei para Danny. – E água! Muita água! – Falei rindo.
– Essa é minha garota! – Ele disse, me fazendo rir. – Mas, Felipe, você pode não estar em volta ano que vem, mas minha casa vai estar sempre de portas abertas se quiserem ir para Perth! – Danny disse. – O povo foca bastante em Sydney e Melbourne, mas Perth é uma cidade grande.
– Na verdade, eu talvez esteja por aí ano que vem. – Felipe disse e Raffa o abraçou de lado.
– Sério? Cancela a aposentadoria? – Danny perguntou surpreso.
– Ainda não é garantia, mas pelo jeito um ricaço aí está querendo investir na Williams, tá querendo colocar o filho grid… – Ele ponderou com a cabeça. – A Claire veio falar comigo que esse garoto vá precisar de ajuda e eu tenho mais experiência que o Bottas… – Felipe ponderou com a cabeça.
– E o Valtteri? – Danny perguntou.
– Ele está muito bom, né?! O contrato dele acaba esse ano, aposto que a Williams não segura ele. – Felipe disse. – E eu estou velho, né?! Ficar mais um ano ou dois no grid não seria nada mal.
– Uau, cara! Isso seria ótimo para você! – Danny disse.
– São só boatos por enquanto, mas quem sabe? Não me importaria um ano a mais no grid, nem se for para ser babá de novato! – Ele disse, me fazendo rir.
– Até eu que sou mais tonto. – Danny disse.
– Mas tem um cara que não é tão boato. – Felipe disse.
– Jenson? – Danny comentou e Felipe assentiu com a cabeça.
– É… A McLaren começou a falar sobre estratégia de três pilotos, ele não está muito animado para isso, não. – Felipe negou com e vi o garçom deixar a garrafa de sake na mesa e alguns copos.
– Já vi que o fim de ano vai ser complicado para todo mundo. – Danny disse.
– E você? Alguma mudança? – Massa perguntou.
– Apesar dos problemas desse ano, acho que vou continuar na Red Bull. Tive algumas ligações, mas estou confortável. Meu contrato é até 2018, muito pode acontecer até lá.
– Talvez ficar fora de problemas seja melhor. – Felipe disse.
– Deixa o Nico e o Lewis se matarem na Mercedes! – Danny brincou, me fazendo sorrir.
Suzuka, Japão – Sexta-feira
Daniel
– Baby, baby, baby! – Falei e Harper riu.
– Espera! – Ela correu em minha direção, ajeitando a credencial e bateu na catraca para eu entrar.
– Precisa de ajuda? – Ofereci.
– Não, está tudo bem! – Ela disse. – Você está carregando a carne, é mais importante!
– Eu estou com 12 quilos de chocolate! – Michael anunciou, nos fazendo rir.
– É, acho que ele está com a carga mais importante! – Falei, vendo os diversos fotógrafos em volta de nós e ri fracamente.
– Para o motorhome? – Michael perguntou e vi Harper passar pela catraca, ajeitando as duas largas sacolas em suas mãos.
– Sim, preciso resfriar isso o mais rápido possível. – Harper disse.
– Ok, vamos lá! – Falei, seguindo pelo paddock um pouco à frente dos dois.
– O que você vai fazer, afinal? – Michael perguntou.
– Segredo! – Ela disse rindo.
– Eu sei que sua mousse está envolvida, mas não sei o salgado. Tem farinha, manteiga, ovos… – Ele disse e ri fracamente. – Pode ser qualquer coisa.
– Exato! E você vai descobrir só domingo! – Harper disse, me fazendo rir.
– Bom dia, galera! – Vi Nando e Jenson a nossa frente.
– Ei, galera! – Falei, desviando a caixa de meu olhar.
– Estão de mudança? – Jenson perguntou e rimos.
– Não, Harper vai cozinhar para nós! – Falei.
– Quando e onde? Eu ouço falar da sua comida há anos, Harper! – Jenson disse e ela riu fracamente.
– Aqui e talvez no domingo! – Ela disse.
– Estão convidados! – Falei ao ver Maria aparecer na porta do motorhome.
– Espero que dê para todo mundo! – Falei.
– Estou contando 140 pessoas, mas nunca vi todas essas pessoas aqui no paddock! – Harper disse e ponderei com a cabeça.
– Bem pensado. – Falei rindo. – Enfim, isso tá pesado, nos falamos depois!
– Até mais, galera! – Os pilotos da McLaren falaram e segui a frente até entrar no motorhome da RedBull.
– Para que tudo isso? – Maria perguntou e apoiei a caixa na primeira mesa livre que eu vi e Michael fez o mesmo ao lado.
– Bom dia! – Falei.
– Bom dia! – Ela disse rindo e espiou dentro das caixas. – Sabe, as coisas podem não estar das melhores, mas a gente ainda tem comida.
– Bom dia! – Christian disse e Harper deixou suas sacolas em uma poltrona.
– Eu sei, mas é coisa da Harper! – Falei esfregando as mãos. – Ei, Christian! – Falei.
– Ei, Daniel, como estão? – Ele disse rindo. – O que está acontecendo?
– Harper tem uma coisa para falar. Cadê os caras? – Virei para o lado, chamando Nigel e Brad com a mão e eles saíram do restaurante e vieram até nós.
– Ei, Danny boy, o que está acontecendo? – Nigel perguntou e indiquei Harper.
– Um acordo é um acordo, certo? – Harper disse e eles franziram a testa. – Prometi que quando o Danny ganhasse, eu cozinharia para vocês.
– MENTIRA!
– UHULL! – O pessoal comemorou, fazendo outros se juntarem a nós.
– Então, se o Christian permitir, e o pessoal da cozinha liberar, vou fazer uma janta para vocês após a corrida de domingo. – Ela disse envergonhada e o pessoal gritou.
– YAHAA!
– AÍ SIM, HEIN?!
– Bem, eu estou curioso em experimentar sua comida desde o dia que eu te conheci. – Christian disse rindo. – Eu vou conversar com o pessoal da cozinha, mas aposto que eles vão adorar ter um dia de folga. – Harper riu fracamente.
– Na verdade, eu preciso saber um detalhe, quantas pessoas trabalham na equipe dentro do paddock? – Harper perguntou, virando para Maria e Henrique que havia se juntado a nós.
– 120! – Maria disse e Harper virou para mim, pressionando os olhos.
– Eu não tenho experiência para cozinhar para tudo isso de pessoas. – Ela disse para mim. – Nem se eu começar agora, eu não consigo servir 120 pratos ao mesmo tempo, eu não tenho experiência de restaurante ainda.
– Aposto que nosso chef vai adorar virar seu… Como se diz? Sous chef?
– Sim… – Harper riu.
– Seu sous chef por um fim de semana. – Christian riu. – Ei, John, chame o Brandon aqui! – Ele disse, falando para seu assistente.
– Eu só não quero atrapalhar. – Harper disse.
– Você não vai! – Christian disse.
– E o que você vai cozinhar para gente? – Nigel disse, apoiando o braço no ombro de Harper.
– Isso vocês só vão descobrir no domingo! – Harper disse com um largo sorriso no rosto, me fazendo sorrir. – Isso me faz lembrar que eu preciso de uma lista de todas as alergias e intolerâncias de cada um, e se alguém tem alguma dieta especial como vegana, vegetariana, celíaca, kosher, halal, entre outros. – Arregalei os olhos.
– Eu tenho todas essas informações. – Brandon, chef da equipe, falou. – E vai ser um grande prazer cozinhar contigo, Harper.
– Oi, Brandon! – Harper sorriu envergonhada.
– Demorou, hein?! – Ele disse, nos fazendo rir.
– Sim, demorou. – Ela olhou para mim e pisquei.
– Você sabe do que eu gosto, baby! – Falei, pressionando meus lábios em sua bochecha.
– Eu pensei em um prato único com sobremesa, trouxe todos os ingredientes para umas 140 porções. – Brandon arregalou os olhos.
– Uau!
– Você não precisava. – Christian disse. – Temos tudo aqui.
– Não, sério! Eu realmente não quero atrapalhar! – Ela disse firme.
– Você está dando comida para gente, não vai atrapalhar nunca! – Henrique disse, nos fazendo rir.
– Você se importa em guiá-la pela cozinha? – Christian perguntou.
– Eu? Me importar em avaliar uma guia Michelin em ação? – Brandon falou ironicamente, me fazendo rir.
– É agora que minha reputação entre em jogo! – Harper riu.
– Você vai tirar de letra, baby! – Falei e ela piscou para mim.
– Eu tenho coisas de geladeira para guardar e a sobremesa precisa ser feita com antecedência, se eu já puder começar. – Harper disse.
– Claro! Vamos lá! Eu te ajudo a levar as coisas lá para dentro. – Brandon disse.
– E você vem comigo, senhor Daniel! – Maria disse. – Você tem umas 500 entrevistas para fazer. – Arregalei os olhos.
– Tudo isso?
– É! Você ganhou a última corrida e é o mais novo comprometido no pedaço! Agora aguenta! – Ri fracamente.
– Isso me lembra que eu preciso responder a minha namorada! – Michael disse, se jogando em uma poltrona.
– E me lembra que eu sou a outra parte desse comprometimento e surgiu mensagem de pessoas que eu não falo há anos! – Harper disse e ri fracamente. – Obrigada, baby, por me beijar na frente do mundo todo! – Ela disse ironicamente.
– Posso beijar de novo, se quiser! – Falei sério e ela riu fracamente.
– Nos falamos depois? – Ela perguntou, se aproximando com uma sacola.
– Divirta-se, baby! – Falei, dando um beijo em seu rosto.
– Você também! Fale muito sobre mim! – Ela disse e pisquei.
– Eu não! Vou te guardar só para mim! – Puxei-a pela nuca, colando nossos lábios rapidamente e ela me empurrou rindo.
– Te vejo depois! – Ela cantarolou ao sair.
– É minha impressão ou a Harper está mais feliz do que normalmente? – Virei para trás, vendo Max entrando no motorhome e ri fracamente.
– Ela vai cozinhar para nós no domingo. – Comentei. – Não sei nem explicar o quanto isso a distrai. – Ri fracamente. – E a comida dela é boa para caramba! – Dei dois tapinhas em seus ombros. – Lesgo, Mary!
– Harper feliz, Daniel feliz, eu estou ferrada! – Maria disse e puxei-a pelo braço.
Sábado
Harper
– Baby! – Pulei nos ombros de Danny quando ele apareceu no motorhome.
– Ah, meu amor! – Ele me apertou pela cintura, me girando pelo ar. – Foi quase… – Ele disse.
– Qua-a-ase! – Brinquei, alisando a linha do cabelo. – Mas ouvi que o Seb e o Kimi estão com penalidades, então é quarto lugar! – Ele sorriu.
– É, ouvi algo assim! – Ele disse e nossos lábios se tocaram levemente. – Como foi a cozinhança?
– Essa palavra não existe! – Falei e ele riu fracamente.
– Enfim! – Ele abanou a mão.
– Foi bom! – Abri um largo sorriso, vendo-o retribuir.
– Eu gosto de te ver feliz assim! – Subi as mãos pelo seu peito.
– Seu mousse está na geladeira e estará prontinho para amanhã. – Falei perto de seu ouvido, ouvindo-o rir.
– Eu gosto disso! – Ele disse rindo.
– Não vai ficar bravo por eu dar mousse para todos os caras da Red Bull? – Passei os braços em seus ombros, sentindo suas mãos em minha cintura.
– Não mais! – Ele disse sério. – Porque você já é minha garota e ninguém vai te tirar de mim. – Ele sorriu e nossos lábios colaram rapidamente.
– Bom! Porque está muito boa. – Mordisquei o lábio inferior.
– Ah, você experimentou? Que linda! – Ele disse bravo. – Vem cá, quero ver se está boa mesmo! – Ele segurou meu rosto, me fazendo rir.
– Daniel! – Ele disse, colando nossos lábios por alguns segundos.
– É isso que a gente gosta! – Virei o rosto, encontrando o ex-piloto da Red Bull entrando em sua antiga garagem.
– Seb! – Danny disse e afastei as mãos dele. – O que está fazendo aqui? Errou os boxes de novo?
– Há, há, há! Engraçadinho! – Seb disse, estalando a mão de Danny e ambos se abraçaram. – Como está?
– Melhor agora que eu soube da sua penalidade. – Danny sorriu, fazendo o alemão negar com a cabeça. – E você?
– Tudo certo! – Seb sorriu. – Vim ver sobre vocês! – Ele me indicou com o olhar a franzi a testa.
– Nós? – Franzi a testa.
– Ah, qual é! Não tem uma pessoa que não viu o beijão de vocês na Malásia! – Senti meu rosto esquentar. – E eu fui seu parceiro de equipe por um ano, te acompanhei durante todo começo, só Deus sabe quantas vezes eu ouvi o nome “Harper” em nossas conversas. – Franzi os lábios, dando um sorriso. – Eu estou feliz por vocês, sério!
– Obrigado, cara! – Danny disse.
– Se eu tivesse apostado uma grana que isso aconteceria, eu estava rico agora! – Seb brincou e me puxou para um abraço.
– Quando nos conhecemos, as circunstâncias eram outras, Seb! – Danny disse.
– Eu sei! Você tinha uma namorada chata, mas ainda assim falava mais no nome de Harper do que dela. Qual era o nome dela mesmo? – Seb foi sarcástico.
– Não importa! – Falei e ele riu.
– Realmente não importa! – Danny disse, me abraçando.
– Eu estou feliz por vocês, gente! – Seb disse. – Especialmente por esse idiota aqui! – Seb deu dois tapinhas em seus ombros.
– Valeu, cara! – Danny sorriu.
– Se você precisarem de qualquer coisa, só chamar! Vamos fazer um double date! – Ele disse.
– Claro! Fala com a Hanna! Saudades dela! – Daniel disse.
– Ela vai estar em Abu Dhabi! – Seb disse.
– Claro! Combinamos! – Danny disse. – Ah, vem jantar aqui depois da corrida, Harper vai cozinhar para gente! – Ri fracamente.
– Opa! Pode deixar! Sua comida é famosa, Harper! – Seb disse e ri fracamente.
– Espero que seja tão boa quanto a fama! – Falei e ele riu.
– Também espero, hein?! – Christian entrou com Helmut.
– Ei, Christian! – Seb disse e se afastaram.
– Eu tenho algumas entrevistas para fazer… – Danny me apertou pela cintura. – Nos falamos depois?
– Uhum! Eu vou dar uma última checada lá na cozinha, depois podemos ir. – Falei, passando as mãos em seus ombros.
– Ok, eu vou fazer isso, depois eu vou tomar banho e podemos ir. – Ele disse.
– Eu preciso também, estou cheia de farinha! – Fiz uma careta e ele deu um beijo em minha bochecha.
– Cada vez mais linda! – Ri fracamente. – Onde está Michael?
– Falando com a Déborah! – Falei. – E a Maria está incrivelmente mais silenciosa… – Virei o rosto, vendo a assessora apoiada em uma poltrona, mexendo no celular. – Maria?
– Oi! – Ela ergueu o rosto.
– Você está quieta! – Comentei, ouvindo-a rir. – Normalmente você estaria gritando pelo atraso dele. – Falei.
– Vocês estão juntos, anunciados e firmes! Eu estou nas nuvens, gente! – Maria deu de ombros. – Os céus podem cair que eu estou em paz. – Sorri.
– Bom! – Falei, sentindo outro beijo de Danny em minha bochecha.
– Mas vocês poderiam colaborar e agilizar essas entrevistas, né?! Eu vou adorar dormir mais cedo e sonhar com o que é que a Harper vai fazer para gente! – Maria disse, me fazendo sorrir.
– Claro! Vamos! Vou lá com o chef Brandon finalizar minha parte e deixar organizado para amanhã. – Falei.
– Combinado! – Trocamos um rápido selinho e nos afastamos seguindo para lados contrários.
Domingo
Daniel
– Ei, Daniel, você viu isso? – Michael gargalhou.
– O quê? – Me aproximei dele.
– Tinha uns australianos na Malásia e eles arrancaram a roupa na sua vitória! – Ele me esticou o celular e vi a foto do grupo de amigos.
– Mentira! – Falei rindo.
– Eles foram presos, cara! – Arregalei os olhos.
– Não, cara, qual é! – Peguei o celular, lendo a matéria rapidamente.
– Será que a Malásia tem alguma lei que…
– Exposição? Nudez? – Virei para Michael, devolvendo seu celular. – Chegando no paddock eu peço para Maria liberar uma declaração! Coitados, mano! Aposto que não foi com intenção.
– Dificilmente! – Michael disse, se levantando da poltrona. – Eu vou tomar banho para gente sair.
– Eu vou acordar a Harper. – Falei.
– Ela está dormindo, hein?! – Ele disse rindo.
– Ela não está acostumada a cozinhar para 140 pessoas, né?! – Falei rindo.
– Mas ela está feliz! – Ele disse.
– Sim, ela está. – Sorri. – Fazia tempos que eu não a via animada assim.
– Acho que agora temos mais certeza de que ela ter largado a Michelin foi uma boa coisa. – Ele disse e parei na porta do nosso quarto.
– Acho também, hoje é um test-drive, vamos ver à longo prazo. – Abri a porta devagar.
– Nos falamos daqui a pouco. – Ele disse, dando dois tapinhas em meu braço antes de seguir para seu quarto.
Abri a porta devagar, vendo a fresta da janela iluminar o quarto parcialmente e andei até a cama, vendo-a de bruços e o rosto enfiado no travesseiro. Ah, minha garota! Que ótima escolha foi querer te conhecer de outro jeito. Acariciei seu rosto, tirando o cabelo de suas bochechas e inclinei para dar um beijo em sua testa.
– Baby… – Sussurrei. – Hora de acordar.
– Hum… – Ela suspirou, virando para o outro lado e ri fracamente.
– Vamos, baby! – Me inclinei na cama, passando as pernas em volta de seu corpo. – Acorda!
– Ai, baby! – Dei um beijo em suas costas, tirando o cabelo do local.
– Vamos, amor da minha vida! Já dormiu demais, eu preciso ir para o paddock e você precisa fazer 140 refeições. – Ela riu fracamente.
– Eu estou cansada por isso. – Ela suspirou.
– Imagina isso todo dia? – Perguntei, deitando em cima dela.
– Eu estou cansada, mas estou feliz! – Ela falou, girando o corpo e me joguei ao seu lado enquanto ela fazia isso. – E em um restaurante muitas coisas são pré-prontas e eu tenho um espaço maior para trabalhar. – Ela suspirou. – Achei que a cozinha desses lugares fosse maior.
– Não é como se tivesse espaço para muita coisa, baby. – Ela se aproximou de mim, apoiando a mão em meu peito e puxei-a pela cintura. – Bom dia.
– Bom dia, baby. – Ela disse e colei nossos lábios por alguns segundos.
– Pronta para seu dia especial? – Perguntei e ela riu fracamente, apoiando o queixo em meu peito.
– Meu dia especial? – Entrelacei nossas pernas.
– É! É seu primeiro experimento real antes do seu restaurante! – Acariciei seu rosto, vendo-a dar um curto sorriso.
– Eu estou nervosa… – Ela mordiscou o lábio. – Assim… Minhas únicas avaliações são suas. – Ri fracamente.
– E da Le Cordon Bleu Austrália inteira! – Falei, jogando seus cabelos para trás e ela riu fracamente. – Baby… – Falei sorrindo. – Entendo o receio, mas não tem chances de ficar ruim.
– Modéstia à parte, está bem gostoso. – Ela disse, me fazendo sorrir. – Mas medo de alguém ter alguma alergia, passar mal, ou sufocar, ou não gostar, ou… – Dei um curto selinho em seus lábios.
– Melhor? – Falei e ela riu fracamente.
– Sim. – Ela suspirou.
– Vai dar tudo certo, baby! Eu tenho certeza. – Ela sorriu. – E estou mais animado para isso do que pela corrida! – Ela riu.
– Não fala isso, vai me deixar mais nervosa! – Ela deu um tapinha em meu peito e ri fracamente.
– Sorte sua que eu ainda tenho 53 voltas para pensar.
– E eu tenho muita coisa para cozinhar! – Ela disse, girando o corpo para a cama novamente.
– O que você vai fazer, hein?! – Apoiei os braços atrás da cabeça, vendo-a se levantar.
– Nem vem! Não vou te dar dicas! – Ela sumiu no banheiro, me fazendo rir.
– Ah, qual é! Eu mereço! Eu sou quem mais te deu apoio para isso. – Falei.
– Nem vem! Fui cobrada pelos mecânicos por umas 15 corridas, pelo menos! – Ela disse e sorri.
– Mas eles não te agradam como eu! – Cantarolei e vi seu rosto aparecer na porta e ela ponderou com a cabeça.
– Isso é verdade! Mas eu ainda não vou falar! – Ela entrou novamente, me fazendo rir.
– Espera! Deixa eu pensar que tanto a gente comprou. – Falei, pensando. – Tinha farinha… Ovos… Azeite… – Fui pensando. – Carne, de um tipo que você não me deixou ver, mas pesava muito para um simples filé mignon… – Fui falando. – Um monte de erva que você pode abrir uma boca de fumo…
– DANIEL! – Ela gritou e senti algo bater em minha barriga.
– Ai! – Falei rindo e percebi que era seu chinelo.
– Para! – Ela pediu rindo.
– Eu não sou um grande cozinheiro…
– Você queima água, baby! – Ela cantarolou, voltando para a cama.
– Mas aposto que tem massa envolvida! – Falei e ela apareceu em minha visão.
– Já falei que te odeio? – Ela disse e puxei-a para um beijo.
– Todo dia! – Brinquei e ela sorriu.
– E você? Como está sua cabeça para essa corrida? – Ela se sentou na beirada da cama.
– Vai ser difícil, mesmo com as penalidades, a Ferrari está forte aqui e eu estou obviamente com dificuldades aqui. – Falei e ela fez um carinho em minha barriga.
– Eu estava mencionando sobre o que aconteceu aqui dois anos atrás. – Ela disse e suspirei, me sentando, segurando sua mão.
– Sempre há pesadelos, baby. – Falei. – Eu não consigo imaginar o quanto que ele sofreu desde aquele dia, a batida… – Suspirei, sacudindo a cabeça com as imagens. – Mas fico feliz que ele conseguiu descansar finalmente. – Ela apertou minhas mãos. – Talvez eu consiga também. – Senti algumas lágrimas deslizarem pela minha bochecha.
– Ah, baby! – Ela me abraçou e apoiei minha cabeça em seu pescoço.
Apertei-a fortemente, fechando os olhos e as imagens daquele cinco de outubro vieram à minha mente. A demora por notícias, o impedimento de parar a corrida, um quarto lugar com gosto de pódio, até eu saber exatamente o que estava acontecendo.
– Eu estou aqui por você, baby. – Ela colou a testa na minha, dando pequenos beijos em minha bochecha. – Eu te amo.
– Obrigado, baby! – Falei, passando as mãos nos olhos.
– Às vezes é bom deixar sair, certo? – Ela disse e ri fracamente.
– É… – Suspirei. – Fazia um tempo.
– Eu sei. – Ela acariciou meu rosto. – Às vezes outra pessoa precisa chorar, sou sempre eu! – Ela brincou e ri fracamente.
– Sem mais choro, baby! – Falei.
Harper
– Harper? – Virei o rosto para o lado, vendo Jean, um dos garçons.
– Sim?
– Os pilotos chegaram! – Ele anunciou e era agora que o meu show ia começar.
– Ok, gente! – Falei mais para mim do que para as outras quatro pessoas na cozinha e respirei fundo.
– Está tudo pronto e uma delícia, Harper! Aproveite! – Chef Brandon falou e assenti com a cabeça.
– Ok… – Sorri. – Obrigada por tudo.
– Que isso, eu só dei uma ajudinha! – Ele piscou e ri fracamente.
O que não era exatamente verdade, amassar e abrir 16 quilos de massa e assar 28 quilos de costela não foi exatamente “uma ajudinha”, mas não poderia estar mais grata por tudo que essa turma me ensinou, inclusive os garçons que me ajudaram na melhor forma de servir cada um. Bem que falam que a gente aprende mais na prática do que na teoria.
– Vamos lá, então! Empratar! – Falei e todo mundo voltou para suas estações.
A cozinha do motorhome é pequena, mas é o que Danny havia me dito, tudo é muito pequeno, mas a gente trabalha com o que tem. Então tinha cerca de 30 pratos abertos, dois garçons já seguravam pilhas de mais em um lado, e outros dois estavam preparados para servir.
Sabíamos que era impossível as 140 pessoas comerem juntas, já que muitos ainda tinham detalhes para lidar com o pós-corrida, mas era certeza que pelo menos 75 jantariam entre a próxima hora.
Confesso que parte de mim ficou sentida de perder a corrida, meu olho ficou entre finalizar o ragu e a televisão. Danny teve uma boa largada, mas, como ele havia dito, as Ferrari estavam fortes, então ele caiu para sexta posição após o primeiro pit stop e foi difícil recuperar, Kimi estava muito rápido. No final ele até conseguiu se aproximar do finlandês, mas um pit stop longo – por um pneu que não saía – fez ele se manter em sexto, há 17 segundos de Kimi.
A corrida acabou com Nico, Max em segundo, Hamilton em terceiro, Vettel, Kimi e Daniel em sexto. Apesar das dificuldades do ano, esse resultado impedia que Danny ganhasse o campeonato, agora a briga era entre as duas Mercedes, e torcer para manter em terceiro lugar, já que Kimi e Max vinham logo atrás.
Observei enquanto Ivan começou a colocar uma porção de talharim em cada prato, depois Brandon vinha com uma concha generosa de ragu de costela, Evelyn acrescentava o pecorino e eu finalizava com um ramo de tomilho e limpava os respingos no prato.
– Pronto, meninos! – Entreguei o primeiro prato.
– Não, não! Você leva o primeiro! – Brandon disse. – Vai! – Ele indicou a porta e suspirei.
Passei a mão no avental com óbvias manchas de farinha e ajeitei a faixa em meu cabelo, eu deveria estar parecendo uma louca! Passei o braço na testa e Leon me entregou um prato e assenti com a cabeça.
– Vamos lá! – Ele disse animado e ri fracamente.
– Daniel está afetando a cabeça de vocês! – Falei e caminhei para fora da cozinha, seguindo pelos corredores e vi a bagunça dos pilotos, equipe, mecânicos e, mesmo com um sexto lugar, Danny estava ali no meio.
– Ah, minha garota ali! – Ele sorriu e ri fracamente.
– Bobo! – Falei e abracei-o com a mão livre, recebendo um curto selinho. – Desculpe sobre a corrida.
– Podia ser pior. – Ele disse, dando de ombros.
– Bem, apesar do Max estar no pódio hoje, você ganha o primeiro prato de espaguete ao ragu de costela suína. – Falei, lhe entregando o prato.
– NÃO! – Ele gritou animado demais, me fazendo rir. – GE! GE! GE! EI! EI! EI! – Franzi a testa.
– UH! UH! UH! – Max respondeu à altura, me fazendo rir.
– Um prato tipicamente italiano com carne tipicamente australiana? – Ele perguntou e ri fracamente.
– Veja o que acha, quem sabe não é o carro chefe no meu restaurante? – Ele estalou um beijo em minha bochecha e ri fracamente.
– Estou empolgado! – Danny disse rindo e seguiu para a mesa mais próxima, com as mangas do macacão deslizando pelo chão.
– Espero que tenha para mais! – Christian falou, me fazendo rir.
– Eu logo volto! – Falei, mordiscando os lábios e voltei para a cozinha.
Já tinha vários pratos para eu finalizar, então precisei apressar os detalhes para liberar para os garçons, e principalmente evitar que eles esfriassem. O ragu precisa chegar fervendo nos clientes… Enfim!
Demorou cerca de 30 minutos até todos os primeiros 75 pratos ficarem pronto. Eu precisaria me organizar para a próxima leva às 21 horas.
– Intervalo para jantar, gente! – Brandon disse e assenti com a cabeça. – Agora você, mini chef, vai receber o carinho do pessoal. – Ri fracamente.
– É, porque isso está bom para caralho! – Earl disse.
– Olha a boca! – Ruby disse, pegando um prato e seguiu pelo corredor.
– Bom trabalho, chef! – Ivan me esticou um prato e sorri, sentindo minhas bochechas enrugarem.
– Obrigada. – Suspirei e foi minha vez em seguir de volta para a entrada.
Assim que a sala se abriu, ouvi alguns aplausos que aumentaram conforme eu erguia meu rosto. A cara de sapeca do Daniel indicava quem era o culpado entre todo mundo, mas o sorriso de Nigel e dos mecânicos, além de alguns pilotos de outras escuderias, me deram um quentinho estranho no peito.
– Eu falei! Eu falei! A melhor comida do mundo! – Danny disse e ri fracamente, vendo-o vir em minha direção. – Isso estava uma delícia, baby! – Ele tirou meu prato de minhas mãos, colocando na mesa mais próxima e segurou meu rosto antes de colar nossos lábios.
– Mesmo? – Perguntei e ele desceu os braços pelo meu corpo.
– Mesmo! – Mordisquei meus lábios, sentindo-o me segurar pela cintura.
– Ele é suspeito para falar, mas eu não! – Max se intrometeu, me fazendo rir e vi o grupinho de Felipe, Nando, Seb, Jenson, Carlos e Daniil intrometidos na festa da Red Bull. – Isso está bom para caralho, Harper.
– Definitivamente! – Nando disse e ri fracamente.
– Acho que você tem futuro com a coisa, já pensou em ser chef de cozinha? – Danny brincou com os lábios colados em minha bochecha e ri fracamente.
– Bobo! – Falei, virando o rosto e nossos lábios se colaram.
– Está perfeito, baby! – Sorrimos juntos. – E eu quero mais!
– Em breve no restaurante mais longe possível de você! – Brinquei e ele riu.
– Eu vou esperar ansiosamente. – Ele disse sorrindo.
– Mas, ei, tem sobremesa ainda! – Falei.
– Ah, a sobremesa! – Ele suspirou. – Esses caras não vão, ganhar, nem vem!
– EI! – Os caras mais perto falaram.
– Nem vem! Essa sobremesa é mortal! Não quero ter que brigar com ninguém pelo coração dessa gata aqui! – Daniel falou dramático, abrindo as mãos como se fizesse uma muralha entre mim e o pessoal. – Ainda mais o Alonso! – O pessoal gargalhou alto, me deixando envergonhada.
– Ah, meu Deus, Daniel. – Dei um tapinha dele.
– Só garantindo que eu vou continuar tendo quem vai me esquentar à noite. – Ele deu de ombros, fazendo o pessoal rir e meu rosto esquentar mais ainda.
Daniel
– Estou pronta! Estou pronta! – Harper saiu do banheiro amarrando os cabelos. – Desculpe a demora.
– Está tudo bem, baby! – Falei, me levantando.
– Eu precisava servir a última galera, vocês fizeram tanta propaganda que eu não queria deixar de lado. – Ela disse, ajeitando a camiseta de desenhos que usava.
– Não é como se a gente tivesse muito o que fazer, baby. – Falei. – Comi bem hoje! Apesar de amar os Estados Unidos, tem 10 dias até lá… Dá para gente descansar um dia. – Ela se aproximou de mim, levando a mão até meu rosto, acariciando perto do nariz.
– Você está com um machucadinho aqui. – Ela disse.
– Eu vi, deve ser uma espinha. – Falei.
– Não cutuca! – Ela disse segurando meu queixo e ri fracamente.
– Não cutuco! – Ela deu de ombros, seguindo até sua bolsa.
– Michael já foi?
– Não, está nos esperando lá embaixo. – Peguei minha mochila, jogando nas costas.
– Nem falamos da corrida hoje, baby! – Ela disse, vindo ao meu lado.
– Ah, bem, não tem o que falar, tipo de corrida chata. – Dei de ombros. – Max em segundo é um saco, eu não conseguir pontuações para continuar lutando pelo campeonato é um cu, mas não é como se eu tivesse esperança.
– Daniel! – Falei, rindo fracamente.
– Desculpe, ânus! – Falei e ela negou com a cabeça.
– Tonto! – Ela segurou minhas mãos. – Apesar desse detalhe…
– Ânus?
– Do campeonato, Daniel! – Ela falou rindo.
– Ah! – Fiz uma careta.
– Apesar disso! – Ela frisou. – Vamos continuar lutando, ok?! Eu quero ver aquele cara da Malásia de novo. Nem que eu tenha que fazer aniversário de novo. – Sorri.
– Se você fizer um ano a mais toda corrida que eu ganhar…
– Até parece que gosta de mulheres mais velhas. – Ela disse rindo e aproximei nossos lábios, colando-os levemente.
– Se for na cabeça, garanto que sim. – Mordisquei seu lábio inferior, fazendo-a rir.
– Não são as mulheres que você namora que são mais maduras, baby, você que é imaturo mesmo! – Ela disse e fiz uma careta.
– Eu não tenho argumentos contra isso. – Falei.
– Eu sei! – Ela sorriu, colando nossos lábios rapidamente. – Vamos, eu quero uma cama quentinha!
– Espero que eu esteja envolvido nesse pacote! – Falei e ela riu fracamente.
– Talvez…
Seguimos para fora do vestiário e ela desceu à frente às escadas. O motorhome de apoio estava mais vazio, somente Michael estava jogado em uma das poltronas e sabia que só Christian e o pessoal do alto escalão estariam aqui ainda.
– Bora, Mike! – Falei, assustando-o e percebi que ele estava dormindo. – Desculpe!
– Vocês não estavam transando lá em cima, estavam? Deus! Demoraram para caramba! – Ele reclamou, se levantando.
– Desculpe, Mike, eu estava toda enfarinhada e engordurada. Trabalhar com gordura não é fácil! Lavei o cabelo três vezes. – Ri fracamente e Michael me acompanhou.
– Como foi o test-drive? – Ele perguntou e ri fracamente.
– Foi bom! – Harper sorriu enquanto caminhávamos para fora do motorhome. – Mas é bem diferente de um restaurante de verdade, a começar com só quatro pessoas na cozinha, uma opção de prato só… – Ela foi ponderando com a cabeça. – Pelo menos todo mundo foi na nossa, e tínhamos só três pessoas com restrições alimentares, então foi mais fácil. – Ela dizia. – Servir 140 refeições e sobremesa não foi fácil, mas é… Agora eu sei que eu quero isso de verdade. – Dei um beijo em sua têmpora, vendo-a sorrir.
– Vamos lutar por isso, baby! – Falei. – Acho que deveria chamar “The Honey Badger’s”. – Falei dramático e ela riu fracamente.
– Definitivamente não. – Ela disse rindo e sorri, puxando-a para apoiar meu braço em seus ombros.
– Fala aí, Daniel! – Virei o rosto, vendo Toto e a assessora da Mercedes passando.
– Ei, Toto! – Acenei.
– Soube da sua festinha hoje! – Ele disse, me fazendo rir. – Nem chamou, hein?!
– Ah, cara! Você deveria ter aparecido lá! – Falei rindo. – Harper cozinhou.
– Da próxima vez vai ter que cozinhar no paddock, Harper! – Ele disse e ela riu.
– Desafio aceito! – Ela respondeu sorrindo.
– Os vejo no Texas! – Ele disse.
– Até mais, Toto! – Falei.
– Tchau! – Falamos juntos, voltando a andar.
– Falando em Texas, estamos chegando na sua corrida! – Harper disse, entrelaçando nossos dedos.
– Si-i-i-im! – Falei animado.
– Ele vai te enlouquecer, Harper, já avisando! – Michael disse e chutei-o de longe. – O quê? É verdade! – Rimos juntos.
– Não é como se eu não estivesse acostumada com as loucuras dele. – Ela disse.
– Ah, acredite! Nem eu estava acostumado com as loucuras dele! – Michael disse, me fazendo rir.
– Ah, qual é! A gente pode colocar nosso lado caipira para jogo, comer umas coisas gordurosas, dar uns amassos em público…
– Ah, Daniel! – Ela disse rindo.
– Você vai amar, baby! – Puxei-a pelo braço.
– Ou odiar! Não tem meio termo! – Michael disse e ela riu fracamente.
– É, isso ele tem razão! – Falei, vendo-a rir.
– Ok, lesgo, Texas! – Ela deu de ombros e beijei seu rosto.
– GE! GE! GE! EI! EI! EI! – Ah, Daniel! – Ela me empurrou, me fazendo rir.
Capítulo 38
Tauranga, Nova Zelândia, 2013
Harper estava agitada desde o começo do dia.
A primeira coisa que fez, quando seu despertador tocou às seis da manhã, foi abrir as conversas do WhatsApp e a mensagem de Michelle só a fez surtar mais do que o normal.
“Daniel bateu”.
A primeira coisa que fez foi ligar diversas vezes para o amigo, que obviamente foi ignorado. Depois tentou a família dele que deveria estar em Singapura, também ignorado. Foi então que usou um pouco do senso e percebeu que Singapura está há cinco horas do seu fuso-horário e que a corrida acabou perto das quatro da manhã, já que é corrida noturna. Ela imaginava o caos que tinha sido, mas só queria falar com seu melhor amigo.
Próximo das sete da manhã, Michelle entrou em contato com ela novamente.
“Relaxa, ele está bem! Bateu sozinho! Ele foi para o centro médico e te liga assim que possível”.
Isso era para acalmá-la, mas ficou impossível. As revisões do café da manhã, brunch e almoço se tornaram um almoço do McDonald’s gelado que pediu de delivery. Ela engolia as batatinhas com os olhos fixos na televisão desligada. Podia ligar e tentar entender o que aconteceu, mas não tinha a mínima vontade de ver Daniel batendo diversas vezes.
Quando Harper estava prestes a vomitar pelo gosto das batatas fritas frias, o telefone tocou, fazendo-a correr desesperada em direção à foto do amigo.
– DANIEL? VOCÊ ESTÁ OK?! – A risada de Danny foi ouvida antes de sua imagem se carregar.
– Oi, medrosa! – Ele disse e Harper sentiu seu corpo relaxar quando viu o amigo com o rosto ainda suando e um boné da Red Bull enfiado na cabeça.
– Oi… – Ela pressionou os lábios, sentindo vontade de chorar.
– Oi! – Ele disse sério, abrindo um sorriso. – Eu estou bem, Harp! Você não vai se livrar de mim tão fácil.
– Você parece que está tentando. – Ela disse.
– Eu não estou, Harp…
– Você bateu em Mônaco e agora em Singapura, Daniel! Duas batidas em quatro meses. E dessa vez você bateu sozinho, Daniel! – Ela disse firme.
– Eu sei, eu sei! Foi uma configuração errada. É como jogar vídeo game, Harp! Às vezes você aperta X, Y e O e você dá um mortal louco, na Fórmula Um…
– NÃO TEM GRAÇA, DANIEL! – Ela gritou, interrompendo sua voz, fazendo Danny rir fracamente, passando a mão na testa.
– Harper, Harper! Se acalma! – Ele disse, virando o rosto para o lado. – Eu estou bem! Está tudo bem! – Ela suspirou.
– Eu sinto sua falta. – Ela suspirou e ele deu um sorriso, sabendo que tinha algo a mais ali.
– Eu também sinto. – Ele sorriu. – Só mais dois meses e meio, ok?!
– É, só mais isso… – A menina suspirou.
– É bom passar logo, porque eu sinto falta da sua mousse também. – Ela deu um curto sorriso.
– É… Eu também. – Ela deu um curto sorriso.
– Onde você está? – Ele perguntou.
– Nova Zelândia, talvez fique aqui até voltar para casa. Quando é a última corrida? – Ela perguntou.
– 24 de novembro, Brasil. – Ele disse. – Tenho alguns compromissos, mas até dia 10 devo estar em casa. – Ela assentiu com a cabeça.
– Eu devo chegar até dia 15. – Ela disse.
– Perfeito! – Eles sorriram juntos.
– Agora me conta algo bom dessa sua vidinha mais ou menos! – Ela suspirou, fazendo-o rir.
– Fiquei na zona de pontos nas últimas duas corridas! – Ele disse, fazendo-a sorrir.
– Isso é muito bom, Danny! – Ela suspirou. – Fico feliz por você.
– E você? Quais os planos para o aniversário de 24 anos? – Ele perguntou. – Estarei na Coreia na semana, você pode vir nos encontrar e eu faço questão de revidar todos os ovos que você jogou em mim nos meus 11 anos. – Ele disse, fazendo-a rir.
– Agradeço, Danny, mas vou ficar por aqui. – Ela deu um sorriso. – Talvez eu vá para Auckland, tenho uns amigos lá…
– Aposto que não tão legais quanto eu. – Ele disse e ele riu fracamente.
– Metido! – Ela disse.
– Ela está aí? – Harper ouviu uma outra voz.
– Sim, vem cá! – Ele falou e tia Grace apareceu na câmera.
– Ah, querida! – Harper sorriu.
– Oi, tia! – Ela disse.
– Estamos sentindo sua falta, você deveria estar aqui, sabe disso, certo? – Tia Grace disse, fazendo Harper afirmar a cabeça, já conhecendo esse discurso.
– Como estão as coisas? – Harper perguntou.
– Sentindo sua falta! Seu aniversário está chegando, por que não vem comemorar com a gente? – Harper suspirou.
– Prometo pensar. – Ela disse. – Por acaso você cortou o cabelo?
– Ah, o que acha? – Grace sorriu, mexendo nos cachos curtos similares aos de Daniel.
– Está linda! – Harper sorriu.
– E aí, Harper? – Michelle apareceu do outro lado de Daniel, fazendo-o rir.
– Eu vou tomar banho enquanto isso. – Ele disse.
– Ei, ei! Espera aí! – Harper disse. – Você está bem? Machucado?
– Só joelho ralado! Está tudo bem. – Ele disse. – Está tudo bem, Harper! Relaxa!
– Achei que usassem joelheira por isso. – Ela falou. – DANIEL! – Ele bufou, suspirando.
– Eu estou com o lado direito dolorido. – Ele disse, erguendo a blusa e Harper viu a lateral de sua barriga com um curativo. – Mas está tudo bem! – Ele se abaixou novamente. – Está tu-u-u-u-u-udo certo! – Ele foi específico. – Agora xi! – Ele disse e Harper riu fracamente.
– Conte sobre você, querida! Como estão as coisas?
– Está tudo bem. – Ela disse.
Los Angeles, Estados Unidos, 2016
Harper
– Baby… – Franzi a testa. – Acorda, baby. – Abri os olhos devagar, sentindo o local mais escuro do que antes. – Baby… – Virei para o lado, vendo Daniel no bando do motorista. – Chegamos.
– Ai, eu dormi de novo? – Perguntei e ele se inclinou em minha direção.
– Sempre! – Ele disse, dando um beijo em minha bochecha e eu ri, vendo-o sair pelo outro lado.
Me espreguicei, percebendo que estava na garagem dele em Los Angeles e deixei o corpo relaxar no banco do motorista enquanto Daniel abria o porta-malas. Tirei o cinto de segurança e empurrei a porta da Aston Martin, vendo Daniel tirando nossas malas.
– Acorda, baby! – Ele disse sorridente e lhe mostrei a língua. – Nem parece que dormiu o voo inteiro.
– Eu estava no Japão, baby! Ja-pão! – Falei firme. – Meu jet lag está uma bagunça.
– Eu também estava no Ja-pão e não estou tão estragado assim. – Apoiei do lado do porta-malas e lhe mostrei a língua novamente. – Você vai perder essa língua, senhorita Addams. – Ri fracamente.
– Eu não vou me importar. – Ele veio em minha direção, com uma mala em cada mão, e colou nossos lábios por alguns segundos.
– Vem para dentro.
– Eu preciso de um banho… – Virei para dentro do porta-malas, pegando algumas sacolas.
– Eu pego, baby! Vem! – Ele disse e ri fracamente, seguindo ao lado de Danny. – Pega a chave, por favor.
– Você vai me fazer te revistar? – Perguntei.
– É claro! – Ele disse com um sorriso presunçoso e levei a mão até os bolsos de traz, procurando pelo chaveiro. – Safada, foi direto na bunda, né?!
– Filho da mãe! – Falei rindo, colocando a mão no bolso da frente, encontrando o molho de chaves. – Na frente é onde está a diversão, nem vem. – Dei de ombros, colocando a chave na porta.
– Vai me excitar na porta, Harper? – Ri fracamente.
– Eu estou dormindo ainda, baby, você que está falando besteiras. – Abri a porta, seguindo até o alarme e coloquei minha data de aniversário para desativá-lo.
– Não é como se eu fosse pensar outra coisa de você, meu amor. – Neguei com a cabeça, andando pela ampla casa de Los Angeles, ligando as luzes, atravessando a casa.
O sol estava começando a se pôr e a visão era realmente de tirar o fôlego. O alaranjado refletindo na piscina, se escondendo por trás das palmeiras e o restante das casas de Beverly Hills.
Vi Danny entrando com o restante das malas e fui até a cozinha, vendo-a limpa e abri a geladeira, suspirando pela falta de qualquer tipo de comida aqui. Tinha uma manteiga, mas sem nada, era só manteiga. Fui para os armários e encontrei algumas barrinhas, salgadinhos, nada que matasse a fome depois de quase dois dias viajando.
– Tudo certo aí? – Danny apareceu, batendo as mãos na calça jeans.
– Não, não tem comida. – Apoiei as mãos na bancada e me forcei para cima, sentando nela.
– Eu vejo um bifão bem lindo e gostoso na minha frente. – Ele disse e gargalhei alto, tombando a cabeça para trás.
– Ai, Daniel, para! – Falei rindo. – Você está carente!
– Ah, dois dias sem sexo, né?! Um homem tem suas necessidades. – Ele se aproximou para perto de mim, apoiando os braços na bancada, tocando minhas pernas.
– Já ficamos muito mais do que isso sem transar, baby. – Falei.
– Sim, 24 anos, três meses e uns 16 dias… – Franzi a testa. – Por isso que não quero ficar mais um dia sem.
– Daniel! – Apoiei as mãos em seus ombros e ele riu fracamente.
– Quando isso era só amizade, pô! – Ele disse, me fazendo rir.
– Tonto! – Falei, passando as mãos em seus ombros, puxando-o para perto.
– E você ama tanto esse tonto que não tem nem ideia. – Ri fracamente, sentindo nossos lábios se tocarem por alguns segundos.
– Amo demais! Mas preciso começar a me preocupar com essas suas gracinhas, um dia vai me meter em encrenca ainda.
– Ah, que isso, amor. Nunca faria algo para te prejudicar. – Ele disse.
– Com intenção, você quer dizer. – Falei.
– É… Exatamente! – Ele disse, me fazendo rir. – O que quer fazer? Quer ir fazer compras? Tomar banho? Descansar? – Ele me abraçou pela cintura e fechei as pernas ao redor de sua cintura.
– Eu preciso fazer tudo isso, mas eu estou com preguiça. – Fiz um beicinho. – E com fome…
– Meu baby tá com fome? – Ele tocou nossos lábios rapidamente. – Posso pedir algum delivery.
– Vai ter que ser, acho que aceito um banho e ficar escondida embaixo das cobertas, comendo algo gorduroso e vendo série. – Falei.
– Podemos ficar, baby. Temos quatro dias até ir para Austin. – Ele passou as mãos em minha bunda, me pegando no colo, me fazendo rir. – Quatro dias só de mim e de você. – Ri fracamente, apertando as mãos em seus ombros.
– Sempre fomos só eu e você, amor. – Dei um beijo em sua bochecha.
– Não no meio de temporada. – Ele me levou para perto da escada.
– Você não vai subir comigo, vai?
– Vou! – Ele disse, me fazendo rir. – Se a gente cair, a culpa é sua.
– Minha? – Ri, sentindo-o subir devagar.
– É! Você que fica comendo talharim com costela e…
– Ah, estava bo-o-om demais. – Suspirei.
– Estava, baby! Que delícia! Vai ser sucesso, de verdade. – Ele tropeçou, me fazendo rir quando fui de bunda na escada.
– Ai! – Falei rindo, vendo-o rir comigo e se sentar em um degrau mais baixo.
– Viu?! Fica comendo demais! – Ri fracamente, inclinando meu corpo e dei um beijo em seus lábios.
– E quero comer mais! – Falei rindo.
– Eu te dou comida, minha rainha. O que você quer? – Ele perguntou.
– Fritura! Batata frita, frango frito, cebola frita, tudo! – Falei e ele pensou por alguns segundos.
– Acho que dá para encontrar! – Ele disse rindo.
– Bom, encontre e eu vou tomar um banho delícia! – Falei me levantando.
– Nem vem! Não vou te deixar ir no banho sozinha, você pode se perder, que isso. – Ele disse, me fazendo rir.
– Você pode ficar comigo… Me olhando. – Pisquei para ele, vendo-o sorrir.
– Ah, eu gosto de um pouco de voyeurismo. – Ele disse safado e ri fracamente.
– É só o que você vai conseguir comigo hoje, ao menos até o sono passar. – Falei.
– Até parece, só eu te dar comida que esse sono passa. – Ri fracamente.
– Isso você está certo, mas quero bastante comida. – Ele riu.
– Eu vou te dar bastante comida, meu amor! – Ele disse rindo. – Depois do seu banho.
– Pede, enquanto isso eles vão trazendo. – Dei de ombros, vendo-o ponderar com a cabeça.
– Combinado, mas não se atreva a tirar essa roupa antes que eu chegar! – Ele disse firme, deslizando escadas abaixo e ri fracamente, indo para outro lado.
Daniel
– Sorria! – Falei, vendo Harper rir.
– Para, Daniel!
– Só mais uma, vai! – Girei a câmera, apertando o botão diversas vezes.
– Daniel! – Ela disse rindo, mantendo o sorriso no rosto, jogando os cabelos para trás.
– Espera, só mais uma! – Ajoelhei no chão, mirando de baixo.
– Daniel! – Ela disse rindo, tirando o celular da minha mão. – Chega!
– Ah, só estou tirando fotos. – Me levantei, dando de ombros.
– Eu estou há 10 minutos parada aqui, e eu nem ligo para essee letreiro! – Ela indicou o letreiro de Hollywood atrás de si e ri fracamente.
– Só estou tirando fotos da minha gata, pô! – Falei sarcasticamente e ela me mostrou a língua.
– Precisamos tirar uma juntos, vem cá! – Ela me chamou com a mão e fui ao seu lado.
Ela passou o braço esquerdo em meus ombros e abracei-a pela cintura, apoiando a cabeça em seu queixo e dando beijos em seu pescoço, fazendo-a rir. Ela esticou o outro braço e sorrimos para algumas fotos.
– Ok, pronto! Três fotos, porque eu sempre tremo uma, não 200. – Ela me entregou meu celular.
– Você não sabe o que eu vou fazer com as fotos. – Falei e ela me deu aquele olhar duro. – O quê? Posso criar um mural seu, declarando todo meu amor e…
– Ou só me irritar com isso. – Ela disse e ri fracamente.
– É, talvez! – Abri o Instagram, selecionando nossa foto e coloquei a que eu beijava seu pescoço, escrevi “1992 > 2016 ❤️” antes de postar.
– O que está fazendo? – Ela perguntou e puxei meu celular para mim. – Daniel! – Ela disse rindo.
– O quê? – Ri fracamente.
– Nunca tivemos segredos, vamos começar a ter agora?
– Eu só estou postando! – Falei rindo e ela pegou meu celular, desbloqueando rapidamente.
– Ah, somos nós. – Ela disse junto de um beicinho.
– É! – Puxei de volta. – Depois de te beijar na frente de todo mundo, achei que não teria problema.
– Claro que não tem. – Ela apoiou as mãos em meus ombros. – Mas você nunca foi de declarar seu amor publicamente, ao menos não com aquela chata. – Ri fracamente, abraçando-a com a mão livre das sacolas.
– Você não tem ideia como é diferente, baby. – Falei. – Em tudo! Todo mundo te conhece, somos amigos há anos. Estamos em um relacionamento gostoso, saudável, com apoio dos dois lados, estamos passando o ano juntos… – Dei um selinho em seus lábios. – E meus fãs te amam.
– Seus fãs me amam como sua amiga! – Ela disse rindo e ponderei com a cabeça. – Não como a mulher que dorme contigo. – Ponderei com a cabeça.
– Detalhes! – Falei, fazendo-a rir. – Eu te amo, e eu estou feliz, então eles que fiquem também! – Ela sorriu.
– Lindo. – Ela segurou minha nuca, colando nossos lábios novamente.
– Eu sou! – Sorri, fazendo-a rir.
– Podemos ir para casa? – Ela perguntou com os lábios colados.
– Já? Agora que eu ia subir lá em cima! – Falei, vendo-a arregalar os olhos.
– O quê? Nem vem, Daniel! – Ela disse rindo nervoso. – Eu não vou lá em cima! – Gargalhei alto, afundando o rosto em seu pescoço. – Daniel!
– Eu estou brincando, baby! – Falei rindo, sentindo-a me empurrar pelo peito. – Baby!
– Para, Daniel! Não tem graça! – Ela disse rindo e puxei-a com mais força pela cintura.
– É brincadeira, baby! – Dei um beijo em seu pescoço. – Eu só estou brincando contigo.
– Não tem graça! – Ela disse rindo e subi um beijo para seu rosto.
– Tem sim, vai! – Dei um beijo em seu rosto. – E você tá me chamando muito de “Daniel”, cadê meus apelidos, hein?!
– Você tá me provocando demais hoje para eu te chamar de outra coisa. – Ri fracamente, roçando meu nariz no seu.
– Bobo. – Ela disse e sorri.
– Mas eu quero ir lá em cima um dia. De preferência contigo. Ver o pôr-do-sol, fazer um piquenique. – Ela sorriu.
– Ok, mas podemos ir de carro. – Ela disse e ri fracamente.
– Ah, fazer trilha, baby! – Ela riu fracamente.
– Eu nunca fui adepta a isso, baby! – Ela sorriu.
– Por mim? – Foi minha vez de fazer um beicinho e ela riu, apertando minhas bochechas com uma mão, me forçando a manter o bico.
– Ok, talvez um dia!
– Isso! – Falei rindo.
– E um dia em que eu esteja com sapatos de trilha, não de fazer compras. – Ela disse, me fazendo rir.
– Vou deixar um no carro de precaução. – Falei e ela sorriu, dando um beijo em meu rosto.
– Agora podemos ir? Estou ficando com fome. – Ela fez um biquinho.
– Sim, podemos. – Falei. – Suas sacolas estão pesando. – Ela riu fracamente.
– Você que quis comprar metade da Rodeo Drive para mim. – Ela disse enquanto andávamos pela área abaixo do letreiro de Hollywood.
– Só agradando minha garota. Isso não é crime, é?!
– Não, mas não tem nada especial hoje, me pergunto o que vai querer em troca. – Ela olhou sugestivamente para mim, me fazendo rir.
– Ah, você não tem noção, baby! Espera chegar em casa! – Falei, sacudindo seu braço e ela riu.
– Só você, Daniel. Só você! – Rimos juntos.
Harper
– Baby, coloca a mesa, estou quase acabando! – Falei, colocando mais uma porção de frango no óleo.
– Já coloquei! – Virei para o lado, vendo Daniel deslizando nas meias pela cozinha e ri fracamente, dando atenção ao tacho. – Ah, essa música! – Ele falou rindo e neguei com a cabeça quando Feeling Myself começou.
– Ah, meu Deus! – Gargalhei alto.
– Feelin’ myself, I’m feelin’ myself, I’m feelin’ my! – Ele começou a dançar ao meu lado, fazendo poses sensuais e minha risada ficou alta. – Feelin’ myself, I’m feelin’ myself, I’m feelin’ my, feelin’ my!
– Ah, isso me traz boas lembranças! – Falei rindo.
– Feelin’ myself, I’m feelin’ myself, I’m feelin’ my! Feelin’ myself, I’m feelin’ myself, I’m feelin’ my! – Ele veio para perto de mim, passando os braços em meus ombros. – I’m with some hood girls lookin’ back at it, and a good girl in my tax bracket, got a black card that’ll let Saks have it, these Chanel bags is a bad habit… – Ele rebolava pela cozinha, me fazendo rir.
– O durão Daniel Ricciardo dançando Nicki Minaj e Beyoncé! – Falei, ouvindo-o rir.
– Você gosta dos meus dotes dançarinos, baby! – Ele disse, me puxando pela mão e soltei a escumadeira quando ele me puxou.
– Daniel! – Falei rindo e ele me girou pela cozinha, me forçando a passar a mão em seus ombros, girando quase em pose de valsa. – Daniel!
– Minha reclamona! – Ele disse, afundando o rosto em meu pescoço, me fazendo rir.
– Baby, eu tô cheirando fritura! – Falei rindo, sentindo um beijo no local.
– O melhor perfume de todos! – Ele lambeu meu pescoço, me fazendo rir.
– Vou pegar todos aqueles perfumes caros que você comprou para mim ontem e começar a usar óleo de fritura como perfume. – Falei rindo, sentindo outro beijo. – Meu Deus, o frago! – Empurrei-o, voltando correndo para o tacho.
– Chata! – Ele disse e tirei os pedaços de frango quase queimados do óleo, colocando-os no papel toalha e desliguei o fogão e depois a coifa, fazendo o barulho reduzir e a música estourar em meus ouvidos.
– AH! – Ele reclamou, correndo até o som para abaixar o volume. – Ah, caramba! – Rimos juntos.
– Essa coifa faz muito barulho! – Falei rindo, pegando mais alguns pedaços de papel toalha para forrar a travessa de servir.
– Já veio com a casa! – Ele se defendeu, me fazendo rir.
– Eu só comentei! A da fazenda é menos barulhenta. – Ele riu, me abraçando pela cintura.
– Já dá para eu roubar algo aqui?
– Só se quiser queimar sua língua. – Falei e ele riu fracamente, dando um beijo em sua bochecha.
– Daniel!
– Eu não ligo de você estar toda gordurenta, por sinal, me dá uma ótima ideia de um banho de banheira mais tarde. – Ele disse, me fazendo rindo.
– Acho uma boa ideia. – Ergui minha mão esquerda, passando em seus cabelos. – Eu tomo um banho e você lava toda a louça. – Falei rindo.
– Ah, tem quase nada, você lavou quase tudo enquanto cozinhava! – Rimos juntos e virei o rosto, sentindo um beijo em minha bochecha.
– Pega os molhos, vamos comer!
– Eba! Rodízio de frango frito! – Ele disse animado, me fazendo rir.
– Minha ideia de jantar era outra completamente diferente! – Ele pegou a bandeja com três molhos, seguindo para sala de jantar do outro lado.
– Ah, baby, eu vou compensar contigo. Eu sempre compenso. – Ouvi sua voz mais abafada e ri fracamente, pegando a travessa com frango frito o suficiente para alimentar a família Ricciardo inteira nas férias de fim de ano.
– É bom mesmo. – Andei para a sala de jantar, vendo a luz desligada e surpreendi com duas velas acesas na mesa, dois lugares arrumados na ponta da mesa e um buquê de flores.
– Acho que todo jantar chique poderia vir com frango frito, mas é só minha opinião. – Ele falou cruzando os braços e me inclinei para colar meus lábios em sua bochecha.
– Meu lindo! – Falei, colocando o frango na mesa.
– Eu sei que você queria um jantar romântico, só nós dois, esse pôr do sol… – Ele disse. – Mas podemos ter tudo isso com frango frito. – Ri fracamente, virando para ele e passei os braços em seus ombros.
– Poderia só sem esse cheiro de fritura no ar e eu estar um pouco mais apresentável. – Falei pelas manchas de farinha na blusa, os cabelos oleosos em um coque bagunçado na cabeça e aquela sensação de grudento que a fritura por imersão deixa.
– Você ainda não entendeu, né?! – Ele acariciou meu rosto. – Você sempre vai ser a mulher mais linda do mundo para mim. – Dei um curto sorriso, pressionando os lábios. – Mesmo descabelada, cheirando fritura e suja de farinha. – Ri fracamente. – Eu te amo, baby.
– Também te amo. – Colei nossos lábios rapidamente, mantendo nossos narizes colados por alguns segundos. – Mais do que tudo.
– Mais do que o Isaac? – Ele provocou e me afastei, olhando para ele, ponderando com a cabeça.
– Ele é quase meu filho… – Disse em um gemido. – É pressão demais para mim.
– É, talvez seja para mim também! – Ele disse, me fazendo rir.
– Bobo! – Dei um beijo em seu rosto. – Que tal comermos antes que o frango esfrie? Depois ainda quero meu banho e precisamos terminar de arrumar as malas para amanhã.
– Amanhã vamos para o Texas, baby! – Ele disse animado, me fazendo rir.
– Deus me abençoe. – Falei, vendo-o puxar a cadeira para mim.
– Você vai adorar, baby! Eu te conheço! – Me sentei no canto e ele foi para a ponta da mesa.
– Antes de me apaixonar por você, eu já conhecia seu jeito, baby. Você não mudou nada do que eu conheço. – Falei, vendo-o sorrir. – Ainda não! – Falei, ouvindo-o rir e ele pegou um pedaço de frango com a mão, molhando no barcecue antes de morder.
– E isso é fantástico, como sempre. – Ele disse com a boca cheia e ri fracamente.
– E você ainda não aprendeu nada sobre modos à mesa. – Falei, fazendo o mesmo que o dele, mas passei no molho de mostarda e mel.
– Você acredita que isso vai mudar um dia? – Ele perguntou.
– Eu tenho esperanças! – Falei rindo, mordendo o frango.
– Bem, temos a vida inteira, certo? – Ele disse, me fazendo sorrir. – Enquanto isso… – Ele passou o dedo no molho barbecue antes de passar em minha bochecha.
– Ah, Daniel! – Falei rindo, ouvindo sua risada escandalosa.
Austin, Estados Unidos
Daniel
– Bem-vinda, senhora! – Falei com o sotaque texano e Harper olhou para mim, franzindo a testa. – O quê? – Perguntei rindo.
– Você vai usar esse sotaque o fim de semana inteiro? – Ela perguntou.
– Achei que gostasse, senhora. – Falei novamente, vendo-a rir fracamente e negar com a cabeça.
– Eu não sei o que eu achei ainda. – Ela franziu a testa e dei um beijo em sua cabeça.
– Espero que não fique ciumenta aqui. – Disse, andando pelo aeroporto.
– Vou ter motivos para ficar ciumenta aqui? – Ela já falou na defensiva, me fazendo rir e entrelacei nossos dedos.
– Não da minha parte. – Falei. – Mas eu sou popular aqui.
– Você é popular em qualquer lugar, Daniel! – Ela disse rindo.
– Um pouco mais aqui. – Falei, fazendo uma careta e ela olhou fixo para mim, com aqueles olhos pressionados.
– O que eu devo esperar aqui, Daniel? – Ela perguntou.
– Daniel não! – Falei, tombando a cabeça para trás. – Baby ou Danny… – Ela manteve o olhar sério para mim.
– Daniel! Até eu saber com o que eu estou me metendo. – Ela disse, parando na esteira das malas.
– Não está se metendo com nada. – Falei, passando as mãos em seus ombros, vendo-a cruzar os braços. – Só tenho mais fãs aqui. – Dei um beijo em sua bochecha. – E você provavelmente vai odiar a festa que fazem aqui, mas…
– Que festa? – Ela perguntou e fiz uma careta.
– As apresentações especiais, as grid girls… – Ela fez uma careta.
– Achei que teríamos problemas só no México. – Ela disse.
– Não vamos ter problemas, Harper. – Falei sério. – E que problemas vamos ter no México? – Foi minha vez de franzir a testa.
– Eu não quero ter dor de cabeça, baby. – Ela disse.
– Não vamos ter dor de cabeça, baby. – Falei rindo, beijando sua testa.
– Então por que você fala essas coisas? – Ela perguntou brava e suspirei.
– Eu quero aproveitar contigo, mas eu sei como eles são e sei como você é! – Falei firme. – Não fique assim. – Beijei sua bochecha, ouvindo-a suspirar.
– Você me dá dor de cabeça, Daniel. – Ela abaixou meus braços. – Sua mala está passando. – Ela disse e suspirei, virando para a esteira e puxei minha mala, colocando-a no chão.
– Com licença? – Virei o rosto, vendo duas garotas. – Pode tirar fotos conosco? – Elas sorriram.
– Claro! – Falei, ficando no meio delas e sorri para as fotos.
– Obrigada!
– Boa sorte! – Elas disseram e dei um aceno, vendo-a seguirem pelo local.
– Com licença, se importa? – Outro grupo perguntou e dei atenção para mais duas garotas e um garoto com fotos e autógrafos em camisetas da Red Bull.
Eu fiquei uns minutos presos com eles. Como eu falei, eu sou um pouco popular nos Estados Unidos, talvez pelo fato de eu gostar bastante daqui. E eu conheço a fera que eu tenho em casa, ela é ciumenta. E quando ela ver a falta de roupas das grid girls, ela vai surtar com toda certeza. Ela vai… Merda! Harper!
– Desculpe, eu tenho que ir. – Falei para o pessoal, devolvendo a última caneta e puxei minha mala pelo local e dei uma olhava em volta, procurando por Harper que não estava onde eu a deixei pela última vez. – Ah, ótimo!
Olhei para a esteira, vendo que tinha umas quatro malas rodando ali sem dono e não vi a de Harper entre elas. Me afastei a passos rápidos para tentar despistar os fãs que ainda estavam por ali e suspirei ao encontrar Harper sentada em uma das poltronas com sua mala ao seu lado e espiando o celular, com o corpo relaxado na cadeira.
– Ah, te achei! – Me aproximei dela, vendo-a erguer o rosto. – Por que você saiu de lá?
– Você demorou um pouco, fiquei cansada. – Ela disse, dando de ombros.
– Harper. – Falei, tombando a cabeça para trás.
– O quê? Eu não menti. – Ela disse. – Minha mala estava girando quase sozinha na esteira, todo mundo indo embora, peguei e esperei.
– Eu estava dando atenção para o pessoal…
– Eu sei, por isso eu sentei. – Ela disse e suspirei.
– Como você pode estar completamente feliz em um dia e de cara feia no outro? – Perguntei.
– Eu não estou de cara feia à toa, Daniel. Você que colocou caraminhola na minha cabeça. Eu não estou chateada por você dar atenção aos seus fãs, só cansei de ficar em pé esperando igual uma tonta. – Ela se levantou. – E não quero ficar brigando com seus fãs de plateia. – Ela pegou sua mala e seguiu em frente, me fazendo pressionar os lábios quando a mala passou em meu pé.
– Ah, Harper. – Suspirei, seguindo logo atrás dela, finalmente saindo pelo desembarque nacional.
– DANIEL! DANIEL! DANIEL! – Ouvi os gritos dos fãs, em sua maioria mulheres, acumulados do outro lado da separação.
– Eu vou encontrar Maria. – Harper disse, seguindo à minha frente e suspirei.
Ela não tem noção como eu quero abraçá-la superforte quando ela faz isso e não deixá-la sair nunca mais. Quando ela vai perceber que ela é a mulher da minha vida?
Fiquei nesses pensamentos enquanto dava atenção para as diversas fãs ali, sejam com fotos ou autógrafos, mas posso dizer que fiquei uns 30 minutos preso ali e precisei me desculpar e sair rápido quando notei que cada vez parecia encher mais.
– Desculpe, eu tenho que ir! – Falei, saindo de lado e vi Maria ali, apontando no relógio. – Ei, Maria.
– Bem-vindo ao Texas. – Ela disse e ri sem graça.
– Estava falando isso para Harper agora. – Falei, suspirando. – Onde ela está?
– Levei-a para van, tinha umas meninas em cima dela. E ela está com um bico enorme, devo perguntar o que houve? – Ela disse e seguimos pelo aeroporto com um segurança se colocando ao meu lado.
– Eu estava exatamente falando para ela que o pessoal aqui gosta de mim, que eu tenho bastantes fãs aqui e…
– Ah, é ciúmes, então. – Ela abanou a mão. – Você resolve isso logo. – Suspirei.
– Eu não sei se vai ser fácil, você sabe como é aqui. – Neguei com a cabeça. – Os fãs, as garotas, tudo.
– Bom, tem dois dias para o começo do fim de semana, tenta fazer ela relaxar. – Ela disse e suspirei.
– Os garotos chegaram?
– Sim, Michael e Tom. – Ela disse.
– Ok, a gente tinha falado de sair, mas não sei, Harper ciumenta é fogo. – Suspirei.
– Vá em um lugar mais discreto, de boa, tente não chamar tanta atenção, o que eu sei ser impossível, e faça a mulher relaxar. Ela merece isso depois de tudo. – Suspirei.
– Ela sempre merece. Eu sei isso. – Sorri, chegando na porta do aeroporto e vi a van ali.
– Entra, estou logo atrás. – Ela disse e vi o motorista indicar para mim.
– Bom dia! – Falei, cumprimentando-o com um soquinho e entrei, vendo Harper em um assento do meio, mexendo no celular, entrei na van e me sentei ao seu lado. – O que tem de tão interessante aí? – Ela ergueu o olhar para mim.
– Candy Crush. – Ela me mostrou e bloqueou o celular em seguida.
– Pode me dar um sorriso? – Perguntei, apoiando o queixo em seu ombro e ela desviou o corpo, me afastando. – Não faça isso, baby. – Pedi em um suspiro. – Não tem motivo.
– Então por que você faz ter? – Ela falou mais alto. – Você sabe como eu me sinto e ainda faz questão de tocar na ferida. – Suspirei.
– Eu só estava te preparando para isso, baby. – Apoiei a mão em sua perna.
– Parece que você gosta disso, de me irritar, de me deixar assim.
– É claro que eu não gosto, baby. – Vi Maria entrar e a porta se fechar. – Você é a coisa mais importante para mim. – Abracei-a de lado. – E Austin é um dos meus lugares favoritos do mundo, ter você aqui é a melhor coisa para mim, mas você não está acostumada com isso. Eu queria evitar esse bico, não criá-lo.
– Eu não estou de bico. – Ela disse e olhei sugestivamente para ela. – Não enche. – Ela disse, virando o rosto para janela e suspirei, apoiando meu queixo em seu ombro.
– Um dia você vai sentir minha falta, não vai estar ao meu lado por algum motivo e vai ver que esse ciúme é tonto. – Falei e suspirei.
– Não é tonto se tem motivo toda hora. Que caralho, não tem uma vez que não tem algo externo para me encher o saco? – Ela virou o rosto e finalmente olhei em seus olhos. Ao menos ela não estava chorando.
– Não tem motivo, Harper. – Falei firme. – Teria motivos se eu estivesse te dando motivos. O que está a minha volta não me afeta em nada. – Disse, não me importando se tinha mais pessoas ouvindo. – Eu te amo, eu só penso em você, quero estar contigo em todas as situações, quero te agradar em todas as situações. Eu só quero que você entenda que nem tudo que acontece eu tenho controle. Os fãs, os protocolos, as grid girls, as festas, os eventos, nada disso eu tenho controle.
– Mas você gosta da atenção, Daniel. E eu sei disso desde sempre, mas não me afetava quando éramos só amigos, quando eu estava há milhares de quilômetros de distância, mas agora não dá para eu ignorar.
– Eu sei que não dá, mas não tem motivo, baby. – Toquei seu rosto. – Você é minha mulher, o amor da minha vida, a mulher mais importante para mim… – Suspirei. – Me deixa mostrar as coisas para você, me deixe aproveitar contigo coisas que eu nunca pude te mostrar antes. – Pedi. – Não faça isso, baby. Lembre-se de ontem, nós dançando na cozinha, comendo frango frito, se sujando de molho… – Ela deu um curto sorriso. – O banho depois, a massagem que eu te fiz…
– Você fazendo estilingue com as minhas calcinhas. – Ela disse e ri fracamente.
– Exatamente. – Falei e ela suspirou. – Não faça isso, baby. Pensa nos nossos momentos bons, só nós dois, não no resto.
– Eu não posso ignorar o resto. – Ela disse com a voz mais calma.
– Eu sei, mas infelizmente minha carreira é isso. Eu gosto sim da atenção, das brincadeiras e da diversão, mas quando posso dividir contigo. – Ela suspirou, procurando pela minha mão e entrelaçando os dedos.
– Não fala mais nada, ok?! – Ela pediu, apoiando a cabeça em meu ombro. – Eu sei que exagero em alguns momentos, mas eu preciso desses momentos para pensar por que eu faço isso. – Ela disse, suspirando.
– Você ainda me ama? – Perguntei e ela riu fracamente, erguendo o rosto para mim.
– É claro que eu amo, Daniel. – Ela acariciou meu rosto com a mão livre. – Não é uma briga que vai mudar isso. – Ela roçou nossos narizes. – Nem se eu quiser, duvido que consiga.
– Bom. – Dei um beijo em seu rosto.
– E não aja como se não fizesse o mesmo. – Ela disse e ri fracamente.
– Somos farinhas do mesmo saco, baby. – Falei e ela assentiu com a cabeça, me dando um curto selinho antes de apoiar a cabeça em meu ombro de novo.
– Vocês dois têm problemas de confiança. – Maria disse, me fazendo rir. – Mas vou levar em conta a idade de vocês e dizer que é só com mais idade que isso melhora. – Ela disse e Harper riu ao meu lado.
– Eu tenho toda vida pela frente. – Falei e Harper assentiu com a cabeça.
– Espero que sobrevivamos até lá. – Ela disse e sorri.
– Ah, eu também! – Maria disse, nos fazendo rir.
Harper
Me olhei no espelho e suspirei, eu não estava a fim de sair. Sei que minhas crises de ciúmes são exageradas em alguns momentos, mas se foi aquele caos no aeroporto, imagino no bar que eles querem ir. Daniel não é só popular aqui, ele é muito popular! Me deixando até surpresa de como não somos interceptados por paparazzi em Los Angeles.
Talvez a questão dele seja o Texas, o lado garoto da fazenda deve aflorar nele e toda a cultura exagerada aqui é bala na boca dele. Ai, Daniel! O que eu vou fazer contigo? E pior, o que eu vou fazer sem você?
Desde nossa amizade eu sou ciumenta, mas agora em um relacionamento, é simplesmente difícil ignorar todos os olhares em cima dele. E sei que ele adora isso, todos os holofotes, as festas, os gritos, a atenção, mas essa é uma das questões que somos como água e óleo. Ele é assim, eu sou discreta, muito mais discreta, então eu simplesmente não sei lidar com essa atenção toda, seja em cima dele ou em cima de mim.
– Harper! Eu estou te esperando! – Ouvi a voz de Daniel do outro lado da porta. – Eu não vou sem você. – Suspirei, fechando os olhos por alguns segundos.
Juntei os cabelos, puxando-os para trás com a escova e prendi com um lacinho de cabelo, abaixando os cabelos arrepiados em seguida. Passei um lápis nos olhos e um batom cor de pele, me fazendo suspirar. Peguei a blusa regata bege e a vesti, tirando o cabelo preso da gola. Saí do banheiro, me sentando na cama para calçar os tênis. Não estou no clima para sair, mas também não vou fazer grande caso por isso. Ele vai me infernizar até eu disser que vou.
Peguei minha bolsa, colocando-a em meu ombro e dei uma rápida olhada no espelho antes de sair do quarto que divido com Danny. Segui pelo corredor, chegando na sala de estar e meus olhos se arregalaram quando vi a roupa de Danny e Tom. A blusa de cowboy, o lenço e o chapéu chamavam atenção por si só. Ao menos da cintura para baixo era bermudas e tênis, mas parecia que as meias de Danny tinham o mapa do estado desenhado.
– Eu vou voltar para cama. – Anunciei, dando a volta.
– Harp! Harp! Harp! – Ouvi Daniel me chamar, apoiando a mão em meu ombro. – Não vá.
– Eu não sei lidar com isso, baby. – Me virei para ele.
– Ok, você está me chamando de baby, já me sinto mais calmo. – Ele me abraçou pela cintura. – Não é diferente daquele cara de Perth, só deixo tudo aflorar aqui. – Ri fracamente.
– Um pouco demais. – Ajeitei o chapéu em sua cabeça. – Acho que prefiro as regatas cortadas.
– Com o chapéu? – Ele perguntou, me fazendo rir.
– Talvez, a roupa não está ajudando. – Falei.
– Preferia o look completo? – Fiz uma careta. – Sem nada é melhor, né?!
– AINDA ESTAMOS AQUI! – Ouvi Michael dizer e ri fracamente.
– Vamos, baby! Só um pouco, você precisa relaxar também depois de hoje. – Suspirei.
– É um lugar bem discreto, certo? – Perguntei.
– Discreto, luz baixa, música alta e mesas gigantes. – Ele disse e assenti com a cabeça.
– Eu vou!
– ISSO!
– Mas se você começar de gracinha, eu volto na hora. – Falei.
– Você não vai. – Ele estalou um beijo na minha bochecha e suspirei. – Lesgo, baby! – Ele disse animado e ri fracamente, olhando para Tom.
– Você está igualmente ridículo, Tom! – Falei. – Eu sou acompanhante do Michael hoje, ok?!
– Vem cá, irmã! – Michael me pegou pelo braço, me fazendo rir.
– Vou cortar vocês de todas as fotos! – Tom disse e ri fracamente.
– Graças a Deus! – Falei, ouvindo as risadas de Michael ao meu lado.
– Vamos logo, seus chatos! – Danny disse.
Quando saímos do hotel, fiquei feliz por sair pelo subsolo, o hotel estava apinhado de gente, especialmente pelo fato de outros pilotos estarem no mesmo lugar. Demoramos bastante para chegarmos ao destino. Nunca vim para Austin especificamente, então não conhecia muito sobre a cidade, mas é uma capital, então imaginei que fosse grande.
Estávamos no fim do dia quando chegamos em um bar ou restaurante, bem no estilo texano. As lojas dos lados vendiam roupas, chapéus, selas, jaquetas de couro e imaginei que esse fosse o ambiente perfeito para Daniel. O Daniel que eu não conheço. Apesar do Daniel fazendeiro em Perth com tudo que a palavra indica, nunca o vi com o look completo, normalmente era bermuda, regatas cortadas e um chapéu ou boné na cabeça para proteger do sol, não isso.
Me apaixonar por ele foi fácil, por todas as partes boas e todas as incríveis sensações que ele faz eu me sentir. Descobrir as diferenças, lidar com elas e continuar, esse é o difícil. Mas não quer dizer que algo mude, é só questão de costume mesmo.
Esse é praticamente o meu lado do treino, pois mesmo sem ter prática na questão, sei o trabalho que um restaurante de alto nível dá, sei os esforços e negações que precisaremos fazer daqui alguns anos, inclusive ano que vem quando eu voltar a estudar. Somos um casal, nós dois precisamos fazer esforços para isso dar certo, essa é a minha vez.
– Uau! – Foi minha voz quando entrei no local. Uma música alta com um forte banjo tocava, as pessoas cantavam animadas e as garçonetes andavam com 20 canecas de chope de uma vez só. Só faltava o Hoedown Throwdown para finalizar.
– Vem aqui, Harper! – Michael me chamou com a mão e fui até o canto de uma mesa, estilo aquelas longas de acampamento e me sentei na ponta, com Danny de um lado e Michael e Tom do outro.
– O que achou? – A voz de Daniel saiu abafada pelo som.
– Alto! – Falei rindo.
– Relaxa um pouco. – Ele disse, dando um beijo em minha bochecha, me fazendo rir.
– Não apronta! – Falei firme, puxando-o pela gola e ele riu.
– Até parece que não. – Ele disse, colando nossos lábios rapidamente. – Garçonete! Quatro chopes!
– Não! – Falei firme, abaixando a mão de Danny.
– Quatro! – Ele disse firme e a mulher colocou quatro canecas de meio litro na minha frente, me fazendo arregalar os olhos.
– Ah, Daniel… – Gemi.
– Bom te ver, Daniel! Pronto para finalmente ganhar aqui? – A garçonete alta e forte disse, parada ao lado da mesa com mais umas 12 canecas na bandeja em seu ombro.
– Tomara, hein?! – Ele disse, fazendo-a rir.
– Esperamos, hein?! – Ela disse rindo e seu olhar passou por mim. – Temos uma novata aqui hoje! Quem é você?
– Eu sou Harper. – Falei um pouco mais alto.
– Harper, hum?! – A garçonete disse.
– Minha garota! – Daniel me puxou meus ombros, me fazendo rir.
– Ah, agora explica tudo! – Ela disse rindo. – Seja bem-vinda, Harper! Por ser seu primeiro dia, você tem que fazer uma escolha! – Ela disse e franzi a testa.
– Escolha? – Perguntei, ouvindo Danny gargalhar e a garçonete tocou um sino, fazendo o bar inteiro se silenciar.
– Randall! Temos novata na casa! – Arregalei os olhos, vendo os olhos se virarem pare mim junto com o vocalista da banda.
– Bem-vinda a casa, moça! – O vocalista tinha o sotaque forte que ficava em evidência pelo silêncio e toda atenção a mim. – Qual seu nome? – Olhei para Daniel que tinha um largo sorriso para mim, como se soubesse que isso aconteceria.
– Harper… – Falei fracamente.
– Primeira vez aqui? – Assenti com a cabeça. – Quem te apresentou aqui?
– Esse idiota sorrindo do meu lado! – Indiquei Daniel e o pessoal riu.
– Ah, tem que ser! – O vocalista falou, me fazendo rir. – Agora, moça, como é sua primeira vez aqui, você pode escolher uma música para nós tocarmos aqui. – Arregalei os olhos, sentindo a pressão. – Mas lembre-se que não somos o One Direction, você tem cara de quem gosta dessas coisas. – Ri fracamente.
– Talvez. – Falei rindo, ouvindo Daniel rir ao meu lado.
Só uma música veio à minha cabeça nesse momento, e talvez ela fosse ideal para tudo que aconteceu hoje, aliado ao cansaço, a vontade de voltar para casa, e ainda combina com esse local.
– Pode ser… – Segurei a mão de Daniel, vendo-o olhar para mim, entrelaçando nossos dedos. – Home do Edward Sharpe e…
– The Magnetic Zeros! – O vocalista disse sorrindo. – Bela escolha, moça! – Ele disse, me fazendo sorrir e já começando a música automaticamente.
– Alabama, Arkansas, I do love my ma and pa. Not that way that I do love you… – Sorri quando a uma mulher começou a cantar e me virei para Daniel.
– Well, holy moly, me oh my, you’re the apple of my eye. Girl, I’ve never loved one like you. – Daniel se aproximou, colando seus lábios em minha bochecha.
– Sempre achei que fosse impossível te amar mais, mas eu amo. – Ele falou em meu ouvido. – Ah, como eu te amo, Harper Elizabeth Addams. – Ele disse, pressionando os lábios em meu rosto e virei o rosto para ele, rindo. – Ah, cara, eu te amo. – Rimos juntos, colando nossos lábios.
– Oh, home, let me come home, home is wherever I’m with you. – Cantarolei com Daniel, sentindo nossos lábios se tocarem com o movimento. – Oh, home, let me come home, home is wherever I’m with you.
– Agora beba! – Ele disse, me fazendo rir. – Tudo!
– Eu vou ficar destruída amanhã! – Falei rindo.
– Eu cuido de você! – Ele acariciou meu rosto, me fazendo rir.
– Eu te amo demais. – Falei, me afastando dele e peguei a caneca pesada, me fazendo respirar fundo antes de colocar na boca e virar a caneca de uma vez só, tomando longos goles antes de apoiar a caneca na mesa novamente, ouvindo a risada dos meninos e de um pessoal em volta, me fazendo rir.
– Essa é minha garota! – Daniel disse rindo e colei nossos lábios novamente, me fazendo rir. – Ah, baby.
– Baby. – Sorrimos juntos.
– Canta comigo? – Ele perguntou e assenti com a cabeça, sabendo a parte que estava. – Jade…
– Alexander… – Falei com ele.
– Do you remember that day you fell out of my window? – Ele cantarolou, olhando em meus olhos.
– I sure do, you came jumping out after me. – Acariciei seu rosto.
– Well, you fell on the concrete, nearly broke your ass, and you were bleedin’ all over the place, and I rushed you out to the hospital, you remember that?
– Yes, I do. – Falei rindo.
– Well, there’s something I never told you about that night. – Ele disse rindo.
– What didn’t you tell me?
– While you were sitting in the backseat smoking a cigarette, you thought was gonna be your last, – Ri com ele. – I was falling deep, deeply in love with you, and I never told you ‘til just now.
– Aww. – Falei junto da cantora, sentindo nossos lábios colarem novamente, ouvindo a música continuar.
– Oh, home, let me come home, home is wherever I’m with you.
Quinta-feira
Daniel
– A Harper não vai? – Michael perguntou e franzi a testa, notando a demora e me levantei do sofá.
– Se a Maria aparecer, fala que eu já volto. – Falei, andando pelo corredor e abri a porta do quarto, vendo a luz desligada e o banheiro aceso. – Harp!
– NÃO ENTRA AQUI! – Ela disse, chutando a porta e me assustei com ela fechar.
– Ei, o que aconteceu? – Entreabri a porta novamente.
– SAI DAQUI! – Ela gritou novamente, tentando forçar a porta, mas a mantive aberta, vendo-a sentada no chão.
– Harp! Deixa eu entrar. – Falei, empurrando a porta.
– Não entra, eu tô feia. – Ela cobriu o rosto com as mãos e ri fracamente, entrando.
– Até parece. – Falei e ela fechou a tampa do vaso sanitário. – O que está acontecendo, baby? – Acariciei seus cabelos, vendo seus olhos fundos e a boca seca.
– Eu não deveria ter bebido tanto… – Ela falou em um gemido e acariciei seus cabelos.
– Ah, quem nunca teve uma ressaca na vida? – Falei, me sentando na sua frente.
– Eu! – Ela disse firme. – Eu nunca tive uma ressaca na vida. – Ela apertou a cabeça novamente.
– Ah, baby. – Ergui seu rosto. – Pelo menos você se divertiu. – Falei rindo.
– Não. – Ela negou com a cabeça. – Eu estou vomitando e com dor de cabeça.
– Eu adorei ver você aproveitando, sabia? – Falei e ela deu um curto sorriso. – Dançando comigo, cantando comigo, sem se preocupar com comida e bebida… – Ela fez um beicinho.
– Mas eu não tô me sentindo bem agora… – Ela fez uma careta. – Sai daqui… – Ela se ajoelhou, abrindo a tampa na pressa e vomitou novamente.
– Ah, baby! – Segurei seus cabelos.
– Sai daqui! – Ela pediu novamente.
– Para de falar isso, eu não vou sair. – Ela gemeu, se sentando novamente e fechei a tampa apertando a descarga. – Eu vou cuidar de você.
– Você precisa ir para o paddock. – Ela disse, passando a mão na boca.
– Não vou com você assim. – Falei.
– Você tem que ir! Eu vou ficar bem. – Ela falou em um suspiro.
– Acha que vai vomitar de novo? – Perguntei e ela negou com a cabeça.
– Vem cá, então! – Estiquei as mãos e ela segurou, me fazendo puxá-la para cima. – Você vai ficar aqui, de repouso, vou pegar aspirina, Gatorade, melancia e café para você. – Falei.
– Combinação estranha. – Ela disse.
– Aspirina é para dor, Gatorade e melancia para você se hidratar e café para você despertar. – Falei firme.
– Parece que você tem experiência com o assunto. – Ri fracamente.
– Um pouco. Vem! – Puxei-a pelas mãos.
– Deixa eu escovar os dentes. – Ela falou, fazendo uma careta.
– É seguro eu te soltar? – Perguntei.
– Eu estou bem. – Ela disse rindo e saí do banheiro, deixando-a na pia. Voltei para a sala e agora Maria estava lá.
– Bom dia, cowboy, let’s go? – Ela disse.
– Claro, me dá cinco minutos, por favor. – Pedi.
– Onde está Harper? – Tom perguntou.
– De ressaca. – Falei, andando até a mesa do café da manhã e enchi uma xícara de café preto para ela.
– A Harper já teve ressaca antes? – Michael perguntou rindo.
– Não, ela está destruída. – Falei, rindo fracamente. – Maria, tem como pedir mais frutas para ela?
– Claro! – Ela disse, andando até o telefone.
– Aspirina? – Michael sugeriu.
– Você tem? – Perguntei.
– Sim, já volto. – Ele disse e peguei a bandeja do carrinho para colocar a xícara de café.
– Ela vai conosco? – Maria perguntou.
– Provavelmente não, vou deixar ela descansando.
– Não se esquece daquela entrevista depois. – Ela disse.
– Não se preocupe. – Falei.
– Quer que eu fique com ela? – Tom perguntou.
– Acho que ela vai dormir, mas você que sabe. – Falei, vendo Michael voltar e me estender a cartela de remédios.
– Eu posso ficar, não tem problemas, preciso checar umas coisas do trabalho também. – Ele disse e dei um aceno com a cabeça, voltando para o quarto, vendo Harper enfiada embaixo das cobertas novamente.
– Baby? – Perguntei.
– Oi… – Ela gemeu.
– Posso ligar o abajur? – Perguntei e ela mesmo o fez e vi o beicinho em seu rosto. – Minha linda.
– Para! – Ela disse rindo, cobrindo o rosto com a coberta.
– Não é grande coisa, baby. Isso acontece com todo mundo.
– Não comigo. – Ela suspirou e apoiei a bandeja no lado vazio na cama.
– Te trouxe café preto, sem açúcar. Sei que odeia, mas vai te fazer bem. – Me sentei na beirada da cama.
– Eu não quero. – Ela disse e abaixei a coberta, vendo-a tirar os cabelos do rosto.
– Bebe, Wandinha. – Falei, vendo-a erguer o olhar para mim. – E toma dois desses. – Indiquei o blister de Aspirina.
– Quanto tempo eu vou ficar ruim assim? – Ela perguntou, esticando a mão e destaquei dois comprimidos.
– Umas quatro horas. – Falei. – Toma, a Maria pediu para trazer mais algumas coisas, tenta dormir que passa logo. – Ela colocou os comprimidos na boca e deu um gole no café, fazendo uma careta, me fazendo rir.
– Eca! – Ela disse e sorri.
– Achei que chefs odiassem café com açúcar. – Falei e ela riu.
– Eu não. – Ela disse com seu bico e me aproximei, deixando um beijo em sua testa.
– Não quer que eu fique? – Pedi e ela negou com a cabeça.
– Você tem compromissos, baby. – Ela apoiou a xícara novamente, suspirando.
– Eu vou para o paddock, depois tenho uma entrevista com a Red Bull, mas eu acho que é gravação de alguma coisa. – Ela assentiu com a cabeça.
– Eu vou ficar bem, Danny. – Ela suspirou.
– Tom vai ficar aí, se precisar de alguma coisa. Eu chego aqui em dois minutos também. – Ela deu um sorriso.
– Tá tudo bem, Danny. – Ela apoiou a mão em minha perna. – Divirta-se, ok?!
– Gostei de te ver se divertindo ontem. – Falei e ela riu fracamente.
– Foi legal. – Ela suspirou.
– Eu te disse. – Acariciei seu rosto, colando nossos lábios rapidamente, sentindo o cheiro forte de pasta de dente.
– Com licença… – Virei para porta, vendo Maria. – Fala aí, ressacada.
– Oi, Maria. – Harper disse rindo.
– Trouxe melancia, melão e suco de maracujá para você. Se hidrate bastante. – Ela esticou o prato de frutas na bandeja que eu trouxe, depois o copo.
– Obrigada. – Harp disse.
– Eu volto logo, baby. – Falei e ela assentiu com a cabeça. – Eu te amo.
– Também te amo. – Ela disse em um sorriso e nossos lábios se tocaram antes de eu me levantar. – Baby?
– Hum? – Virei para ela.
– Você está com um tênis de cada cor? – Ela franziu a testa e ri fracamente.
– Sim! – Falei e ela negou com a cabeça.
– Só você, Daniel! – Ela riu e pisquei para ela, mandando um beijo em seguida.
– Se cuida, e me liga qualquer coisa. – Falei e ela assentiu com a cabeça antes de eu seguir pela porta, voltando para sala. – Me liga qualquer coisa, Tom! – Pedi.
– Pode deixar, vou cuidar da Bela Adormecida aí! – Ele disse, me fazendo rir.
– Por favor. Volto assim que possível.
– Beleza. – Ele assentiu com a cabeça.
Capítulo 39
Perth, Austrália, 2013
– Você contou para ela? – Daniel ergueu o olhar para a irmã. – Você não contou? Daniel!? – Ela tentou evitar um grito.
– Xi! – Ele pediu.
– Daniel! Ela vai ficar uma fera! – Michelle o seguiu, segurando seu braço.
– Pode, por favor, não gritar? – Ele pediu, colocando a travessa vazia de bolo na mesa.
– Eu não estou gritando, eu… Mãe! – Michelle virou para Grace. – Ele não contou.
– Eu sei que não. – Ela disse sem tirar os olhos da revista que folheava. – E eu vou lavar minhas mãos com isso.
– Escuta aqui, Daniel, se ela for embora de novo por causa desse assunto, eu vou te expulsar da sua própria casa! – Michelle falou brava.
– Ela não vai embora! – Ele disse firme.
– Até parece que não conhece sua amiga. – Foi a vez de Jason ser irônico e Daniel respirou fundo.
– Onde ela estava quando você falou com ela da última vez? – Grace perguntou.
– Ela estava pegando o táxi para cá. – Joe disse também despreocupadamente.
– Eu vou te matar, Daniel! – Michelle disse entredentes.
– Ela não vai ficar brava, já faz tantos an…
– Ela está chegando! – Jason falou ao avistar um carro levantar poeira, e os olhos de Daniel se arregalaram fortemente.
– Ela vai te matar! – Michelle disse ao perceber, fazendo o garoto sentir o suor do calor sair gelado.
Parece que o tempo parou enquanto Harper saía do carro, pagava o taxista e colocava as malas na varanda. Os olhos se viraram para Daniel e o garoto, de repente, não sentia saudades de Harper, queria que ela estivesse bem longe daqui.
– OI, FAMÍLIA, QUERIDA! – A voz animada de Harper saiu alta quando ela entrou na casa.
– A-A-A-AH! – Michelle falou animada, correndo abraçá-la. – Ah, se não é minha garota! – Ela ergueu Harper com força, girando-a pela sala.
– EU VOU CAIR! – Harper anunciou, fazendo Michelle a colocar no chão novamente.
– Ah, eu senti tanto sua falta! – Michelle disse suspirando. – Só você para me tirar desse hospício.
– Deixa ela respirar, Mi! – Daniel pediu, fazendo Michelle a soltar com um pequeno sorriso nos lábios.
– Seu filho da mãe! – Harper disse, pulando nos braços do amigo. – Você conseguiu pontos em quase todas as corridas! – Ele a apertou com força, girando-a de um lado para outro. – Isso foi incrível, Danny! – Eles riram juntos.
– Até parece que acompanhou a temporada. – Ele disse, fazendo-a rir.
– Ah, não, estudei no carro vindo para cá. – Ela abanou a mão e ele sorriu. – Parabéns!
– Obrigado. – Ele sorriu para ela. – E você? Deu muitas estrelas? – Ela riu fracamente.
– Ah, eu fui para o Japão! – Ela disse animada. – Lá é lindo! – Ela disse em um suspiro, seguindo para abraçar tia Grace. – Eu estou apaixonada!
– Ah, querida! Fico feliz! – Grace a abraçou apertado. – Gosto de ver esse sorriso no seu rosto.
– Está sendo divertido. – Harper disse rindo, passando para Jason, sentindo o falso cunhado a erguê-la do chão, depois para Joe. – São lugares que eu sempre sonhei em conhecer, mas nunca imaginei que realmente fosse para lá. É incrível!
– Ficamos feliz por você, querida. – Joe acariciou seu rosto. – E você cortou o cabelo, não? – Ele comentou.
– Sim! – Ela riu fracamente. – Deixar um pouco mais curto. – Ela bateu nas pontas rapidamente.
– E foi ver sua avó, querida? Como ela está? – Grace perguntou e Harper apoiou os cotovelos na bancada.
– Ela está bem, dessa vez não tivemos nenhum incidente. Ela se lembrou de mim, conversamos um pouco, mas preferi não exagerar, sabe?
– Sinto muito, querida. – Grace perguntou, fazendo-a assentir com a cabeça.
– E onde estão os garotos? Eles já chegaram? – Ela se endireitou na bancada, seguindo para a sala de estar.
– Harp! – Daniel tentou chamá-la.
– FALA AÍ, GALE… – A voz de Harper foi calada quando ela viu Jemma entre o grupo de amigos de meninos de sempre. – O que você está fazendo aqui?
– Daniel não te contou? – Ela perguntou, igualmente surpresa.
– DANIEL! – Harper se virou para Daniel que mantinha os olhos arregalados.
– Hum… – Sua voz ficou fraca. – Estamos juntos de novo. – Ele disse com um sorriso desconfortável no rosto.
Harper fechou os olhos, tentando manter a calma ou não chorar. Ela puxou a respiração fortemente e não sabia lidar com isso agora. Era como ser traída por Daniel de novo. Depois dos três anos separados que eles ficaram por causa da relação dela, e por eles só voltarem a se falar porque ela tentou matá-lo – acidentalmente, mas ainda assim – ele estava de volta com ela.
Não queria saber os motivos e nem o que levou a isso, mas parecia muito irônico isso acontecer justo agora que ele estava tendo mais atenção em seu segundo ano na Toro Rosso e terceiro ano na Fórmula Um. Os anos haviam passado, mas Harper nunca a perdoaria por tudo que fez com ela no ensino fundamental.
Vir para Perth e encontrar os Ricciardo é uma forma de relaxar, Jemma estar aqui era completamente o oposto de relaxar. Não queria isso, nem por mais um minuto, nem se para isso precisasse ficar sozinha em seu apartamento na cidade.
– Eu estou indo embora! – Ela anunciou, andando de volta para a porta.
– NÃO!
– VOCÊ NÃO VAI!
– NÃO SE ATREVA! – As vozes dos familiares de Daniel ficaram mais altas e Michelle foi a primeira a correr.
– Harper! Por favor! – Daniel foi logo atrás.
– CONSERTA ISSO! – Joe falou bravo para Daniel e ele puxou Harper pelo ombro quando ela já estava na varanda.
– Harper! – Ele segurou seu ombro.
– NÃO ME TOCA! – Ela pediu, empurrando seu braço com força quando ele se virou.
– Por favor, vamos conversar. – Ele pediu.
– CONVERSAR? VOCÊ NÃO QUIS CONVERSAR PARA EU ME PREPARAR, PORQUE EU DUVIDO QUE ISSO É DE HOJE! – Sua voz ficou alta, fazendo os pais de Daniel voltarem para dentro.
– Por favor, Harp. – Ele falou em um gemido, percebendo os olhos da menina cheias de lágrimas.
– Você deveria ter me contado. – Ela falou, passando as mãos nos cabelos.
– Teria mudado algo? – Ele perguntou.
– Sim, eu não teria perdido a viagem. – Ela disse em um suspiro
– Por isso eu não te falei, eu não quero você longe. Só ficamos dois meses do ano juntos. – Ele disse fracamente. – Dessa vez vai ser piorar, eu volto no fim de janeiro. – Ela engoliu em seco.
– Por que tão cedo? – Ela perguntou.
– Eu vou correr pela Red Bull ano que vem. – Ela arregalou os olhos.
– Daniel, isso é incrível! – Ela disse, puxando-o para um abraço. – Meu Deus, Danny! – Ela falou em um suspiro, fechando os braços em seus ombros. – Você merece isso. – Ela fechou os olhos por alguns segundos, aproveitando o abraço que não sentia há 11 meses, mas se lembrou da briga, soltando-o e empurrando-o para longe no segundo seguinte. – Eu ainda estou brava contigo! Você deveria ter me contado. – Ele bufou.
– A gente se encontrou na Malásia, as coisas aconteceram naturalmente, terminamos de uma forma meio abrupta, foi natural. – Ele tentou se explicar.
– Vocês terminaram porque ela tentou te matar! – Harper falou exacerbada.
– Ela não tentou me matar, foi um acidente. – Ele falou, suspirando.
– E você terminou com ela por esse motivo! – Ela disse, passando a mão na testa. – Agora não venha me dizer que “sentimentos vieram à tona”. – Ela falou ironicamente, fazendo aspas com os dedos. – Ela é uma idiota!
– Já faz sete anos, Harper. Mais de 10 das provocações de crianças.
– Provocações? Você vai voltar a ser o mesmo idiota de 10 anos atrás? – Harper cruzou os braços.
– Desculpe… – Ele disse em um suspiro. – Não vá, por favor. Ou eu vou me sentir a pior pessoa do mundo.
– ÓTIMO! – Ela disse sarcástica. – Assim eu não me sinto deixada de lado. – Ele suspirou.
– Somos sua família, você deve ficar com a gente.
– Exato! E olha o que encontro quando chego na minha família. – Ela falou sarcástica, fazendo-o fechar os olhos e passou a mão na testa e nas têmporas, respirando fundo.
– Ela não fica aqui. – Ele disse. – Ela vem de vez em quando e eu saio com ela bem longe daqui. Melhor, depois que voltarmos a trabalhar – Ele disse e ela respirou fundo, pensando na sua barganha.
– Não pense que eu sou amiga dela. – Ela indicou-o com o dedo. – Eu não quero ela em cima de mim, eu não quero ouvir a voz dela, eu estou aqui por você e pela sua família. – Ela disse e ele tentou evitar comemorar.
– Combinado. – Ele disse com a feição séria.
– Eu vou para meu quarto, e espero minhas malas lá o mais rápido possível. – Ela disse e ele ponderou com a cabeça.
– Sim, senhora. – Ele disse. – Mas cuidaremos da fazenda amanhã?
– Depois que você colocar o lixo para fora. – Ela disse, empurrando a porta para dentro e ele suspirou. – Ah! – Ela voltou, abrindo a porta novamente. – Seus dentes ficaram bonitos sem aparelho. – Ela deu um curto sorriso, entrando novamente, deixando Daniel com um sorriso no rosto.
Austin, Texas, 2016 – Quinta-feira
Harper
Passei as mãos nos cabelos, tirando todo resquício de condicionador, depois foquei em tirar o sabonete do restante do corpo. Foi difícil passar pelo dia, eu não sirvo para beber álcool e, se for para beber, que seja uma boa garrafa de vinho, não esse chope estranho que eu bebi ontem. Foi meu primeiro porre da vida e espero que tenha sido o último.
Sem contar que vomitar é a pior coisa que pode acontecer com o ser-humano, parece que o corpo vira ao contrário, deixa tudo pior. Mas Danny sabe a receita perfeita para se curar um porre e funcionou perfeitamente, depois de umas cinco horas de sono. Acordei esfomeada e agradeci Tom por também ser adepto da receita perfeita da ressaca e ter um caldo bem espeço de frango quando eu acordei.
Saí do banho, puxando a toalha e me sequei. A prendi nos cabelos enquanto fui até a pia passar desodorante e um perfume. Aproximei meu rosto do espelho, vendo alguns pelinhos fora da sobrancelha e suspirei. Pouco mais de 40 dias para eu voltar para casa. Precisava fazer um belo trabalho de beleza. Será que no Brasil eu consigo dar uma renovada nessa parte de beleza? Eles são bons nisso.
Tirei a toalha do cabelo novamente, prendendo-a na altura dos seios e passei o pente nos cabelos. Estou precisando de um corte nos cabelos, faz tempo que isso não acontece. Deixei o banheiro parcialmente arrumado e voltei para o quarto.
– Ei, senhora. – Me surpreendi ao ver Daniel com o completo look cowboy.
A calça jeans mais larga, grande fivela no cinto, botas de cowboy, camisa xadrez azul, o chapéu na cabeça e um palheiro na boca. Ri fracamente, me sentindo desnorteada, mas nem eu poderia negar que a cena é interessante.
– O que está acontecendo aqui? – Perguntei rindo e ele tirou o palheiro da boca, colocando-o na mesa de cabeceira.
– A “entrevista” de mais cedo, era uma ação da Red Bull. – Ele explicou. – Onde eu trabalhei em uma fazenda e dirigi um Monster Truck. – Ri fracamente. – Você sabe, Red Bull.
– E como foi na fazenda, senhor cowboy? – Ele se sentou direito na beirada da cama.
– Eu sou fajuto, baby. Eu preciso melhorar. – Rimos juntos.
– Talvez precisemos de mais alguns animais na fazenda. – Falei.
– Só alguns. – Ri fracamente. – O que acha? – Ele se levantou.
– Por mais contraditório que seja, você está incrivelmente sexy, cowboy. – Segurei a divisão da toalha com uma mão e apoiei a outra em seu ombro.
– Viu?! Falei para os caras que minha garota ia gostar. – Ele disse, me segurando pela cintura e ri fracamente, sentindo-o colar os lábios em meu rosto.
– Eu assumo, você está gato, mas ontem não. Look completo ou nada, baby. – Falei, ouvindo-o rir.
– Falando em nada, adorei minha recepção. – Ele disse, me fazendo rir.
– Eu estava no banho, precisei me recompor. – Falei.
– E como você está, minha ressacada? – Ele manteve os beijos em minha bochecha.
– Melhor. – Falei rindo. – Sua receita funcionou.
– Eu sou expert nisso, baby! – Ele desceu os beijos para meu pescoço, me fazendo rir.
– Acho que já passou da idade disso, não? – Ergui o pescoço, suspirando.
– Não, porque eu adorei te ver se divertindo. – Mordisquei o lábio inferior, sentindo sua mão deslizar pelo meu corpo, erguendo a toalha. – Cantando, se divertindo, sem se preocupar com o tipo de comida e bebida que comia. – Ri fracamente, sentindo-o apertar minha bunda.
– Está me chamando de careta, Daniel? – Ele ergueu o rosto para mim, mordiscando meu lábio inferior.
– Um pouco. – Ele disse, me fazendo rir e subi a outra mão para seus ombros, sentindo nossa proximidade manter a toalha presa em meu corpo. – Mas você é minha caretinha. – Mordisquei seu lábio inferior.
– Bobo. – Falei e ele apertou minha bunda novamente. – O que você quer, hum? – Ele riu.
– Tirar essa toalha primeiro, depois vemos o que acontece. – Ele disse.
– O que está esperando, então? – Perguntei, acariciando sua nuca.
– Essa é minha garota. – Ele disse e afastou um passo para trás. Não demorou mais do que alguns segundos para a toalha deslizar de meu corpo. – Você é a mulher mais linda do mundo, Harp. – Sorri, sentindo nossos lábios roçarem novamente.
– E você tem as cantadas mais baratas que eu já vi na vida… – Sussurrei, pressionando minhas mãos em sua nuca.
– Cada um com seu talento. – Rimos juntos e colei nossos lábios.
Suas mãos desceram pelo meu corpo, colando seu corpo no meu novamente e nossos lábios começaram a se movimentarem mais rápidos e em sintonia, começando a fazer o ar faltar. Ele me empurrou mais perto da parede, me fazendo rir quando tropeçou nos próprios pés, fazendo meu corpo bater com força na parede.
– Desculpe… – Ele falou rindo e acariciei seu rosto.
– Gentil, baby. – Falei e ele assentiu com a cabeça.
– Não sei andar com essas coisas. – Ele disse e ri fracamente.
– Não tire. – Pedi em um sussurro.
– Qual sua ideia, Harper? – Ele perguntou e dei de ombros, levando as mãos até a camisa xadrez.
– Eu tenho minhas fantasias também… – Falei baixo, começando a desabotoar os botões um a um.
– Você poderia compartilhar suas fantasias comigo… – Ele disse enquanto eu tirava.
– Você que me dá ideias. – Dei de ombros, puxando a camisa da calça, vendo seu peito nu. – Cada dia você está com uma ideia diferente, eu preciso lidar conforme elas vem chegando. – Empurrei a blusa para baixo, deslizando as mãos pelo seu corpo.
Daniel foi até meu pescoço, começando a deixar curtos beijos no local e desci as mãos para seu cinto. Tive dificuldades com a fivela maior, mas pode ser pelos beijos que Daniel distribuía pelo meu corpo. Puxei o cinto com força, fazendo Danny colar o quadril no meu e erguer o rosto.
– Gentil, hum? – Ele me provocou, me fazendo rir.
– Não é minha culpa se isso não saía. – Ergui o cinto, fazendo-o rir e sua mão foi até a minha.
Soltei o cinto, ouvindo-o cair no chão em um baque e ele colocou meu braço na parede, voltando a descer os beijos pela minha bochecha. Ergui meu queixo quando ele chegou em meu pescoço e suas mãos desceram para minha cintura novamente, apertando minha bunda. Ele desceu os beijos para o meio de meus seios e focou em um deles.
Soltei um suspiro quando seus lábios tocaram o mamilo, sugando-o e mordisquei os lábios, tombando a cabeça para a parede novamente. Sua mão foi para o meio de minhas pernas, me fazendo espaçá-las por um momento e apoiei as mãos em seus ombros com isso.
Ele deslizou os dedos pela minha virilha, adentrando meus lábios vaginais e suspirei com o feio, sentindo-a úmida. Ele voltou os dedos para meu clitóris, começando a movimentar os dedos em cima do mesmo e suspirei quando sua boca estralou em meu mamilo antes de se alinhar ao meu rosto novamente.
Ele deu um curto sorriso antes de mordiscar meu lábio inferior, movimentando seus dedos mais apressadamente. Apoiei minha cabeça na sua, me mantendo apoiada e suspirei com os espasmos que seus dedos me davam ao atingir meus pontos, fazendo minhas pernas fraquejarem.
– Baby… – Falei em um suspiro, abraçando-o fortemente. – Eu estou perdendo minhas forças… – Falei em um suspiro, ouvindo-o rir fracamente.
– Vou te levar para cama, baby. – Ele apertou as mãos embaixo de minhas nádegas, me fazendo abraçá-lo mais forte e ele virou o corpo para a cama, me sentando na mesma e deslizei o corpo para trás para me colocar no meio delas. – Espere um pouco.
– O que vai fazer? – Perguntei, vendo-o abrir a calça e abaixá-la, se desequilibrando quando chegou nas botas. – Tira as botas, Daniel.
– Não! – Ele se apoiou na parede, me fazendo rir. – Você pediu por um gigolô… – Gargalhei alto.
– Eu não pedi por um gigolô. – Suspirei, me ajeitando entre os travesseiros e vi ele jogar a calça para longe e desci os olhos pelo seu corpo, vendo sua ereção. – Mas parece que você está armado, cowboy. – Falei, gargalhando logo em seguida com isso.
– Não servimos para isso, né?! – Ele se aproximou da cama.
– Somos muito tradicionais, baby. – Falei rindo, vendo-o sorrir.
– Eu não me importo. Eu sou muito feliz assim, baby. – Ele abaixou a cueca, me fazendo mordiscar os lábios e ele se desequilibrou novamente.
– Tira essas botas, Daniel! – Falei rindo.
– Eu vou conseguir! – Ele jogou a peça para longe, me fazendo rir.
– Você é ridículo, baby. – Ele engatinhou na cama, vindo em minha direção.
– Você me ama.
– Sem contestar. – Passei os braços em seus ombros, sentindo-o colar o corpo no meu e nossos narizes roçaram devagar. – Eu te amo muito, Daniel. E eu te amo para sempre. – Colei nossos lábios, sentindo o sorriso em seus lábios desmanchar e nossos lábios deslizarem pelo do outro, fazendo nossas línguas se enroscarem na do outro.
Passei as mãos em ombros, deslizando pelas suas costas e ele passou as mãos pela lateral do meu corpo, segurando uma perna antes de subir para sua cintura. Inclinei meu corpo em sua direção, sentindo nossos sexos roçarem e apoiei a mão em seu peito. Encontrei seus olhos esverdeados e trocamos um curto sorriso.
– Camisinha? – Ele sugeriu e assenti com a cabeça.
Ele se inclinou para trás, mantendo uma mão em minhas costas e fez um malabarismo para pegar a camisinha dentro de sua necessaire na sua mesa de cabeceira, sem descolar nossos corpos, me fazendo rir. Ele voltou, deixando-a escapar de suas mãos e peguei-a, mordiscando a ponta para abrir.
– Relaxa, baby. – Falei fracamente.
– Eu sempre estou relaxado contigo, baby. – Ele disse e deslizei a camisinha em seu pênis, ouvindo-o suspirar e sua barriga contrair.
– Você nunca está relaxado no sexo, baby. – Falei rindo, erguendo o olhar para ele.
– Eu sou ansioso, só isso. – Ri fracamente, colando nossos lábios.
– Não, você fica curioso e ansioso com o que eu vou fazer contigo. – Falei, ouvindo-o rir.
– E o que vai fazer comigo, Harper? – Ele perguntou e neguei com a cabeça.
– Nem vem, você que vai fazer algo comigo hoje. – Sorri.
– E depois você pergunta por que eu fico tenso, eu não estou preparado, Harper. – Rimos juntos.
– Também não estava preparada para te encontrar de cowboy na nossa cama, mas aqui estamos. – Falei e ele sorriu.
– Péssima ideia? – Ele perguntou, deslizando a mão em minha barriga.
– Não… – Neguei com a cabeça. – Mas vamos deixar para momentos especiais. – Senti sua mão deslizar pelo meu corpo e girei na cama.
– Combinado, porque essas botas são péssimas para isso. – Ele disse, me fazendo rir e segurei seu chapéu, jogando-o para o lado.
– E eu gosto dos meus cachinhos. – Falei, ouvindo-o rir e ele afundou a cama ao meu lado com o joelho.
Ele se colocou em cima de mim, mantendo as mãos em minha cintura e ergui uma perna para sua cintura. Nossos olhos se alinharam, fazendo nossos narizes roçarem e fechei os olhos. Ele me penetrou devagar, fazendo um gemido escapar de meus lábios e abracei-o fortemente, mantendo nossos corpos colados.
Ele encaixou seu corpo no meu, chegando até o fim e passou a mão em meu rosto, tirando-o da frente, colando a testa na minha. Ele começou a fazer movimentos de vai e vem devagar, fazendo suspiros escaparem de meus lábios e tombei a cabeça para trás, me fazendo suspirar.
Os movimentos de Daniel ficaram cada vez mais fortes, fazendo os gemidos contidos escaparem de nossos lábios e serem contidos com curtos selinhos. Pressionei minhas mãos em seus ombros, sentindo meu corpo se contrair com o orgasmo iminente e fechei os olhos, deixando o gemido escapar mais alto.
– Ah, Dan… – Suspirei, ouvindo-o suspirar e joguei a cabeça para trás quando o orgasmo me atingiu, me fazendo soltar a respiração forte pela boca.
– Ah, baby… – Ele suspirou, relaxando em cima de mim.
– Meu baby. – Falei, dando um curto beijo em seus lábios, vendo-o sorrir. – Relaxa. – Ele riu comigo.
– Eu estou muito relaxado. – Ele suspirou e acariciei sua nuca.
– Um dia você vai dizer isso e eu não vou duvidar. – Falei, vendo-o rir.
– E um dia você não vai me ler como uma receita, baby. – Ri fracamente.
– Você sempre acrescenta mais coisas nessa receita. – Falei com um sorriso, suspirando com o orgasmo que ainda passava pelo meu corpo. – Eu nunca sei o que esperar.
– Isso é bom? – Ele perguntou e assenti com a cabeça.
– Apesar de algumas sinucas de bico que você me coloca de vez em quando, no fim eu acabo me divertindo. – Acariciei seus cabelos. – Eu te amo desde que me entendo por gente, baby. – Peguei o chapéu ao lado da cama e devolvi na sua cabeça, ajeitando-o. – E aprendi a virar camaleão contigo. – Ele sorriu, dando um beijo em meu rosto. – Posso ser uma vadia de vez em quando, mas eu recobro meus sentidos de volta. – Falei.
– E eu estarei contigo em todos esses momentos. – Ele disse, beijando minha bochecha.
– Agora acho melhor você sair de dentro de mim. – Falei, ouvindo-o rir.
– Mas é tão bom, tão quentinho… – Ele disse, me fazendo rir.
Sexta-feira
Daniel
– Não faça isso, baby! – Harper falou em um gemido
– Cresce logo, baby.
– Não faz isso! – Ela disse rindo, tentando pegar a máquina de minha mão.
– Baby! – Desviei dela.
– Não faça isso, por favor. Por mim, pela pessoa que mais te ama no mundo! – Ela fez um bico e ri fracamente.
– Não foi você quem disse ontem que aceitava todas as minhas loucuras? – Perguntei, fazendo-a rir.
– Eu estava inebriada pelo sexo, tinha acabado de ter um orgasmo, não sabia o que estava falando. – Ela disse rapidamente, me fazendo rir.
– Ah, é assim, então? – Falei e ela mordiscou o lábio inferior. – Você confia em mim? – Aproximei meu rosto do dela, com a máquina para cima e ela suspirou.
– Não. – Ela fez uma careta. – Não com isso.
– Ei, da última vez que eu fiz uma coisa com o cabelo, você se apaixonou por mim. – Falei, ouvindo-a suspirar.
– Ai, meu Deus! – Ela suspirou. – Não deixa eu ver. – Ela disse, saindo do quarto e ri fracamente.
Voltei para o banheiro, conectando a máquina na tomada novamente e me aproximei do espelho. Eu já tinha feito a barba para vir para cá, então foi só tirar o excesso que estava em meu queixo para completar o corte texano. Com a barba maior, seria melhor, mas era o que tinha para hoje, literalmente.
Passei a toalha pela pia, jogando os fios dentro dela e liguei a água. Harper me mataria se eu deixasse essa bagunça, mesmo se fosse pequena. Limpei a máquina e deixei-a na pia antes de voltar para o quarto. Peguei minha mochila e segui para fora do quarto.
– Como ficou? – Ouvi a voz de Harper.
– Ficou meio sem graça. – Falei. – Era para ficar melhor… – A vi com as mãos nos olhos. – Baby! – Falei rindo.
– Não! – Ela disse rindo. – Vou tentar deixar minhas lembranças em ontem. – Ela disse e fui até ela.
– Ah, nem ficou ruim, Harper. Ele está feio como sempre. – Tom disse e lhe mostrei o dedo do meio.
– Engraçadinho. – Falei, me aproximando de Harper.
– Baby? – Segurei-a pela cintura. – Olha para mim… – Ela suspirou. – Harper!
– Ah, seu chato! – Ela tirou as mãos dos olhos, olhando para mim e franziu a testa. – Hum..
– Sexy? – Perguntei e ela ponderou com a cabeça.
– Não está perfeito, mas acho que podia ser pior. – Ela segurou meu queixo, virando-o para os lados. – E nem se cortou. – Rimos juntos e aproximei nossos lábios.
– Já sou um garoto crescido. – Rimos juntos.
– Eu sei. – Ela me abraçou e apoiei meu queixo em seu ombro, dando um beijo.
– Falando nisso, saudades de te ver com outra roupa que não seja esse uniforme da Red Bull… – Rimos juntos.
– As férias estão chegando, estou contando os dias. – Ela nos afastou e sorri, dando um beijo em sua bochecha.
– Vamos lá, baby. – Falei.
– Seu capacete chegou. – Michael falou.
– Ah, esse ficou legal. – Falei, me aproximando e ele me esticou.
– Capacete especial? – Harp perguntou.
– Sim, vem ver! – Chamei-a com a mão e abri a proteção.
– Evel Knievel? – Ela perguntou, rindo em seguida.
– É, o que acha?
– Ele não é aquele perfomista que quase se matou algumas vezes? – Ela virou para mim.
– Dublê, mas é ele mesmo. – Falei rindo.
– Espero que não tente se matar! – Ela disse, deixando um beijo em meu rosto.
– Nhá! – Abanei a mão.
– Mas está bonito, baby. – Ela disse, se afastando e sorri. – Melhor do que com a loira peituda de Mônaco! – Ri fracamente.
– Aquele foi mandado fazer antes de tudo, ok?!
– Eu sei, eu sei, quero ver fazer um com meu rosto agora. – Ela piscou e rimos juntos.
– A foto da banheira! – Michel e Tom falaram juntos, nos fazendo rir.
– Acho que podemos atualizá-la, o que acha, baby? – Sugeri, olhando sugestivamente para ela.
– Sem registros, Daniel. – Ela disse e pressionei os lábios ao lembrar das câmeras de segurança em Los Angeles.
– Sem! – Falei rindo e ela negou com a cabeça.
– Daniel! – Outra voz foi ouvida. – Da-ni-el!
– Entra, Maria! – Harper disse antes de abrir a porta.
– Vamos, galera? O tempo está passando. – Ela disse, virando o rosto para mim. – Ai, Daniel!
– O quê? Não está feio. – Falei.
– Harper, como você aguenta? – Maria virou para ela, fazendo-a rir.
– Eu? Nem vem, antes de tudo eu ficava dois meses por ano com ele, você que tinha que aguentar os outros 10. – Harper disse, seguindo de volta para o quarto.
– Eu trabalho com ele só desde 2014, você o aguenta desde quando mesmo? – Maria disse.
– Mil novecentos e noventa e dois! – Harper voltou com sua bolsa. – Fevereiro de 92! Olha que sufoco!
– Engraçadinha! – Falei, lhe mostrando a língua.
– Vocês estavam no maternal, então. Para valer! – Ela disse.
– Sim! – Falei, pressionando os lábios. – Quando você diz assim fica estranho.
– Eu vou te mostrar uma foto… – Harper tirou o celular do bolso.
– Você tem aí? – Perguntei e ela ponderou com a cabeça. – Harper!
– Eu tenho nossas memórias, ok?! – Ela esticou o celular para Maria.
– Ah, meu Deus! – Maria fez uma voz fofa. – Essa é a famosa foto.
– É. – Me inclinei para perto de Maria, vendo a famosa foto da banheira. – Mas essa não é a primeira… – Harper deslizou o dedo na tela e vi uma foto do nosso primeiro ano.
– O sorriso do Daniel! – Maria disse e ri.
Estávamos lado a lado, ela segurava um coelho de pelúcia e eu um carrinho de controle remoto. Eu tinha um largo sorriso no rosto e Harp um sorriso mais discreto, mas as Marias Chiquinha nos cabelos.
– Esse foi no maternal. – Harper disse.
– Gente! Vocês dois. – Maria disse rindo. – Meu Deus! – Ela suspirou, sorrindo para nós. – Agora entendo o surto dos seus pais. É desde sempre mesmo.
– Isso sem contar que nós nascemos no mesmo hospital em Duncraig, com a mesma médica e três meses de diferença. – Falei.
– Suas mães se esbarraram, certeza. – Maria disse.
– Provavelmente! – Falei, sentindo Harper me cutucar com o cotovelo. – O quê? Você que está mostrando nossa infância para Maria.
– Éramos fofos, baby. – Ela apertou meu braço. – Lindos demais!
– Ainda somos, baby! – Segurei seu rosto – E agora podemos colocar a definição sexies nessa lista.
– Bobo. – Ela disse e senti um flash em meu rosto e virei para Maria.
– Mais uma para o arquivo! – Ela disse, estendendo o celular para Harper e rimos juntos. – Agora vamos, casal? Ainda temos compromissos realmente importantes. – Sorri.
– Vamos! – Falei, dando um beijo em Harper.
Sábado
Harper
Se eu achava o GP de Mônaco lotado, dos Estados Unidos estava bem similar. Vários astros e estrelas de Hollywood estavam aqui em volta e eu tentava conter meu surto de fã quando eles passavam.
Teve uma pequena festa Lindsey Vonn, uma esquiadora americana patrocinada pela Red Bull que estava por aqui, depois tivemos a visita de alguns jogadores do San Antonio Spurs, time de basquete, o qual Danny e Mike ficaram surtados. Eu não sou de acompanhar esportes, um pouco de futebol por causa do West Coast Eagles de Perth, mas com muita influência de Danny, então não sabia muito bem quem eram. Ele que é mais fã desses esportes mais americanizados, eu não vejo graça.
Agora, com as questões dentro da pista, é algo que eu já tenho maior conhecimento. Repetindo os feitos do FP2, Danny acabou ficando em terceiro lugar no FP3. A diferença era o top três. No FP2, ele ficou entre as duas Mercedes, agora na FP2, ele ficou entre Max e Kimi, então não poderia deixar de estar exageradamente empolgada para o que a qualy traria em alguns minutos. E pelos testes da Pirelli, ele ficou em sétimo no FP1, mas quem está contando, certo?
Já havia percebido que ele ficava muito empolgado com o Texas, e toda a questão em volta pareciam empolgá-lo mais ainda. E apesar de não admitir, ele estava gato demais com tudo, mas eu precisava usar uma carta na manga para atiçar meu homem, certo? E ainda não esqueço da quinta-feira. Foi estranho? Sim, mas uma fantasia bem distante.
– Ele está chegando! – Tom disse e virei para o lado, vendo Danny entrar com Michael e o macacão abaixado na cintura e uma companhia ao seu lado.
– Aquele é… – Falei, sentindo minha boca secar.
– É um ator, não? – Tom comentou e revirei os olhos.
– Vocês são terríveis. – Falei, vendo Gerard Butler entrar ao lado de Danny e vários fotógrafos. – Ele é lindo!
– Um gato, não acha? – Tom foi irônico comigo e virei para ele, vendo-o dar um sorriso sarcástico. – Eu não sou a Michelle.
– Não, ela é mais legal! – Abanei a mão.
– Minha garota aqui! – Danny disse, me indicando e senti meu rosto esquentar. – Ei, baby.
– Oi. – Falei, sentindo-o me segurar pela cintura e ele inclinou meu corpo para trás, bem estilo cinematográfico, e colou nossos lábios. – Baby! – Falei rindo, segurando-o em seus ombros.
– O quê? Tô empolgado! – Ele disse e ri fracamente, negando com a cabeça.
– Seu bobo! – Falei, abraçando-o mais forte e nossos lábios se tocaram em mais alguns selinhos. – Pronto?
– Sempre pronto! – Ele disse piscando para mim antes de afrouxar nossos braços. – Harper, esse é…
– Gerard Butler. – Falei, mordiscando meu lábio inferior. – Eu sou sua fã.
– É claro! – Danny falou sarcástico e cutuquei-o com o cotovelo.
– Um prazer em te conhecer, Harper! – Ele me esticou a mão e sorri, apertando-a.
– Eu te conheço desde O Fantasma da Ópera, você é incrível! – Harper disse sorrindo.
– Essa foi longe, hein?! – Ele brincou, me fazendo rir.
– Um pouco. – Sorri. – Clássicos são clássicos, não? – Ele assentiu com a cabeça.
– Com certeza. – Ele sorriu.
– Vamos, garotos? – Ouvi a voz de Henrique e me distraí dos olhos de Gerard, para os olhos de Danny.
– Boa sorte, baby! – Falei e ele assentiu com a cabeça, me abraçando novamente e sorri, colando nossos lábios. – Ciumento. – Sussurrei.
– Vou ficar de bico igual você. – Ele fez um bico exagerado e ri, colando nossos lábios em um selinho.
– Acho que podemos nos divertir depois. – Falei, ouvindo-o rir.
– Você está cheia das ideias, Harper. – Rimos juntos. – Eu gosto! – Virei seu rosto, dando um beijo em sua bochecha.
– Vai lá, baby! Boa sorte. – Empurrei-o levemente com o ombro, fazendo-o rir.
Ele cumprimentou Tom e seguiu Michael para perto dos engenheiros e mecânicos. Maria indicou que Gerard e Tom fossem para atrás do bar e me coloquei no meu canto de sempre.
– Vamos arrasar, Harper? – Simon passou por mim.
– Vamos lá! – Trocamos um toquinho e ele seguiu para fora da garagem.
– Vamos, garotos! – Nigel voltou para garagem com o pessoal e suspirei, fazendo um discreto sinal da cruz.
– Lesgo, baby! – Danny falou animado e mandei um beijo para ele.
– Arrasa, tigrão. – Falei em um sussurro e Maria se ajeitou ao meu lado.
Logo que Danny e Max estavam preparados, foi só esperar a contagem começar para os carros saírem. Danny conseguiu o quarto melhor tempo na Q1. Isso eliminou, Ocon, Nasr, Wehrlein, Button, Magnussen e Grosjean. Na Q2, Danny ficou em primeiro lugar, o que acabou animando todo mundo do lado de cá da garagem. Isso eliminou Ericsson, Palmer, Gutierrez, Kvyat, Alonso e Parez.
Já na Q3, Danny conseguiu o terceiro lugar atrás das suas Mercedes. Não era perfeito e a pole ficou muito perto com a diferença de meio segundo, mas ele está com tudo, teríamos um bom domingo amanhã. Com isso, o grid ficava em Hamilton, Rosberg, Danny, Max, Kimi, Vettel, Hulkenberg, Bottas, Felipe e Sainz.
– Isso, baby! – Aplaudi junto com o pessoal. – Esse é meu homem!
– Vamos começar bem amanhã, cara! – Ouvi Simon no rádio, me fazendo sorrir.
– Vamos, baby! – Falei em um sorriso.
Domingo
Daniel
– Vai se arrumar, temos que ir! – Maria disse e suspirei, esticando os braços para cima.
– Ah, cara, tem certeza? – Falei rindo.
– Está quente, eu sei! – Ela disse, dando um tapa em meu ombro. – Força!
– É melhor irmos, você precisa se alongar ainda. – Michael disse e assenti com a cabeça.
– Eu vou me trocar. – Falei, me levantando e segui para o segundo andar do motorhome, pulando alguns degraus no meio do caminho.
Vi Max se alongando dentro de seu quarto e bati duas vezes na porta antes de abrir e senti uma diferença grande de temperatura, especialmente pelo motorhome já estar com o ar condicionado no talo.
– Baby?! – Fui até o sofá em que Harper estava deitada. – Está acordada?
– Uhum… – Ela disse em um gemido, tirando a toalha de seu rosto.
– Está quase na hora da corrida. – Tirei a blusa e ela suspirou. – E sua pressão vai cair quando for para fora, aqui tá muito gelado.
– Eu sei, mas cada teste que eu faço para fora, eu fico triste. – Ela disse, me fazendo rir.
– Você mora em uma fazenda, Harper. E só vai para casa no verão extremo. – Falei, tirando os tênis e ela riu fracamente, se sentando.
– Mas tem umidade. – Ela ajeitou a saia que usa. – Muita umidade! – Ela disse rindo e tirei a bermuda.
– Sabe, eu estou empolgado pelo verão chuvoso. – Virei para ela, vendo-a rir. – Você e eu, trancados em casa, transando em toda oportunidade… – Ela riu.
– Com seus pais, com uma criança de dois anos querendo nós dois, seus amigos querendo fazer loucura, a grande festa de aniversário do Isaac, que dessa vez eu não vou deixar passar, Natal e Ano Novo caóticos…
– Baby! – Falei, vendo-a rir. – Que tal chegarmos lá antes? – Perguntei e ela suspirou.
– Eu estou empolgada demais para isso, baby! – Ela deu um sorriso. – Chegar no começo de dezembro, não precisar me preocupar que eu vou ter que ir embora em fevereiro, fazer planos, finalmente aceitar aquele banho de loja que a Michelle me oferece há dois anos… – Sorrimos juntos.
– Me encontrar no meio do caminho. – Falei e ela assentiu com a cabeça.
– Com toda certeza, baby. – Ela sorriu. – Tenho que dizer, esse é o melhor ano da minha vida. – Me aproximei dela, me sentando ao seu lado e apoiei uma mão em sua perna. – Sempre foi incrível contigo, Danny, mas agora…
– Vou me certificar de fazer muito mais para você, meu amor. – Acariciei seu rosto, vendo-a sorrir. – Que 2017, 2018, 2019… Todos seus anos, sejam incríveis.
– Eu vou estar contigo. Vão ser. – Ela acariciou meus cabelos e sorri, colando nossos lábios por alguns segundos. – Agora vamos!
– Vamos, porque acho que esse frio está gelando meu pênis! – Falei, ouvindo-a rir e ela me empurrou pelo ombro.
– Se você acha que eu vou te esquentar agora, está muito enganado! – Me levantei, voltando para o armário.
– Ah, eu poderia ir correr pronto para jogo. – Falei e ela gargalhou alto.
– Ah, não sei o que será melhor, as notícias do tarado Daniel Ricciardo, para a felicidade das novinhas, ou se você quebra seu pênis no meio da corrida. – Ela disse e fiz uma careta.
– Ai! Doeu só de imaginar! – Falei e ela riu fracamente, se levantando e abaixando os shorts-saia.
– Como se conserta um pênis quebrado? – Ela continuou me provocando e virei para ela.
– Harper! – A repreendi, fazendo-a rir.
– Eu te amo, baby! Mesmo se você ficar incapacitado sexualmente! – Ela me abraçou pela cintura.
– Você odiaria isso, Harper Addams! Eu tenho certeza. – Ela colou o corpo no meu.
– É claro que sim, como eu poderia me divertir? Sabia que a mão começa a doer depois de um tempo? – Ela pressionou o quadril no meu.
– Harper… – A repreendi.
– O quê? É verdade! E eu cozinho, baby, tendinite ataca, imagina precisar trabalhar sozinho? Apesar que vai ser o pênis, suas mãos e boca vão estar livres. – Ela deu um beijo em meu rosto, deslizando pelo queixo.
– Harp-Harper! – A repreendi novamente, sentindo-a roçar seu corpo no meu novamente. – Para!
– O quê? Eu não estou fazendo nada. – Ela deu de ombros e puxei-a pela cintura antes de ela se afastar novamente.
– Você é malvada, Harper! – Falei, apertando-a pela cintura.
– Não é só você que sabe brincar, baby. – Ela deu um beijo em meu rosto, me fazendo rir. – Se cuida!
– Pelo menos deu uma esquentada! – Brinquei, fazendo-a rir.
– De nada! – Ela se afastou, se apoiando na mesa e dobrou as pernas, fazendo a saia subir.
– Eu vou te arranjar uma calça! – Puxei a segunda pele e ela riu.
– Vá se acostumando, não vou tirar o biquini nas férias! – Ela piscou para mim.
– Ah, vai! Porque eu vou tirar. – Me sentei no sofá, fazendo-a rir.
– Eu vou te esperar lá embaixo, ou não saímos daqui. – Ela disse.
– Faz muito bem, senhorita Addams!
– DANIEL! – Maria me chamou.
– Agora explica para ela o porquê da demora! – Falei, ouvindo-a rir e abrir a porta.
– Cadê a Cinderela? – Ouvi a voz de Maria.
– Desculpe, Maria, ele que ficou me provocando. – Ouvi Harper falar alto.
– HARPER! – Chamei-a alto, fazendo-a gargalhar.
– Vai logo, Daniel! – Maria disse e ri fracamente.
Coloquei a segunda pele, depois o macacão e as sapatilhas antes de me levantar. Amarrei as mangas na cintura e subi um pouco o zíper para esconder a região da virilha. Peguei o iPod, colocando no bolso e saí do quarto, descendo as escadas.
– Vamos! – Michael disse se levantando.
– Onde está Harper?
– Já foi com a Maria e o Tom! – Ele disse e segui com ele para fora, vendo os diversos fotógrafos.
– Vamos! – Falei, seguindo pelo paddock e desviei de várias pessoas até entrar na garagem da Red Bull novamente, desviando do pessoal que entrava e saía com as coisas pré-corrida.
– Se acalma, garota! – Ouvi Tom e me aproximei, vendo Harper com os olhos avermelhados.
– Você não ficou assim nem com o Gerard Butler ontem. – Maria disse rindo.
– Desculpe, desculpe! – Harper disse rindo.
– Ei, o que aconteceu? – Me aproximei, desviando do pessoal.
– Está tudo bem, não surta. – Maria deu dois toques em mim.
– O que aconteceu, baby? – Passei a mão em seus cabelos, colocando atrás da orelha.
– Eu conheci Gordon Ramsey! – Ela disse animada. – A gente se esbarrou vindo para cá. – Ri fracamente.
– Ela está surtando por isso. – Tom disse sarcástica.
– Para! Eu sou uma chef de cozinha! Ele é um ídolo para mim. – Ela disse e abracei-a pelos ombros.
– Ignora eles, baby. – Falei. – Você está feliz?
– Uhum… – Ela disse e dei um beijo em seu rosto. – Ele foi simpático e eu tô inchada na foto com ele. – Ri com ela.
– Você está linda, como sempre. – Falei e ela pressionou os lábios. – A gente encontra ele depois de novo, pode ser? – Ela assentiu com a cabeça.
– Agora vai! Você tem seus protocolos! – Ela me empurrou, passando as mãos embaixo dos olhos.
– Você está bem? – Perguntei.
– Sim, eu estou! – Ela disse rindo, me empurrando.
– Ah, você sabe, a gente foi do zero a cem muito rápido! – Falei, ouvindo-a rir.
– Somos nós, baby! – Ela me mandou um beijo e sorri, retribuindo com uma piscada.
Harper
– Você está vivendo mais emoções do que todos nós em um dia! – Maria disse, se apoiando ao meu lado e ri fracamente.
– Eu não sei… – Ri fracamente. – Eu gosto do que eu e Danny temos. – Suspirei. – A amizade, as provocações, os apoios aos sonhos… – Sorri. – Sempre foi meu sonho ter alguém parceiro de verdade. E agora eu tenho.
– Você sempre teve, Harp. – Tom disse debruçado no bar e ri fracamente. – Vamos dizer que o que está acontecendo com vocês é coisa de cinco por cento da relação de vocês.
– Cinco por cento? – Perguntei rindo. – Eu descobri mais coisas novas do Danny em um ano do que em 23 anos de amizade. – Suspirei.
– E mesmo assim não descobriu muitas. – Michael disse e suspirei. – Vamos ser honestos, Harper. Tava na hora de isso acontecer. – Suspirei, pressionando os lábios.
– Vocês dizem isso, mas eu ainda não consigo ver. – Ri fracamente. – Digo, o que aconteceria se eu não viesse esse ano? Eu provavelmente sairia da Michelin ainda, ele talvez arranjasse alguém diferente, nos encontraríamos em Perth, falaríamos dos meus sonhos e aspirações, mas em fevereiro ele iria embora de novo e, de uma forma ou outra, eu ficaria em Perth. – Dei de ombros.
– Você realmente acha que seria assim? – Mike olhou para mim. – Vocês se falam sempre, na primeira dúvida quanto ao seu emprego, o Daniel ia aparecer do seu lado para tentar te inspirar. – Ele deu um curto sorriso. – Ele te forçaria a vir em alguma corrida, seu medo poderia ter passado ou não, mas ele te encontraria de alguma forma… – Senti meus olhos se encherem de lágrimas. – Vocês foram feitos um para o outro, Harper. Sempre foram…
– Você vai me fazer chorar. – Falei rindo e ele passou o braço em meus ombros, me puxando para si.
– Bom! Porque cansamos de tentar adivinhar o que vocês faziam no quarto trancados juntos. – Ele brincou, me fazendo rir.
– Agora eu não posso te contar. – Falei.
– Aproveita a calmaria na sua vida, Harper. – Tom disse. – Vamos ser honestos que os últimos 10 anos foram bem turbulentos, não acha? – Ri fracamente. – Vocês brigando, a quase morte dele, o reencontro, a ida dele para Itália, sua ida para faculdade, os caminhos se desencontrando várias vezes… – Suspirei. – Estava na hora, vai. E te ter aqui, conseguindo acompanhar uma corrida, é a prova perfeita de tudo.
– Ele está certo, Harp. – Mike disse. – Você ficou cinco anos com um trauma péssimo, mas a vida encontrou um jeito de te juntar e fazer esse medo passar. – Puxei a respiração. – Vocês foram feitos um para o outro. E a vida tenta dizer isso para vocês há anos… – Ri fracamente. – Não sei como vai ser o ano que vem, mas vocês darão um jeito. – Assenti com a cabeça.
– Obrigado, garotos. – Suspirei. – Por tudo.
– Ah, que isso! Não agradece ainda, agora a gente vai brigar pelo posto de melhor amigo! – Tom disse rindo. – Seu e dele!
– Agora eles vão me enlouquecer! – Falei, ouvindo suas risadas.
– Vamos lá, galera! Vamos ganhar! – Maria disse e ri, abraçando-a de lado.
– Vamos! – Suspirei, subindo o headphone para a cabeça.
Vamos ver o que COTA tem de tão especial, Daniel.
Meus olhares foram para as televisões e fiz um pequeno sinal da cruz. Danny já tinha segurado o terceiro lugar do campeonato, mas não quer dizer que não gostaríamos de mais pódios, mais vitórias. Eu queria mais, muito mais! Tudo estava conspirando perfeitamente a favor, e espero que continue assim.
Vi os mecânicos aparecerem na garagem com a liberação da volta de apresentação e suspirei ao ver as luzes se acenderem uma a uma, até todas apagarem, dando início ao Grand Prix dos Estados Unidos.
Daniel largou bem demais! Antes da primeira curva ele já estava lado a lado de Rosberg e conseguiu ficar na sua frente poucas curvas depois.
– Vamos, Daniel! – Pessoal gritou animado, me fazendo aplaudir com o pessoal.
Max acabou perdendo algumas posições com a sua largada, mas ele estava lado a lado com Vettel. Hulkenberg bateu em Bottas, fechando Perez, dando uma rodada, mas todos voltaram para a corrida sem mais problemas. Nos primeiros pits da corrida, Hulkenberg acabou abandonando, me deixando em dúvidas se realmente tudo tinha ficado bem. E Bottas fez só uma troca e saiu rapidamente.
A corrida já estava na oitava volta sem nenhuma novidade, só estavam investigando a batida no começo, mas nada realmente relevante. Até que Danny foi chamado aos boxes para troca de pneus, ele saiu dos super macios para os medios e saiu na oitava posição, entre Nando e Jenson. Logo Max apareceu, também fazendo troca de pneus, mas de macios para super macios. Enquanto o foco estava em Max, Daniel passava Nando.
Com a ida de Rosberg para o pit stop, Danny também passou Sainz e chegou em quarto lugar. Era loucura ouvir a empolgação da torcida por cima dos headphones. Danny é adorado aqui! Los Angeles pode ser discreto para ele, mas ele é amado por esse país, agora entendo por que ele gosta tanto daqui.
Na décima segunda volta, Daniel havia voltado a sua posição de largada em terceiro lugar. Vettel ocupava o primeiro lugar e Hamilton logo depois dele, mas sabia que é provisório. Quando Vettel foi para o pit stop, Danny veio para segundo lugar, ficando entre as Mercedes e esperava que continuasse assim, mas Danny estava há quase cinco segundos de Hamilton, e Rosberg a menos dois dele.
Chegamos ao meio da corrida dessa mesma forma. A corrida estava calma, mas não entediante como algumas. Se continuasse assim, seria meu pedido especial, Danny no pódio e uma corrida calma. Se for uma vitória, será melhor ainda.
– Ai, tô ficando com fome. – Falei, vendo Michael e Maria se virarem para mim. – O quê? A gente almoçou 11 horas, está ficando entediante.
Na vigésima sétima volta, Max surgiu no pit stop, deixando os mecânicos confusos e até a mim. Os mecânicos correram para atende-lo e todo mundo ficou confuso. Pareceu Danny em Mônaco, mas foi bem menos trágico com o pit de nove segundos, não de quase 14.
– Ele entendeu errado. – Maria sussurrou para nós.
– Uh, que droga! – Falei, escondendo o sorriso dos lábios. Danny está em quarto agora, não tinha o que brigar.
Não prestei atenção na saída da Max, mas na trigésima volta ele estava andando lento na pista. Maria tentou descobrir o que houve com Henrique, mas o replay mostrou que o carro simplesmente desacelerou sozinho, talvez algum problema de energia ou câmbio. Ele demorou uma volta inteira para achar um lugar para parar e o Virtual Safety Car foi liberado. Tinha uma vantagem, mas tinha outras desvantagens também.
Hamiltom e Rosberg saíram para pit stops, saindo a frente de Danny que permaneceu em terceiro lugar. Se ele conseguisse se aproximar bastante antes da liberação, talvez ele tenha uma chance quando liberarem tudo, mas a distância de Hamilton e Rosberg era de 17 segundos, e Nico para Danny era de quase 20.
– Eles estão fazendo pit stop livre, praticamente. – Ouvi a voz de Danny.
– É basicamente isso, cara! – Christian respondeu e mordisquei o lábio inferior.
– Isso é uma bosta! – Danny respondeu e suspirei. É, talvez seja mesmo.
Vi meu rosto aparecer na televisão que acompanhava e dei um curto sorriso. Ainda não tinha me acostumado com esse foco depois do anúncio do nosso relacionamento na Malásia, mas devo dizer que a situação é interessante e embaraçante ao mesmo tempo. Sempre fui conhecida como sua melhor amiga, agora ver o subtítulo de “companheira de Daniel Ricciardo”, faz meu coração palpitar de uma forma estranha.
Na trigésima sétima volta, Rosberg havia conseguido se aproximar de Hamilton, mas mantinha uma distância de 10 segundos. Já Danny se aproximou e estava um pouco a mais do que cinco de Nico. Tinha 20 voltas ainda, mas tudo parecia conspirar a favor, mas Kimi vinha logo atrás com menos de dois segundos de distância.
Na vigésima nona volta, Kimi foi para os pits stops, mas mal subiu a ladeira de saída do pit stop e parou. O lugar era extremamente perigoso, mas Kimi conseguiu dar ré e parar logo na saída de Parc Femme, pouco a frente da garagem da Haas.
Com Kimi fora, Danny estava bem mais confortável, mas a corrida para ele ficou chata. Ele estava há seis segundos e meio de Rosberg e Vettel estava a mais de 12 dele. Se nada mudar, só precisava esperar as voltas passarem.
Ao longo das voltas, a distância do top quatro só aumentava. Quando chegou na penúltima volta, Vettel saiu para o pit stop, ficando a mais de 35 segundos de Danny. Sabia que terminaria assim e os mecânicos já começavam a mexer.
Antes da bandeira quadriculada, os dois espanhóis, Alonso e Sainz, ainda tiveram uma bela briga de posição, mas isso não foi o suficiente para tirar a felicidade de meu rosto quando Hamilton passou, depois Rosberg e eu saí correndo para o pessoal para ver Danny passar.
– VAI, DANNY! – Gritei animada, sentindo Nigel me sacudir, me fazendo rir.
– Isso, garoto! – Simon falou animado e trocamos um toquinho.
– Isso! – Christian comemorou e trocamos um rápido abraço.
– Vem, Harp! – Maria disse e segui correndo com eles até a garagem da FIA, me segurando na grade quando cheguei, tentando ignorar os fotógrafos que tinham as câmeras viradas para mim.
Fiquei feliz quando os carros estacionaram, fazendo o foco deles mudar e sorri para Danny quando ele parou logo em seguida. Estávamos do mesmo lado, então ele veio em minha direção, abrindo a viseira do capacete e ele veio em minha direção sorrindo.
– Parabéns, baby! – Abracei-o, sentindo o pessoal da RBR tentar chegar nele com tapas e fortes abraços, me fazendo rir.
– Te amo, baby. – Ele disse.
– Te amo. – Falei, vendo-o se afastar e ri sozinha, mordiscando o lábio inferior. – Ele está suado. – Comentei com Michael, passando a mão suada nos shorts saia.
– Eu estou suado e eu não corri! – Michael foi sarcástico, me fazendo rir.
– Espero que não pensem em comemorações hoje, eu quero um banho bem gelado. – Falei, ouvindo eles rirem.
– Isso é com você e o Daniel! – Tom disse.
– Ah, ele vai querer, relaxa. – Falei, ouvindo suas risadas.
– Em terceiro lugar, da Red Bull Racing, Daniel Ricciardo! – A comemoração começou.
– VAI, DANNY! – Gritamos juntos com o pessoal da Red Bull.
O anúncio de Rosberg e Hamilton ficou abafado pela torcida, mas fiquei feliz em ver uma mecânica subir para receber o campeonato de construtores da Mercedes. Temos Hannah na Red Bull, mas confesso que nunca falei com ela, ela é mais discreta.
Sorri quando Danny recebeu seu troféu, me fazendo sorrir quando suas covinhas apareceram no meio do sorriso e só consegui gritar com o pessoal. Quando o champanhe foi liberado, os pilotos da Mercedes foram direto na sua mecânica, e Danny foi logo na galera que estava no final do paddock club.
– Esse é meu homem. – Falei em um suspiro.
Os quatro se juntaram para as fotos e as grid girls subiram no palco para entregar os microfones para eles. Essas grid girls, especialmente, me irritaram, a roupa delas é praticamente um colete por cima de um sutiã vermelho. Não era possível me deixar com mais ciúmes do que isso.
– Fala aí, Austin! – Gerard Butler subiu no palco. – Lewis, você precisava de uma vitória e a conseguiu, como está se sentindo?
– Eu adoro a sensação daqui, adoro o pessoal, é uma atmosfera diferente, é bacana poder estar aqui novamente!
– E essa é a sua quinta vitória aqui, certo?
– Sim, quinta! – Lewis deu sua risada nervosa, fazendo o pessoal gritar.
– Você é a cópia do Taron Egerton! – Butler disse ao se virar para Nico. – Mas nos diga, sua largada não foi boa, nos passe sobre sua corrida.
– É, eu perdi um pouco na largada, dei de tudo para voltar, acabou que o segundo lugar foi bom, claro que eu queria ganhar aqui nos Estados Unidos, seria demais, mas não foi dessa vez.
– Ok, agora Daniel! – Ele foi até Danny que segurava seu sapato.
– Ah, ele vai fazer ele beber. – Falei rindo.
– Eu torço para Red Bull, então fiquei muito feliz, nos diga sobre sua largada.
– Obrigado! Muito obrigado! Então, eu soube que senhor Butler não bebe álcool, eu respeito isso completamente, mas acredito que ele vai beber um pouco de Red Bull do meu sapato agora. A corrida não foi tão empolgante, mas espero que isso seja! – Danny disse, me fazendo rir.
– Ouça, eu amo Red Bull, mas… – Ele se virou para Danny que enchia a bota de Red Bull. – Você só pode estar brincando comigo. – Danny lhe entregou, fazendo Butler rir. – Eu te odeio. – Rimos juntos e Gerard virou o sapato para dentro, literalmente bebendo inteiro, fazendo Danny comemorar com a torcida. – Até que é gostoso!
– Eu agradeço muito por isso, senhor. Foi uma apresentação perfeita. – Danny disse no sotaque texano, me fazendo rir.
– Eu tenho que dizer, achei que o que fez foi fantástico, eu gostaria de falar sobre a largada contigo… – Ambos riram, percebendo que já tinham alongado demais.
– Isso é demais… O começo foi bom, o plano era passar as duas Mercedes, mas pelo menos passamos Nico, mas foi positivo, mas o VSC, deu o que era para dar. Obrigado pela torcida. – O pessoal aplaudiu Danny.
– Agora, Lewis… – Gerard voltou.
– Foi bom? – Lewis perguntou.
– É, podia ser pior, por sorte o Red Bull é uma bebida bem forte e esconde o cheiro. – Gerard respondeu, nos fazendo rir.
Daniel
– Como você soube que ele não bebia? – Ouvi a voz de Harper e esfreguei o rosto, tirando a cabeça da água em seguida.
– Maria me contou quando eu entrei. – Respondi, desligando a torneira. – Aí pensei no Red Bull.
– Foi muito bom e ele foi na sua. – Ela disse rindo e puxei a toalha do box.
– É, foi legal! Tô curtindo! – Falei rindo. – Tá viralizando!
– Fico feliz por você, baby! – Ela disse. – Fico mais feliz ainda que temos uma corrida a menos. Faltam três. – Coloquei a toalha nas costas, esfregando-a.
– Parece que alguém está empolgada para ir para casa. – Falei, passando-a nas costas.
– Eu estou cansando, baby. – Ela disse e enrolei a toalha na cintura. – É muito mais cansativo do que quando era minha turnê. Eu ia de uma cidade para outra, focava em regiões, vocês são muito mais loucos. – Sacudi o cabelo, vendo os respingos bater no espelho. – Estou com saudades da minha cama.
– Da sua cama ou da nossa cama? – Saí do banheiro, vendo-a deitada na cama com uma blusa minha e suas coxas descobertas.
– Acho que toda cama minha é sua agora. – Ela apoiou os antebraços na cama, olhando para mim. – Ou estou enganada? – Ela arqueou uma sobrancelha para mim, me fazendo rir. – Ah, você não tirou isso da cara?
– O quê? – Passei a mão no rosto.
– Essa barba estranha aí. – Ela indicou e ri fracamente.
– Você gostou, vai! – Falei e ela riu, se sentando.
– Combinou com o clima, mas eu só vou permitir que você use isso aqui, não leve para casa. – Ela fez um bico e ri fracamente.
– Só porque já vamos para o México amanhã. – Falei e voltei para o banheiro, pegando a gilete, a espuma de barbear e a toalha de rosto. – Mas vai ser por sua conta.
– Como assim? – Ela perguntou e voltei para o quarto.
– Você tira. – Falei.
– Eu não sei fazer barba, baby! – Ela disse rindo.
– É a mesma coisa do que tirar seus pelos para eu te chupar, baby.
– Daniel! – Ela me chutou, me fazendo rir.
– Não estou mentindo! Vai! – Disse, me sentando na beirada da cama.
– Eu posso te machucar. – Ela disse.
– Você não vai! Eu confio em você. – Falei e ela se levantou.
– Se eu te machucar, eu não vou me perdoar.
– Harper! – A repreendi, fazendo-a rir.
– Desculpe. – Ela se colocou na minha frente. – Mas fala se eu te machucar. – Entreabri as pernas, deixando-a entre elas.
– Eu falo. – Abanei a mão. – Coloca isso no pescoço e não deixa cair. – Ri fracamente, colocando a toalha de rosto no pescoço. – Não se mexe.
– Não mexo. – Falei, vendo-a pressionar os lábios.
Ela colocou um pouco de espuma na mão e fechei os olhos ao sentir o gelado em meu rosto, ela se aproximou de mim e levei minhas mãos para suas pernas. Ela deslizou para perto do nariz, depois pelo meu pescoço, me fazendo rir em cócegas.
– Não ria! – Ela pediu.
– Você nem tá com a gilete na mão. – Falei e ela riu.
– Agora tô! – Ela disse e ri fracamente.
– Só não corta meu cabelo, baby. – Falei.
– Não, não vou mexer nos meus cachinhos. – Ela disse séria. – Na verdade, ninguém vai mexer neles. Me prometa!
– Não posso. – Falei rindo. – Eu não vou voltar ao estilo black power, baby. – Ela riu.
– Mas você não pode pedir para o Blake cortar seu cabelo mais. – Ela disse. – Ergue o queixo. – Fiz o que ela pediu. – Não fala.
– Uhum… – Sussurrei em resposta.
Engoli em seco quando ela começou a passar a gilete em meu rosto, mas ela era delicada, sabia que estava fora de risco. Ela passava algumas vezes, depois limpava na toalha. Comecei a acariciar suas pernas, subindo levemente pela sua coxa.
– Você para, Daniel! – Ela disse séria. – Eu vou te cortar e vai ficar pior do que estava.
– Eu não estou fazendo nada. – Falei, ouvindo-a rir.
– Para! – Ela disse rindo. – Eu estou finalizando.
– Eu estou quieto. – Falei, sentindo-a erguer meu queixo e fiz o que ela pediu.
Ela continuou passando, deslizando a gilete pelo queixo, pela bochecha, no bigode, depois passou mais espuma para tirar em meu pescoço. Ela mexeu meu queixo para todos os lados, passando em alguns detalhes.
– Você está subindo demais, Harp.
– Eu vou tirar essas costeletas feias. – Ela disse e ri fracamente. – Xi!
– Eu estou quieto! – Falei, sentindo-a virar meu rosto e raspar do outro lado.
– Não está perfeito, mas até o fim de semana cresce de novo. – Ela disse e abri meus olhos, encontrando-a perto de mim.
– Feliz? – Perguntei e ela tirou a toalha de meu pescoço, dobrando-a e passou em meu rosto.
– Sim, porque eu posso ver suas covinhas agora. – Ela sorriu.
– Você não fala muito delas. – Disse, sentindo-a passar perto da minha boca.
– Eu amo tudo sobre você, Danny. – Ela disse, roçando nossos narizes. – E mostrar aquela foto para Maria… – Ela se sentou em minha perna. – Me lembrou de tanta coisa boa, baby.
– A da banheira? – Perguntei, abraçando-a pela cintura.
– Não, a primeira. – Ela passou a mão em minha cintura. – Com os brinquedos… – Abracei-a fortemente. – Minha mãe dizia que não fazia nem um mês que começamos a nos falar. – Ela disse. – E aqui estamos. – Apertei-a.
– Você está emotiva, baby? – Perguntei e ela deu de ombros.
– Um pouco. – Ela acariciou meu rosto. – Meus pais iam gostar muito disso. – Apertei-a fortemente.
– Eles iam. – Falei, segurando sua mão. – Mas eles estão vendo. Estão vendo a gente fazer todas essas besteiras. – Ela riu fracamente e beijei seu rosto.
– Muitas besteiras. – Ela disse. – Eu me pergunto o que eles sabiam que a gente não.
– Sobre nós? – Perguntei e ela assentiu com a cabeça. – Aposto que sim… Vamos descobrir o que eles sabem do nosso futuro. – Colei meu rosto no dela.
– Felicidade e calma. – Ela disse.
– Com um pouco de adrenalina. – Falei e ela riu.
– O menos possível. – Ela sorriu.
– Ah, agora que eu estava me excitando com essa brincadeira toda. – Falei e ela riu.
– Não… – Ela apoiou a cabeça em meu ombro. – Quero muito isso, mas eu estou cansada, baby. – Ela deu um beijo em meu peito.
– Temos bastante tempo, baby. – Acariciei suas costas. – Podemos brincar depois. – Ela riu.
– Bom, porque eu estou com sono. – Ela suspirou.
– Vem, eu vou te colocar na cama. – Segurei suas pernas, me levantando e senti a toalha deslizar pela cintura. – Opa!
– Você é ridículo, Daniel! – Ela disse rindo.
– Sim, eu sei, eu sei. – Levei-a até a cama, colocando-a de um lado. – Agora comporte-se enquanto eu me troco.
– Eu não fiz nada! – Ri, vendo-o seguir pelado pelo quarto. – Você que está se mostrando aí. Isso é perversão! – Ela se virou na cama, abraçando o travesseiro e vi sua bunda por baixo da blusa.
– É… Eu. Sei! – Falei, ouvindo-a rir.
Capítulo 40
Rio de Janeiro, Brasil, 2014
– Boa noite, mesa para quantos? – A atendente falou para Harper que arregalou os olhos.
– I… I don’t… Eu não… English? – Harper disse confusa.
– Sim! – A mulher disse animada.
– One, por favor! – Harper disse misturado.
– Estamos preparando o salão, gostaria de esperar o bar? – A mulher disse em inglês, fazendo Harper assentir com a cabeça.
– Sure! – Ela disse.
– Me acompanhe, por favor. – A mulher disse e Harper segurou sua volta, seguindo para dentro do restaurante com temática australiana.
Dessa vez ela não estava aqui pelo guia, ela ouviu todo mundo falar e ficou curiosa em conhecer. Além de que estava cansada, era domingo, o dia estava gelado no Rio, ela planejou tanto ir para praia, mas uma neblina e temporal deixaram-na trancada no quarto do hotel. Então sair para jantar as cinco da tarde era a melhor parte, e por que não tentar matar as saudades de casa? Apesar que Michelle estava infernizando para ela ir para casa nas férias porque tem algo para contar, então talvez não tenha como fugir.
– Fique à vontade, te chamamos quando a mesa ficar pronta. – A atendente disse.
– Thank you. – Ela disse, apoiando a bolsa na mesa e se sentou no banco alto.
– Olá! – O barman perguntou. – Gostaria de algo para beber? – Ele apoiou o porta-copos na mesa.
– English? – Perguntei e ele assentiu com a cabeça. Não me sinto confortável em usar o português ainda. – Menú?
– Sim! – Ele disse, colocando o cardápio na minha frente e sorri, pegando o mesmo e ergui o olhar para a televisão, engolindo em seco ao ver a corrida passando em uma das televisões. Droga.
– Com licença? – Chamei o garçom, apelando para o português.
– Sim, já sabe o que vai querer? – Ele perguntou.
– Não, você… Se importa em mudar de canal, por favor? – Pedi, indicando a TV.
– É, claro. Só vou pegar o controle. – Ele disse e assenti com a cabeça.
Desviei o olhar para a televisão novamente e meu olhar se ergueu para a televisão, estava na volta 68 de 70. Do lado direito mostrava a batalha pelo primeiro lugar. ROS / RIC / PER / VET / MAS.
Espera, RIC?
Arregalei meus olhos e vi o carro de Danny logo atrás as Mercedes. Eles fizeram uma larga curva e ficaram lado a lado na reta principal. Quando Danny teve a chance, ele ultrapassou Rosberg, ficando em primeiro lugar.
– VAI, DANNY! – Gritei com a TV.
– Que canal gost…
– NÃO MUDA! – Pedi na pressa, me debruçando no balcão, olhando fixo na TV.
Meu coração palpitou ao ver o carro azul da Red Bull na frente e a imagem mudou para a batalha pelo terceiro lugar agora de Vettel, Perez e Massa. Meus olhos se arregalaram quando Massa pareceu encostar em Perez, fazendo ambos saírem com força, fazendo algo em minha barriga borbulhar.
– Ah, Massa. – O garçom ficou chateado pelo piloto brasileiro. – Vai acabar atrás do Safety Car. – Ele disse, apoiando a mão na cintura.
Engoli em seco, vendo as imagens do acidente, mas logo mudou para o carro de Danny ultrapassando a linha de chegada com a bandeira preta e branca e o pessoal preso na murada. Meus olhos se encheram de lágrimas.
– Pode aumentar, por favor? – Pedi, vendo-o aumentar e a imagem do rádio de Danny do lado.
– Você ganhou o Grand Prix do Canadá, sua primeira vitória. – Ouvi a risada de Danny fazendo meus olhos e encherem de lágrimas.
– Uau! – Ele disse rindo.
– Ah, o australiano ganhou, a primeira vitória dele, bacana! – O garçom disse, me fazendo rir.
– Ele ganhou! – Falei emocionada, sentindo as lágrimas desceram pelo meu rosto. – Ele é meu amigo!
– O quê? – O garçom se virou para mim.
– Esse idiota! É meu amigo! – Falei gargalhando, levantando do banco e pulei no lugar. – Esse idiota! – Falei rindo, vendo-o sair do carro animado e Vettel o abraçou. – Ele é meu amigo. Ah, Danny! – Suspirei, apertando a mão no peito e vi a torcida dele. – Olha a Mi! – A vi abraçando uma mulher da Red Bull, me fazendo rir. – Ah, que bom que eles estão contigo.
Suspirei quando a câmera mudou para dentro do prédio e finalmente vi o rosto de Danny completamente enxarcado pelo suar, os cachos baixos e a roupa suada. Sempre que achava impossível ele sorrir mais, ele provava que conseguia. O vi com seu engenheiro e passei as costas das mãos nas bochechas, limpando as lágrimas.
Vi Vettel subir no pódio, depois Rosberg e Danny entrou em seguida. O largo sorriso dele faz mais lágrimas deslizarem pelo meu rosto. Esse filho da mãe ganhou! Ah, como eu quero te abraçar seu filho da mãe! Suspirei quando o hino do meu país começou a tocar e é loucura pensar como eu sinto falta e quão longe eu estou.
– Advance Australia Fair… – Cantei baixinho, sorrindo com o largo sorriso dele.
Sorri quando Danny recebeu seu troféu, depois seu engenheiro, depois Rosberg e Vettel por último. Quando o champanhe foi liberado, os dois outros pilotos jogaram em Danny, fazendo-o ser coberto por champanhe e só consegui sorrir.
– Esse é meu amigo! – Falei rindo, vendo o apresentador subir no palco e suspirei.
– Você é australiana? – O garçom perguntou e assenti com a cabeça. – Você está no lugar certo, então. – Ele disse e ri fracamente.
– Ele lutou tanto por isso. – Suspirei.
– Você poderia estar lá, hein?! – Ele disse e ri fracamente.
– Alguém tem que trabalhar de verdade. – Falei e ele riu.
– Aqui, por conta da casa. – Ele colocou um drink em minha frente e sorri.
– Obrigada. – Sorri.
– Sim, eu ainda estou em choque… – Ouvi a voz de Danny, voltando os olhos para TV. – Muitas bandeiras australianas. A corrida criou vida faltando umas 15 voltas, Rosberg estava lento nas retas, então, eu tive dificuldades para passar o Perez que estava bem nas voltas, aí eu tive a oportunidade na última chicane. Eu estou muito feliz em estar aqui!
– Seu filho da mãe. – Peguei o celular na bolsa, abrindo nossa conversa, colocando em caixa alta.
“VOCÊ GANHOU, SEU FILHO DA PUTA! VOCÊ GANHOU! VOCÊ GANHOU! HÁ HÁ HÁ HÁ! Ah, eu estou muito orgulhosa de se você, seu idiota!” – Enviei, rindo sozinha e vi o telefone tocar, indicando tia Grace e coloquei o telefone na orelha.
– Harper! Querida! O Danny, filha! – Ela falou rápido.
– Ele ganhou, tia, eu sei! – Falei rindo, sentindo meus olhos se encherem de lágrimas.
– Ele ganhou, Harp! – Rimos juntos.
– Ele ganhou. – Suspirei. – Ele ganhou, tia. Eu estou tão feliz por ele.
– Você deveria estar com ele, querida. – Ri fracamente. – Ele ia gostar tanto.
– Quem sabe uma próxima, tia? – Ri fracamente, vendo os replays da corrida e suspirei, vendo o largo sorriso de Danny e o banho de champanhe em seguida.
Cidade do México, México, 2016
Harper
– É só impressão, ou parece que está mais difícil de respirar? – Perguntei ao sair do avião.
– Bem-vinda à Cidade do México. – Danny disse, passando o braço em meus ombros. – Achei que já tivesse vindo para cá.
– Cancún, meu amor! – Dei um beijo em sua bochecha. – Caribe, praias, nunca vim para capital! – Ele riu comigo. – É assim mesmo?
– É a cidade mais alta do calendário, em relação ao nível do mar. – Ele disse.
– E já estou vendo que está mais quente. – Falei.
– Quer seu casaco? – Ele perguntou.
– Eu coloco quando chegarmos na esteira. – Falei andando ao seu lado.
– Acho que é uma das cidades mais caóticas de forma geral. – Danny disse e Michael andava ao nosso lado. – Perde talvez para o Brasil. – Rimos juntos.
– E o Texas não? – Perguntei, empurrando meu quadril para o seu.
– É! Mas é diferente! – Ele disse rindo. – Eles gostam de mim, mas não são tã-ão surtados, agora aqui e no Brasil, eles são. E gostam muito de mim!
– Metido! – Falei rindo, seguindo o caminho para a imigração.
– O quê? Não é culpa minha se eu sou incrível! – Ele disse e revirei os olhos.
– Ah, onde eu guardo esse seu ego, baby? – Falei e ele riu comigo.
– Pode guardar na minha boca, se quiser. – Ele disse e neguei com a cabeça, dando um rápido beijo em seus lábios.
– Bobo! – Falei, entrando na fila para estrangeiros da imigração e os meninos vieram logo atrás.
– Seu bobo! – Ele disse, parando logo atrás de mim.
– Vamos ver se vai continuar sendo o meu bobo, né?! – Apertei sua barriga. – Se você não vai ter uma surpresa aqui…
– Hum? Do que está falando? – Ele me olhou assustado, me fazendo rir.
– Você pode descobrir que é pai, baby! – Abracei-o pela cintura. – Vai que alguma daquelas mexicanas do seu diário aparece e…
– Ah, Harper! – Ele suspirou, me fazendo rir e deixei um beijo em seu rosto. – Nem brinca com isso.
– Se aconteceu o que você acha que aconteceu, temos três opções… – Ponderei com a cabeça. – Eu quero ser mãe, mas não sei o que acho disso… – Falei rindo.
– Não tem graça, baby! – Ele disse sério e ri, afrouxando meus braços dos dele.
– Aguenta suas graças, baby! – Olhei em seus olhos.
– Eu estava de camisinha, Harper… – Seu tom de voz abaixou.
– Mas ainda foi uma completa irresponsabilidade, Daniel. – Falei séria. – Já imaginou se acontece? Você nem se lembra do que aconteceu, você estava completamente bêbado, e se alguma delas fizesse uma sacanagem contigo? – Ele suspirou. – Eu estou falando sério, baby!
– Eu sei! Eu sei! E você está certa…
– Como sempre… – Falei, vendo-o me mostrar a língua e ri fracamente, dando um passo para frente.
– Mas não acho que quem tope esse tipo de coisa queira engravidar… – Ele disse, me fazendo rir.
– A questão não seria o desejo de ser mãe, baby, eu tenho certeza. – Dei um beijo em seu rosto, ficando mais à frente na fila.
– Seria terrível. – Ele disse e virei o rosto para ele.
– O quê? – Perguntei.
– Um filho agora. – Ele disse e ri fracamente.
– É… Provavelmente não seria o mais indicado agora, ainda mais de uma mexicana… – Rimos juntos. – Mas você sabe que comigo é tudo ou nada, certo? – Ele sorriu.
– É claro que eu sei, baby. Eu não entraria nessa sem saber de todos seus sonhos e desejos. – Ele disse sério. – Mas você está dizendo algo… Mais para frente, certo? – Ri fracamente.
– É claro, Daniel! – Segurei sua mão. – Não quero um filho antes dos 30, pelo menos. – Suspirei. – Você está focado na sua carreira, eu vou focar na minha, tem muita coisa para gente ajeitar antes disso. – Ele sorriu. – É só… Algo que eu não vou abrir mão quando chegar a hora.
– E eu não vou te decepcionar, baby! – Ele deu um beijo em minha bochecha e sorri, entrelaçando nossos dedos. – Enquanto isso, a gente treina com o Isaac.
– É! Tipo isso… – Rimos juntos.
– Por favor! – Vi o oficial chamar e segui sozinha até o policial e estendi meu passaporte e a declaração da Red Bull de sempre. – Bienvenida! – Ele disse, carimbando o pasasporte e assenti com a cabeça.
– Gracias! Bon trabajo! – Falei, pegando minhas coisas antes de seguir para o outro lado que já era as esteiras das malas.
Michael apareceu ao meu lado, depois Danny veio logo atrás. Tom ficou nos Estados Unidos a trabalho. Sendo bem honesta, não sei muito o que ele faz, é algo com ações e investimentos, mas não sei mais detalhes do que isso. Ele trabalha pouco, mas tem uma gama enorme de trabalho para lidar.
Esperamos nossas malas na esteira, com Danny dando atenção a um pequeno grupo de fãs que chegavam pelo mesmo motivo que nós, mas depois foram focar em Vettel e Max que haviam chego em nosso mesmo voo.
Saímos pelo desembarque e o aeroporto estava caótico. Acho que a Cidade do México é uma das maiores cidades do mundo, e eu acho que metade dela estava aqui dentro esperando pelos pilotos. Ri quando Danny foi na frente e uma mulher colocou um sombreiro nele, mas ela fez o mesmo com Michael e depois em mim, me deixando um pouco sem graça, mas só consegui rir.
Recebi alguns acenos e os retribuí mais timidamente. Minha relação e de Danny está cada vez mais firme, mas não esperava que isso afetasse outros à nossa volta. Isso é legal e aterrorizante ao mesmo tempo.
Danny só conseguiu sair quando Maria e Henrique apareceram. Se eu estava incomodada em Austin, aqui eu ficaria logo mais quando o pessoal começasse a empurrar essas barreiras. Entramos apressados na van, esperando Seb e Max que iriam conosco e suspirei.
– Vai ser um fim de semana divertido. – Danny disse e ri fracamente.
– Divertido, não caótico. – Falei e ele beijou minha cabeça.
– Divertido! – Ele disse firme.
Daniel
– Ei, galera! – Maria entrou na antessala.
– Oi, Maria. – Falamos juntos.
– O que está fazendo aqui? – Harper perguntou.
– Não se esqueceu da festa da PUMA, né?! – Ela disse e arregalei os olhos. – Sim, esqueceu.
– Desculpe, só queria relaxar um pouco. – Neguei com a cabeça.
– Ainda bem que eu penso em tudo. – Ela disse. – Essa é sua roupa. – Ela jogou um saco em minha direção. – E eu trouxe o Jean para te maquiar. – Ela indicou o cara atrás de mim.
– Maquiar? – Franzi a testa e Harper riu.
– Festa de Halloween, Día de los Muertos! – Ela disse como se fosse óbvio. – É mais uma apresentação da marca do que festa, agora se troca e vem logo. – Ela disse e me levantei com o saco que ela tinha me dado.
Fui para dentro do quarto que eu estava com Harper e tirei o moletom que usava e troquei pelo conjunto que ela havia me dado, similar ao que eu usava. Fui no banheiro novamente e aproveitei para escovar os dentes, tinha comido algumas coisas a tarde e estava jogado no sofá até agora. Calcei uns tênis e saí do banheiro, de volta para sala.
– Bom! Agora senta aqui! Vamos fazer uma caveira no seu rosto. – Maria indicou e ri fracamente, me sentando onde ela indicou.
– Isso vai ser divertido. – Falei e Harper riu.
– E você, Harper? – Maria perguntou e ela ergueu a cabeça.
– O quê?
– Você vai, certo? Vocês são o casal do momento, vai…
– Eu posso ir, mas eu me troco em cinco minutos, coloco uma calça ou…
– Não! Vai fantasiada também! É temático. – Maria disse.
– Mas eu não preparei nada! – Ela disse rindo. – Não trouxe nada.
– Ah, baby! Vai! Vai ser legal! – Falei rindo.
– Mas eu não tenho nada… – Ela disse rindo.
– Posso fazer uma maquiagem legal em você também. – O maquiador falou com um forte sotaque. – Uma roupa preta ou cinza já ajuda. – Harper suspirou e dei um chutinho em sua perna.
– Vai, baby! Vamos nos divertir. – Falei e ela suspirou, pensando por alguns segundos. – Você tem blusas pretas que eu sei.
– Também eu tenha algo. Já volto. – Ela suspirou antes de se levantar e ri fracamente.
– Agora você, tomba a cabeça para trás, por favor, e fecha os olhos. – O maquiador disse e fiz o que ele pediu.
Ele começou a fazer o negócio em meu rosto e quase acabei tirando um cochilo. Eu e Harp fizemos nada o dia inteiro. Chegamos do aeroporto, almoçamos no hotel e ficamos enfiado vendo os filmes repetidos de sempre. O tempo estava gelado lá fora e a porta do hotel estava lotada, ninguém queria sair.
– Uau! – Ouvi a voz de Maria.
– O quê? – Perguntei.
– O que acha? – Ouvi a voz de Harper.
– Posso olhar? – Perguntei para o maquiador.
– Pode! Terminei. – Ele disse e abri os olhos, vendo Harper com um vestido inteiro preto com uma gola branca, os cabelos com suas tradicionais Marias Chiquinha, uma maquiagem escura nos olhos e na boca, além de saltos pretos nos pés. – Uau, baby! – Falei rindo de nervoso.
– Eu estou bem? – Ela perguntou e assenti com a cabeça, com a boca aberta.
– Você está perfeita… – Suspirei. – Você é a…
– Wandinha… – Ela disse e rimos juntos.
– Você está linda, baby, e gost…
– Daniel! – Ela me repreendeu e olhei para o resto do pessoal.
– Desculpe! – Falei rindo.
– Achei propício. – Ela disse.
– É perfeito, baby! – Passei as mãos em sua cintura. – Me faz pensar em algumas coisas… – Sussurrei para ela, ouvindo-a rir.
– Você não está nada mal também, baby. – Ela sorriu, mexendo no meu queixo, vendo a maquiagem.
– Deixa eu ver. – Falei e segui para o espelho mais perto, vendo a maquiagem.
Não era de rosto inteiro, tinha o sorriso de caveira e uma maquiagem do lado direito do rosto, quase como um degradê. Só esperava que não começasse a coçar.
– Você está um arraso, Harper! – Maria disse e ela riu.
– Faltou só a boneca. – Ela disse rindo.
– Minha garota! – Abracei-a apertado, ouvindo-a rir.
– Para, Daniel! – Ela disse e sorri quando ela virou o rosto.
– Quero te beijar tanto agora…
– Não faça isso. – Maria disse, nos fazendo rir. – Se estão prontos, vamos!
– Claro! – Falei.
– Confesso que estou com preguiça… – Harp disse e rimos juntos.
– Logo voltamos, baby. – Falei e ela confirmou com a cabeça.
– Sim, é mais apresentação. Umas duas horas dependendo do trânsito. – Ela disse.
– Espero que sim. – Harper sussurrou para mim, pegando sua volta a tiracolo e colocou nossos documentos e celulares ali dentro.
– Obrigada! Vamos, Jean!
Seguimos com Maria e fomos direto pelo subsolo para chamar menos atenção. Enquanto íamos, Maria me explicou o que iria acontecer. É basicamente uma oferenda à Morte, uma tradição que eles possuem aqui no México. Seria uma apresentação de moto e balé aéreo, onde a Morte seria “derrotada” por mim, e é isso. Só que eu não esperava precisar ficar preso por cabos e nem pilotar motos no meio do pessoal.
Sem contar é claro na entrevista e no pequeno coquetel que envolvia o evento em si. Eu gosto dessas coisas, acho bem divertido, mas com a Harper comigo, eu gostaria de realmente aproveitar, não deixar ela só me acompanhando nessas coisas.
E devo dizer que ver ela oficialmente de Wandinha, meu Deus! Isso criou várias fantasias na minha cabeça. Acho que a última vez que ela realmente se vestiu de Wandinha foi em algum Halloween quando a gente era criança, mas éramos crianças, era outra situação. Agora ela está gata demais e é oficialmente a minha garota, quem eu quero beijar e transar até o dia amanhecer.
– Ei, baby. – Ela apareceu com um drink em mãos e o sorriso nos lábios.
– Oi, linda. – Falei, vendo-a piscar e dar um gole na sua bebida.
– O que está bebendo? – Perguntei.
– Bloody Mary. – Ela disse. – Quer?
– Eu tenho que pilotar uma moto ainda. – Falei e ela riu.
– Se cuide, ok?! – Ela disse e assenti com a cabeça. – Quero terminar a noite numa cama quentinha, não em um hospital. – Ri fracamente.
– Pode deixar, baby. – Pisquei e ela sorriu.
– Pronto, Daniel? – Maria apareceu e assenti com a cabeça. – Vamos, então. Você pode ficar nos assentos da primeira fileira, Harper, são reservados. – Ela disse.
– Ok, eu logo vou. – Ela se virou para mim. – Cuidado!
– Eu vou! – Falei, fazendo-a rir e me mandar um beijo com aqueles lábios pretos, me fazendo sorrir.
Harper
– Foi divertido! – Falei entrando no quarto.
– Eu estava perdido, baby. Foi um desastre. – Ele disse e deixei os saltos no canto do quarto.
– Não, achei que você foi bem. – Comentei, vendo-o fechar a porta. – Bem demais, até! – Fui até as cortinas, puxando-as para fechar. – Para quem não estava preparado…
– Com a Red Bull a gente precisa virar camaleão para lidar com tudo. – Falei, vendo-o tirar o casaco da PUMA.
– Você deveria tentar a carreira de ator, baby. Assim, se sua carreira de piloto estiver em baixa, sabe? – Brinquei, ouvindo-o rir.
– Eu gosto de me divertir, baby, mas não sei se teria sucesso nisso. – Rimos juntos e puxei o lacinho de um lado.
– Não é como se estivesse precisando. – Falei. – Se continuar assim, você mantém o terceiro lugar no campeonato. – Ele sorriu.
– Preciso ir bem nas últimas corridas. – Ele disse e desfiz a trança do outro lado.
– Vai dar tudo certo, baby. Só mais três. – Falei e virei de costas para ele. – Abaixa para mim, por favor.
– Você estava incrivelmente linda, baby. – Ele disse, abaixando o zíper e ri. – Foi sua vez de me dar várias ideias…
– Ah, é?! – Ri fracamente, sentindo-o beijar meu ombro, descendo o vestido.
– Uhum… – Ele sussurrou. – É muito errado eu estar excitado por você assim?
– Por que errado? – Perguntei rindo, ajudando-o a abaixar as mangas do vestido.
– Ah, é seu apelido de criança… Com segundas intenções… – Sorri.
– Acho que entre nós não tem problema. – Falei. – Você começou, você pode dar outro significado… – Senti o vestido deslizar pelo corpo e virei para ele, vendo seus olhos brilharem no meio da maquiagem.
– Bom… – Ele sorriu, mordiscando o lábio. – O que acha de irmos para cama, Wandinha?
– Para o chuveiro antes. – Falei, passando a mão em seus ombros. – Vai manchar a roupa de cama toda com essa maquiagem. – Segurei seu queixo, vendo a maquiagem do lado direito mais de perto…
– Lidere o caminho, baby. – Ele disse, me fazendo rir.
Deixei o vestido no chão e fui até o banheiro. Levei a mão até o fecho do sutiã e o abri, sentindo Daniel colocar as mãos em meus ombros, deslizando as alças para baixo e sua boca foi para meu ombro novamente. Puxei o sutiã pelo centro, deixando-o cair no chão e as mãos de Daniel desceram pelos meus braços até minha cintura.
Fechei os olhos quando seus lábios subiram por trás da minha orelha, me fazendo mordiscar os lábios. Ele pressionou o quadril em meu corpo, me fazendo suspirar e levei minhas mãos em cima da sua, entrelaçando nossos dedos.
– Gostosa… – Ele sussurrou, me fazendo sorrir e deslizei uma mão para dentro da minha calcinha, ouvindo-o suspirar em meu ouvido.
Soltei sua mão quando ele atingiu minha virilha e deslizou os dedos por entre meus grandes lábios. Sua outra mão subiu até meu seio, apertando-o e tombei a cabeça para trás, apoiando-a em seu ombro.
Ele subiu os dedos para meus clitóris, começando a movimentá-los devagar e mordisquei meu lábio inferior. Conforme seus dedos se movimentavam dentro de mim, sentia sua ereção apertar em minha bunda, me fazendo movimentar minha bunda devagar em cima dele.
– Harp… – Ele sussurrou, me fazendo sorrir.
– O quê? – Virei o rosto para ele, encontrando seus olhos.
– Você é malvada. – Ele disse e ri fracamente.
– Sabe quem também é malvada? – Falei.
– Wandinha Addams. – Ele disse e assenti com a cabeça, suspirando quando ele pressionou meu clitóris.
– Ah! – Suspirei.
– Eu também posso ser…
– Eu sei, honey badger, eu sei… – O provoquei, ouvindo-o rir fracamente.
– Não brinque comigo, Harper…
– Por quê? – Sussurrei, sentindo-o movimentar seus dedos mais rápidos.
– Eu sei brincar também. – Ele disse e ri fracamente.
– Bom… – Falei, sentindo-o relaxar nos movimentos.
– Vamos para a água… – Ele disse e ri fracamente.
Desci minha calcinha, fazendo questão de inclinar meu corpo com o feito, antes de entrar no box. Liguei as manoplas ajustando a temperatura e vi pelo canto de olho ele se livrando de toda sua roupa, deixando-a jogada no chão do banheiro.
Entrei de cabeça na água, vendo a água alisar os cabelos ondulados e fiquei feliz por ter feito só uma trança simples, não a embutida. Danny entrou no box, fechando a porta e suas mãos me pegaram pela cintura e subi as minhas para seus ombros.
Nossos lábios se chocaram, fazendo nossas línguas se encontrarem rapidamente e fechei os olhos. Suas mãos me apertavam com força, me deixando levemente na ponta dos pés e ele aproveitou isso para apertar minha bunda, e eu subi uma perna para sua cintura, sentindo-o segurar com firmeza e suspirei ao sentir seu pênis roçar em mim.
Afastei nossos lábios com um estalar de bocas e vi a maquiagem em seu rosto toda manchada, me fazendo sorrir e imaginei como estaria o meu rosto. Passei o polegar em seu rosto devagar, limpando um pouco da maquiagem e ele fechou os olhos com o carinho.
– Vem cá… – Pedi, abaixando minha perna e dei um passo para trás, puxando-o para baixo da água.
Ele manteve os olhos fechados e vi um pouco da maquiagem deslizar pelo seu pescoço com a água e peguei o sabonete, colocando um pouco em minhas mãos antes de levar para seu rosto. Comecei a deslizar devagar, vendo meus dedos ficarem pretos por causa da tinta e Danny até suspirou com o carinho.
Desci as mãos para suas bochechas para limpar o sorriso falso, depois limpei as mãos antes de levar até seus lábios, sentindo mais dificuldade perto do seu nariz. Ele me abraçou novamente pela cintura novamente, mantendo seu quadril perto do meu e mordisquei os lábios com isso.
Quando finalmente consegui tirar toda maquiagem, deixei a água cair em seu rosto novamente e levei meus lábios aos seus, surpreendendo-o, fazendo-o sorrir.
– Você precisa tirar a sua… – Ele sussurrou.
– Eu termino depois. – Falei no mesmo tom e ele assentiu com a cabeça.
– Você fica ótima com uma maquiagem mais escura… – Sorri.
– Eu acho que, para você, eu fico bem de qualquer jeito. – Acariciei sua nuca.
– É… Isso também. – Ele disse e ri fracamente.
– Achei que não viemos aqui só para conversar… – Falei e ele negou com a cabeça.
– Não mesmo. – Ele falou e deslizei minhas mãos pelos seus braços. – Eu só estou aproveitando o momento…
– É… – Deslizei as mãos pela sua barriga, chegando em seu pênis. – Relaxa, então…
Comecei a deslizar a mão em seu pênis, mantendo uma firme em sua base e a outra deslizando devagar. Ele soltou um suspiro, mantendo os olhos fechados e fiquei analisando suas reações conforme eu deslizava a mão em seu pênis, acelerando aos poucos.
Danny apertou uma mão em minha cintura, tombando a cabeça para baixo em um suspiro e nossas testas se encostaram. Deixei meus lábios deslizarem pela sua bochecha enquanto aumentava a velocidade, ouvindo-o suspirar.
– Onde estão as camisinhas? – Sussurrei.
– Na pia… – Ele respondeu em um sopro.
– Aguenta um pouco, baby. – Dei um curto beijo em seu rosto e ele suspirou.
Saí do box rapidamente, mexendo na necessaire de Danny e peguei uma camisinha, já abrindo a embalagem pelo meio do caminho. Entrei no box novamente, vendo Daniel com uma mão apoiado na parede e a outra continuando a se estimular e sorri com seus olhos fechados.
Voltei para perto dele, tocando seu rosto e seus olhos se abriram. Deixei mais um beijo em seus lábios, vendo-os levemente mais escuros por causa do batom e levei minha mão até seu pênis, segurando-o novamente. Deslizei a camisinha sobre ele e passei meus braços em seus ombros de novo.
Nossos olhos se encontraram e suas mãos foram para trás de minha bunda, me segurando com firmeza e ergueu meu corpo. Apertei as mãos em seus ombros e escorei meu corpo na parede, me fazendo suspirar pela diferença de temperatura. Nossos lábios se encontraram e fechei os olhos ao sentir seu pênis encontrar minha entrada.
Soltei um suspiro quando ele me penetrou e forcei nossos braços, sentindo nossos peitos colarem e meu corpo se erguer um pouco com o movimento de Danny. Ele apertou uma mão em minha perna, a outra nas minhas costas e manteve e penetração mais forte, começando a fazer movimentos de vai e vem.
Senti meu corpo começar a se contrair e forcei minhas mãos em suas costas, ouvindo-o suspirar com isso. Tombei a cabeça para trás, ouvindo alguns gemidos escaparem de meus lábios, enquanto Danny estocava cada vez mais forte.
– Ah… – Ele suspirou, fazendo meu corpo começar a se contrair.
– Baby… – Apertei seus ombros antes de sentir o orgasmo me atingir. – Ah, baby… – Suspirei, tombando a cabeça para trás.
– Merda… – Ele suspirou, dando mais duas estocadas antes de relaxar.
– Ah… – Ele me segurou firme e apertei minhas mãos em seus ombros. – Já disse que te amo?
– Eu sempre gosto de ouvir. – Falei entreabrindo os olhos e vendo seu sorriso tonto.
– Eu te amo, Wandinha. Para toda a minha vida. – Sorri, sentindo-o sair de dentro de mim e suspirei.
– Eu também te amo, Danny. – Coloquei meus pés no chão, sentindo as pernas tremendo. – Para sempre. – Ele sorriu e nossos lábios se colaram em curtos selinhos, se misturando com nossos suspiros cansados.
Quinta-feira
Daniel
– Ei, Daniel! – Maria disse.
– Oi, Maria. – Falei, coçando o nariz.
– Acordou cedo hoje. – Ela disse e terminei de beber o chão.
– Acordei com a rinite atacada. – Falei, puxando a respiração forte.
– Que belo dia para começar, hein?! – Ela disse e dei um toquinho no maquiador de ontem.
– Nem fala. – Suspirei.
– E a Harper? – Ela perguntou.
– Deixei ela dormindo um pouco, fomos dormir tarde ontem. – Falei rindo.
– Ah, entendi. Pelo jeito fizeram um after-party… – Ri fracamente.
– Ela de Wandinha é literalmente a melhor coisa para mim. – Sorri. – Foi literalmente o motivo que ficamos amigos. Ela estava de marias Chiquinha, eu brinquei com ela, ela não entendeu, ficou chateada, minha mãe me forçou a pedir desculpas e o resto é história…
– É a história mais fofa de verdade. – Maria disse. – Mal vejo a hora do dia que vocês vão se casar, ter filhos e…
– Maria, desacelera! – Falei firme. – Pelo amor de Deus, não sei cuidar nem de mim, como vou cuidar de um bebê? – Rimos juntos.
– Ok, talvez daqui uns 20 anos. – Ela disse rindo. – Pronto?
– Claro! O que vão fazer hoje? – Perguntei.
– Caveira mexicana tradicional. – Jean disse.
– Max vai fazer lá no quarto e vocês vão juntos para o paddock hoje. – Maria explicou.
– Combinado! – Falei, sentindo o nariz coçar e espirrei pela milésima vez no dia.
– Senta aqui, por favor. – Mudei de cadeira e trouxe o lenço comigo.
Não foi exatamente fácil me maquiar hoje, o pincel perto do nariz fazia mais cócegas e eu espirrava mais ainda, ao menos Maria estava acostumada com as minhas crises, e Jean pareceu não se importar.
– Bom dia… – Abri os olhos ao ouvir a voz de Harper.
– Bom dia, baby. – Sorri com ela usando os shorts do pijama e uma blusa minha.
– É impressão minha ou ouvi espirros, senhor Daniel? – Ela disse e respirei fundo.
– É, baby, atacou a rinite. – Falei, erguendo o dedo para o maquiador e ele parou para que eu pudesse espirrar.
– E já tomou um antialérgico? – Ela se aproximou de mim, se abaixando para ficar na minha altura.
– Eu não tenho aqui…
– Eu sempre tenho um na minha bolsa… – Ela segurou minha mão, deixando um beijo na mesma. – Vou pegar um para você. – Ela se levantou, me fazendo sorrir.
– Ela é incrível, de verdade. – Maria disse, nos fazendo rir.
– Sim, eu sei disso desde sempre. – Suspirei, vendo Harper voltar.
– Aqui. – Ela me esticou o comprimido e seguiu até a mesa do café da manhã para colocar um pouco de água para mim.
– Não é melhor eu tomar dois? – Perguntei.
– Não, você vai ficar destruído, baby. – Ela me esticou o copo. – Se não melhorar até mais tarde, você toma dois para dormir, assim corta mais rápido. – Ela se sentou à mesa e coloquei o comprimido na boca antes de beber um gole de água.
– Obrigado, baby. – Falei e ela pegou o copo de volta.
– Vou avisar sua mãe, perguntar daquele chá que ela te fazia, ele te ajudava bastante. – Ela disse e só consegui sorrir, sentindo Jean voltar a passar o pincel em meu rosto.
Harper tomou seu café da manhã e depois voltou para seu quarto para se arrumar. Nesse meio tempo eu continuei espirrando e talvez a maquiagem tenha demorado mais do que o necessário, mas Jean conseguiu me deixar com uma feição de caveira mexicana. Caveira mexicana doente pelo tamanho dos olhos.
– Valeu, cara! – O cumprimentei.
– Que isso! Melhoras! – Ele disse.
– Valeu. – Ri fracamente.
– Te aviso a hora que sairmos, ok?! – Maria disse e assenti com a cabeça, vendo-a sair do quarto e suspirei, mudando de cadeira e voltando para o sofá, tombando a cabeça.
– Baby? – Chamei Harp.
– Sim? – Ouvi sua voz.
– Está pronta? – Perguntei e ela apareceu no corredor dos quartos, fechando o casaco da Red Bull.
– Sim, eu estou. – Ela se sentou ao meu lado. – Estou preocupada contigo. – Ela suspirou.
– Eu estou bem, baby. Não é a primeira vez… – Ela apertou a mão em minha perna.
– Eu sei que não, mas não gosto quando você fica assim. – Acariciei seu braço.
– Eu preferia na noite passada. – Falei, vendo-a rir. – Você estava incrível, baby…
– Só um vestido e batom pretos. – Ela disse rindo. – É fácil resolver.
– Podemos fazer mais vezes, sabe? – Ela sorriu.
– Eu de Wandinha e você de cowboy? – Ela sugeriu e ri fracamente.
– Que saladeira mais bagunçada. – Rimos juntos e parei no meio do caminho para espirrar. – Ah…
– Pior que eu não posso nem te beijar, te abraçar… – Ela suspirou.
– Você pode deitar no meu colo. – Ela riu fracamente, apoiando a cabeça em meu ombro e me abraçando pela cintura. – Será que não podemos ficar aqui hoje?
– Também já está cansando, baby? – Suspirei.
– Sim… Chega uma hora que fica meio demais. – Falei e ela ergueu o rosto para mim. – E eu quero realmente aproveitar minhas férias unicamente contigo… Vai ser a primeira vez em muito tempo. – Ela sorriu.
– Só mais um pouco, baby. – Ela disse. – Acho que podemos nos trancar um pouco no apê antes de encontrar todo mundo. – Rimos juntos.
– Ah, eu ia gostar disso. – Suspirei, espirrando de novo.
– Tem certeza de que essa maquiagem é o melhor para hoje? Não vai te fazer mais mal?
– Não é para fazer. – Comentei. – Mas é só para chegar no paddock, fazer uma graça, tirar umas fotos, na hora das entrevistas eu tiro. – Ela assentiu com a cabeça. – Eu vou ficar bem, baby, tenho uma ótima médica para cuidar de mim. – Ela riu.
– Agora a fantasia é médica? – Sorri.
– Contanto que estejamos nós dois, pode ser a fantasia que você quiser. – Falei e ela riu.
– Não faça isso, ou vamos ter que destruir essa maquiagem e eu não tenho ideia de como vai ser para você transar com a rinite atacada. – Gargalhei alto.
– Ah, eu não me importo, mas adoraria descobrir. – Falei e ela riu.
– Melhore, baby. Teremos bastante tempo. Já tem calendário para o ano que vem? – Ela perguntou.
– Das corridas tem, começa 21 de março, mas você sabe pré-temporada, eventos… Fim de fevereiro já devo voltar. – Ela assentiu com a cabeça.
– Farei meu calendário e programamos as corridas que eu vou, ok?!
– Todas? – Brinquei, vendo-a rir.
– Não todas, mas se você precisar de mim, eu vou correndo até você. – Ela disse e assenti com a cabeça.
– Obrigado, baby. – Entrelacei nossos dedos e ela se apoiou em mim novamente.
Sexta-feira
Harper
Ri fracamente quando nos separamos por alguns segundos para respirar e as mãos de Danny vieram novamente para minha cintura, pressionando meu corpo na parede. Apertei minhas mãos em seus ombros, puxando-o para mais perto de mim e me assustei quando tropecei em algo pelo chão, olhando rapidamente para o que era, vendo um capacete.
– Droga! – Falei rindo, descendo as mãos para o peito de Danny.
– Ah, baby… – Ele disse e ergui o olhar para ele. – Isso foi por causa de um dia? – Ri fracamente, dando um beijo em sua bochecha.
– Você está bem hoje, baby. – Falei em um suspiro. – Precisamos aproveitar…
– Ontem mesmo falamos que vamos ficar separados… Como vamos fazer isso? – Ele perguntou e ri fracamente.
– Com muitas chamadas e sextings… – Ele riu, colando nossos lábios novamente.
– Hum, minha garota vai me mandar nudes? – Ele brincou e eu revirei os olhos.
– Você não tem que ir para algum lugar, não? – Falei em um suspiro.
– Ah, até que tenho, mas eu posso escolher… – Ele deu de ombros e eu franzi a testa.
– Daniel! – O repreendi rindo.
– O quê? É aniversário do Bernie, ele está lá embaixo com o Christian, acho que o Toto está aí também…
– Baby! – Falei rindo.
– O quê?! – Ele disse do mesmo jeito.
– Tem bolo e você não me falou?! – Ele tombou a cabeça para trás, revirando os olhos.
– A gente tomou café não tem muito tempo! Não achei que você…
– Baby, é bolo! – Falei rindo, vendo-o negar com a cabeça.
– Vem, vamos lá! Depois tem o treino mesmo.
– Ah, por isso que você não quer ir, porque não pode comer… – Falei rindo, andando à frente.
– A gente tem só mais três corridas, baby. Eu logo estou em casa e você vai fazer toda comida que eu quiser… – Ele me abraçou pela cintura, me fazendo rir.
– Ah, folgado! – Ele me ergueu, me fazendo gemer um pouco. – Eu vou tirar férias também, para!
– Você nunca realmente tira férias quando está em casa, baby… – Ponderei com a cabeça. – E agora sem a Michelin, pode nos usar como seus testadores oficiais. – Ele disse com um sorriso presunçoso.
– Ah, eu mereço. – Revirei os olhos.
– Vem, enfesadinha, vamos comer bolo! – Ele apertou minha cintura.
– “Vamos”, não. Eu vou, você só depois do treino. – Ele revirou os olhos, me empurrando para ir à frente.
O primeiro andar do motorhome da Red Bull estava bem mais lotado do que antes. O bolo já havia sido cortado e todos comiam, Danny foi cumprimentar Bernie e eu o segui, dando somente um cumprimento de mãos, desejando muita saúde para um homem de 86 anos. Quando finalizamos, Danny seguiu para cortar um pedaço com bastante chantilly para mim e eu me afastei do meio para comer.
– Decidiram aparecer… – Ouvi uma voz masculina e virei para Christian, rindo fracamente.
– Culpa da Harper, não queria me soltar…
– Ei! – Reclamei, batendo a mão em sua barriga.
– Ai!
– Ele que tentou fugir. – Falei e Christian gargalhou alto.
– Harper! – Daniel me cutucou, me fazendo rir.
– Ah, fazia tempo que eu não me divertia, viu?! – Toto disse ao lado.
– Quer para você? – Christian ofereceu.
– O piloto também? – Toto brincou e Christian riu.
– Brincadeira perigosa, hein? – Daniel disse e me contive em colocar um pedaço de bolo na boca.
– Desculpe, numconsigorespondê. – Falei com a boca cheia e ele revirou os olhos.
– Eu vou dizer oi ao Niki. – Ele comentou sobre Niki Lauda e dei um sorriso, enchendo a boca novamente de bolo.
Daniel
– Honestamente, eu não tenho a mínima ideia do que aconteceu aqui. – Falei rindo para a repórter. – Essa pista é bem estranha, a umidade e o tempo acabam atrapalhando um pouco, mas ao menos conseguimos largar da segunda fileira. Não perfeito para um top três, mas eu realmente não posso reclamar. – Ela riu comigo.
– Obrigado, Daniel! – Ela disse e assenti com a cabeça, seguindo com Maria para fora da área da imprensa e ela me estendeu a garrafa de água.
– Quando descobrir o que aconteceu hoje, me avisa. – Disse rindo fracamente.
– E a diferença do seu tempo com o Max é bem perto. – Assenti com a cabeça.
– Sim, seis milissegundos. – Dei de ombros. – Dá para o gasto.
– Dá para o gasto, é o México, tudo pode acontecer. – Ela disse e rimos juntos.
– Ah, nem fala. – Relaxei os ombros. – Estou com fome! Onde está Harper? Dá para voltar para o hotel?
– Ela descobriu o combo mexicano no motorhome, quando ela viu o Brad com dois tacos nas mãos, ela foi direto para o motorhome. – Ri fracamente.
– Ah, Harper! – Neguei com a cabeça. – Esfomeada do jeito que é… – Maria riu.
– Ela está cansada, Daniel. – Ela disse e suspirei.
– Eu sei… – Cocei a cabeça. – Até eu estou. Não achei que fosse pesar tanto.
– Vocês passaram por bastante coisa esse ano, Daniel. Aposto que ela só quer dormir e relaxar… – Ri fracamente.
– Vamos ter que nos esconder no apartamento dela, o Isaac não vai largar dela… – Ela riu comigo.
– Aproveite sua vida, Daniel. – Ela me deu dois tapinhas nos ombros. – Parece que tudo está conspirando ao seu favor…
– Está, Mary. Estou bem feliz. – Suspirei. – Falta só um campeonato mundial, mas quem sabe ano que vem… – Ela riu.
– Como a Harper disse: vocês nunca estão felizes com nada.
– Ah, estou, minha vida pessoal está perfeita… – Subi a rampa do motorhome. – Eu durmo com uma gata toda noite e ela me ama, é loucura. – Ela negou com a cabeça.
– Só ela para te aguentar há 24 anos mesmo. – Ri fracamente.
– Depois da faculdade, a gente se via duas ou três vezes por ano, agora vai ser pior. – Ela riu.
– Harper é guerreira! – Ela disse rindo e neguei com a cabeça, entrando no motorhome.
– Fala, galera! – Cumprimentei o pessoal ali, seguindo até o salão do lado, encontrando Harper e Michael.
– Oi, baby! – Ela disse.
– Baby! – Ela disse animada, se levantando. – Abre! – Ela me estendeu um nacho e abri a boca, colocando ele inteiro na boca, me fazendo rir.
– Hum, bom! – Falei rindo e ela pressionou os lábios em minha bochecha. – Parabéns pela qualy, baby.
– Ah, não foi perfeito, mas eu realmente não sei o que aconteceu aqui hoje. – Ela riu fracamente, se sentando na mesa novamente.
– O que importa é que vai largar bem. – Michael disse e roubei mais um nacho do enorme prato quase no fim de Harper.
– Ao menos isso, mas México é caótico, sempre dá bagunça. – Coloquei o nacho com guacamole na boca, engolindo quase imediatamente.
– Bom, espero que você aproveite o resultado de hoje. – Harp disse.
– O problema maior é o calor. – Peguei outro nacho. – Um pneu estourado, um deslize na pista… Caótico. – Joguei-o na boca.
– Espera amanhã, baby! Tem tempo ainda! – Ela disse rindo e peguei outro nacho de seu prato, sentindo um tapa na mão.
– AI! – Reclamei.
– Dá licença? – Ela disse e ri fracamente.
– Pensei que já tivesse acabado. – Falei rindo.
– Não, não acabei! – Ela disse séria, puxando o prato para si e eu ri.
– Ah, esfomeada! – Empurrei a cabeça. – Eu vou pegar para mim.
– Isso e traz mais um pouco de guacamole para mim. – Ela disse e olhei sério para ela.
– É sério! Vai! – Ela disse e Michael riu.
– Só vai, cara, ela tá esfomeada! – Neguei com a cabeça, seguindo até o bar para pegar algo para mim.
Capítulo 41
Perth, Austrália, 2014
– É bom vocês terem um motivo muito importante para fazer eu me deslocar das Maldivas para vir aqui! – Harper aumentou seu tom de voz para que todos ouvissem, enquanto tirava o moletom de sua cintura.
– HARPER! – Os Ricciardo falou animada e Daniel foi o primeiro a chegar nela.
– Ah, você chegou! – Ele a sacudiu de um lado para o outro.
– VOCÊ VENCEU, SEU FILHO DA MÃE! – Ela apertou-oo fortemente pelos ombros, sentindo-o girá-la pela sala, e fazendo-a rir.
– EU VENCI DUAS VEZES! – Ele gritou no mesmo nível, fazendo-a rir.
– Ah, Danny! Estou tão feliz por você. – Ela apertou-o fortemente para evitar tontura quando ele parou de girar.
– Ah, Harper! Queria tanto que você estivesse lá… – Ele disse em um suspiro e Harper fechou os olhos, abraçando-o fortemente.
– Eu sei, Danny… – Ela suspirou. – Fico tão feliz por tudo que conquistou esse ano. – Ela disse um sorriso.
– Obrigado. – Ele suspirou. – E você? Como foi?
– Alô! Tem mais gente aqui! – Michelle falou, chamando a atenção deles.
– Ah, família! Que saudades de vocês! – Harper disse rindo, seguindo abraçar Grace de forma bem apertada, depois Joe, Jason, Michelle, até chegar em…
– Jemma… – Harper deu um de seus sorrisos falsos, onde ela acabava franzindo tanto o rosto que deixava o desgosto óbvio.
– Oi, Harper.
– Oi! – Harper disse, se virando para o restante da família. – E aí? Como estão todos? Qual o motivo de tanta insistência? Eu estava nas Maldivas… – Harper fez um biquinho dramático.
– Ah, suas fotos! – Michelle suspirou. – Precisamos ir!
– Precisamos! – Harper falou animada, fazendo-as começarem a falar rapidamente.
– Meninas! – Jason se meteu entre elas. – Ei!
– Desculpe, Jay! – Harper fez uma careta. – Voltando ao assunto…
– Foi culpa da Michelle! – Daniel disse, se jogando ao lado de sua namorada. – A gente chegou tem cinco dias e ela disse que só falava contigo aqui. – Ele disse entediado.
– Espero que seja algo muito importante, vocês não têm noção de como é foda chegar e sair das Maldivas…
– Ai, sua vida é muito chata mesmo. – Foi Jason quem ironizou. – Foi pago pela empresa? – Harper fez uma careta. – Filha da mãe. – O pessoal riu em volta.
– Ah, vocês estão me irritando! – Grace disse. – Conta, filha.
– Contar o quê? – Harper e Daniel falaram juntos.
– Bem… Eu e Jason temos uma novidade para contar para vocês… – Michelle disse e Harper se aproximou de Michelle.
– Mi…? – Harper se aproximou da amiga-irmã.
– Eu não sei como dizer isso… – Mi disse.
– O cansaço? As dores? – Harper relembrou a conversa das duas.
– Uhum… – Michelle assentiu com a cabeça.
– SIM?! – Harper gritou, dando pulos.
– Sim… – Mi disse tímida.
– AH! – Harper gritou, pulando em cima de Mi, abraçando-a apertado e pulando em volta dela.
– Harp! Harp! – Mi disse.
– AH, não, você não pode! – Harp parou imediatamente. – Vem aqui, Jay! – Harper disse rindo, abraçando Jason apertado.
– Dá para alguém me explicar o que está acontecendo? – Daniel perguntou.
– Ah, Daniel! – Até Jemma revirou os olhos pela lentidão do namorado.
– O quê?! – Ele se levantou.
– Maninho… – Michelle chamou a atenção dele.
– O quê? – Ele encarou-a.
– Eu estou grávida! – Mi disse e os lábios de Daniel se abriram devagar, demorando para reagir.
– DANIEL! – Harper chacoalhou-o.
– Eu vou ser titio? – Ele falou com um tom dramático.
– Vai, seu idiota! – Michelle disse rindo.
– Ah, Mi! – Ele abraçou a irmã apertado, derramando algumas lágrimas, fazendo Harper rir e abraçar Jason de lado. – Não acredito que eu vou ser titio…
– Vai, seu idiota! – Mi disse rindo.
– Ah, finalmente voltaremos a ter crianças nessa casa. – Grace disse emotiva, fazendo Harper rir.
– E tem mais! – Mi disse.
– Não vai dizer que são gêmeos?! – Harper perguntou surpresa.
– Não, não! – Mi disse rindo.
– Nem brinca com isso, Harper! – Jay disse, fazendo o pessoal rir. – Não tem nada a ver com isso.
– Então… – Foi a vez de Daniel falar.
– Queremos vocês como padrinhos… – Mi disse feliz.
– AH! – Harper pulou nos braços de Michelle novamente, fazendo-a rir.
– Harper, o bebê! – Daniel disse, puxando-a para longe.
– Eu estou de quatro meses, tá tudo bem. – Michelle disse rindo e Daniel abraçou Harper de lado.
– Nós vamos cuidar muito do pinguinho de vocês. – Harper disse emotiva, apoiando a cabeça no ombro de Danny.
– Eu não tenho dúvidas disso. – Mi disse, abraçando Jason e Harper limpou as lágrimas que deslizavam pela bochecha.
– Vocês sabem o que é? – Danny perguntou.
– Ainda não, está escondido! – Jason disse rindo.
– Aposto em uma menininha… – Harper disse.
– Eu aposto em um garoto! – Danny disse. – E como eu sempre venço…
– Ah, o ego! – Harper empurrou Daniel, fazendo-os rirem. – Estava demorando! – Eles riram.
– O que esperava, Harper? É o Daniel! – Joe disse, fazendo-os rirem.
– Ok, mamãe! Agora me fala, o que quer comer? Me fala! Qualquer coisa que eu faço para você! – Michelle disse.
– Eu não vou negar! – Michelle disse rindo. – Sua mousse?
– Vai ovo cru, você não pode…
– Ah! – Michelle falou frustrada. – Que tal a torta de maçã? – Harper riu.
– É para já! – Harper sorriu.
– Ela não pode a mousse, mas o resto da família… – Daniel fez um beicinho e Harper riu.
– Ah, filho da mãe! – Michelle bateu no ombro dele, fazendo-os rirem.
– Eu preciso de um banho e já estou pronta para isso.
– Eu vou colher as maçãs. – Daniel se propôs.
– E eu vou aproveitar meus dias de rainha antes de vocês irem embora de novo. – Mi disse, se jogando na poltrona mais próxima.
Cidade do México, México, 2016
Harper
– Hum, dona Harper! O que faz perdida aqui? – Ri ao ver Maria entrar na área reservada do evento.
– Ah, ninguém me falou que o evento era na grama… – Estiquei a perna, mostrando o salto fino.
– Ah, entendi! – Ela disse rindo. – Mas vai ficar presa aqui? – Ela pegou uma bebida do bar e me esticou. – É de tangerina.
– Red Bull?
– Não… – Ela brincou e dei um gole, notando o gosto da vodca.
– Mas não economizaram na vodca. – Brinquei e ela fez a mesma careta ao beber.
– Não mesmo. A primeira estava mais leve, o barman deve estar experimentando… – Rimos juntas.
– Ah, Maria… – Suspirei.
– O que foi, hein?! Você tá quieta aqui… – Ela deu um tapinha em minha perna.
– Só pensando… O ano está chegando ao fim, muita coisa aconteceu… E eu fico pensando como vai ser ano que vem…
– Vocês vão dar um jeito, não? – Ela disse e dei um curto sorriso.
– Fazia muito tempo que não ficávamos juntos um ano inteiro, e agora com o relacionamento… – Neguei com a cabeça. – Nunca me vi como uma pessoa carente, mas acho que sou… – Ela riu fracamente.
– Acho que é normal, especialmente se tem um relacionamento à distância…
– Me conte sobre o seu. – Pedi, olhando para ela. – Você nunca falou nada, não tem aliança, mas é casada, certo?
– Eu tenho um namorado há 24 anos. – Arregalei os olhos surpresa.
– Maria! – Falei rindo. – Qual sua idade? Você não é muito mais velha do que eu.
– Eu tenho 38. – Ela disse rindo.
– Espera… Desde os…
– 14. – Ela riu.
– Maria! – Ela deu um sorriso.
– É aquela história tradicional, começamos a namorar no ensino médio, também nos afastamos para faculdade, algo de 130 quilômetros, não o mundo como vocês… – Sorri. – Mas conseguimos lutar contra as adversidades, os pais falando que não daria certo e tudo mais.
– Isso é legal! – Ela riu. – O que ele faz?
– Ele tem uma pizzaria com a família em Nápoles.
– Oh, mentira! Você podia ter me dito isso antes, assim eu dava uma passada lá, dava uma checada… – Ela riu.
– Não sei se você já foi, mas alguém foi e tem uma estrela.
– Ah, mentira! – Falei fofa.
– Sim! É uma portinha pequena, mas eu adoro aquele lugar, me sinto em casa.
– E nunca pensou em largar essa vida de viagens e carros? – Perguntei.
– Várias vezes, mas ele também trabalha das 10 à meia-noite, sete dias na semana…
– Nápoles é famosa pela pizza, imagino. É no centro velho?
– É! – Ela disse rindo.
– Está explicado, mas fico feliz, Maria, de verdade. – Ela sorriu.
– Ele diz que um dia vai ter coragem de contratar um gerente, que eu vou largar a Fórmula 1, e vamos comprar uma casinha em Vietri Sul Mare e viver como dois aposentados… – Sorri largo.
– Parece um ótimo plano. – Suspirei. – Eu gosto muito da visão dos italianos, do dolce far niente… Mas eu gosto muito de cozinhar, e o Daniel gosta muito de aventura. Talvez teremos um sonho desse quando ele chegar nos 38, 40 anos. – Ela riu.
– Olhe o Kimi! – Ela disse e fiz uma careta.
– É, realmente! – Falei rindo. – Vocês nunca quiseram ter filhos?
– A gente pensa em adotar, no futuro. Talvez um garoto com uns 12 anos, sabe? – Sorrimos juntas. – Porque a mulher tem seu relógio biológico e nenhum dos dois está pronto para largar seus empregos ainda, então…
– Isso é incrível, Maria. Fico feliz por você. – Apertei sua mão e ela sorriu.
– E eu só quero isso de vocês. – Ela apertou de volta.
– Eu sempre sonhei em ser mãe, e não é uma condição, Danny sabe disso, mas acho que precisamos realizar muita coisa ainda antes de darmos esse passo. – Falei. – E o Daniel precisa amadurecer antes.
– Ah, isso totalmente! Só espero que você ainda tenha costas para cuidar de um bebê… – Ri fracamente.
– Espero que sim, mas não é algo que eu preciso pensar agora, eu só quero aproveitar…
– Então por que está pensando nas dificuldades agora? – Ri fracamente, suspirando.
– Você está certa. – Ri fracamente. – Às vezes é impossível fugir.
– E vocês vão lidar com os problemas conforme eles aparecerem. Já lidaram com tanta coisa, a distância é a menor delas… – Assenti com a cabeça.
– Talvez você esteja certa. – Suspirei.
– Harp! Harp! Harp! – Vi Daniel contornar a área VIP na pressa, desviando das pessoas até entrar na área.
– Oi, baby! – Falei rindo, vendo-o esbarrar nas mesas. – O que foi?
– Desculpe, eu te abandonei! – Ele disse rindo, se sentando ao meu lado.
– Baby, está tudo bem, estou conversando com a Maria. – Falei rindo.
– Ah, ok! – Ele deu de ombros. – Está bebendo? – Entreguei o copo a ele que deu um gole… – Não, não está! – Ele fez uma careta. – A vodca tá barata, Red Bull? – Rimos juntos.
– Tonto! – Ele passou o braço em meus ombros, dando um beijo em minha cabeça.
– É, seu tonto! – Ele disse e sorri, me aconchegando em seu peito.
Domingo
Daniel
– Você parece um pouco mais animadinha hoje, baby. – Falei, puxando Harper pelos ombros logo após entrar no paddock.
– Eu estava pensando no ano que vem e a Maria me acalmou. – Ela disse, segurando minha mão.
– Apressando já as coisas, dona Harper? – Perguntei e ela riu.
– Ah, baby, você me conhece, eu nunca soube ter paciência para as coisas, então às vezes fico nervosa em pensar no ano que vem…
– O que você pensa que vai acontecer ano que vem? – Acenei para Massa quando passei por ele.
– Honestamente? Não tenho a menor ideia. – Ela suspirou. – Eu devo seguir naquela ideia de fazer cursos e especializações. Como meu foco vai ser comida australiana e italiana, devo ficar entre a Austrália e a Itália…
– Viu?! Fácil de resolver. – Falei e ela me encarou.
– Você tem o sentimental de uma pedra, né?! – Rimos juntos.
– Por quê?
– Oi, casal!
– Ei, Seb! – Eu e Harper falamos juntos.
– Porque nós podemos ficar meses sem se ver, eu não sei lidar com isso de novo. – Ri fracamente. – Não ri!
– Eu não sei o que dizer, baby. A gente vai ter que aprender a lidar com isso, chamadas, mensagens, nudes…
– Ah, Daniel! – Ela me empurrou.
– Foi você quem disse! – Falei rindo e ela revirou os olhos. – Ah, baby! Vamos devagar. Por enquanto eu estou pensando nas nossas férias, em três meses juntos, curtindo o aniversário do Isaac, Natal, Ano Novo, tudo!
– Até você precisar voltar para a temporada de novo…
– E você vai comigo no que puder. A gente pode ajeitar seus cursos com as corridas, umas férias, você pode estudar em Mônaco… A gente vai se ajeitar, baby. Relaxa. – Ela suspirou. – Tente aproveitar a corrida.
– Vou tentar… – Ela abanou a mão rindo. – Tente ganhar, eu gostei da vibe do México.
– Eu sempre tento! – Rimos juntos e seguidos caminhando pelo paddock.
Harper
Tem alguns momentos na vida que simplesmente precisamos ter a honestidade em falar, pode doer, pode machucar, mas às vezes só queremos tacar o foda-se e ser feliz.
No meu caso é: eu não aguento mais corrida.
Na verdade, meu problema não são as corridas em si, ver de dentro da garagem e da sala de TV em casa, vai ser a mesma coisa, mas essas viagens, a mudança doida de fuso-horário, todos os eventos e compromissos…
Ah, as vezes eu paro e só quero minha cama e dormir em um horário razoável.
Há quem possa comparar com a minha vida como revisora na Michelin, mas era raro eu ficar somente quatro dias em algum lugar. E eu ficava bastante tempo dentro do hotel para escrever as avaliações. Eu estou verdadeiramente cansada.
Também não posso desanimar Danny. É visível o cansaço pela rapidez que ele tem dormido à noite, além de frequentemente dormir nos voos, coisa que é tradição minha. Eu sempre voltava para casa após ele, e sempre ouvia Grace e Mi falarem que ele acordava da hibernação para me receber.
Talvez a ideia de Danny de ficarmos presos no apartamento por uma semana sozinhos, faça parte dessa hibernação. E eu não poderia negar isso. Talvez pela primeira vez desde a época da escola, eu possa realmente aproveitar algumas férias sem pensar no que eu vou precisar fazer em fevereiro. Dá para esperar o começo da próxima temporada para eu decidir minhas especializações e todo o planejamento do restaurante.
Mas antes precisamos finalizar essa corrida, ir para o Brasil, Abu Dhabi, Viena e, talvez, Perth… Apesar que devo estar esquecendo alguma coisa no meio do caminho, tenho certeza.
Apesar do meu bico de pessoa cansada, o clima do México é legal. Eu sempre gostei muito do país, apesar de ficar mais na área do Caribe, mas parecia que a animação se repetia na capital. Creio que foi o autódromo mais cheio que eu encontrei até agora. Sem contar que eu adoro comida mexicana, então nessa parte está muito bem.
A corrida estava quase no final, no geral estava muito bem.
O começo foi bem tumultuado, Danny largou em quarto, mas caiu para quinto. Ocon e Ericsson saíram da pista por alguns segundos e logo voltaram, mas isso fez Ericsson bater em Wherlein e esse não teve a mesma sorte. Após uma volta, Danny teve um puncture do caos da largada e precisou fazer um pit stop e saiu em décimo sétimo novamente, mas na volta 42, ele já estava em quarto novamente.
A ida de Max para o pit stop deixou o belga atrás de Danny, então os engenheiros pediram para fazer a troca, fora isso, nada realmente estava acontecendo. Max competia com Rosberg, mas permanecia para atrás.
Danny fez seu segundo pit stop na volta 51, depois de to-o-o-o-odo esse tempo sem parar. Não deu tempo de ver a posição que ele saiu, mas ele já estava em quarto novamente. Faltando 20 voltas para o fim, já pensava no próximo prato de nachos com guacamole que eu ia colocar para dentro.
Faltando 10 voltas para o fim, Hamilton liderava, Rosberg vindo logo atrás, Vettel, e então Max e Danny. Parecia que nada realmente iria mudar nesse final. Danny estava 10 segundos de Vettel e Hulkenberg estava há 12 dele. O fato de o autódromo ser menor, eram muitas voltas, e tudo se espaçava.
– Ok, seis segundos de distância do Vettel, Verstappen está um segundo à frente de Vettel, vamos continuar forçando, cara. Você passa os dois carros se continuar nesse ritmo. – Simon falou no rádio.
No final da corrida, Max e Vettel começaram a se caçar, fazendo com que Vettel quase passasse Max, mas o belga se protegesse. Ambos saíam com facilidade da pista, voltando com pressa, e Danny aproveitava esses pequenos erros para se aproximar.
Logo subiu o aviso que Max deveria devolver a posição para Vettel por sair da pista e ganhar vantagem com isso, mas isso não aconteceu. Christian não passou nenhuma informação para Max e os nervos ficavam aumentados.
– Ele tem que me deixar passar, ele tem que me deixar passar. – A voz de Seb apareceu pelo som da TV. – Ele é um idiota! É o que ele é!
De tão ficar focada nisso, foi a vez de Danny e Seb brigarem, enquanto Vettel reclamava no rádio, Danny aproveitava as chances de ultrapassagem, mas Vettel acabou fechando-o na zona de frenagem e foi a vez de nossa garagem pensar se ele não merecia uma punição por isso.
– Vocês não estão vendo o que estou vendo. Ele está me empurrando em cima do Ricciardo. – Seb falou novamente.
Esse caos todo acontecia literalmente na última volta.
Enquanto a gente tinha a incerteza do que ia acontecer, Lewis ganhou, com Nico vindo logo atrás, Max em terceiro, Seb em quarto e Danny em quinto.
A equipe estava em dúvidas sobre a comemoração, mas os mecânicos seguiram para o pódio para comemoração. Eu me mantive com os olhos estáticos na TV.
– Que caos! – Michael disse ao meu lado e só consegui assentir com a cabeça.
– Nem fala! – Suspirei.
– Merda! – Ouvi pelo rádio e inclinei o corpo para tentar entender.
– Max levou cinco segundos de penalidade. – Maria sussurrou.
– Isso quer dizer…
– Vettel em terceiro, Daniel em quarto.
– Yeah! – Estiquei as mãos para cima da melhor forma que consegui.
– E Max está esperando pelo pódio… – Maria disse, seguindo correndo pelos corredores da garagem e eu e Michael nos entreolhamos.
– Corre! – Falei rindo.
– Ainda tem a questão do Daniel! – Michael disse. – O Vettel fechou o Daniel, isso não foi avaliado.
– Mas vai… – Vi Christian aparecer em nossa frente enquanto tirava o headphone com raiva. – Se o Max estava errado, o Vettel também está… – E com isso ele sumiu pelo mesmo corredor que Maria.
– Hum… Eu estou um pouco perdida… – Falei e Michael deu um meio sorriso.
– Esperamos no motorhome? – Ele perguntou.
– Eu quero nachos… – Dei de ombros.
– Tem certeza de que você não está grávida? – Ele disse e virei o rosto rapidamente para ele. – O quê? Você tá cansada, mais comilona do que o normal, nenhum pouco empolgada por Danny poder pegar o pódio..
– Eu só estou realmente cansada, Mike. Não aguento mais tudo isso de viagem, parece ano passado de novo, chegou perto do fim e eu não aguentava mais. – Falei em um suspiro. – E eu amo comida mexicana, ok?! – Cruzei os braços, suspirando. – E eu menstruei ontem, só para sua informação.
– Ah, Isaac não vai ganhar um priminho… – Revirei os olhos.
– Ainda não! – Rimos juntos.
– Vamos esfomeada, vamos lá! – Ele me puxou, me fazendo rir.
Daniel
– Você foi promovido a quarto agora no final da corrida…
– Deveria ter sido terceiro. – Interrompi a repórter.
– Me fale sobre isso.
– Eu acho que o Seb fez a mesma coisa que todos estão reclamando sobre ultimamente. – Falei, coçando o rosto. – Tentando fazer a ultrapassagem na zona de frenagem. – Virei o rosto para o pódio, fazendo uma cara de desdém. – Ele está sorrindo agora, mas… Para mim ele não merece estar lá com a ultrapassagem que ele tentou. Ele defendeu, metade na reta, eu estava indo pelo lado de fora, então ele abriu, eu tentei por dentro, eu senti que tinha todo direito de estar lá, mas ele continuou fechando o caminho dentro da zona, eu travei os freios para evitar contato, mas ele continuou fechando, então… No final eu não tinha para onde ir. – Suspirei.
“Eu estou frustrado com isso. Também não entendi o começo da corrida, como você está liderando uma corrida, se defende, trava suas rodas, sai da pista e ainda se mantém em liderança. Acho que Lewis também merece uma penalidade. Eu acho que todo mundo merecia uma penalidade. Também vi Max cortar a chicane, se defendendo de Seb, ele conseguiu uma penalidade, então não sei qual a diferença desse movimento e do de Lewis, para mim, se você trava as rodas e corta pela grama, é um erro, você precisa pagar pelo erro… É, foi frustrante o dia de hoje”.
– Seu engenheiro falou no final da corrida que você poderia alcançar os dois, isso tirou um pouco do ânimo ao final da corrida?
– Ah, não, ainda tem o senso de ânimo e de caça que é o ideal nas corridas, mas esse final foi feio… – Suspirei. – Eu queria estar no pódio, e meu engenheiro me animou para eu lutar contra eles, eu estava empolgado naquele momento, e uma pena que tenha dado no que deu.
– Ao final da corrida, Seb fez alguns comentários, que eu prefiro não repetir, irritados com seu colega de equipe, o que você acha disso?
– Hum, bem, eu encontrei Seb agora pouco e ele não parecia feliz comigo, e nem eu feliz com ele, mas sabemos que Max tem feito alguns movimentos questionáveis, acho que foi a mesma coisa hoje com Seb. – Ponderei com a cabeça. – Não me leve mal, eu adoro lutar forte, duro, ver pneus queimando, trava de pneu e um pouco de contato, mas esses movimentos sob frenagem, você precisa do timing certo para fazê-lo. Hoje com Seb foi isso, eu fiz o movimento, ele notou que fez merda, e tentou recuperar o erro, mas para mim ele não está certo.
– Uma pena não te ver no pódio.
– Sim… Mas ainda foi uma ótima corrida.
– Obrigada, Daniel! – Ela disse e dei um aceno de cabeça, seguindo com Maria.
– Tretas à vista? – Maria comentou e suspirei.
– Eu só sei o que eu vi… Tá tudo ferrado. – Falei em um suspiro.
– O Christian já foi atrás disso. Pior do que você não estar no pódio, é nem o Max estar no pódio. Te garanto que vai ser um longo dia… – Neguei com a cabeça.
– Eu só quero um banho e ir para o hotel, honestamente. – Suspirei. – A cabeça está até pesada.
– Acho que ao menos ficar para esperar apelação você tem.. – Maria disse e assenti com a cabeça.
– Só espero que não demore tanto. – Esfreguei o rosto.
– Relaxa, Danny boy, nem foi tão ruim ainda… – Maria disse. – Quinto lugar, pontos a mais…
– Acho que as corridas mais polêmicas são as piores, viu?! – Suspirei, entrando no motorhome.
– Vai com a Harper que ela sabe te acalmar. – Maria me empurrou para dentro e suspirei, vendo Harper sorrir para mim.
– Baby! – Ela veio em minha direção e me abraçou!
– Ah, baby! – Abracei-a fortemente. – Foi ruim!
– Não foi tão ruim, mor, foi muito bom! – Ela passou a mão em meu rosto, me obrigando a olhar para ela. – Christian vai conseguir apelar, você vai ver. Ele é bom nisso. – Ela disse.
– Até demais… – Maria sussurrou.
– Relaxa, mor. – Harper passou as mãos em meus cabelos. – Vai dar tudo certo.
– Não quer voltar para o hotel? – Perguntei e ela riu.
– Até quero, mas também não ligo de comer meu sétimo taco do dia. – Rimos juntos e dei um beijo em sua bochecha.
– Pede para gente, eu vou tomar banho e volto aqui.
– Ok, baby. Me chama se precisar de algo…
– Posso precisar agora… – Falei e ela revirou os olhos.
– Idiota! – Ela disse, me fazendo rir e segui escadas acima com Michael ao meu lado.
– Espero que não precise de mim da mesma forma! – Ele disse, me fazendo rir.
Harper
– Mais? – Ergui o rosto, vendo Daniel me empurrar mais uma cestinha com dois tacos e pressionei os lábios. – Está sujo… – Ele indicou meu rosto e passou o polegar perto da minha boca. – Pimenta.
– Obrigada… – Falei rindo e peguei um guardanapo, passando em minha boca. – Está demorando bastante, não?
– Nem fala! – Danny disse dramático, jogando a cabeça para trás, e seu corpo deslizou um pouco na cadeira.
– Confiança, baby. – Segurei sua mão na mesa e ele entrelaçou-a.
– Obrigado por tudo, baby. – Ele disse.
– Por quê? – Segurei sua outra mão, apertando-a com força.
– Por estar comigo sempre. – Sorri.
– E vou continuar pelo resto da sua vida. – Estalei um beijo em sua bochecha, fazendo-o sorrir. – Então, tacos?
– Meu Deus, Harper! – Ele disse rindo e dei de ombros, vendo Christian e Adrian entrarem no motorhome.
Ah, vamos lá!
– E aí, Christian? – Danny levantou apressado.
– Vettel foi punido! O pódio é seu! – Ele disse.
– IHULL! – Daniel falou animado. – KI, KI, KI! EY, EY, EY! – Ele falou animado, me abraçando e pulando junto.
– Baby, baby! – Falei rindo, sentindo-o me chacoalhar forte e podia sentir os tacos voltando.
– Ah, baby! – Ele pressionou nossos lábios, me fazendo rir.
– Parabéns, baby! – Estalei um beijo em sua bochecha, empurrando-o para perto de Christian.
– Isso aí, garoto! – Christian o abraçou empolgado e senti alguém bater em meu ombro.
– Deu certo! – Michael disse e sorrimos, dando um toque de pulsos.
– Ninguém passa mais ele. – Maria disse ao nosso lado.
– O quê? – Perguntei.
– O Daniel. – Ela disse. – Com esse pódio, ninguém passa mais ele no terceiro lugar. O terceiro lugar do campeonato de pilotos é da Red Bull! – Ela disse e sorri, abraçando-a de lado.
– Parabéns, Mary! – Brinquei, ouvindo-a rir.
– Ai, essas coisas me emocionam! – Ela brincou, me fazendo rir.
– Ai, essas mulheres juntas. – Michael disse rindo e logo Danny foi até ele abraçá-lo. – Parabéns, cara! – Ele disse animado.
– Ah, valeu, cara! – Danny disse rindo, verdadeiramente aliviado. – Ah, caras, obrigado para todo mundo! Uh, posso dormir em paz agora.
– Mas e o troféu, você precisa receber, não?! – Perguntei animada.
– Eles vão gravar de novo. – Christian disse. – Logo estão aqui.
– Eu quero receber no pódio! – Ele disse.
– Ah, fala sério. – Christian disse.
– Por que não? – Perguntei surpresa.
– A essa hora? Não tem mais ninguém no circuito.
– Temos nós! – Max disse, surpreendendo bastante gente. – Ah, qual é! Até eu ia querer subir no pódio se fosse eu.
– Era para ter sido… – Sussurrei devagar e Max me encarou. – Nem vem, quem fez besteira foi você mesmo! – Falei, causando risadas em mais pessoas.
– É verdade! – Henrique deu um tapinha nas costas dele.
– Vai, Christian, vamos! – Maria disse. – Deixa eles aproveitarem, ficamos cinco horas esperando isso.
– Vai, Christian! Só um pouco. – Falei.
– É, vamos! – Daniel disse rindo, colocando o casaco da Red Bull.
– Vai ser bom para esfregar na cara do Vettel… – Ele disse e revirei os olhos.
– Você é um homem muito amargo, senhor Horner! – Falei, vendo-o rir fracamente.
– É provocação idiota, ele nunca vai deixar de amar o Seb. – Danny disse, nos fazendo rir.
– Com licença… – Bernie apareceu com o troféu em mãos. – Acho que isso pertence a você, Daniel.
– Ah, cara! Obrigado! – Ele disse rindo, pegando o prêmio e cumprimentando o diretor das corridas. – Essa valeu à pena.
– Foi uma bela corrida, parabéns! – Bernie o abraçou contente.
– Vamos, Daniel! Vamos fazer algumas fotos. – Mark disse e Maria abriu a porta do motorhome.
– E vamos logo, eu quero ir embora! – Ela disse e fui a primeira a sair do local.
Além de mim, Danny, Michael, Mark, Maria e Henrique, Max, Christian e Adrian vieram juntos. Não creio que era pela felicidade do Daniel, era mais para ver Daniel pagando mico mesmo. Passamos por dentro da garagem e fomos para a da FIA.
Foi a primeira vez que eu realmente entrei na garagem da FIA e era bem mais simples do que a dos pilotos. Ao subir as escadas, já tem a sala de descanso dos pilotos, que já estava limpa, e tinha a porta para o pódio.
– Alguém vai dizer? – Daniel perguntou.
– Ah, mas é muito aparecido! – Max disse, nos fazendo rir.
– Vai, eu digo! – Empurrei Max pelo ombro.
– E EM TERCEIRO LUGAR… – Senti a garganta raspar. – Da Red Bull Racing, da Austrália… – Respirei fundo. – Danie-e-e-e-el Ricciardo-o-o-o-o! – Falei alongado.
– UUUUUUUH! – Daniel entrou animado, pulando no pódio de terceiro lugar, nos fazendo rir e aplaudir com ele.
– E o terceiro lugar no campeonato! – Maria disse.
– ISSO! – Daniel comemorou.
– Aqui, para fazer uma graça! – Henrique entregou um sombrero para Daniel e Max pegou o outro. – Juntem para as fotos!
– Parabéns, baby! – Aplaudi animada, vendo-o com um lago sorriso no rosto.
Olhei para a arquibancada vazia do lado de lá, as luzes todas apagadas e vi que o glamour da Fórmula Um realmente só existia com pessoas olhando. Apesar disso e do cansaço, tinha gostado do GP do México. O acolhimento deles é muito gostoso e o ambiente realmente ferve.
Além da comida. Não podemos deixar de falar da comida.
Daniel
– Obrigado, obrigado! – Assinei mais um boné! – Gracias! Gracias por todo!
– Vamos, Daniel. – Maria disse.
– Obrigado! – Falei mais uma vez antes de sentir Maria me puxar pelo ombro. – Ah! – Os seguranças fecharam a passagem e Maria me empurrou para o hotel. – Ah, relaxa, Mary!
– Está tarde, Daniel. Vamos! – Ela disse.
– Ah, Mary, eu estou feliz! – Abracei-a pelos ombros. – Foi um ótimo fim de semana.
– Nem parece o mesmo cara no começo da noite. – Rimos juntos.
– Ah, só vou passar a noite com minha garota, tomar um banho e relaxar… – Falei, vendo Harper esperando perto do elevador.
– Só? – Maria me provocou.
– Ah, sabe como é, o que acontece depois daí eu já não sei te dizer… – Falei e ela riu.
– Aproveita, Daniel! Eu vou falar na recepção. Até amanhã.
– Até amanhã, Mary! – Estalei um beijo na cabeça da mais baixo.
– Ah, Daniel! – Ela me empurrou, me fazendo rir.
– Baby-y-y! – Chamei Harper, vendo-a virar para mim.
– Oi, baby! – Ela disse e me aproximei, abraçando-a pela cintura. – Esperou muito?
– Está tudo bem. – Ela passou a mão em minha cintura.
– Vamos para o quarto, descansar um pouco. – Apertei o botão do elevador, vendo-o abrir logo em seguida e entramos nele.
– Eu preciso descansar, de verdade. – Ela suspirou, apoiando a cabeça em meu ombro.
– Foi agitado, né?!
– Foi! – Ela disse rindo. – Mas foi bom também… – Ela suspirou.
– Acho que foi menos agitado do que no ano passado. – Falei sugestivamente e ela ergueu o olhar para mim.
– O quê? – Ela perguntou.
– Sabe, há essa hora ano passado eu não sabia nem meu nome. – Ela negou com a cabeça, dando um tapinha em meu ombro.
– Você está fazendo piadas agora, mas aposto que estava bem nervoso de aparecer uma mulher com um filho seu… – Ri fracamente, vendo o elevador se abrir.
– Sendo bem honesto, sim. – Disse. – Imagina eu com um filho, Harper? É loucura!
– Você se dá muito bem com o Isaac, baby. – Ela saiu na minha frente.
– Ele é meu sobrinho, se ele chora, eu dou para Mi.
– Mesmo assim, baby! Creio que quando essas coisas acontecem, a vida meio que nos prepara para isso, de forma boa ou ruim… – Ela ponderou com a cabeça, batendo o cartão-chave na porta.
– Mas vamos tentar nos preparar, certo? – Olhei rápido para ela. – Digo… Eu sei que você quer ter filhos e tal, mas… Não é agora, certo?
– Não! – Ela disse rapidamente, entrando no quarto. – Agora não seria nada legal para mim também, baby, mas você sabe que transamos, então tem chances de acontecer, certo? Mesmo com camisinha e anticoncepcional?
– Sim, sim! Eu não faltei a tantas faltas de biologia assim. – Ele disse.
– Ok, estar ciente disso já basta. – Ela se sentou na cama.
– Se algum acidente acontecer, eu não vou te abandonar, Harp. Se é o que está pensando… – Sentei ao seu lado.
– Eu sei que não, mas também não quero estar em algo forçado… – Ela disse.
– Nunca estarei, baby. Não com você. – Ela sorriu, dando um beijo em minha bochecha.
– Bom. – Sorrimos juntos. – Por que você não vai tomar um banho? Tirar esse cheio de champanhe do corpo e da cara, depois a gente relaxa um pouco? – Assenti com a cabeça, dando um beijo em sua cabeça.
– Você quer comer algo?
– Bem… É nossa última noite no México…
– Tacos? – Brinquei e ela riu.
– Um pouco de tequila também, que tal?
– Hum… Quem é você e o que fez com minha Wandinha? – Ela sorriu.
– Faça como eles, não?! – Ela brincou e eu ri.
– Não vou negar isso. – Me levantei. – Você pede?
– Pode deixar! – Ela riu, se deitando na cama.
– Ou vai dormir antes de eu voltar?
– Ok, entendi. É perigoso! – Ela disse, se apoiando nos antebraços. – Mas está tão gostoso-o-o… – Neguei com a cabeça.
– Vai para o banho e eu peço! – Falei. – Assim você desperta.
– Falta confiança em mim, senhor Ricciardo. – Ela disse dramática e ri.
– É, nesse departamento falta mesmo! – Brinquei. – E eu quero comer e beber tequila com minha garota.
– Combinado! Eu quero taco de milho, não de farinha que fica molenga e perde toda graça… – Ela apontou séria para mim.
– Entendi! – Dei uma continência, vendo-a piscar para mim e seguir para o banheiro.
Capítulo 42
Perth, Austrália – 2014
Harper andava de um lado para o outro quase como se quisesse fazer um buraco no chão. O local estava quieto e bastante iluminado pelo Sol que entrava na janela, além das luzes brancas do hospital.
Seu olhar estava baixo, diferente de Joe que olhava diversas vezes para as portas de vidro da entrada, esperando que Daniel magicamente aparecesse pela porta. Na televisão, imagens do Speed Fest que aconteceu mais cedo no centro da cidade, passava em repetição.
O olhar de Harper se ergueu para a porta do centro cirúrgico, mas nada. Nenhuma notícia de Michelle, Jason ou Grace. Ela suspirou, sentindo os ombros doerem de tensão. Já tinha perdido a contagem de quantos minutos estava ali.
– Cheguei! Cheguei! – Harper e Joe viraram o rosto para a porta, vendo Daniel entrar com o macacão da Red Bull Racing, um capacete na mão, além dos cabelos baixos e o suor escorrendo pela testa.
– Daniel! – Harper disse em um tom aliviado, já Joe disse em tom de surpresa, por ele chegar naquele estado.
Harper pulou nos braços do amigo, ignorando o corpo suado do amigo e respirou aliviada. Daniel apertou-a com o braço livre, dando um beijo nos cabelos da amiga. Eles trocaram um olhar, deixando sorrisos no rosto.
– Senti saudades! – As vozes falaram juntas e eles riram, se abraçando mais uma vez.
– Você está nojento! – Harper disse.
– Desculpe, acabou atrasando, eu pedi para me trazerem aqui o mais rápido que consegui. – Daniel colocou o capacete e o headrest em uma das poltronas da sala de espera e foi até o pai.
– Oi, filhão! Está um arraso! – Joe falou sarcasticamente enquanto abraçava o filho.
– Desculpe, sei que não é a melhor forma, mas… – Ele suspirou, sendo apertado pelos braços do filho.
– A gente perdoa dessa vez. – Eles riram. – Parabéns pelo campeonato, filho!
– Ah, cara! Obrigado! – Danny disse, rindo nervoso. – Terceiro lugar. O pessoal tá muito feliz.
– Nós estamos muito felizes por você! – Joe deu uns tapinhas em seus ombros.
– Parabéns, Danny! – Harper sorriu, suspirando. Tirando a vitória no Canadá, não viu muitas coisas, mas soube que ele competiu de igual para igual com Vettel em várias corridas, o ultrapassou e ainda conseguiu ficar em terceiro lugar no campeonato geral, somente atrás de Hamilton e Rosberg.
– Valeu, gente! Foi um bom ano! – Ele suspirou aliviado.
– Como está Jules? – Harper perguntou, pegando o garoto desprevenido. – Eu vi…
– Ah! – Ele deixou os ombros caírem. Harper podia não lembrar das suas conquistas, mas guardava muito bem as tragédias.
– Daniel…
– Harper… – Ele disse no mesmo tom. – Não começa.
– Eu não fiz nada! Isso é culpa interna! – Daniel jogou a cabeça para trás. Demorou o quê? Cinco minutos?
– Você não pode pegar leve, não?
– Não! – Ela disse séria e o tom de voz começou a aumentar. – Seu amigo sofreu um acidente, 254G, está em coma! Você acha que eu vou “pegar leve”? – Ela passou as mãos na cabeça. – É loucura!
– Foi um acidente, Harper! Como você mesma disse! Não é algo que acontece com frequência.
– Não, mas podia ser você! Imagina que fosse você? Como você acha que eu ficaria? – A voz de Harper aumentava.
– Gente! Gente! Não é hora para isso! – Joe apoiou a mão nos braços dos dois.
– Nunca é hora para isso. – Daniel disse.
– Ah, então eu não deveria me preocupar? – Harper falou. – Deveria ficar confortável por ele arriscar a vida dele toda semana?
– Ah, meu Deus! – Daniel jogou a cabeça para trás, se sentando na primeira poltrona que viu.
– Depois vocês conversam sobre isso, pode ser? – Joe disse e Harper andou até a outra poltrona, cruzando os braços.
O silêncio reinou na sala de espera de novo, os dois mais novos se sentaram rabugentos e foi a vez de Joe voltar a andar pela sala de espera. Devido a diabetes de Mi, sabiam que a gravidez teria um risco no final, mas parecia que eles estavam esperando há uma semana.
Daniel apoiou o braço no apoio da poltrona e pegou a mão de Harper, fazendo-a virar o rosto para ele. Eles trocaram um curto sorriso e Harper apoiou a cabeça em seu ombro.
– Senti saudades! – Ela disse e Danny sorriu.
– Eu também, Wandinha. – Ele disse suspirando.
– Parabéns pelo campeonato.
– Obrigado! – Ele sorriu.
Do lado de dentro do centro cirúrgico, Grace andava pelo local com lágrimas nos olhos e um largo sorriso nos lábios. Era avó! Seu netinho nasceu e era um meninão saudável! Ela passou pelas portas de vidro e Harper se levantou em um pulo.
– Nasceu! – Grace disse.
– A-a-a-ah! – Harper correu abraçá-la, fazendo Daniel e Joe terem a mesma reação.
– Como ele é?
– Ele está bem?
– E a Mi?
– É saudável? – Os três desembestaram a perguntar coisas para ela, fazendo a mais velha rir, limpando as lágrimas.
– Ele é lindo, perfeito, três quilos e 600, 52 centímetros… É um meninão! – Ela suspirou.
– Ah, mãe! Graças a Deus! – Daniel suspirou. – E a Mi como está?
– Ela está bem, cansada… Ele fez sua irmã cansar, viu?! – Eles riram. – O que você está fazendo de macacão?
– Longa história! – Daniel abanou a mão.
– A gente pode ver eles?
– Claro! Claro! – Grace disse. – Venham! – Ela disse e Harper a abraçou de lado quando os quatro passaram pela porta. – Silêncio…
Eles caminharam cerca de 20 passos até chegarem na porta. Uma plaquinha azul com um ursinho e o nome Isaac a decorava. Harper fez um bico antes mesmo da porta se abrir. A primeira coisa que viram foi Jason sentado ao lado da maca e o mesmo pediu silêncio com o indicador na boca. Michelle dormia.
– O-o-oi! – Harper entrou animada, dando um abraço no cunhado, apertando-o fortemente. – Parabéns!
Daniel foi rapidamente em direção ao berço aos pés da cama da mãe. Estava calor em Perth, mas o bebê estava enrolado em uma manta branca, com uma touquinha azul e dormia calmamente. As lágrimas imediatamente foram aos olhos de Daniel, e ele fez uma careta para tentar sugá-las de volta para dentro.
– Pode chorar! – Jason disse e Daniel riu, abraçando o verdadeiro cunhado.
– Parabéns! – Daniel disse e foi a vez de Joe e Harper seguirem até o bebê.
– E aí, vovô? – Jason disse, fazendo Joe rir e negar com a cabeça.
O bico e cara de choro de Harper era o mesmo que Daniel. Ela se inclinou para o bebê, tocando com as costas do indicador a bochecha gorda do menino e sentiu as lágrimas deslizarem pela sua bochecha.
– Oi, meu lindo! É a madrinha! – Ela disse fracamente, a voz quase faltando pelo tom baixo.
– Ele é lindo! – Daniel disse, passando as mãos nos olhos.
– É parte de vocês! – Jason disse, dando um tapinha nas costas do cunhado.
– A gente vai cuidar muito bem dele. – Harper disse, dando espaço para Joe babar no neto.
– Eu sei! – Jason disse.
– A gente sabe! – Eles viraram para Michelle que havia falado, se espreguiçando um pouco após a rápida soneca.
– Ah, Mi! Ele é lindo! – Harper foi até ela, abraçando-a com mais cuidado, devido aos aparelhos que estavam conectados a ela.
– Ah, mana! – Daniel foi em seguida e Joe deu um beijo na testa da filha.
– Como você está, meu anjo? – Joe perguntou.
– Cansada! – Ela disse rindo, alargando o sorriso de outros.
– Imagino! – Harper acariciou o cabelo suado dela. – Mas valeu à pena…
– Cada minuto! – Michelle sorriu. – Ele é perfeito!
– Ele é lindo demais! – Harper suspirou.
– Presente de Natal veio mais cedo, hein?! – Jason brincou.
– É o melhor presente de todos. – Daniel riu. – Eu estou feliz por vocês!
– Obrigado, mano! – Jason sorriu e um choro fino distraiu os cinco.
– Agora o trabalho de verdade começa, hein?! – Foi a vez de Joe brincar.
– Agora vai! – Mi riu. – Quer pegá-lo? – Ela ofereceu.
– Sim! – Harper falou prontamente, seguindo para perto do berço.
– Deixa que eu te ajudo. – Jason disse, tirando Isaac do berço devagar e ajeitou-o em seu colo antes de Harper segurá-lo com todo cuidado do mundo.
– Oi, meu lindão! Aqui é a madrinha! – Harper disse, quase tocando seu nariz no do bebê.
– E eu sou o padrinho mais lindão ainda! – Daniel disse atrás de Harper, fazendo-a revirar os olhos.
– Vamos cuidar de você, meu amor. – Harper suspirou. – Para sempre.
NOVEMBRO
Los Angeles, Estados Unidos – 2016
Harper
– UHU-U-U-UL! – Neguei com a cabeça ao ouvir o grito de Daniel pouco antes de ele sumir no mar.
– Já imaginou ver algo assim? – Tom perguntou, me fazendo rir.
– Nem a pau! – Falei rindo, colocando a mão acima dos olhos. – Ele sempre foi medroso.
– Existem tubarões em Los Angeles? – Tom perguntou e somente arqueei os ombros.
– Não sei, mas não sou eu quem vou falar para ele. – Tom riu alto ao meu lado.
Me ajeitei em cima da toalha e puxei minha bolsa para checar o horário no celular e já estava perto das cinco da tarde. Ele não iria aguentar o som do Chance the Reaper mais tarde. Confesso que nem eu estava com muito saco para esse show, mas o que a gente não faz para agradar o Daniel, né?!
Eu estou me sentindo igual quando fazia minhas revisões na Michelin, exausta. Parece que uma chave é ligada no fim do ano e o cansaço simplesmente aparece. Ao menos só faltavam duas corridas, a premiação da FIA e depois poderia desmaiar na minha cama em Perth novamente. Mais um mês. Era tudo que eu precisava.
Talvez eu possa dizer que a temporada da Fórmula Um é mais pesada que a minha era. A mudança extrema de fuso-horário desgastava muito. Quando eles planejavam meu calendário, eles tentavam manter próximo, evitando mudanças bruscas de fuso-horário, agora aqui? Não tem condições.
Ao menos estávamos vindo de uma leva mais calma. Estados Unidos, México e o próximo vai ser Brasil. Depois temos uns 10 dias até Abu Dhabi, mas aí já estaremos mais perto de Perth. Apesar que a premiação é na Áustria, se eu não me engano. Com Maria como assistente, eu não precisava me preocupar com mais nada. Eu só seguia!
– Ei, baby! Não vai entrar mesmo? – Ergui o rosto quando Danny apareceu cobrindo o Sol.
– Não dá, baby! – Falei rindo.
– Ah, verdade! O mar vermelho. – Ele disse e revirei os olhos, esticando a toalha ao meu lado para ele.
– Como estava a água?
– Bom, bem quentinha! – Ele disse, esfregando a toalha em seu rosto e cabelos.
– Não lembrou dos tubarões? – Brinquei e ele abaixou a toalha só para mostrar a língua.
– Tonta! – Ele disse, me fazendo sorrir. – Preparada para o show hoje? – Suspirei.
– Ah, baby… – Tombei a cabeça para trás.
– Não começa! – Ele disse, se jogando ao meu lado, fazendo alguns respingos de água caírem em mim. – Você vai!
– Ah, baby! – Suspirei. – Você tem os caras! Vocês podem beber, ficar doidos, sem que eu encha o saco de vocês!
– Mas você lá… É a diversão…
– Caham! – Blake falou e Danny lhe deu um tapão na nuca, fazendo estalar alto.
– É sério, baby! Não fique chateado. Só tentem maneirar na bebida. – Pedi e ele ponderou com a cabeça.
– E você vai estar pronta para o Brasil? – Ele perguntou e ri fracamente.
– Claro! Calor, coxinhas, caipirinhas… – Falei sorrindo. – Pronta para renovar minha marquinha de biquini.
– Acho que o hotel tem piscina… – Ele disse e ri, virando o rosto para o pôr-do-sol e suspirei.
– Eu quero ir para casa, baby… – Virei para ele novamente.
– Só mais alguns dias, meu amor. – Ele disse e assenti com a cabeça
– Só mais alguns dias… – Suspirei, sentindo-o beijar meu ombro.
São Paulo, Brasil
Daniel
– Ah, cara! Vai ser bom demais ter você aqui por mais um ano, viu?! – Dei alguns tapinhas nas costas de Felipe.
– Imagina que o clima não está muito bom, né?! – Ele disse e ponderei com a cabeça.
– Eu não sei, cara. Você deu tudo que podia dar por esse esporte, você teve sua cota de injustiças… Mas o que prefere? Ficar em casa ou queimar mais um pouco de pneu e ganhar mais dinheiro? – Perguntei, ponderando com a cabeça.
– Pensando nesse caso, sim, mas… – Ele indicou com a cabeça o longe e virei o rosto, vendo Harper sentada em uma mureta, comendo pipoca de um saquinho, claramente me esperando. – Ir para casa e ficar com quem se ama? – Ri fracamente.
– Amo isso, mas voltar para casa ainda é minha coisa favorita. – Harp sorriu para gente, se levantando da mureta.
– Aproveite, cara. – Ele deu dois tapinhas em meus ombros e ri fracamente.
– Oi, Harper.
– Oi, Felipe! – Ela acenou para ele quando ele foi para o outro lado com a assessora da Williams.
– Ei, baby! – Falei e ela sorriu, se inclinando em minha direção e trocamos um rápido beijo.
– Oi, baby! – Ela sorriu risonha.
– Você parece feliz. – Falei, ouvindo-a rir.
– Eu realmente gosto desse país! – Ela disse rindo. – Mas estamos cada vez mais perto de irmos para casa. – Ela me esticou a pipoca e eu ri.
– Só mais duas, baby. – Falei e ela assentiu com a cabeça.
– Vamos sair daqui? – Indiquei os fotógrafos à nossa volta e ela seguiu ao meu lado, caminhando pelo paddock.
– Sabe, eu gostei desse paddock… – Ela disse. – É fechado, os fãs parecem ter mais acesso à vocês, o que é bom para eles… Mas esse corredor de vento! – Rimos juntos.
– A desvantagem de Interlagos é essa. Quase sempre está nublado… A ideia do paddock fechado em cima é boa, mas essa corrente que forma…
– Vamos te encontrar um casaco mais quente, que tal? – Falei, passando o braço em seus ombros.
– Eu aceito um café também. – Ela disse.
– Pipoca com café? – Peguei o saquinho de sua mão, fazendo-a rir. – O que aconteceu com Harper Addams?
– Está se tornando mais leve, mor… – Ela sorriu para mim.
– Não dá para correr sempre, né?! – Falei e ela riu.
– Nem ser chata sempre. – Dei um beijo em sua testa, sorrindo.
– Você não é chata, baby….
– Quando falamos de comida, eu sou sim… – Deixei-a entrar na minha frente quando entrando no motorhome da Red Bull e tudo estava mais quente ali dentro.
– Ainda bem que é você quem está dizendo. – Dei de ombros, amassando o saco de pipoca e ela caminhou até o balcão.
– E aí, cara? – Virei para o lado, vendo Michael.
– Ei, perdido aqui? – Ele riu.
– Fugindo do frio como quase todo mundo. – Ri com ele.
– É, diz isso para friorenta ali! – Indiquei Harper na ponta dos pés apoiada no balcão e ele riu.
– Ela está contando os dias para ir embora. – Ele disse.
– Nem fala! Até eu já estou contando os dias… – Estralei o pescoço.
– Vamos manter firme, cara. Ainda temos duas corridas. – Ele disse e ri fracamente.
– Vamos lá! – Suspirei e vi Harper se juntar à roda com um copinho de café fumegante.
– Café? – Rimos.
– Eu vou pegar um também. – Falei.
– Por que estão rindo? – Ela perguntou e dei um beijo em sua testa.
– Só feliz por você, baby. – Falei e ela franziu a testa, rindo sozinha.
Sábado
Harper
– Bom… É o que tem para hoje! – Dei de ombros, pulando da bancada da garagem ao ver a bandeirada da classificatória e Danny finalizar em sexto.
– Podia ser pior… – Michael disse ao meu lado, dando de ombros.
– Ele nunca vai bem no Brasil, eu chequei! – Falei, andando para perto do bar e peguei meu copo com suco de laranja, terminando com um gole.
– Bom, ainda dá para fazer algo… Que tal suas tranças para amanhã? – Nigel falou, passando por nós e ri fracamente.
– Que tal não? – Brinquei, vendo-o rir.
– Harper parou de apoiar a causa! – Christian falou ao passar por dentro e ri.
– Não parei de apoiar a causa, aceito mais vitórias… – Falei, indicando com a mão. – Mas também sei que todos já estão cansados.
– Nem fala! – Adrian passou suspirando e ponderei com a cabeça.
– Viu?! Mais gente quer ir para casa… – Dei de ombros.
– Eu quero voltar para Déborah! – Michael disse, pegando a garrafa de água de Danny e seguiu Christian e Adrian.
– Bom… Eu vou também! – O segui, andando a passos mais lentos, saindo no paddock.
O caos pós-classificatória estava instaurado, pilotos andavam para todos os lados com seus assessores e os fotógrafos e repórteres andando muito rápido atrás dele. Eu já estava acostumada com essa atenção desnecessária perto de mim, eles eram invasivos, mas não inconvenientes. Eu dava um sorriso e costumava manter a boca ocupada para não terem eles lendo meus lábios.
Me aproximei da área da imprensa, vendo Daniel falando todo animado com alguém e dei um sorriso para alguns repórteres ali em volta e fingi ter algo muito importante para ver no meu celular. Acabou que tinha uma mensagem de Grace falando que estava sem sono e que acabou vendo o treino completo. Era quatro horas em Perth, tia Grace precisava de horários melhores.
“Vá dormir! É uma ordem!” – Enviei, rindo fracamente.
– Quem dormir? – Dei um pulo, virando rapidamente.
– Ai, Daniel! – Bati em seu ombro com o celular, ouvindo-o rir. – Idiota! – Falei.
– Sempre! – Ele disse, me segurando pela cintura e apoiei uma mão em seu ombro enquanto a outra guardava o celular no bolso. – Quem era?
– Sua mãe! Ela está acordada agora. – Falei.
– Ah, dona Grace! – Ele disse e senti alguns flashes em meu rosto.
– Precisamos voltar! Eu preciso voltar a cuidar da dieta da sua mãe. – Falei e ele riu.
– Ela vai adorar isso. Você torna fácil fazer dieta. – Ele disse, me fazendo sorrir.
– Mas, ei, como está? – Empurrei-o de leve.
– Bem, a diferença é de menos de um segundo, o pessoal atrás está mais lento… Vamos ver o que vai acontecer… – Ele deu de ombros.
– Vamos ver o que vai acontecer, baby. – Falei e ele deu um beijo em minha bochecha.
– Vamos para a reunião da engenharia? – Ele perguntou e assenti com a cabeça.
– Vamos! Cadê o Max?
– Evitando vomitar… – Me assustei, vendo Max do nosso lado.
– Quanto tempo está aí? – Perguntei.
– Desde vocês falaram da mãe do Daniel. – Ele disse, colocando o canudo na boca e neguei com a cabeça.
– Deus! Hoje vocês tiraram o dia para me assustar! – Ergui as mãos, seguindo para o motorhome da Red Bull e ouvi os dois virem rindo atrás de mim.
Domingo
Daniel
Brasil é mesmo uma caixinha de surpresas, mas nem todas as surpresas são boas.
O dia amanheceu feio e entre rápidas paradas, a chuva se manteve firme o dia todo. O paddock é fechado, então formava um corredor de vento que deixava tudo mais frio, inclusive a friorenta da Harper que ficou trancada no motorhome o dia inteiro, só saiu quando Massa deu uma passada lá com Felipinho.
Outro também que estava um caco. A incerteza da Williams em mantê-lo ou não falava alto, então hoje era como uma despedida para ele. Uma despedida no seu país, e talvez uma na Fórmula Um em Abu Dhabi na próxima corrida.
Eu não deveria me preocupar com isso, mas fico projetando isso em mim, imaginando no fim da minha carreira, ou em uma possível baixa, ou talvez até demissão.
Estou em um ótimo momento agora, mas pode ser diferente amanhã. São poucos pilotos que conseguiram se manter firmes por diversos anos, ou anos sequenciais. Tinha sempre uma quebra. Eu não sou tão egocêntrico em achar que não vou ter o mesmo problema.
Espero que não, mas não sabemos o dia de amanhã!
– Bora, Harper! – Falei em um tom mais alto ao abrir a porta, fazendo-a pular.
– Ai, Danny!
– Dormiu de novo?
– Para, eu estou cansada! – Ela se sentou desanimada, puxando os tênis para perto.
– Eu tenho ouvido essa frase com frequência. – Falei, entrando na minha sala e fechei a porta.
– Porque eu ainda estou cansada. – Ela disse rindo, calçando um pé de cada vez.
– Precisamos planejar nossas férias. – Falei e ela franziu a testa. – O quê? Que cara é essa!
– Que férias, baby! Eu quero dormir por seis meses inteiros, depois eu penso no que eu vou fazer! – Ela negou a cabeça, tirando o lacinho bagunçado de seus cabelos.
– Bem, eu não tenho essa liberdade, mas deveríamos fazer algo juntos…
– Vamos, a mesma coisa que fazemos todos os anos…
– Tentar conquistar o mundo? – A interrompi e ela revirou os olhos.
– Idiota! – Sorri, fazendo-a rir comigo.
– Não! Ficar em Perth, na fazenda, cuidando dos animais, colhendo frutas e vendo você fazer qualquer idiotice como quebrar a mão, torcer o joelho e…
– Ei, estou ficando velho. Não dá para pagar para ver.
– Ainda bem que só você está ficando velho! – Ela refez o rabo de cavalo, me fazendo rir. – Eu estou novinha.
– Relaxa, logo as costas começam a doer. – Ela ponderou com a cabeça.
– Já doem!
– Viu?! – Rimos juntos.
– Pronto para vencer mais uma? – Ela perguntou, apoiando os braços em meus ombros.
– Eu ia gostar muito, mas eu não tenho tanta sorte no Brasil…
– Às vezes consegue mudar…
– Às vezes… Mas não sei se te informaram, mas eu vou largar em sexto e está chovendo canivete lá fora… – Falei e ela fez um bico com uma careta.
– Você toma cuidado, ok?! – Ela fechou o velcro do meu macacão.
– Tenho certeza de que você não vai precisar se preocupar, baby. Se não cancelarem, vai ser uma corrida atrás do Safety Car… – Ela suspirou, ponderando com a cabeça.
– Não sei o que é pior…
– Isso! Isso definitivamente é pior. – Rimos e ela aproximou os braços, me abraçando fortemente.
– Vamos acabar o dia logo e dormir em uma cama quentinha.
– De preferência com você pelada. – Falei e ela deu um beliscão nas minhas contas. – Ai!
– Chato! – Ela disse, me fazendo rir.
– Vamos! – Indiquei e ela pegou o casaco, colocando-o e fechando até em cima.
Ela veio ao meu lado e abri a porta, ouvindo a chuva forte bater na cobertura do paddock, além de várias pessoas correndo, pois mesmo assim a água entrava, formando pequenas cachoeiras e poças. Passei o braço pelos ombros de Harper e seguimos a passos rápidos para o paddock, entrando apressados na garagem da Red Bull por trás. Ela passou as mãos nos braços e eu sacudi o cabelo para tirar o molhado.
– Boa sorte, ok?! – Ela disse novamente e assenti com a cabeça.
– Pode deixar, baby. – Trocamos um rápido beijo e segui para minhas preparações, enquanto ela foi para perto de Michael e Maria.
Harper
Danny não estava totalmente errado quando falou que a corrida atrás de Safety Car é muito pior do que… Bem, algo a mais.
A corrida foi um tremendo tédio! Com todas as letras!
A chuva realmente não dava folga, nem parecia as vezes que eu vim para o Brasil, um sol de rachar e tudo que eu mais queria era uma bebida bem gelada e sombra. Agora eu queria um banho quente e a cama do hotel com um edredom bem grosso em cima.
Mas apesar do tédio, meus nervos ficaram ligados o tempo inteiro. Era o tipo de corrida que podia dar tudo errado, e eu não estava com vontade de passar a noite no hospital por causa de um tornozelo quebrado, muito menos algo pior.
Interlagos não costuma ter muitas voltas, pois o circuito é extenso, mas nunca vi uma corrida durar tanto, acho que foram umas três horas, sem exageros.
Quando conseguiram largar, depois de uma longa espera para ver se a chuva daria alguma trégua, o restante foi daquele jeito.
Logo no começo, na volta 11, Seb derrapou. Isso foi ótimo para que Danny o ultrapassasse, mas isso não durou muito. Logo na volta 14, Ericson rodou perto da entrada do pit stop, causando uma pequena batida e isso trouxe o Safety Car para a pista.
Isso ficou rolando por um bom tempo, umas seis voltas. Nesse meio tempo, Danny foi investigado por ter entrado no pit quando estava fechado, mas acabou não dando nada.
Tivemos uma nova largada, mas só serviu para que Kimi batesse na reta do grid ao completar uma volta. A bandeira vermelha foi sacudida e tudo parou. Os pilotos pararam, desceram, entraram, relaxaram, e foi aquela lentidão para voltar. Acho que cerca de 15 minutos.
Eles insistiram em largar novamente, mas atrás do Safety Car, da vigésima volta, eles ficaram até a trigésima segunda. Brincar com o fliperama de Danny quando criança era mais legal.
O Safety Car saiu na pista e deu para eles finalmente correrem, a água esguichava muito forte, então as ultrapassagens eram escassas. Confesso que fico com muita dó dos fãs lá fora, mesmo com as arquibancadas cobertas, a chuva de vento molhava qualquer um.
Na volta 44, Danny fez a volta mais rápido, já na 46, ele e Hulkenberg começaram a brigar por posição. Danny ultrapassava, Hulkemberg o ultrapassava e por aí vai.
Quando tudo estava se encaminhando para o fim, a pior coisa que poderia acontecer: Massa bateu.
Danny tinha me contado sobre os boatos dele continuar na Williams, mas até agora nada da equipe, então ele estava se preparando para se aposentar. Em teoria, hoje era sua última corrida em casa, e acaba desse jeito. Realmente não era para ser.
O acidente não foi grave, ele saiu rapidamente do carro, e, enquanto o Safety Car avançava, Massa seguiu a pé de volta para o grid, sendo ovacionado pelos fãs brasileiros. Foi bonito de ver e emocionante. No final ele encontrou Raffa e Felipinho, deixando-o mais emotivo assim.
Só me distraí quatro voltas depois quando Daniel fez um pit no final, mas a corrida já estava decidida e o Safety Car ainda estava na pista.
Foram liberar só na volta 56, quase que por pouco tempo, porque Alonso deu uma rodada feia, mas conseguiu recuperar. A corrida e a chuva finalizaram com Hamilton em primeiro, Rosberg em segundo, mantendo a briga pelo campeonato aberta entre os pilotos da Mercedes, e Max em terceiro. Danny finalizou em oitavo, dois abaixo do que tinha largado.
Não era perfeito, sua posição em terceiro estava garantida, e eu só conseguia pensar em uma coisa: agora falta só uma corrida!
Aleluia!
Daniel
– Nã-a-a-ao! Você venceu de novo! – Sorri com Harper fingindo drama quando Felipinho a venceu pela quarta vez no Mario Kart.
– De novo?! – Ele perguntou animado, fazendo-a rir, tombando a cabeça no banco do sofá, já que estava sentada no tapete branco.
– Pensando, Daniel? – Me distraí com Massa, pegando a taça na mesa e dando um gole do vinho branco.
– Sempre, Felipe! – Falei rindo.
– Muito mudou desde o começo do ano, não?! – Suspirei.
– Muito! – Dei um sorriso. – Nunca imaginei que eu e Harper fôssemos estar desse jeito, muito menos pensando no futuro.
– E quais são os planos? – Ele perguntou.
– Nas férias ou…
– Tudo! – Ele disse rindo.
– Harper que abrir o restaurante dela… – Me distraí com a risada de Felipinho. – Ela disse que vai estudar esse próximo ano, começar a planejar… – Falei. – Muitos cursos são na França e Itália, ela quer manter o padrão Le Cordon Bleu, então vai ser fácil combinar de ela vir em alguma corrida, eu ir encontrá-la em alguma folga… E sempre temos Mônaco. – Falei.
– E sua família?
– Ah, eles vão adorar! Ela vai ficar mais com eles, tenho certeza. Tem o nosso sobrinho também… – Ponderei com a cabeça.
– Vai ser fácil. – Felipe disse. – E quando vem um mini Daniel? – Rimos juntos.
– Ah, cara! Espera um pouco. – Rimos juntos. – Ela quer… – Falei. – E eu pretendo realizar os sonhos dela, mas… Acho que temos que conquistar algumas coisas ainda. Ela quer o restaurante dela, ela merece isso.
– E tenho certeza de que vai ser incrível, aquela comida no GP do Japão… Cara! – Rimos juntos. – Estava muito bom!
– Ela é boa! – Falei rindo. – Na minha aposentadoria, sabemos que eu não vou manter a boa forma! – Rimos.
– Até parece! Vai precisar nos manter em forma. – Harper falou, me fazendo rir. – Eu já engordo só de olhar, você precisa se manter em forma, para me manter em forma. – Sorri.
– Ah, olha onde eu fui me meter! – Brinquei, vendo-a sorrir.
– Quem quer banana caramelizada com sorvete? – Raffa voltou da cozinha.
– EU! – Felipinho pulou do sofá, depois pulou Harper, correndo para mesa novamente.
– Eu ainda me atrevo a servir coisas com a Harper aqui! – Raffa disse e fui até Harper, esticando as mãos para ela.
– Coisas caseiras sempre serão as melhores, Raffa, confie em mim! – Puxei-a para cima, fazendo Harper rir.
– AH, não! Não vou concordar com essa. – Raffa disse e me aproximei com Harper da mesa. – Eu não suspiro com minha comida do dia a dia, ok?! – Harper riu.
– Eu concordo com isso! – Felipe disse, nos fazendo rir.
– Ok, ok, ok! – Harper ergueu as mãos. – Mas eu tenho uma boa explicação para isso.
– Ok, diga! – Raffa disse, servindo os pratos e Felipe a ajudava colocando uma bola de sorvete.
– Comer sua própria comida é enjoativo. – Ela disse.
– Disse a mulher que ficou cinco anos só comendo fora nas três principais refeições do dia. – Falei e ela me deu uma cotovelada.
– É diferente, ok?! Eu cozinho bem, tenho minhas técnicas e tudo mais, mas eu não como pasta caseira com ragu de costela todos os dias. – Ela disse.
– A gente não vai comer isso todo dia? Droga! Fui tapeado! – Brinquei e ela riu, tombando a cabeça no meu ombro.
– Não, baby. Não! – Sorrimos e dei um beijo em sua cabeça. – Às vezes você só quer um miojo ou misto quente e é isso aí. – Ela disse sorrindo.
– Aposto que o seu miojo é melhor do que o meu. – Raffa entregou nossos pratos e colheres.
– Talvez… – Ela brincou. – Mas o trivial se torna chato, isso é fato. É que quando eu realmente cozinho, estou em Perth, com minha família, ou algum momento especial… Então acaba sendo tudo diferente. – Ela deu de ombros.
– E com o restaurante? Vai ser todo dia.
– Eu penso muito sobre isso. – Ela falou. – Vai chegar um momento em que eu provavelmente vou odiar cozinhar, mas vai ser um trabalho que eu vou ter que fazer. – Ela disse, colocando uma colherada na boca e foquei no meu antes que o sorvete derretesse. – Por isso eu pretendo montar uma equipe muito boa, em que se eu precisar dar uma folga, não afete a qualidade do restaurante em si.
– Senão você surta. – Felipe disse.
– Basicamente. – Ela disse rindo – Ainda não decidi detalhes, mas gostaria que ficasse aberto à partir do almoço até o jantar, são umas 12, 14 horas de serviço, isso sem contar toda preparação prévia, então é algo como 18 horas de trabalho.
– Uau…
– É impossível trabalhar sete dias da semana, 18 horas por dia. Não quero ter meu primeiro burnout antes dos 30. – Rimos juntos. – Então uma equipe boa, é primordial. E pessoas com vontade de aprender. O melhor é trazer jovens com vontade de aprender e trabalhar…
– Depois tudo flui sozinho. – Felipe falou.
– Exatamente! – Harper disse.
– Eu disse que ela está preparada! – Falei com Felipe, ouvindo-o rir.
– Ter um restaurante para Harper é como muitas meninas planejam o casamento. – Harper riu.
– Provavelmente é! – Ela disse rindo. – Eu nunca pensei muito no meu casamento.
– Ainda bem que não precisa pensar por um tempo. – Falei.
– Idiota! – Ela disse rindo, me dando um tapinha no peito.
– Vamos chegar lá! Daqui uns 20 anos. – Falei e Harper negou com a cabeça, fazendo Raffa e Felipe rirem.
– Pior de tudo, é que eu estou acostumada com isso há 24 anos! – Ela disse rindo. – E ele ainda me tira do sério. – Enchi a boca de sorvete, fazendo-a rir.
– E não vou mudar pelos próximos 50 anos! – Falei.
– Bem, ainda há esperança, se estivermos vivos aos 77 anos, podemos ter uma maturidade tardia. – Ela disse. – A esperança é a última que morre.
– E você realmente tem? – Perguntei.
– Nunca! – Ela disse rindo.
– Bom! – Sorrimos e dei um beijo gelado em sua bochecha.
– Ah, Danny! – Ela disse rindo.
Capítulo 43
Perth, Austrália – 2014
– Ai, amorzinho, dorme, por favor… – Mi choramingava de um lado para o outro enquanto Isaac berrava em seu colo. – Vai, meu amor…
– Vai, Isaac, dorme… – Jason quase dormia ao lado de Michelle, tentando fazer o bebê recém-nascido dormir.
– Lesgo, baby! – A voz de Danny se sobressaiu lá de fora e ambos bufaram quando os gritos de Isaac ficaram mais altos.
– Eu vou matá-lo. – Michelle bufou, suspirando, tentando ninar Isaac.
– Ei, ei, precisam de ajuda? – Harper apareceu pelo corredor secando as mãos na calça. – Gente, vai dormir! Meu Deus!
– Ele não dorme… – Michelle falou quase em um suspiro.
– E o seu amigo… – Jason indicou lá fora e Harper virou o rosto para onde uma faísca era vista do lado de fora.
– Dá ele aqui. – Harper esticou as mãos, praticamente tirando Isaac das mãos de Michelle. – Para cama, os dois!
– Você cozinhou o dia inteiro, você também está cansada. – Michelle falou.
– Não quanto vocês, a costela demorou 8 horas para assar, gente, por favor. Eu dormi em boa parte.
– Ai, Harp, eu não vou negar, porque eu estou cansada, mas sabemos que não. Você deve estar cansada de picar tanto. – Michelle falou.
– Cama! Os dois! Eu coloco Isaac na cama. – Harper disse, tentando ninar o bebê chorão.
– Vamos, amor. Ele está com Harp. – Jason empurrou sua esposa para o corredor e Harper ficou sozinha no centro da sala, vendo as sobras de coisas da noite de Natal.
Grace e Joe já haviam dormido faz tempo, Daniel decidiu fazer uma balada com os amigos e a música não parava em nenhum momento, até Harper que tinha ido tomar banho e colocar pijama para dormir, mas isso não aconteceria com o bebê chorando em seu colo. Milagre Grace e Joe estarem dormindo ainda.
Harper tentou ninar o bebê de menos de 10 dias por algum tempo, mas até ela pulava com os fogos ou queimada de palha de aço que Danny fazia lá fora. Ela tinha paciência, mas não quando um bebê precisava dormir.
Em um impulso bem no estilo Harper, ela abriu a porta de correr, sentindo o calor de Perth na noite de Natal e atravessou o gramado com o bebê chorando em seu colo.
– EI! EI! EI! – Harper gritou para eles. – DANIEL!
– EI! – Ele virou assustado.
– CALA A BOCA! – Ela gritou, puxando o fio da caixa de som.
– Pô, Harper… – Tom começou a falar.
– NÃO! – Ela gritou. – SÃO TRÊS DA MANHÃ, TEM PESSOAS E UM BEBÊ TENTANDO DORMIR, ACABOU! – Parece que até Isaac ficou quieto com seus gritos – que talvez não fossem indicados para um bebê tão jovem.
– Relaxa, gatinha. – Bruce falou. – Que tal a gente ir lá para dentro e você grita comigo de outro jeito?
– Ah, nojento! – Harper disse.
– O que você disse? – Daniel disse, como se em um estalo ele não estivesse mais bêbado. – O que você disse?
– Danny! Danny! Deixa para lá! – Harper disse.
– DEIXA NADA! Isso é forma de falar com a Harper? – Daniel se aproximou de Bruce, empurrando-o e pareceu que todos despertaram.
– Epa! Epa! – Michael se colocou no meio dos dois. – Tá tudo certo.
– Ei, cara! Está tudo bem, é Harper! Ela sabe que é brincadeira.
– Com licença? – Foi a vez dela falar.
– Fora! – Daniel disse.
– O quê? – Bruce disse.
– Danny, deixa quieto! – Harper disse.
– FORA! – Danny disse novamente.
– Danny, larga disso, são três da manhã. – Alex falou, tentando colocar senso na cabeça do amigo.
– É, Danny, é brincadeira! – Bruce disse.
– Fora! – Daniel disse novamente, em um tom mais calmo. – Fora! – Ele se afastou alguns passos, se aproximando de Harper com Isaac. – Vamos para dentro. – Ele puxou Harper para dentro e dessa vez a menina não quis discutir, só entrou com Daniel, feliz que o choro havia parado…
E a festa também!
Sakhir, Bahrein – 2016
Harper
– Vai! Vai! – Danny gritava e aplaudia enquanto um de seus karts ultrapassava a linha de chegada em primeiro, mas faltava algumas voltas. – Vai!
– Será que vai? – Perguntei, tomando um gole do drink exótico que tinha aparecido em minha mão há alguns minutos.
– Temos mais cinco voltas. – Ele riu, se aproximando de mim. – Cansada?
– Não, na verdade. – Ri com ele. – É a primeira vez em muito tempo que eu estou relaxada no meio do caos.
– Ah, seu medo de carros melhorou, baby.
– Sim, sim! Isso sim! Mas câmeras, imprensa, é como se a gente precisasse ficar em alerta o tempo inteiro… – Suspirei.
– É, desculpe, baby, infelizmente não consigo fazer nada quanto a isso.
– Não se preocupe, baby. – Falei. – Ossos do ofício… – Vi os karts passando mais uma vez. – Mas as vezes é bom ficar escondida.
– Ainda contando os dias?
– Ele apoiou do meu lado, me fazendo rir.
– Os minutos! – Rimos juntos.
– Uma semana para a próxima, baby. – Ele se colocou na minha frente.
– Uma semana para a última! – Apoiei o drink na beirada do muro e ele me abraçou pela cintura.
– Nunca pensei que alguém pudesse odiar Fórmula Um, amar e depois odiar novamente. – Sorri.
– Eu não odeio, eu só estou cansada. – Sorrimos. – Na LCB acontecia a mesma coisa. Começava a ficar depressiva nessa época.
– Saudades de mim? – Ele abriu um sorriso largo e fiz um carinho em seu rosto.
– Não só se você! De casa! – Ele beijou minha bochecha, me fazendo sorrir.
– Estaremos lá antes que você perceba. – Sorri.
– Espera um pouco… – Fechei os olhos, fingindo que esperava me transportar e abri novamente, olhando em volta. O local, as pessoas, todos eram os mesmos. – Ainda aqui.
– Boba! – Ele disse rindo. – Você vai estar em breve, só não tão correndo assim.
– Achei que fosse um piloto de Fórmula Um, Daniel. O que aconteceu? – Rimos.
– Ei! Só você tem direito de cansar? – Dei um beijo em sua bochecha, rindo com ele.
– Só! E você vai me mimar! – Abracei-o fortemente, ouvindo os karts passando novamente.
– Lesgo, baby! Lesgo!
Daniel
– Não, não! Nem vem! A gente precisa fazer um brinde! – Tom falou empolgado, erguendo sua taça.
– Acho que alguém já exagerou! – Harp cochichou ao meu lado.
– Não! Para! – Tom falou novamente, nos fazendo rir. – Deixa eu falar.
– “Ao melhor cara de todos…” – Alex começou a imitar Tom em voz baixa ao meu lado.
– Ao melhor cara de todos! – Tom falou um pouco mais alto, nos fazendo rir e Harper escondeu o rosto em meu ombro. – Que ele tenha um ótimo ano e um ótimo dia! – Ele ergueu a taça, nos fazendo rir e imitamos seu movimento.
– Ao Michael! – Falamos juntos, rindo.
– Há quanto tempo isso acontece? – Déborah perguntou, também escondendo a risada.
– Bem… – Harper disse rindo.
– Desde que conseguimos comprar bebidas de modo legal? – Falei.
– Baby! – Harper me cutucou, me fazendo rir.
– O quê? Eu posso dirigir um carro com 16 anos e não posso beber? – Falei.
– Não?! – Harper disse como se fosse óbvio.
– Com supervisão parental… – Mike disse e eu ergui a taça para ele.
– Ah tá que a tia Grace sabia disso. – Harper disse, nos fazendo rir.
– Nem você sabia disso! – Mordi seu ombro, fazendo-a rir.
– Ai, baby! – Ela me empurrou. – Foi no nosso momento de distância.
– Ah, podemos não voltar àquilo? – Déborah disse.
– O quê?! – Metade da mesa perguntou juntos.
– Vocês provavelmente não lembram disso, mas aquela tarde na praia foi o pior dia de todos. Eu não sabia se eu ficava desesperado pelo Danny, pela Harper ou pelo Michael. – Ela disse rapidamente.
– Eu estava desmaiado… – Falei.
– Meio-morto! – Michael disse.
– Mike! – Harper e Déborah o repreenderam juntas.
– Ei, nem vem! Estava mesmo! – Alex disse enquanto Tom beliscava os pedaços restantes de carne. – Foi a coisa mais assustadora que eu já presenciei.
– Eu sou piloto, já tive acidentes…. – Falei.
– FOI PIOR! – Alex gritou. – Você morreu, Daniel! Por… Sei lá, uns três minutos?
– Uns 45 segundos, mas ainda… – Michael falou. – Foi o que o paramédico disso. – Ele disse.
– Até hoje eu tenho pesadelos daquele dia… – Déborah sacudiu a cabeça.
– Se você tem, imagina a Harper que meteu uma agulha nele… – Alex disse e viramos para ela.
– Não! – Harper disse. – Honestamente, eu não tenho nenhuma lembrança. Depois que aconteceu eu fiquei um tempo tentando compreender o que tinha acabado de acontecer e nada…
– Sua adrenalina deve ter ido às alturas. – Falei e ela assentiu com a cabeça.
– Eu só lembro de minhas mãos tremerem e eu ficar uns 10 minutos chorando na areia depois que você foi. – Ela disse.
– Depois que eu saí do meu surto, eu fui acolher ela… – Déborah disse.
– Sim! Eu levei vocês para casa. – Alex disse.
– Sim! – Harp e Déborah confirmaram.
– Que loucura, cara. – Mike disse. – Parece outra realidade.
– Parece… – Deborah suspirou. – Quase 10 anos.
– Ainda bem que o tempo passa. – Harper me abraçou de lado e sorri, dando um rápido selinho.
– Ainda bem que a Harper sabia salvar o Danny. – Tom disse e nos entreolhamos. O restaurante, o lugar, o clima, tudo pelas minhas conquistas e as risadas ecoaram pelo restaurante.
Abu Dhabi, Emirados Árabes Unidos
Harper
– Uau! – Falei, ouvindo Danny rir. – O quê?
– Você já falou isso umas mil vezes, desde que saímos do avião! – Ri, me ajeitando no carro e tirando a cara do vidro.
– Desculpe! Eu nunca vi para cá! – Ele segurou minha mão. – Tudo é incrível!
– É mesmo! – Ele disse rindo. – Mas clima…
– Horrível! – Falei, ouvindo-o rir. – Aqui é meio Mônaco ou…
– Mais! – Ele disse rindo. – Mais gente…
– Ah, eu estou empolgada! – Suspirei, encostando a cabeça em seu ombro.
– Por que é a última corrida da temporada?
– Sim! – Falei rindo, ouvindo-o rir.
– Só mais cinco dias, baby! – Suspirei.
– E mais alguns de premiações e afins…
– Ok, e mais alguns dias disso… – Ele disse e rimos juntos.
Chegamos no hotel e minha surpresa continuou a mesma. Além do tamanho do negócio, tudo era muito lindo, muito chique e muito rico. O ouro e o diamante predominavam na decoração. Ah, e ar-condicionado! E olha que eu já fui em alguns lugares bem diferentes nesse mundo.
– Olá, meu casal favorito! – Maria falou quando nos aproximamos da recepção.
– Oi, Mary! – Danny disse e abracei-a rapidamente.
– Fizeram boa viagem?
– Sim, tudo certo! – Danny disse.
– Eu estou adorando aqui! – Harper disse.
– Bom, porque temos muitas coisas para fazer e gravar! – Fiz uma careta.
– Estava bom demais para ser verdade! – Falei e Dany me sacudiu.
– Vamos, baby! Última corrida da temporada! – Ele beijou minha bochecha, me fazendo rir. – O que vamos fazer?
– Vamos encontrar a equipe de motociclismo da Red Bull no deserto e, depois, vamos jantar lá. – Maria disse.
– No deserto? Areia? Sol? – Falei rapidamente.
– Já falei que ela é uma patricinha? – Danny disse e empurrei-o levemente.
– Chato! – Eles riram juntos.
– Não se preocupe! – Maria disse. – Vamos no fim do dia, tem tendas arejadas e você pode comer coisas diferentes. Que tal?
– Até a Maria já sabe como te agradar! – Danny me irritou, dando um beijo em minha bochecha.
– Para! – Falei, ouvindo-o rir.
– Bem, como saber, depois, amanhã temos o media day, e começa o fim de semana. – Ela disse. – Lembrando que a corrida é um pouco mais tarde, então tentem entrar no fuso-horário.
– Não vai acontecer, próximo conselho? – Harper disse e ri fracamente.
– Se você é assim mal-humorada, imagina grávida. – Maria disse e sorri.
– Ainda bem que não vamos descobrir isso por um bom tempo. – Danny sorriu. – Né?!
– Espero que não! – Harper ergueu as mãos se defendendo.
– Bom, galera, penúltimo andar, quarto 577. Divirtam-se. – Ela disse. – Seus pais e amigos chegam amanhã.
– Combinado! – Danny disse.
– Descansem, qualquer coisa, só me falar. – Ela disse, entregando o cartão chave e assentimos com a cabeça.
– Vamos! – Danny me esticou o braço e seguimos juntos até o elevador, cumprimentando alguns conhecidos, já que parecia que todas as equipes de F1 estavam no mesmo hotel que dá nome ao circuito.
Entramos no quarto e era mais maravilhoso ainda. Ele era maior do que o apartamento inteiro de Mônaco. Como boa adulta de 27 anos, eu corri e pulei na cama, fazendo Danny rir comigo.
– Ah, eu gostei da ideia! – Danny disse, correndo atrás de mim, fazendo eu me encolher de um lado da cama para ele não pular em mim.
– Doido! – Falei rindo e ele me abraçou.
– Sim! E vou ser para sempre! – Ele disse e sorri, colando meus lábios nos dele.
Daniel
– Baby? – Perguntei quando Harper saiu do banheiro.
– O quê? – Ela perguntou, ajeitando o tecido em sua cabeça.
– O que você está fazendo? – Franzi a testa.
– Eu estou nos Emirados Árabes, vamos para o deserto, jantaremos com pessoas importantes… – Ela indicou o véu em sua cabeça.
– Mas aqui não precisa de véu, não é tão extremo quanto em outros países… – Falei.
– Eu sei que não, mas não custa nada ser educada e agir com respeito. – Ela deu de ombros, checando novamente o véu azul marinho em sua cabeça. – E isso é um hijab…
– A-a-a-ah! – Assenti com a cabeça, olhando para Michael que só deu de ombros. – Ok. – Dei de ombros.
– Fico feliz por alguém ter um pouco de respeito sobre a cultura. – Maria disse ao entrar na sala e dei um sorriso sem graça. – Prontos?
– Sim! – Harper disse e assenti com a cabeça também.
– Bom passeio! – Michael acenou sem tirar o olho da televisão e assenti, estendendo a mão para Harper.
Embaixo do hijab, Harper usava jeans, uma camiseta de mangas longas e tênis, nada muito diferente do que eu estava acostumado. Quando chegamos lá embaixo, encontramos Max, Henrique e Horner, além de alguns mecânicos. Horner ficou surpreso com o hijab de Harper, mas deu um aceno em agradecimento.
Não sabia exatamente onde íamos, só nos informaram que íamos para o deserto, mas estado em Abu Dhabi, só precisava sair da cidade. Andamos cerca de 40 minutos pelas estradas até oficialmente entrar novamente na areia. A van andou por cerca de mais 15 minutos até algumas luzes aparecerem e seguimos para elas. Harper parecida deslumbrada por tudo, especialmente por ser sua primeira vez aqui.
Saímos em um lugar montada inteiramente no deserto. Tinha algumas tendas montadas, vários guarda-sóis espalhados, além de sofás e mesas. Junto disso, a equipe de Motocross da Red Bull erguendo areia.
– Legal! – Falei ao sair da van, sentindo o calor do deserto. – Uh! Você vai passar calor.
– Vou nada! – Harper disse. – E ainda vou me proteger do sol. – Ela colocou os óculos escuros no rosto. – Se você ficar dolorido à noite, não peça meu creme de aloe vera.
– “Não peça meu creme de aloe vera…” – A imitei, fazendo uma careta e ela me mostrou a língua, me fazendo rir.
– Bem, são cinco da tarde, o sol logo começa a baixar, creio que não teremos problemas. – Henrique disse.
– Droga! – Harper disse, me fazendo rir e foi minha vez de mostrar a língua.
– Ei, bem-vindos, caras! – Sam Sunderland, piloto de rali, e Heinz Kinigadner, piloto de motocross, se aproximaram.
– Ei, caras! – Cumprimentei ambos. – Vamos trocar de lugares hoje?
– Não, nós não! – Heinz já ergueu as mãos. – Agora vamos deixar vocês se divertirem um pouco. – Eles riram.
– Ah, eu gosto disso! – Falei animado.
– Tentem não se matar. – Maria disse.
– Ei, vocês que estão nos dando oportunidades. – Max disse.
– Não se se matarem. – Maria disse, nos fazendo rir.
– Até eu estou animado com isso. – Christian disse.
– Vai correr, Christian? – Max disse rindo em zoação.
– EI! – Christian riu. – Não são só vocês que podem se divertir. – Rimos juntos.
– Por que vocês acham que a gente veio? – Raymond disse. – Não entendemos de moto. – Rimos juntos.
– Ah, essa eu quero ver! – Harper disse rindo.
– Você vem junto, mulher! – Christian disse.
– O quê? – Harper disse rindo. – Nã-nã-não, não contem comigo! – Ela ergueu as mãos. – Eu não faço nada radical! – Ela deu de ombros.
– Vamos, baby! Vai ser legal! – Falei.
– Não, eu só vim para o jantar, não contem comigo. – Todo mundo riu.
– Você pode ir no bugue, Harper. É mais seguro. – Christian disse.
– Eu prefiro não. – Ela disse rindo. – Tive uma experiência no Brasil e não… Não mesmo! – Eles riram.
– Você pode ficar aqui, tem comida, bebida, na tenda tem ar-condicionado…
– Olha que opção mais agradável, Maria! – Harper disse, nos fazendo rir. – Rola um drink?
– Sem álcool, o que quiser. – Ela disse.
– Há! Se fosse para mim seria péssimo, para Harper é a melhor coisa possível. – Falei e ela sorriu.
– Cada um se diverte como pode! – Ela deu de ombros.
– Vamos lá, então? – Christian disse e rimos, seguindo com eles.
Harper
– Pronto, pronto! – Danny saiu do banheiro ajeitando a blusa.
– Limpo? – Perguntei, me levantando.
– Limpo! – Ele disse dando uma volta ao redor do corpo e sorri.
– Ok, agora sim! – Falei e ele me abraçou, dando um selinho em nossos lábios.
– Fresca! – Ele disse, me fazendo rir.
– Você literalmente rolou na areia, baby! Não dá para deixar isso passar. – Ele riu.
– Ok, ok! Tivemos um pequeno acidente, mas não quer dizer que tinha areia até no c…
– Daniel! – Bati nele, fazendo-o rir. – E sim, aposto que tinha! – Ele riu.
– Ei, casal! Vem comer! – Max gritou da entrada da tenda principal e suspirei.
– Ah, hora de sair do fresquinho. – Suspirei.
– O sol já se pôs, agora fica bom! – Danny estendeu a mão para mim e suspirei. – Vamos, último pré-corrida.
– Vamos lá! – Segurei sua mão e ele me puxou para fora.
À noite tudo ficava mais bonito ainda, as luzes, tochas fincadas na areia, tapetes, almofadas, tudo deixava o ambiente como uma verdadeira noite árabe. Agora estávamos começando a falar minha língua.
Nos ajoelhamos em uma das várias mesas baixas e sorri com as opções de comida. Os mecânicos já se matavam de comer, eu fiz uma rápida prece em agradecimento e me servi de um pouco de cada coisa. Algumas coisas eu comia diretamente com a mão, já outras eu usava o garfo como apoio.
Tudo estava incrivelmente delicioso. Essa carne molhadinha no limão, com os temperos misturados… Eu era uma pessoa muito feliz. Meu lado Michelin parece que deu até uma palpitada.
Quando estávamos já beliscando o fim da comida, uma apresentação de dança do ventre iniciou, causando comoção entre os homens. Poderia dizer que era sobre a mulher bonita que movimentava seus quadris com uma sensualidade incrível, mas foi o fato de não ter demorado para Daniel subir ao palco.
– Ai, Deus! – Escondi o rosto entre as mãos. – Ele está…
– Rebolando? Sim! – Henrique disse ao meu lado, fazendo minhas bochechas esquentarem.
– Ai, eu vou matá-lo! – Observei-o entre os dedos, vendo-o tentar acompanhar os movimentos da dançarina, mas nem ela estava conseguindo manter a seriedade. – Ele me faz passar vergonha há 23 anos.
– E você ainda não está acostumada? – Maria disse e neguei com a cabeça.
– Somos água e óleo nessas situações. Ele todo aparecido, e eu querendo ser o mais invisível possível. – Falei e eles riram.
– Ai, só podia ser ele! – Christian e Max apareceram atrás de nós e continuei negando com a cabeça.
– Alguém tira ele de lá! – Pedi rindo.
– É seu namorado, Harper! – Virei o rosto assustada para Max. – O quê? Vocês são namorados, não? – Ele disse e por um momento foi como se meu corpo travasse.
– Espero que sim, faz uns sete meses que vocês estão juntos, não? – Christian falou e sacudi a cabeça.
– Sim, sim… É só que é estranho… A gente raramente se identifica assim. – Neguei com a cabeça. – Só… Enfim… Nada! – Sacudi a cabeça, voltando a atenção para a dança, mas agora tudo estaav embaçado.
Daniel
Sexta-feira
– Vamos, baby, chegamos! – Fiz um carinho na bochecha de Harper e suspirei. – Vamos dormir na cama.
– Ok… – Ela resmungou e Maria saiu da van antes de mim e eu ajudei a dorminhoca a sair do mesmo.
– Boa noite! – Maria disse para o motorista e nós três entramos de volta no hotel.
Era quase onze da noite, mas alguns funcionários das equipes conversavam no lobby. Abu Dhabi é uma verdadeira festa. Alguns familiares vêm, convidados, então fica mais caótico do que normalmente é.
– Eu vou finalizar algumas coisas, subo depois. – Maria disse.
– Ok, Mary! Boa noite. – Falei e ela acenou.
– Boa noite, Maria! – Harper disse sonolenta e ri, indo com ela até o elevador.
– Você vai capotar, baby! – Falei e ela suspirou.
– Desculpe, baby, foi muito entediante hoje. – Ela suspirou.
– O cansaço está literalmente te comendo por dentro, baby.
– Talvez… – Ela coçou os olhos, suspirando. – Mas prefiro quando o Max vai contigo nesses eventos na Tag Heur, assim dá para você ficar um pouco comigo.
– Hoje foi só o gostosão da equipe. – Falei e ela riu, negando com a cabeça.
– Você tem sorte, estou cansada demais para zoar você. – Ela disse rindo e a porta do elevador abriu novamente.
– Vamos, dorminhoca, vamos dormir que amanhã começa o último fim de semana do ano. – Falei, abraçando-a pela cintura e obrigando-a a sair do elevador.
– Eba! Vamos comemorar o Natal? – Ela perguntou rindo.
– É… Ainda não. – Falei rindo e ela entrou no lobby de nosso quarto.
– Ei, casal! – Harper disse para Michael e Déborah olharam por trás do sofá.
– Ei! – Eles disseram com as bocas cheias de pipoca.
– Como foi lá?
– Cansativo! – Harper respondeu, derrubando os ombros.
– Eu fiquei ocupado quase o evento todo. Vocês deveriam ter ido. – Falei e Déborah enfiou outra mão de pipoca na boca.
– Não se pode perder uma maratona de Premonição. – Ela disse com a boca cheia e ri.
– Ah, eu odeio esse filme, me deixou com trauma de andar em montanha-russa! – Harper disse. – Eu vou dormir, boa noite para vocês! – Ela acenou e ambos riram.
– Só para deixar registrado, ela já odiava montanha-russa antes desse filme. – Falei.
– Ela sempre foi medrosa. – Ambos falaram juntos e rimos.
– Mas eu vou com ela, boa noite, galera. – Falei.
– Boa noite! – Eles disseram e segui com Harper que já escovava os dentes no banheiro de nosso quarto.
Fui até as janelas inteiriças de vidro e observei a cidade iluminada lá embaixo. Loucura onde a vida me trouxe e o que pude prover para minha família. Suspirei e fechei o blecaute antes de tirar a roupa da Red Bull e colocar uma bermuda. Liguei o ar-condicionado e tirei as grossas cobertas da cama. Calor de 50 graus lá fora, ar congelando de 10 e grossas cobertas. Loucura!
Harper saiu alguns minutos com os cabelos soltos armados, rosto limpo e seu pijama do ursinho Pooh, aquilo me fez suspirar. O ano foi incrível, mas não foi tão incrível quanto nós. Quem diria que o amor da minha vida estava literalmente ao meu lado.
– O quê? – Ela perguntou e ri fracamente.
– Só pensando como sou sortudo. – Me sentei na cama e ela riu.
– Somos sortudos, baby. – Ela disse fazendo o mesmo movimento e nossas mãos se encontraram no meio do caminho.
– Eu te amo, Harper. – Ela sorriu.
– Também amo você, baby. Para sempre. – Sorri, colando nossos lábios.
– Que ano. – Falei rindo.
– Que ano, baby! – Ela suspirou, se deitando na cama e puxei as cobertas antes de fazer o mesmo.
– Pronta para o próximo? – Brinquei e ela riu.
– Não, eu quero ir para casa antes. – Falei rindo. – Dormir na minha cama, abraçar o Isaac até ele não aguentar mais, ficar com seus pais…
– Cozinhar para gente! – Falei e ele riu.
– É, pode ser isso também! – Ela virou para o meu lado, me fazendo rir.
– Descansa, baby, amanhã começa!
– Pela última vez. – Ela disse em um suspiro, se aninhando em meus braços.
– É… Esse ano. – Falei, sentindo-a me beliscar na barriga. – Ai!
– Não estrega minha felicidade! – Ela disse, me fazendo rir.
Capítulo 44
Perth, Austrália – 2015
– Oi, meu lindinho! – Harper brincava com o bebê de dois meses em seu colo, ajeitando os poucos fios de cabelos louros em sua cabeça. – Quem tá lindo de macacão?
– Esse macacão ficou enorme nele. – Grace disse.
– Desculpe. – Jason disse, fazendo-os rirem por ser o macacão de quando ele foi batizado.
– Não é culpa sua, amor. – Mi riu.
– É minha e do Danny. – Harper disse, ninando o menino.
– Vocês precisam voltar para o trabalho e nós queremos vocês como padrinhos, não custa nada adiantar o batizado algumas semanas…
– Três meses, querida. – A sogra de Michelle falou e Harper só assentiu com a cabeça. Senhora Harrisson não estava nada feliz em ter que mudar sua viagem para sei lá onde porque os padrinhos teriam que viajar no final de fevereiro. – Ele nem vai aproveitar a festa…
– E que bebê aproveita o próprio batizado? – Mi cochichou para Harper que só sorriu.
– Bom, se começássemos no horário, talvez ela ficasse mais feliz. – Jason disse.
– Bom, só está faltando uma pessoa. – Harper disse, virando novamente para a porta da pequena capela que estávamos.
– Esse homem não pode casar, ele vai se atrasar mais do que a noiva. – Jason disse.
– O Danny costuma ser pontual, o problema é a nova namoradinha dele… – Harper disse.
– Ainda não superou? – Michelle perguntou.
– Não e nem vou. Já falei. – Harper disse. – Tem coisas que não dá para perdoar.
– Eu estou com ela! – Jason disse e ambos trocaram um toquinho de punhos.
– Obrigada! – Harper sorriu.
– Desculpe, eu estou aqui! – Daniel apareceu pelo corredor da igreja com Jemma em seu encalço e o pessoal no altar e os poucos convidados nos assentos respiraram aliviados.
– Finalmente! – Senhora Harrisson falou e Harper pensou, mas não falou.
– Desculpe! Cheguei! Cheguei! – Ele disse, ajeitando a blusa para dentro da calça social.
– Que demora! – Harper disse.
– Desculpe, peguei trânsito. – Ele disse.
– Uhum, sei! – Harper disse e ele olhou sugestivamente para ela.
– Não começa… – Ele sussurrou.
– Nunca! – Ela disse.
– Você pode esperar lá. – Joe indicou os assentos para Jemma e ela se retirou sem comentários.
– E aí, carinha? Pronto para ser batizado? – Danny brincou, fazendo carinho na barriga de Isaac, mas ele estava dormente demais.
– Podemos começar? – O padre disse.
– Sim, por favor. – Grace e senhora Harrisson falaram juntos.
– Senhor, sejam bem-vindos, estamos reunidos para celebrar o batizado de Isaac… – O padre começou a falar.
– Você está bonita, Harper. – Danny comentou, empurrando-a levemente pelo ombro.
– Você também. – Ela sorriu e o padre esticou uma vela para Daniel que assentiu com a cabeça.
– Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo.
Abu Dhabi, 2016 – Sexta-feira
Harper
– Obrigada! – Falei em um suspiro quando as mulheres terminaram de enrolar o lenço em meu rosto e voltei para perto de Danny. – Olha que lindo! – Mostrei para ele.
– Sempre linda, meu amor! – Ele disse e sorri, sentindo minhas bochechas enrugarem.
– Eu ainda estou chocada quão bonito é aqui! – Suspirei, entrelaçando nossas mãos e seguimos pelo paddock.
– Eu gosto que ainda consigo te surpreender. – Sorri, encostando meu rosto no dele.
– Sempre, baby! – Trocamos um rápido beijo.
– Ah, o casal do ano aí! – Viramos rindo para Massa e um menino apareceram em nosso caminho.
– Ei, Felipe! Tudo bem? – Danny o cumprimentou com um abraço e fiz o mesmo logo em seguida.
– Bom ver vocês, gente! – Massa disse e sorri. – Ah, desculpe. Gente, isso é Lance, meu companheiro de equipe para o ano que vem.
– Oi! – Falei rapidamente, cumprimentando o garoto que não deveria ter mais do que 18 anos.
– Ei, Lance! Tudo bem? Você ganhou a F4, não?
– Sim, a italiana! – Ele disse.
– Parabéns, cara! Cria da Ferrari, né?!
– Sim! – Lance sorriu e o menino de cabelos escuros tinha grossas sobrancelhas e algumas espinhas no rosto, mas tinha uma beleza.
– Boa sorte no ano que vem, vai ser babá do velhote aqui? – Danny deu um tapinha nos ombros de Massa e Felipe riu.
– É! Um pouco! – Lance disse rindo, claramente sem intimidade com Massa ainda.
– Estou apresentando o paddock para ele, como funciona as coisas. – Ele disse.
– Que isso, cara, estamos chegando. Aproveitem! E bem-vindo, Lance! – Daniel disse.
– Obrigada, prazer conhecer vocês! – Ele disse.
– Ah, e ela é Harper! – Daniel disse e ri.
– Boa sorte ano que vem, Lance! – Falei simpática e eles assentiram, seguindo por onde tínhamos passado.
– Ele parece simpático. – Falei e Danny ponderou com a cabeça.
– Sim! – Ele disse. – Acho que todos os ricos são. – Rimos juntos.
– Mais do que nós, aposto! – Brinquei e eles riram.
– Ah, eu não, com toda certeza. – Mas você é patricinha! – Mostrei-lhe a língua.
– Idiota! – Falei rindo.
– Vamos! – Ele seguiu correndo e ri, correndo atrás dele, desviando das pessoas.
Domingo
Daniel
– Quem é o lindo do tio? – Ouvi Isaac gargalhar. – Hein, hein?! – Assoprei sua barriga, ouvindo-o rir.
– Pala! – Inclinei-o novamente, ouvindo-o rir.
– Vai cair, hein! Vai cair! – Ele continuou rindo.
– Prontos? – O ergui, vendo Maria entrar na sala em que meus amigos e familiares estavam.
– Falta a Harper! – Falei, sentando o Isaac em meu colo.
– Tô chegando! Tô chegando! – Harper apareceu no lobby entre os quartos, fazendo minha boca cair no chão.
– UAU, VOCÊ TÁ UM ARRASO! – Mi foi escandalosa como sempre e ri tonto.
Harper usava um vestido/casaco curto xadrez, as botas que eu lhe dei em nossa ida para Los Angeles e tinha os cabelos alisados com um pequeno penteado entre eles. Tinha uma leve maquiagem que só destacava os olhos.
– Mulher, que arraso, onde estavam essas pernas? – Maria brincou, me deixando abobado.
– O que acha? – Harper perguntou para mim e ri tonto.
– Ih, bobão! – Jason e Michael falaram juntos, me fazendo rir.
– Você está incrível, baby! – Falei rindo, deixando Michelle pegar Isaac de mim e me aproximei dela, segurando suas mãos.
– Achei que devesse estar à altura de um piloto terceiro lugar no campeonato de Fórmula Um. – Ela disse sorrindo.
– Como se eu precisasse disso. – Abracei-a pela cintura, fazendo-a rir. – Mas você está incrível! – Aproximei nossos rostos. – E sexy! – Falei a última parte baixo, fazendo-a rir e trocamos um rápido beijo.
– Ela com toda certeza sabe fazer uma entrada triunfal! – Maria disse. – O ano inteiro com as roupas da Red Bull e agora… Mamma mia! – Harper piscou para ela. – Vai ser o casal mais lindo do paddock.
– Sempre foram! – Minha mãe disse, nos fazendo rir.
– Bom, vamos? – Maria disse.
– Lesgo! – Falei, vendo Tom, Alex, Bruce, Michael, Débora, minha mãe, meu pai, Mi, Jason, Isaac e minha melhor amiga, prontos para me acompanhar em minha última corrida.
Fomos divididos em vários carros até o paddock e, quando chegamos lá, realmente Harper foi o centro das atenções. Fotógrafos ficaram em peso em cima da gente, pilotos a elogiaram e convidados não pararam de olhar para ela. Me senti até alguém importante ao meu lado.
Agora só falta terminar bem o ano.
Harper
Um lugar tão magnífico como esse, só podia vir junto de muito caos e, meu Deus, que caos essa Abu Dhabi tinha.
Assim que chegamos no paddock, eu me separei de Danny. Ele tinha vários compromissos pré-corrida, incluindo gravações já para o ano que vem. Sorte que eu tinha um Isaac bem curioso para me distrair. Curioso com seus pés e com todas as cores do paddock. Parte de mim agradecia, mas essas botas de salto fino não são as mais indicadas para caminhar com uma criança menos da metade do meu tamanho por diversos tipos de piso.
A vantagem é que o look escolhido para hoje acabou chamando mais atenção do que o esperado. Vários pilotos mais próximos de Daniel fizeram comentários, incluindo algumas namoradas. Falando nisso, tive o prazer de conhecer a esposa de Rosberg e de Vettel, duas fofas. Acho que depois de muito tempo nesse mundo, a vida te deixa mais aliviada.
Esperava que me deixasse, pelo menos.
Era fácil me excluir do mundo da Fórmula Um e fingir que não tinha relação nenhuma com isso. Sabia das notícias ocasionalmente e Danny não tinha tantas batidas. Agora com a nossa relação, minha proximidade seria total. Queria saber de tudo!
Era inevitável pensar em como seria 2017. Parte de mim estava louca para voltar para casa e relaxar, mas sei que ano que vem seria algo diferente de tudo, inclusive desse ano. Eu tinha uma meta, Danny continuaria sendo piloto, e nos encontraríamos no meio do caminho.
Só não tenho a mínima ideia como.
Quando estava perto da corrida, seguimos com Maria para a garagem e tomamos nossas posições. Danny apareceu com um largo sorriso no rosto e estávamos prontos para encarar isso.
– Eu te amo. – Ele disse em meu ouvido enquanto me abraçava pela cintura.
– Eu te amo! – Falei sorrindo com o beijo em minha bochecha. – Boa corrida.
– Obrigada, baby! – Falei, sorrindo.
Enquanto Danny cumprimentava seus familiares e se preparava para o começo, só se falavam da final do campeonato de pilotos. Rosberg e Hamilton estavam muito próximos. Nico com 367 e Lewis com 355. Quem ganhasse, ou se Lewis acabasse a corrida com uma bela distância à frente, levaria. As condições eram as seguintes:
Hamilton pode levar seu quarto troféu, o terceiro consecutivo, se ganhar e Rosberg terminar em quarto ou abaixo; terminar em segundo e Rosberg em oitavo ou abaixo; ele em terceiro e Rosberg em nono ou abaixo; em quarto e Rosberg em décimo primeiro ou abaixo.
Agora Nico tinha mais vantagens. Ele levaria seu primeiro troféu seu terminar no pódio; terminar em sexto ou acima e Hamilton não ganhar; terminar em oitavo e Hamilton em terceiro ou abaixo; ele terminar em novo ou abaixo e Hamilton não chegar ao pódio; Hamilton terminar em quinto ou abaixo.
Era muita coisa na minha cabeça, mas o pessoal queria ver briga, menos os torcedores da Mercedes, imagino!
Hamilton tinha a vantagem da pole, mas tudo pode acontecer em 55 voltas. Danny vinha logo atrás das Mercedes e já tinha o terceiro lugar no campeonato garantido. Ele só estava cumprindo tabela.
Depois das fotos em grupo do fim de ano e muita agitação, pela última vez: light out and away we go.
Daniel
– Obrigada! Parabéns! – A repórter falou e assenti com a cabeça, sendo puxado por Maria.
– Acabou? – Cochichei.
– Não. Tem mais quatro… – Ela disse.
– Ah, Maria, eu estou cansado. – Falei em um suspiro. – Vou precisar dormir antes de ir para festa. – Ela riu.
– Eu sei, Danny, logo te libero, pelo menos a coletiva já foi. – Assenti com a cabeça em um suspiro.
Fui colocado na frente de outro repórter, intercalando entre inglês e italiano, depois fui colocado na frente de outro e depois do terceiro.
A corrida acabou não sendo lá das melhores para mim, perdi posição logo na largada, ficando atrás da Ferrari de Raikkonen e uma bandeira amarela por algo com Magnussen atrasou a aceleração inicial, mas ok. Eu estava garantido em terceiro, não tinha nenhuma opção para alguém ficar à minha frente, e nem de eu chegar em Hamilton e Rosberg. Era confortável.
A corrida acabou sendo calma, precisei batalhar muito contra as Ferrari para manter o quinto lugar, o restante foi normal. A única pena foi que pelo visto Jenson precisou abandonar a corrida e é a sua última da vida, já que ele estava se aposentando. Hamilton ficou em primeiro lugar, mas o campeonato foi de Rosberg.
– Pronto, cara! – Maria disse e só faltou eu soltar um suspiro aliviado.
A corrida acabou por volta das sete da noite, mas já fazia outras duas que eu estava entre coletivas e entrevistas…
– Quase dez. – Maria comentou ao checar seu relógio.
Corrigindo, quase três horas.
– Vai para festa? – Perguntei e ela riu.
– Nem a pau! – Ela gargalhou. – Eu vou tomar um banho quentinho, aproveitar aquela banheira, pedir uma tábua de frios e um vinho e relaxar.
– Uh! – Falei rindo. – Não fala para Harper, ela vai preferir fazer isso também.
– Vão para festa? – Ela perguntou rindo.
– Claro! A última festa desenfreada do ano. – Parei para assinar um boné e tirar uma selfie, logo acompanhando-a pelo paddock.
– Não apronta, não quero ter que trabalhar amanhã porque alguém entrou em coma alcoólico ou sei lá… – Ela disse rindo.
– Relaxa, tem o teste da Pirelli ainda. E nem tem álcool nas festas.
– Não se você beber em hotéis, tem! – Ela deu um sorriso, se aproveitando que ela iria beber e eu não.
– Regra meio idiota, né?! – Falei e ela riu.
– Ah, eu adoro isso. – Ela disse e subindo a rampa do motorhome e parei com outros fãs para fotos e autógrafos.
Gosto de aproveitar com fãs, mas adoro ficar na fazenda escondido.
– Ei! Ele chegou! – Mike disse, puxando os aplausos e a equipe, amigos e familiares, começaram a me aplaudir.
– Parabéns, Daniel! – Eles gritaram animados.
– Vai, cara! – Eles aplaudiam e Maria apareceu com um bolo nas mãos.
– Ah, cara! – Ri envergonhado. – Obrigado, vocês são demais.
Third is better, dizia o escrito no bolo, me fazendo rir.
– Ah, obrigado, galera! – Apoiei a mão no peito, inclinando a cabeça em agradecimento. – Vocês são demais!
– Discurso! Discurso! Discurso! – O pessoal falou e vi Harper sorrindo alguns degraus acima.
– Ah, cara! Só tenho que agradecem todas as oportunidades. – Suspirei. – Esse ano foi bom! Tivemos alguns problemas pelo meio do caminho, mas foi bom! Acho que um ano perfeito é impossível, precisamos sacudir um pouco para nos sentir vivos. – Suspirei. – Obrigado à equipe, minha família, minha garota…
– U-U-UH! – Os mecânicos começaram a provocar, me fazendo rir.
– Vocês são incríveis! – Foi minha vez de puxar os aplausos.
– Parabéns, meu filho! – Minha mãe me abraçou apertado e suspirei, era muito bom ter eles aqui. Passei pelo meu pai logo em seguida e Mi deixou que Harper me abraçasse em seguida.
– Parabéns, baby! – Ela disse sorrindo e peguei-a no colo, tirando seus pés do degrau.
– Obrigado, meu amor! – Falei, colando nossos lábios rapidamente. – Obrigado por tudo.
– Hoje e sempre, baby. – Ela disse e trocamos mais um beijo antes de colocá-la no chão novamente.
Segui cumprimentar minha irmã, meus amigos e o restante da equipe antes de cortar o bolo e deixar o pessoal aproveitar um pouco mais. Harper já tinha pego seu pedaço e tentava dar pedaços pequenos para um Isaac animado no colo de Mi.
– Milagre ele estar acordado ainda. – Indiquei-o, me sentando ao lado de Harper e colocando a mão em sua coxa aparecendo pela minissaia.
– Ele dormiu o tempo todo que você deu entrevistas. – Harper disse, desviando o olhar para ele enquanto Jason o segurava.
– Não só ele, viu?! – Jason a entregou e ela revirou os olhos.
– Eu só descansei os olhos um pouco! – Ela disse.
– Sei, sei! – Ela riu.
– Titi-i-i-i-i-i! – Isaac chamou sua atenção de novo e ela lhe deu mais um pedaço de bolo.
– Pelo menos temos a festa ainda. – Falei e ela suspirou.
– Eu sei, zero pique para ir…
– Baby…
– Ma-a-a-as… – Ela me interrompeu. – Eu falei que iria contigo e vou.
– Então vamos? Temos que passar no hotel antes.
– Aproveita com sua equipe mais um pouco. – Minha mãe me cutucou.
– É, baby! Temos muito o que agradecer a eles por esse ano. – Harp disse e assenti com a cabeça, dando um rápido beijo em seus lábios.
– Titi-i-i-i!
– Não faz isso… – Jason falou antes de olharmos Isaac meter os dedos no bolo.
– Tarde demais. – Harper disse, me entregando o bolo. – Eu vou morder, hein?! Eu vou morder! – Harper ameaçou lamber a mão de Isaac.
– Não-não! – Isaac disse rindo.
Aproveitei o prato em minha mão e o fim da temporada e acabei com o bolo.
Segunda-feira
Harper
– Não, não, não! – Falei antes de sentir algo queimando em minha garganta, me fazendo inclinar o corpo em seguida quando acabei babando um pouco.
– É! – Danny disse rindo ao meu lado e passei a mão na boca.
E eu achava que não tinha álcool nesse país… Pelo menos não em lugares públicos. Mas com certeza os ricos da Fórmula Um tinham algumas vantagens, pois já tinha passado por mim vinho, vodca e agora tequila. Espero que ninguém tenha pressa de ir embora amanhã, porque eu pretendo morrer na cama.
Ah, e que tinha Grace esteja com pique para cuidar de Isaac, porque Mi estava pior do que eu. Bem que o Danny disse em Mônaco, ela aproveitava as oportunidades para curtir. E estávamos aproveitando muito.
Acho que já era quase manhã e a balada soava alta. A maioria dos pilotos estavam na festa, mas o foco principal eram em Nico, que ganhou o campeonato ao terminar a corrida em segundo lugar, e Jenson que estava oficialmente se aposentando. Hoje era sua temporada final com a McLaren e, talvez, no mundo da Fórmula Um.
A festa iniciou calma, fomos aproveitando o espaço, fui para pista do Danny, aproveitamos para nos curtir um pouco… Até a primeira bebida aparecer. Não seria estraga-prazeres hoje, a festa é de Danny e eu prometi que estaria ao seu lado.
Sempre achei que não tivesse bebida nenhuma no Emirados Árabes, mas não é bem assim. Ela é permitida para maiores de 21 anos e estrangeiros, então nada nos impedia de beber aqui. Mas também era só permitida em lugares privados como bares, hotéis e restaurantes. Na balada, na teoria não era para vender, mas talvez ela não estivesse vendendo e sim fornecendo para a festa.
Eu sabia que tinha passado dos limites quando a cabeça parecia tensionar, mas eles não pareciam nem dispostos a ir embora. E Danny gosta de uma festa.
Inclusive ele já tinha perdido um dos sapatos.
Depois que o nível de álcool no sangue já estava altíssimo, Danny ofereceu um shoey para Nico que aceitou. O sapatênis de Danny virou copo e Rosberg ficou algo para dentro. Ao invés de devolver, ele ficou rodando até o sapato escapar de suas mãos. Só espero que não tenha acertado alguém. Eu também agradeço por ter trocado os sapatos. As botas são lindas e eu estava me sentindo muito sexy com elas, mas não ia aguentar mais sete horas com ela. Na verdade, nem duas, não esperava ficar aqui até o dia amanhecer.
– I’m blue, da ba dee da ba di, da ba dee da ba di, da ba dee da ba di… – Danny cantou em meus ouvidos, me apertando pela cintura e eu só consegui rir.
– Ah, baby, já falei que te amo? – Perguntei e ele riu.
– Hoje não! – Ele disse rindo.
– Eu te amo! Muito! – Ele sorriu meio bêbado, me apertando forte.
Meu homem.
Ele que ia me levar para casa hoje.
E escovar os dentes.
E tirar minha roupa.
E me colocar para dormir.
E que a gente possa fazer isso para sempre.
Daniel
– Fica quieto. – Falei, colocando o dedo na boca.
– Xiu! – Ouvi o pessoal falando atrás do outro.
– EI, CALEM A BOCA! – Michelle gritou.
– XI-I-I-I! – Todo mundo falou para ela, fazendo-a colocar a mão na boca.
Harper abriu a porta do nosso quarto e deu uma olhada em volta antes de entrar.
– AH, caramba! – Ela disse ao se assustar.
– O quê? – Perguntei.
– Eles já estão acordados. – Ela escancarou a porta e entrei logo atrás, vendo meus pais na mesa do café da manhã com o sol nascendo na janela, me forçando a franzir os olhos.
– Bom dia! – Minha mãe disse sarcasticamente e rimos juntos.
– Bom dia. – Todo mundo falou quase juntos.
– Droga! – Mi disse.
– Não se preocupe, a gente cuida do Isaac. – Meu pai disse. – Vocês merecem uma folga.
– Obrigada, mãe! – Mi disse e minha mãe tomou um gole de café.
– Eu não tenho filhos, nem afilhados, então boa noite para vocês! – Déborah disse com Michael, nos fazendo rir.
– Adeus! – Michael disse e Tom, Alex e Bruce seguiram os dois.
– Eu vou checar o Isaac. – Mi disse.
– Fica quieta que ele ainda não acordou. – Meu pai disse e ela assentiu com a cabeça.
– Boa noite para vocês. – Ela acenou.
– Boa noite, minha filha. – Jason acenou junto e ambos foram para dentro.
– Danny, chegou para você. – Minha mãe disse indicando e vi uma caixa com o número 3 ali.
– Red Bull. – Falei, me aproximando da mesma.
– O que é isso? – Harper perguntou.
– O troféu mesmo eles só dão na premiação da FIA, mas eles costumam mandar um presente de patrocinadores e algumas coisas. – Falei, abrindo o largo baú e vi diversos brindes.
– Uh, chocolate! – Ela levou a mão direto para trufa, me fazendo rir.
– Sim! – Falei, vendo relógio, eletrônicos, comida, alguns cupons, além do cheque de meio milhão de dólares pelo terceiro lugar. Eu precisaria ir no banco aceitar esse depósito, mas depois eu penso nisso, eu preciso dormir.
– Vão dormir, depois vocês aproveitam isso. – Minha mãe disse.
– Ah, eu preciso. – Harper disse suspirando, mastigando a trufa. – Come uma, glicose é bom.
– Eu vou! Vou te colocar na cama antes. – Falei e ela assentiu com a cabeça.
– Boa noite, gente!
– Boa noite, querida! – Minha mãe disse e empurrei-a levemente para o quarto.
– Ah, eu estou cansada. – Harper disse ao seu jogar na cama, soltando um largo suspiro.
– Eu sei, baby. Pode dormir o quanto que precisar, temos alguns dias aqui ainda. – Falei entrando no banheiro e indo direto no banheiro. – Ainda tem os treinos da Pirelli começando amanhã, mas acho que eu preciso fazer alguma coisa hoje, a Maria deve passar aqui mais tarde. – Falei enquanto mijava. – Dá para pegar uma praia também, eu sei que você gosta. A praia daqui é bem calma, o sol queima, mas nada muito diferente de Perth, né?! – Lavei as mãos. – O que acha, baby? – Voltei para o quarto, vendo-a capotada. – É… Acho melhor ver isso outro dia.
Fui para perto dela, tirando os tênis, soltei o cinto de seu vestido e a ergui um pouco mais na cama. A cobri e liguei o ar-condicionado. Acariciei seus cabelos e sabia que ela não dormiria muito, mas precisava aproveitar enquanto podia.
– Obrigado por tudo, meu amor. Ter você aqui foi especial. – Sorri, dando um beijo em seus lábios. – Meu amor… Minha melhor amiga. – Suspirei.
Capítulo 45
Perth, Austrália – fevereiro de 2016
– Ah, não se preocupe, vai dar tudo certo! – Mi repetia para Harper diversas vezes. – Você merece isso.
– Você sabe que não estou preocupada com isso. – Harper disse suspirando.
– Relaxa, querida, você vai adorar depois de algumas corridas. – Grace disse e Harper deu um longo suspiro.
– Se eu conseguir assistir a alguma corrida, né?! – Harper disse, abraçando Jason em seguida.
– Você vai! – Danny disse pressionando novamente.
– Cala a boca! – Harper disse.
– Minhas regras, não esquece. – Harper revirou os olhos.
– Vai dar certo, cunhada! – Jason disse e Harper revirou os olhos.
– Obrigada! – Ele riu.
– Vou sentir saudades, seu lindo! – Harper mexer com o bebê de 14 meses no colo de Jason. – Titia amo você!
– Dá tchau, filho. – Jason disse. – Assim! – Ele indicou.
– Tau! – Isaac mexeu a mãozinha.
– Ó, meu amor! – Harper pressionou um beijo nas bochechas dele. – Tchau! Madrinha ama você!
– Tau! – Isaac disse animado.
– Façam boa viagem e me avisem quando chegar em Londres! – Grace disse.
– Pode deixar, mãe. – Daniel a abraçou apertado.
– Tomem cuidado, hein?! – Grace falou de novo.
– Pode deixar! – Harper acenou com a mão.
– E tente se divertir! – Joe disse e Harper riu um pouco.
– Vou tentar. – Harper disse rindo.
– Tchau! – Danny acenou.
– Tchau, gente! – Eles falaram e Danny puxou Harper pelo braço para entrarem na fila do embarque internacional do aeroporto de Harper.
– Vamos encarar? – Danny disse e Harper suspirou.
– Sim! É louco estar indo contigo. – Harper riu.
– É legal, vai! A gente sempre viaja quase juntos, nós vimos aqui todo ano se despedir, mas é a primeira vez que viajamos juntos. – Harper riu.
– Sim! Essa é uma parte boa. – Ela suspirou. – A gente não aproveitou a profissão do outro, vai ser legal.
– Sim! Vai ser legal! – Danny a abraçou pelos ombros.
– Espero que sim… Se for para ficar desanimada, eu ficava no meu emprego. – Harper disse rindo.
– É que você está fazendo tanto drama como se estivesse indo para morte. – Harper riu fracamente.
– Para morte não, mas vindo de você, tudo pode acontecer. – Harper mostrou seu passaporte e passagem para a oficial antes de ser liberada e Danny fez o mesmo, recebendo o olhar de surpresa de pessoas à volta.
– Ah, qual é, Harper! Somos melhor amigos há anos, você é praticamente minha irmã, o que pode dar errado? – Ele disse rindo, entrando na fila de raio-X e Harper suspirou.
É, afinal, o que pode dar errado?
Abu Dhabi, 2016
Harper
Dei uma revirada pelo quarto, procurando se não tinha esquecido nada, ou se nenhum dos nossos amigos que foram embora hoje cedo esqueceram de algo.
Parei na janela do hotel, dando uma olhada para a linda piscina lá embaixo e suspirei. O lugar é literalmente de tirar o fôlego, mas meu coração sentia muita falta da fazenda, os gramados amarelados, os poucos animais correndo por ali. Era calmo, quieto e nada glamoroso, mas era o lugar que eu mais me sentia em casa. Mesmo depois de literalmente andar o mundo todo e durante esse ano com Danny.
– Pode levar. – Falei para o carregador de malas, entregando algumas notas para ele.
Ele saiu com minhas malas e de Danny e dei mais uma volta até nosso quarto para pegar minha bolsa antes de oficialmente sair do último quarto de hotel da temporada.
Segui sozinha no elevador e fui para o lobby. O hotel já estava mais vazio. Já era sexta-feira após a última corrida, agora só havia sobrado poucos pilotos com compromissos finais e alguns turistas que já começavam a chegar.
– Pode aguardar um minuto? – Perguntei para o pessoal da recepção.
– Claro, senhorita. – A moça disse e segui para fora do hotel, sentindo a diferença de temperatura realmente fritar na minha pele. Fomos na praia na segunda-feira e eu realmente fritei no sol. Foi a ida mais rápida à praia, e eu moro na Austrália, perto do deserto.
Segui pelas piscinas, vendo Maria parada embaixo de um guarda-sol enquanto Danny dava uma entrevista para um cara. Ah, que saudades que eu estava dos shorts minúsculos e camisetas de banda. Chega de uniforme da Red Bull por um tempo.
– Ei, Harper. – Maria disse ao me ver.
– Ei! – Falei. – Já fiz check-out, tudo certo.
– Perfeito. – Maria disse. – Assim que ele acabar, vamos para entrevista da Esquire e vocês são livres.
– Ai, Esquire. – Suspirei. – As fotos são boas. – Ela riu.
– É, aproveite as férias, Harper, três meses passam rápido. – Ela disse rindo.
– Temos Isaac para cuidar. A Michelle aproveita todo e qualquer momento, e acho que estou pensando mais em dormir do que transar o dia todo. – Ela riu.
– Eu também! E pizza, muita pizza. – Rimos juntas.
– Ah, preciso ir na pizzaria do seu marido um dia. Saudades pizza italiana. – Ela sorriu.
– Não posso negar. – Maria riu e vi Danny se levantando.
– Vocês são sempre convidados para ir lá. – Maria disse.
– Não prometo nas férias, mas quem sabe no ano que vem? Itália fica do lado da França. – Maria riu.
– Vai seguir essa ideia mesmo? – Maria perguntou. – Estudar para abrir um restaurante?
– Sim. – Harper suspirou. – Não estou com pressa, mas quero me programar.
– Alguma meta em mente?
– Uns três anos? – Perguntei em dúvidas. – É tudo novidade para mim, quero aproveitar.
– Vai ser ótimo, sua comida é deliciosa. – Sorri.
– Obrigada, Mary!
– De nada! – Maria suspirou.
– E você não gostava de mim, hein?! – Falei e ela riu, me abraçando de lado.
– Hoje agradeço por ter alguém com bom senso perto do Danny. – Sorri.
– E você não gostava de mim porque achava que eu tinha algo com ele… – Falei.
– Hoje tem e eu adoro você! – Sorri.
– Eu adoro você também, Mary! – Danny a abraçou de lado, fazendo a mais baixo revirar os olhos e rimos.
– Não você, engraçadinho! – Ela o empurrou e rimos.
– Oi, baby. – Ele disse e sorri.
– Oi! – Trocamos um rápido selinho.
– Pronta para ir?
– SIM! – Falei animada demais, fazendo-o rir.
– Temos mais uma reunião, baby… E sessão de fotos. – Danny disse.
– Eu sei, temos mais algumas horas aqui ainda, mas está tudo bem. – Falei.
– Eu te amo! – Ele disse e eu ri.
– Eu sei, eu sei! – Abanei a mão.
– Você viu o vídeo de Natal? – Ele perguntou e comecei a rir automaticamente.
– Ah, com toda certeza! – Falei gargalhando. – Ficou muito bom!
– Ai, ficou demais! – Até Mary riu.
– Você precisa se vestir de Papal Noel para Isaac, ele já tem idade disso! – Falei.
– Ah, não. Ele tem pai para isso. – Danny disse.
– Não! – Ri. – Precisa ser o tipo legal! – Falei rindo.
– Eu concordo com Harper nessa. – Maria disse. – Se eu puder palpitar, é claro.
– Você sempre pode! – Falei rindo.
– Ai, essa amizade! – Danny revirou os olhos.
DEZEMBRO
Áustria, Viena
Daniel
– Ei, baby… – Ouvi Harper me chamar.
– Já vou! Estou terminando de me arrumar! – Gritei de volta, terminando de passar o pós-barba.
– Eu sei! Mas você vai querer saber disso. – Sua voz foi se aproximando e a vi aparecer pelo espelho.
– O que houve? – Perguntei, virando de frente para ela.
– Nico se aposentou. – Franzi a testa.
– Que Nico? – Perguntei.
– Rosberg!
– O QUÊ? – Me aproximei dela que me entregou seu celular. – What the f…?!
– Ele comentou algo na comemoração?
– Não! – Falei rindo de incrédulo.
– Então, isso veio do nada? – Ela perguntou.
– Não sei se é do nada, mas é estranho. O cara acabou de se tornar campeão mundial, cara! – Tentei passar os olhos na notícia, mas nada que indicava a aposentadoria dele.
– Bom, você fala que ele e o Hamilton só faltam se matar… Talvez seja um motivo…
– Estresse? – Perguntei.
– Ninguém gosta de trabalhar num ambiente hostil. – Ela disse e ponderei com a cabeça.
– Talvez tenha algo que não sabemos. – Falei.
– No mundo da Fórmula Um, não é difícil. – Ela disse e dei um curto sorriso. – Pois é!
– Bom, vou ver se eu consigo descobrir alguma coisa lá na coletiva. – Falei. – Você quer ir comigo?
– E ficar duas horas assistindo você fazer um apanhado da temporada? Não! Eu estava lá. – Ri.
– Ok, baby. A gente se vê mais tarde?
– Sim! Devo pedir algo para comer…
– Que tal sair para almoçar? Espero estar de volta até a uma. – Falei.
– Pode ser também, mas se você demorar mais do que isso, eu vou sair sozinha e comer vários schnitzels…
– Você não faria isso…
– Me desafie! – Ela disse séria, caindo na risada logo depois.
– Não desafio, porque sei que você vai mesmo. – Abracei-a pela cintura e rimos juntos.
– E eu estou com fome. – Revirei os olhos.
– Você não acabou de tomar café, não? – Ela deu de ombros.
– Danie-e-e-el! – Ouvi Maria.
– Já vai! – Respondi. – Nos vemos mais tarde?
– Sim! Te espero aqui! – Dei um beijo em sua bochecha, recebendo outro em meus lábios. – Divirta-se! – Abanei a mão, encontrando Maria no lobby entre os quartos e seguimos para a sala de coletiva do hotel que antecedia o prêmio da FIA mais tarde.
Harper
Passei o batom vermelho nos lábios antes de soltar os bobs nas pontas dos cabelos, batendo-os rapidamente, vendo os cabelos fazerem um pouco de volume. Sorri ao me olhar no espelho. O vestido vermelho tinha sido uma ótima escolha. Bem que minha mãe sempre disse que vermelho caía bem em mim.
Apertei a mão no peito, sentindo aquela saudade de sempre bater e suspirei. Dei uma última olhada antes de sair do quarto, encontrando Danny se encarando no espelho do quarto com o terno preto, gravata borboleta e sapato social.
– Você está bonito! – Falei e ele virou para mim.
– Uau, Harp! – Ele tropeçou nos pés, me fazendo rir. – Você está incrível! – Senti minhas bochechas esquentarem. – Uau! – Ri fracamente.
– Para!
– Eu não estou mentindo, você está gostosa! – Ele segurou minha mão, me rodando, me fazendo tropeçar nos saltos.
– Eu vou cair! – Falei rindo.
– Ah, cara, eu sou muito sortudo. – Ele disse em um suspiro. – Quem diria que eu ia encontrar o amor da minha vida em você?!
– Quem diria, baby? – O abracei pelos ombros, sentindo-o me segurar pela cintura. – Mas acho que você está sendo dramático. – Ele riu.
– Não é novidade, vai! – Ele disse.
– Não mesmo! – Falei rindo. – Vamos? Estou pronto.
– Claro! Só falta uma coisa… – Ele disse, se virando pelo quarto e procurando alguma coisa em sua mochila. – Eu tenho algo para você.
– Por quê? – Franzi a testa.
– Eu falei com Max recentemente. – Ele abriu a caixa e vi um anel com uma pedra verde.
– Danny, o que é isso?
– Não é um pedido de casamento. – Ele se adiantou. – Mas é um anel de comprometimento. – Ergui meu rosto para ele. – Max disse que você ficou confusa com a palavra “namorado”, e talvez eu tenha demorado para oficializar as coisas entre nós… E eu não cometo o mesmo erro duas vezes. – Ele disse, tirando uma corrente da parte de baixo da caixinha. – Eu quero ser seu namorado, Harp. – Ele disse, me fazendo sorrir. – E quero passar minha vida contigo.
– Você sabe o que isso significa, certo? – Perguntei.
– O quê? – Ele colocou o anel na corrente.
– Que eu quero tudo. – Falei em um suspiro. – Namoro, casamento, filhos, uma vida calma no futuro, romance, tudo que eu tiver direito e mais um pouco. – Ele assentiu com a cabeça, colocando minha franja atrás da orelha.
– Eu vou te dar tudo, baby. E no futuro esse anel vai para o seu dedo. – Dei um curto sorriso. – Mas agora, quero que seja minha namorada. O que me diz?
– Baby, eu já considero nosso relacionamento desde Mônaco. – Falei rindo. – A palavra “namorado” e “namorada” é estranha sim, mas acho que estamos juntos esse tempo todo. – Ele riu.
– Sim, penso o mesmo, mas não custa nada oficializar. – Sorri. – Aceita?
– Sim! É lindo! – Virei de costas para ele, deixando-o colocar o colar com o anel em meu pescoço, me fazendo tocá-lo levemente. – Eu te amo.
– Eu te amo, Harp. Para sempre. – Sorri.
– Para sempre! – Repeti, dando um rápido beijo em seus lábios.
– Pronta para a premiação? – Ele perguntou.
– Pronta para o jantar depois da premiação. – Falei rindo, vendo-o sorrir.
– É claro! – Rimos juntos.
– Mas sim, estou feliz em poder te acompanhar nessa. – Falei. – É grande, baby!
– Agradeço todos os dias por estar aqui comigo. – Sorri.
– Para sempre agora, baby. – Falei.
– Já era, agora eu só me divirto. – Ele disse rindo e revirou os olhos.
– Crianças, estão prontas? – Maria apareceu em um vestido preto.
– Uh, Mary! Como você está gata! – Danny disse, me fazendo rir.
– Para! – Ela revirou os olhos.
– Você está linda, Maria! – Falei.
– Vocês também estão. – Ela suspirou. – Que orgulho que eu estou! – Ela suspirou. – Um terceiro lugar e um casal, estamos ficando cada vez melhores. – Rimos juntos.
– Prontos para mais, Mary! – Danny disse e ela sorriu.
– Vamos nessa, gente! – Ela disse rindo e Danny me esticou o braço.
– Vamos!
Milton Keynes, Inglaterra
Daniel
– Você deu um susto na gente. – Rimos juntos com Christian
– Desculpe, galera! Não foi intencional. – Harper disse ao meu lado.
– É um anel, mas um anel de compromisso, não de noivado. – Falei.
– Mesmo assim. Foi difícil fazer isso passar pela imprensa. – Ri, apertando Harper do meu lado.
– Pior que eu estava com eles, eu os peguei antes de ir para o evento. Como não percebi? – Maria disse e Harper tocou o anel.
– Bem, não teria problema nenhum, mas confundir gato com lebre é muito fácil nesse mundo. – Christian disse.
– Quero ver só quando esse anel vai virar um anel de noivado. – Maria disse.
– Ei, não se apresse a arte, Mary! Vamos com calma! – Falei e Harper revirou os olhos.
– Nunca vi um homem com tanto medo de casar. – Harper disse.
– Bom, comprometido contigo ele já está, e pelo resto da vida. – Christian disse dando de ombros. – Enrola muito que ele perde você.
– Obrigada, Christian, você é muito gentil. – Harper disse sugestivamente, olhando para mim e suspirei.
– Ai, vocês dois. Por que ninguém enche o saco do Max? – Apontei para o mesmo que entrava na fábrica.
– Quando Max tiver um relacionamento sério com alguém que ele conhece há 23 anos, a gente conversa. – Christian disse.
– Eu tenho 19. – Max disse incrédulo, nos fazendo rir. – E não tenho uma amiga de infância, você espera que isso aconteça como, Christian?
– Um milagre da natureza? – Christian disse rindo, me fazendo sorrir.
– Só se for. – Henrique falou baixo, nos fazendo rir.
– Há, obrigado, Henrique! – Max disse.
– Bom, o papo está bom, mas precisamos gravar isso. – Barry do marketing apareceu da sala de troféus.
– Ei, Barry! Como está? – Falei.
– Parabéns pelo campeonato, Daniel! – Ele me cumprimentou e trocamos um rápido abraço. – Parabéns, Max!
– Décimo, cara! – Max disse rindo.
– Mas é reclamão! – Baguncei seus cabelos. – Grupo de cima, cara!
– Seu primeiro ano da Red Bull você ficou em que posição mesmo? – Max o zoou.
– Ei, cara, tem gente que tem talento bruto. – O zoei e Harper revirou os olhos.
– Ai, eu não mereço isso. – Maria disse.
– Nós duas, Maria! – Harper disse.
– Vamos! – Barry nos apressou e seguimos para dentro da sala dos troféus da Red Bull.
– Uau, Barry! Legal! – Falei, entrando e vi todos os prêmios meus e de Max, incluso o prêmio que eu ganhei em Viena.
– Bem-vindo, garotos! – Barry disse.
– Que demais, gente! – Harper suspirou.
– Ah, lá vai ela ficar emotiva! – Abracei Harper de lado.
– Ah, baby, foi nosso ano, poxa. – Ela me bateu e ri, estalando um beijo em sua bochecha.
– Ao menos alguém aproveita as coisas boas. – Henrique disse, nos fazendo rir.
– Bom, galera, vocês vão fazer uma conversa sobre os momentos. Preparamos algumas fichas para vocês seguirem, mas a ideia é uma conversa. – Barry disse.
– Já estou acostumado com isso. – Falei.
– Não para o Max. – Christian disse.
– Eu vou ser café com leite, vou aprendendo. – Max disse.
– Let’s go, boys! – Danny bateu palmas.
– Você pode ficar aqui, Harper! – Maria indicou um sofá no canto para ela.
– Bom trabalho, meninos! – Harper assentiu, enquanto os outros assistentes começavam a nos enganchar para fazer meu terceiro On the Sofa with Red Bull.
– Aceita um café? – Christian ofereceu a ela.
– Não vou negar! – Harper disse rindo.
Harper
Me encarei no espelho, vendo a cara de quem acabou de acordar e fiz minha higiene matinal com a velocidade de uma tartaruga. Terminei escovando os dentes e passando protetor solar. Ouvi a porta se mexer novamente e Danny voltando para o quarto com uma bermuda e a blusa na Red Bull que ele colocou na pressa.
– Mais um, baby! – Danny disse e saí do banheiro com a toalha no ombro.
– Prêmio? – Perguntei, secando as mãos.
– Sim! – Ele me indicou a revista da AutoSport com uma foto dele e a chamada “O melhor piloto do mundo”.
– Uh, o melhor piloto do mundo! – O provoquei, colando a boca em sua bochecha. – Meu namorado é o melhor piloto do mundo.
– Tonta! – Ele disse envergonhado, me fazendo rir.
– Engraçado que você é todo metido, mas quando eu te zoo você fica envergonhado. – Voltei para o banheiro, pendurando a toalha.
– É porque é você! – Ele disse rindo. – Não posso fingir com você.
– É bom mesmo! – Falei rindo, me jogando na cama de novo.
– Ah, cara! Esse ano foi bom. – Ele disse suspirando.
– Terceiro lugar no campeonato, melhor piloto do mundo pela revista AutoSport… – Comecei a contar nos dedos.
– O prêmio Bruce McLaren. – Ele disse.
– Esse foi importante! – Falei.
– Nem fala! Que honra! – Suspirei.
– E da Motorsport, certo? – Falei.
– É… Acho que foi só? – Ele se sentou na cama.
– Só, baby? – Falei rindo. – Foi um ano incrível! Olha o quanto você fez!
– Melhor de tudo foi ter você do meu lado. – Ele se jogou ao meu lado, me fazendo rir.
– Agora mais do que nunca, baby! – Trocamos um rápido beijo.
– E agora? Quais os planos? – Perguntei, me largando na cama e ele se ajeitou ao meu lado. – O que falta?
– Bom, acho que a única coisa que falta é arrumar mala para ir para casa. – Ele disse.
– Mesmo? – Falei animada.
– Sim… Chegou a hora, baby. – Soltei um suspiro, desmontando na cama.
– Ai, que delícia! – Suspirei. – Eu vou poder ir para casa, dormir na minha cama, tomar banho no meu chuveiro! – Enrolei na cama, trazendo a coberta junto e Danny riu ao meu lado.
– Espero que estejamos falando da fazenda. – Danny disse.
– Sim! – Falei rindo. – Mas preciso dar uma geral no meu apartamento também! – Ele riu.
– Ah, meros detalhes, vai! – Abanei a mão. – Minha mãe tem ido lá.
– Eu sei, mas ainda preciso dar uma volta lá! – Ele riu.
– Vamos, baby! – Ele suspirou. – Vamos aproveitar esses meses juntos, tá?
– Vamos. – Suspirei. – Dormindo, dormindo mais um pouco…
– Cozinhando para gente! – Falei e ela me encarou.
– O quê? Não como seu mousse desde o Japão! – Ele disse incrédulo, me fazendo rir.
– Eu faço todo mousse que você quiser, baby! Só vou precisar dormir por alguns dias para recuperar o fuso. – Ele riu.
– É… Aí a gente dorme por três horas e perde o sono. – Ele disse e ponderei com a cabeça.
– Não mentiu, mas faz parte. – Falei e ele riu.
– Então, vamos começar? – Ele disse e suspirei.
– Posso tomar café antes? – Perguntei e ele riu.
– Pode! – Sorrimos juntos. – Pelo menos esse hotel não obriga fazer check-out antes das 10h. – Sorri.
– Não abusa muito que a Mary vem expulsar a gente da fábrica. – Falei e ele riu.
– Não é difícil, ela está louca para se ver livre da gente! – Ele disse rindo.
– Vamos tornar o trabalho dela fácil, então! – Me levantei. – Vou me trocar!
– Vamos lá! – Ele se levantou, me puxando em seguida.
Perth, Austrália
Daniel
– Finalmente! – Harper disse baixo quando o avião pousou e ela fez um sinal da cruz discreto.
– Em casa, baby! – Falei, apertando sua mão.
– Em casa. – Ela suspirou.
Esperamos o avião seguir até o finger e liberar para se levantar. Peguei nossas mochilas e fomos um dos primeiros a sair do avião. Depois de quase 21 horas em movimento, com uma parada em Singapura, finalmente chegamos em casa. Pelo menos a última parte do voo durou somente cinco horas.
Seguimos pelo aeroporto, vendo alguns outros voos chegarem também e fui cumprimentado por alguns fãs que gritavam meu nome e “campeão” e outros pediram autógrafos e fotos. Eu estava muito cansado, mas não podia deixar de agradecer pelo carinho. Tinha sido um bom ano.
Durante a restituição de bagagem fui parado mais algumas vezes e demoramos um tempo para colocar todas a malas no carrinho. Isso que minha família havia trazido algumas malas já para nós, mas tinha muita coisa em Londres que a gente nem se lembrava. Foi lá que começamos o ano e lá que terminamos.
Seguimos para fora do aeroporto e um transfer nos esperava. Coloquei tudo no carro e entrei no banco de trás com Harper. O motorista seguiu direto pela estrada e pude relaxar no banco de trás. Tinha uma média de mais uma hora para chegar na fazenda.
– Mal vejo a hora de chegar em casa. – Harper suspirou.
– Estamos quase lá, baby! – Falei e ela assentiu com a cabeça, apoiando a cabeça em meu ombro.
– Ei, sabe o que eu lembrei? – Ela falou rapidamente.
– O quê?
– E nossos cadernos? – Franzi a testa.
– Que caderno?
– Nossos diários, que a gente costuma escrever contando como foi o ano. – Falei.
– Ah, esses cadernos! – Ele disse rindo. – Estávamos juntos, baby. Não tinha lá muito que escrever. – Ela fez um bico.
– Ah, mas eu gostava de manter nossas anotações. – Acariciei seu rosto.
– Está tudo bem, meu amor. Não é como se fosse substituir tudo que a gente passou. – Ela sorriu, apoiando a cabeça novamente em meu ombro. – Apesar que… – Franzi a testa, abrindo a mochila que estava em meu colo.
– O quê? – Ela ergueu a cabeça de novo e tirei meu caderno da mochila, abrindo a página que estava marcada com a caneta.
– Eu escrevi em Mônaco. – Indiquei para ela. – Depois… Tudo. – Falei sugestivamente e ela riu.
– Posso ler? – Assenti com a cabeça e ela pegou o caderno para ela, ficando em silêncio por um tempo.
Eu não me lembrava exatamente do que tinha escrito, mas lembro que naquele dia minhas emoções estava a mil por tudo que tinha acontecido. O que foi aquele fim de semana e tudo que aconteceu conosco. Ela passou uma das mãos na bochecha, limpando pequenas lágrimas e fechou o caderno virando para mim novamente.
– Não passou tudo de receio bobo, baby! – Ela disse, provavelmente mencionando algo do texto e sorri. – Está tudo bem agora.
– Eu sei que está! – Trocamos um rápido beijo. – Para sempre.
– Para sempre. – Sorrimos.
Ela apoiou a cabeça em meu ombro novamente e seguimos em silêncio pelo restante do caminho. O carro pegou estrada de terra, fazendo o carro sacudir um pouco, e pouco depois conseguimos ver a casa da fazenda.
– Chegamos. – Comentei e ela sorriu.
– Finalmente! – Rimos juntos, saindo do carro.
Pegamos as malas, agradecendo ao motorista e logo vi Isaac sair correndo para fora.
– Titi Daniel! Titi Harper! – Ele falou animado e meus pais, Jason e Michelle saíram juntos.
– Espera! – Jason o segurou e ajudei Harper a levar as malas até a entrada da casa.
– Oi, meu amor! – Harper esticou as mãos para Isaac, pegando-o no colo.
– Titi Harper! – Ele falou animado e ela o encheu de beijos.
– Senti saudades! – Ela disse e foi minha vez de estalar um beijo em sua bochecha.
– Também sinti! – Ele disse, brincando com o colar/anel de Harper.
– Oi, gente! – Harper disse.
– Oi, gente! Finalmente chegaram! – Minha mãe falou animada e logo fui abraçá-la. – Fizeram boa viagem?
– Sim, tudo certo, graças a Deus! – Falei, dando um beijo no restante do pessoal.
– Venham, entrem! Estamos fazendo churrasco! – Jason disse.
– É, titi! Papai tá tentando fazer igual você. – Isaac disse.
– Ah, tentando? – Jason disse, nos fazendo rir.
– Uma criança de dois anos te esculachou, hein?! – Falei e eles riram.
– Venham, o restante do pessoal tá aqui. – Minha mãe falou.
– Os meninos já chegaram? – Harper disse.
– Não, não, outros convidados. – Meu pai falou.
– Ei, pai! – O abracei apertado e Harper deu um beijo em sua bochecha.
– Feliz que chegaram! – Sorrimos.
– Quem chamaram? – Harper perguntou, passando pela sala.
– Surpresa! – Vi os avôs de Harper ali.
– Vó! – Harper disse animada, devolvendo Isaac para Jason e correu para dona Virginia.
– Fala aí, vô! – Me aproximei de seu Ernest, esticando as mãos para eles.
– Fala aí, meu menino! Parabéns pelo campeonato! – Sorri, abraçando-o.
– Ah, obrigado! Feliz por estarem aqui. – Falei sorrindo e deixei Harper abraçar seu avô em seguida enquanto eu dava um abraço em urso em dona Virginia.
– Que saudades das minhas crianças! – Vó Virginia falou, nos fazendo sorrir. – Fiquei sabendo que andou aprontando com minha neta.
– Ah, fala se não é algo que a senhora já esperava desde sempre? – Dona Virginia riu.
– É, desde que vocês tinham 12 anos. – Ela disse com um sorrido.
– Ai, eu senti falta de vocês. Esse ano foi longo! – Harper disse e joguei minha mochila no chão, fazendo o mesmo com a de Harper.
– Foi sim, mas você está aqui e, melhor, mais feliz, certo? – Seu Ernest falou.
– Sim, vô. Esse ano foi incrível! – Ela olhou para mim, me fazendo rir.
– Que anel é esse? – Michelle apontou para o peito de Harper e rimos.
– Não é um anel de noivado. – Harper disse rapidamente, me fazendo rir.
– Ainda! – Falei firme. – Um dia vai ser.
– Espero que a Harper não tenha pressa. – Mi disse, nos fazendo rir.
– Para de graça! – Falei, vendo-a rir. – Vem cá, baby! – Chamei-a com a mão e ela se aproximou.
– O quê? – Ela riu.
– Eu quero te apresentar. – Ela franziu a testa.
– O que está fazendo, Daniel? – Ela disse rindo.
– Xi! Entra na brincadeira! – Falei rindo.
– Gente, tem alguém muito importante que eu quero que conheçam… – Falei, vendo todos os olhares para mim. – Essa é Harper, minha namorada! – Falei, ouvindo os gritos e risadas dos meus amigos e vi um lindo sorriso se formar nos lábios de Harper. – Minha namorada! – Ergui sua mão, dando um beijo.
– Sim, só sua! – Ela disse rindo e me abraçou.
Epílogo
Perth, Austrália – 2018
Suspirei com o aroma e fui até a panela que borbulhava, vendo o creme vermelho. Peguei uma colher na bacia e tirei um pouco do creme da panela, assoprando um pouco antes de colocar na boca. Saboreei o molho em minha boca um momento e suspirei, estava perfeito.
Peguei um prato fundo do outro lado, coloquei um pouco do molho no fundo e segui para a água fervente, escorrendo o macarrão penne e joguei-o no prato. Coloquei mais uma concha do molho vermelho com pedaços de tomate e finalizei com uma folha de basílico em cima e salpicando parmesão ralado.
Peguei uma colher, me sentando na bancada e peguei um pouco dele, colocando na boca, me arrependendo logo em seguida pela combinação de molho e queijo quente.
– Idiota! – Falei rindo para mim mesma e ergui os olhos para a televisão, suspirando.
O acidente de Danny e Max passava pela milésima vez no jornal da noite. Sou namorada e estou totalmente a favor de Danny, mas ele fez isso de propósito, mas com razão. Max não queria devolver a posição para ele. Parece que depois de dois anos o ego estava começando a falar mais alto.
– Fala aí, chefia! – Virei para o lado, vendo Guga aparecer pelos fundos.
– Ei, fechou tudo? – Perguntei.
– Sim, tudo certo, estoque carregado tanto de carvão quanto de lenha. Pronto para inauguração. – Sorri.
– Que bom, Guga! Você sabe que sem você eu não sobreviveria, né?! – O homem alto e rechonchudo riu.
– Ah, dramática, pequena Harper, sempre dramática. – Sorri.
– Aceita jantar? Acabei de fazer.
– Hoje não, vou almoçar com as crianças. – Assenti com a cabeça.
– Então aproveita, são quase onze. – Falei.
– Você não vai? Achei que tinha parado com os testes hoje. – Ele disse.
– Eu estou esperando uma ligação de Danny. – Falei.
– Ainda nada? – Soltei um longo suspiro.
– A corrida acabou tem só alguns minutos, eles devem estar levando xingo da equipe ainda. – Ele riu, assentindo com a cabeça.
– Nem imagino. – Ele negou com a cabeça. – Bom, eu tenho que ir. Até amanhã, Harper.
– Até, Guga! Obrigada! – Acenei para ele, vendo-o acenar de volta, e voltei a ficar sozinha do lado de trás do balcão com somente as luzes amarelas acesas.
Terminei de comer quieta, louca para deitar na minha cama, mas ainda precisava organizar toda a bagunça que fiz aqui. Ouvi o vibrar contra a mesa e vi uma foto de Danny aparecer na tela do celular e peguei o mesmo, me ajeitando em um dos sofás na parte da frente do restaurante antes de atender.
– Ei, baby! – Falei, vendo seu rosto desanimado, ainda com o macacão de corrida e os cabelos bagunçados.
– Oi… – Ele suspirou.
– Como está se sentindo? – Perguntei.
– Fisicamente ou mentalmente?
– Fisicamente primeiro. – Perguntei.
– Bem, sem nenhum arranhão. – Ele disse.
– Bom! – Falei sério. – E mentalmente?
– Ah, foi um desastre! – Ele tombou a cabeça para trás.
– O que aconteceu?
– Nós temor que ir para Milton Keynes nos desculpar de todos da fábrica, do marketing, dos mecânicos… – Ele suspirou. – E vão nos fazer pagar a multa. – Assenti com a cabeça.
– Esperado! – Falei. – Você fez de propósito, não fez?
– Sim! – Ele disse sério. – Eu estava tão puto que…
– Eu imaginei, eu também estava… – Falei. – E como estão os nervos entre vocês?
– Posso matá-lo? – Ele perguntou.
– O restaurante acabou de ficar pronto, não dá para falir ele antes de inauguração. – Falei, ouvindo-o rir.
– O seguro é bom, seria uma oportunidade! – Rimos. – Sinto sua falta.
– Também, baby! – Falei. – Só um pouquinho mais.
– Não tem como você vir para Espanha? – Ele perguntou.
– Não dá, baby. Tenho reunião com alguns fornecedores essa semana, quero deixar tudo certo, porque a inauguração é logo nas férias, vamos voltar em cima. – Falei e ele fez um pequeno bico.
– Droga, um colo me ajudaria agora. – Sorri.
– Pede para o Michael! – Ele riu.
– Não conte comigo! – Ouvi uma terceira voz, me fazendo sorrir.
– Ok… – Falei, ouvindo-o suspirar.
– Por quê? Algo diferente aconteceu? – Ele jogou a cabeça para trás, ponderando por vários segundos antes de responder.
– Talvez… – Ele ponderou novamente. – Eu recebi algumas ligações… – Ele suspirou. – Estou pensando em sair da Red Bull.
FIM!